POV Emily

- Emily sai logo daí! Já estamos cansados de te esperar, ou você vem ou vamos embora sem você! - Escutei Jimmy gritar lá fora.

Eu ainda estava no banheiro encarando meu reflexo no espelho. Como isso era possível? Eu realmente não estava entendendo o que estava acontecendo, muito menos como era possível acontecer algo assim, mas pelo que parecia eu estava no passado. Só que eu continuava a mesma, e meus ídolos estavam lá fora me esperando para ir pra alguma gravadora ou algo assim. Meus ídolos! Sim, com certeza aqueles lá fora eram The Rev e Zacky Vengeance, eu não tinha a menor dúvida, já tinha visto tantas fotos deles que já tinha todos os detalhes de suas faces decorados em minha mente. E, além disso, eu já tinha estado com eles, já tinha visto aqueles rostos ao vivo, e por isso eu conseguia perceber que mesmo com os rostos ligeiramente mais novos e cabelos diferentes, aqueles eram o baterista e o guitarrista da minha banda preferida. E eles me tratavam tão amigavelmente, como seu eu fosse íntima deles há anos. Parecia que de algum modo eu havia voltado para o passado e entrado na vida deles. Mas isso era tão impossível que eu não parava de me perguntar se estava sonhando. Mas era real demais...

Decidi então que iria sair daquele banheiro, já estava lá há uns vinte minutos pensando sobre o que fazer, mas não havia outra opção.

- Jimmy? - Chamei com certo receio após sair do banheiro.

- Aqui na garagem!

Segui a voz até encontrar a garagem, entrei no carro e permaneci calada, afinal, não fazia a mínima ideia do que dizer.

Zacky e Jimmy ficaram conversando o caminho inteiro para a gravadora e eu continuei sem falar nada, só os observando.

Então finalmente chegamos a uma pequena gravadora. Vi que havia um mercado do lado que vendia jornais, então fui lá e peguei um jornal e procurei pela data. Embaixo do nome do jornal estava escrito “23 de outubro de 2001”, na capa havia uma foto das torres gêmeas caindo e a manchete era “Fugas Improváveis, as histórias incríveis dos sobreviventes do 11 de setembro”.

De certa forma fiquei surpresa, mas por outro lado, eu já esperava isso. Então eu estava mesmo no passado. Mas isso parecia tão... Fisicamente impossível.

Zacky me chamou perguntando o que eu estava fazendo, larguei o jornal e o segui, entrando na gravadora.

Entramos numa sala cheia de instrumentos, o lugar era maior do que parecia ser lá de fora. Jimmy já estava cumprimentando todo mundo quando eu entrei. Sem que eu percebesse fui agarrada por trás por alguém.

- Em linda, que bom que você veio! - A pessoa disse, me apertando.

Quando virei vi mais um de meus ídolos: Synyster Gates. Ele estava no mínimo engraçado, pelo jeito tinha acabado de começar a deixar seu cabelo crescer, estava descabelado, cada fio apontando para uma direção diferente, mas continuava lindo.

 Eu apenas sorri, ele sorriu ainda mais depois do meu sorriso, e depois seguiu para falar com outras pessoas, a maioria eu não reconhecia, mas pude ver um rosto familiar que quando olhou para mim começou a gritar meu nome. Valary DiBenedetto.

- Emily! - Ela disse e me abraçou. - Onde você tava? Seu irmão me ligou às quatro da manhã perguntando se você estava comigo, eu achei melhor dizer que estava... Não gosto de mentir pro meu namorado, mas... Amigas em primeiro lugar né? - Ela disse rindo.

Eu ri e agradeci, mesmo não tendo certeza se o que ela fez foi uma coisa boa.

Depois disso as coisas se encaixaram mais ainda. Se o Jimmy disse que o meu irmão se chamava Matt, me chamou de Sanders, e agora Valary disse que meu irmão era namorado dela, então meu irmão era realmente M. Shadows... Como?!

Quando eu ainda estava pensando sobre isso Matt surgiu despenteado e sem camisa, com uma garrafa de água na mão e começou a gritar comigo.

- Emily, posso saber onde você estava? Te liguei milhares de vezes e só dava caixa postal! E nem vem acobertar ela Val, porque eu sei que ela não tava com você!

- Calma! - eu disse com o tom de voz também alto. Não gosto que gritem comigo. - Eu estava com o Jimmy e com o Zacky. - Eu disse depois de pensar um pouco numa resposta. O que mais eu poderia dizer? Isso era tudo que eu sabia.

Matt olhou instantaneamente para os dois, que estavam juntos em um canto. Todos estavam em silêncio desde que Matt apareceu e começou a gritar.

Quando Matt parecia estar prestes a explodir ele se acalmou.

- Você podia pelo menos ter me ligado pra avisar né? - Ele disse num tom mais baixo.

- Pra você ir atrás de mim e dar um soco neles? - Tentei usar uma das únicas coisas que eu sabia sobre a situação como argumento, não tinha mais o que dizer.

- Eu não vou socar meus colegas de banda... A não ser que eles realmente mexam com você! - Ele aumentou a voz na última frase. - Mas eu sei que eles te respeitam, e é bom que continuem assim. - Ele disse num tom ameaçador olhando para os dois.

- Ok, ok, ok! - Syn disse batendo palmas. - Chega de teatrinho e vamos trabalhar, né?

- Calma Brian, temos que esperar o irmão mais novo do Barney chegar, o baixista! - Jimmy disse.

Poucos segundos depois vi uma pessoa entrando pela porta de acesso do estúdio de gravação. Logo reconheci: Johnny Christ.

Ele entrou com seu baixo cumprimentando todos de longe, parecia um pouco tímido, talvez intimidado pois era o mais novo dali, devia ter uns 16 anos.

Logo Johnny se soltou e já estava brincando e fazendo piadinhas com todos, até conversei um pouco com ele antes dos garotos começarem a gravar, ele era bem simpático e estava muito entusiasmado em participar da banda.

Eles regravaram algumas músicas do CD Sounding the Seventh Trumpet. Pelo que parecia, Syn também tinha acabado de entrar na banda e eles queriam regravar essas musicas com os novos integrantes para relançar o cd por outra gravadora.

O dia foi bem divertido, mas eu continuava sem falar muito. Todos brincavam, zoavam uns aos outros entre as gravações, o clima era muito agradável. Mas nem por um segundo eu deixava de pensar no porquê daquilo estar acontecendo, por que eu parecia ter voltado no tempo e como aquilo era possível! Tentei me lembrar das últimas coisas que aconteceram antes de eu dormir. Lembrei que chorei vendo So far Away e desejei ter salvado o Jimmy... Meu maior ídolo. Será que isso era uma chance de salvá-lo de um destino trágico? Será que eu tinha uma espécie de fada madrinha, que realizou esse pedido no pior momento da minha vida? Eu não conseguia entender o que estava acontecendo... Aquela vida não era minha. Mas talvez fosse uma segunda chance para viver, uma segunda chance para eu ser feliz. Uma chance de salvar o meu ídolo.