Já havia se passado um mês, mas ainda sentia como se fosse hoje. Sentia muita falta do meu pai, e todas percebiam. Me olhavam com pena, mesmo eu sabendo que no fundo todas estavam meia que "felizes" por não ter mais o diretor "carrasco" no pé de todas. Sim, meu pai era o diretor da escola onde passei toda minha vida. Como ele sempre foi muito religioso, e a escola é só para meninas, sempre tivemos que andar na risca. Ele iria ser um padre, se não tivesse conhecido minha mãe e a engravidado na adolecencia. Mas apesar dele não ter conseguido ser um padre agia como tal, sempre nos dando sermão e colocando regras e mais regras.

         Nunca saí do colégio, nem mesmo para dar uma volta na cidade. Meu pai sempre me manteve aqui desde meu nascimento até os dias de hoje, dizendo que havia muitos perigos fora da escola, e que ele não queria que eu fosse como minha mãe. Na verdade eu nem sabia como ela era, pois meu pai nunca conversou comigo muito sobre esse assunto, apenas que ela morreu quando nasci.

         Não tenho muitas amigas, porque sempre tiveram receio de se aproximar de mim por eu ser filha do "carrasco" -como se referiam ao meu pai na ausência dele. Mas tem a Shino que sempre foi a mais próxima de mim, pode dizer até que minha única amiga. O pais dela viajam muito, e por não terem tempo de ficar com ela, a colocaram aqui a 6 anos. Desde os dez anos de idade somos amigas, pois ela foi a única que realmente quis se aproximar de mim. Hoje temos 16 anos, e continuamos amigas. O colégio é em tempo integral, e só podemos sair nas férias. Mas quando digo "podemos", significa elas podem, pois como já disse nunca em nenhum istante da minha vida coloquei o pé fora daqui. Geralmente nas férias fico só, por eu não poder viajar. Mas Shino sempre me disse como é o mundo fora daqui. Parece ser interessante, mas ás vezes tenho até medo de um dia sair daqui. Como irei poder me virar sem ninguém ao meu lado? A única pessoa que eu tinha, infelizmente perdi a um mês. Shino sempre foi muito legal, mas ela tem a vida dela e eu a minha.

         Agora estou na sala onde meu pai ficava. Sim na direção, mas não por eu ter feito algo errado, mas por Shizuny- a vice diretora- ter me chamado na direção dizendo que uma pessoa queria conversar comigo. Estranhei e muito, pois eu não conhecia ninguém fora da escola, e se fosse daqui, não iriam fazer tanto mistério.

         Estava olhando a decoração rústica da sala onde meu pai ficava, quando ouvi a porta de abrir. Olhei imediatamente para trás- sempre fui muito curiosa. Um homem alto de cabelos negros e um pouco compridos amarrados baixo, olhos ônix, e vestido socialmente entrou na sala. Sinceramente, fiquei muito surpresa em vê-lo, pois o único homem de quem fiquei mais próxima em toda a minha vida foi meu pai. Ele entrou e sentou na grande cadeira que meu pai ocupava atrás da grande mesa. Eu estava sentada em uma cadeira de frente para a mesa.

–Bom dia senhorita Haruno.- Ele disse.

–Bom dia.- Eu respondi simplesmente.

–Sou Uchiha Itachi, prazer.- Disse estendendo a mão para mim. Fiquei em dúvida se devida apertá-la ou não. Eu não o conhecia, e confesso que estava com um pouco de receio. Mas por fim resolvi comprimentá-lo, pois ele teve a permissão de conversar comigo, então deve ser de confiança.- Fiquei sabendo de seu pai, sinto muito.- Ele disse com uma expressão séria, mas percebi que estava sendo sincero.- Vim aqui tratar desse assunto.- Me surpreendi com essas palavras. O que ele teria para falar comigo sobre meu pai?

–Como assim?- Perguntei confusa.

–Bom, meu pai contratou um detetive para investigar sobre a filha de sua atual esposa. E todas as pistas nos levaram até voce.

–Ma-mas co-como?- Sim, gaguejei mas sabe porque? Não tinha como ser verdade o que ele disse, mas me surpreendeu muito.

–Tudo que sabíamos no começo, era que minha madastra tinha tido um relacionamento passageiro na adolescencia. Ficou grávida, mas a família do pai da criança não aceitou sua gravidez pois segundo a familia do pai, ele seria padre e além do mais aquilo era um pecado por não serem casados. Então ela fugiu para ter uma gravidez tranquila, mas no nascimento entrou em coma, e quando acordou disseram que sua filha tinha morrido. Mas ela nunca acreditou nisso, e sempre procurou a verdade. Até que a dois anos, uma ex-enfermeira do hospital onde ela havia dado a luz, confessou que a criança não tinha morrido, e sim a avó tinha conseguido sua guarda. Desde então meu pai contratou o detetive, e descobrimos que sua avó havia morrido e que voce tinha sido colocada nessa escola pelo seu pai onde ele mesmo era o diretor.- Cada palavra dele me deixava mais surpresa, pois todas eram verdade pelo o que eu sabia da minha vida.- Para saber se voce era quem procurávamos, fizemos um exame de DNA a dois meses.- Fique confusa, pois eu não me lembrava de nenhum exame de DNA.

–O único exame que me lembro de ter feito foi o de rotina.- Contestei.

–Sim, mas estava incluido o de DNA, mas seu pai não poderia saber pois ele não permitiria. O resultado saiu e pouco depois soubemos que seu pai faleceu.

–E-e qual foi o resultado do exame?- Perguntei meia hesitante. Estava com medo da resposta e muito confusa, pois era muita informação de uma vez só.

–Olhe voce mesma.- Ele disse me entregando um envelope. Abri e lá estava meu nome, o nome de minha suposta mãe e outras informações que não me intressaram. Achei a única palavra que me interessava no momento: "positivo". Não pude evitar, uma lágrima escorreu. Olhei na direção de Itachi, e ele estava com um sorriso de lado. Acabei sorrindo também, e mais lágrimas escorreram. Mas diferente das outras de ultimamente, essas não eram de tristeza e sim de felicidade, muita felicidade.- Bem vinda a família maninha.- Ele disse. Me senti imensamente feliz quando ouvi a palavra "família". Agora eu não estava mais sozinha, não mais...