Gerard’s POV

“Eu caminhava em direção ao palco, sem saber o que esperar. Sentia o suor frio molhando meu rosto, estava nervoso...

“Olhei para meu irmão, este sempre me passava certa tranquilidade e segurança, ele me olhou de volta e sorriu.”

Depois que Meggan se foi, minha vida mudou muito. Passei por momentos difíceis e por diversas vezes, pensei em desistir.

 Logo depois de sua ida, perdi a pessoa que mais admirei em toda a minha vida, minha avó Elena. Foi ela que sempre me apoiou me fez acreditar que tudo mudaria... Tudo o que tenho hoje só consegui porque ela sempre esteve comigo. Então perde-la, deixou feridas.

Feridas que por muito tempo estiveram abertas, me destruindo a cada dia mais.

Vícios, que me machucaram por um longo período. Fui usuário de drogas, me viciei em bebidas e cigarros. Tentei suicídio várias vezes, e só estou aqui porque provavelmente devo ter algo a fazer antes de morrer. Não consigo encontrar outro motivo.

 Hoje isso são só marcas. Marcas que ainda tenho em mim, que ficarão para sempre, mas que hoje não me causam mais dano nenhum. Cicatrizes, de tempos difíceis, tempos que espero não voltarem mais.

Agora tenho motivos para sorrir novamente, minha filha Bandit Lee Way. Como eu disse, minha vida mudou muito. Casei-me com Lindsay, baixista de uma banda que abríamos os shows no começo da carreira. Mikey e Frankie também se casaram. Frankie tinha duas filhas e se casou com Jamia, uma amiga de muitos anos. Mikey e Alicia se casaram também, depois de anos de namoro. Ray ainda namorava Christa, mas tudo indicava que logo se casariam também.

Há alguns anos, nos mudados para Los Angeles, por conta da gravadora que era na cidade.

O My Chemical ia muito bem – obrigado. O sucessor do nosso último álbum - o The Black Parade -, já estava pronto. Seu lançamento seria dali a algumas semanas, e nossas expectativas para ele eram granes. Este trabalho era algo totalmente diferente de tudo o que já fizemos, a nova imagem da banda poderia agradar muito aos fãs, ou fazer com que outros odiassem.

Enfim, era isso.

Opiniões a parte, só saberíamos do resultado no decorrer da nova turnê, “The World Contamination Tour”.

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Era sábado à tarde, Lindsay havia saído com Bandit e eu estava sozinho em casa. Mikey estava ocupado com alguma coisa – aquele gay provavelmente estava em alguma liquidação de pôneis de brinquedo pela cidade. Ele só não queria contar... -, então decidi visitar Frankie e Jamia.

Antes de sair, olhei-me no espelho e quase soltei um grito. Ainda me esquecia do meu “novo visual”. Meus cabelos agora estavam vermelhos, como tomates – assim diziam Mikes, Frankie, mamãe, papai, Ray... -. Fazia parte da imagem que queríamos passar no álbum novo.

Passado o susto, ajeitei os fios e saí, a caminho da casa dos Iero.

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- Faaala Pimentão – Frank gritou ao abrir a porta quando cheguei a sua casa.

- Anão... – resolvi deixar pra lá, já estava cansado de discutir sobre isso.

                Frankie riu e abriu a porta para que eu entrasse.

O chão da sala estava quase todo ocupado por brinquedos infantis. Bonecas, blocos de montar, ursinhos de pelúcia, chocalhos barulhentos, bonecas, mais blocos de montar, bonecas... Rodos, espalhados pelo chão. Tive dó de Jamia, do jeito que Frankie era, ele deveria fazer mias bagunça que as meninas.

Ri com meu pensamento, eu deveria fazer o mesmo quando se tratava de Bandit.

Acompanhei Frankie até a cozinha, me desviando dos brinquedos pelo caminho, para não pisá-los. Quando chegamos, ele se encostou a bancada e eu me sentei à mesa.

- Onde está todo mundo? – perguntei quando estranhei todo o silêncio que dominava aquele lugar.

- As meninas estão lá em cima – ele me respondeu enquanto abria a geladeira e pegava duas cervejas – com Jamia e Anna.

                Ele me entregou uma delas, e abriu a sua, bebendo. Abri a minha e bebi um gole. Não estava bebendo, fazia tempo que não consumia nada alcoólico. Bebi por educação, para acompanhar Frank. O pequeno pareceu perceber, mas não disse nada.

- Quem é Anna? – perguntei tentando desviar sua atenção antes que começasse o

interrogatório de sempre. E como eu não ouvira falar de nenhuma Anna, foi uma boa saída.

- Ahh, é uma amiga de Jamia – ele respondeu dando de ombros -, não a conhece?

- Não que eu me lembre – não, eu não sabia quem era. Principalmente por parte de Jamia.

- Vou te apresentar ela... – disse andando até a beira da escada e gritando – JAAAAM DESCE AQUI!

                “Como Frankie era fofo com a esposa!”

Ouvi passos na escada e logo ouvi a voz de Jamia.

- Fran, eu espero que seja algo importante – ela apareceu na soleira da porta -, eu e Ann estávamos ocupadas e... – quando me viu, parou de falar.

- Olá Gerard – disse sorrindo um pouco sem graça.

- Oi Jam – a respondi, sorrindo de volta.

- Amor – Frankie começou a falar, abraçando Jamia -, eu e Gerard estamos com fome...

- Ahhh Frankie! É normal você estar com fome – ela o interrompeu – mas quem cozinha aqui é o senhor.

                Ele e eu começamos a rir, ninguém ali queria comer. Logo depois, ouvi passos descendo as escadas.

- Jam, aquelas que estão em cima da cama... – ela entrou na cozinha sem olhar, e se assustou quando me viu.

“OK. Acho que esse cabelo está realmente estranho...”

- A Gerard – Frank disse a mim – essa é Anna, amiga de Jamia.

- Olá - eu olhei a moça pálida a minha frente, e sorri acenando.

                Ela sorriu largamente, pareceu se alegrar com algo. Como a pessoa muda de humor assim tão rápido? Quando a vi, me pareceu assustada e agora ela sorria como uma criança.

Estranhamente ela me pareceu familiar. A menina tinha pele clara, os cabelos eram lisos e negros, na altura da cintura.

“Mas... Ela... Eu... Eu a conhecia de algum lugar.”

Frankie interrompeu meus pensamentos, voltando a falar.

- Anna trabalha naquela lanchonete onde Jam trabalhou... Lembra?

“Talvez fosse isso, eu devo ter ido ao tal lugar e visto ela lá.”

 - É... – comecei, pensando no que falar – Talvez. Acho que já vi você em algum lugar.

Ela, que ainda me olhava sorrindo, respondeu.

- Sim, nós já nos vimos outras vezes, Gerard Way.