Harry Potter e o Prelúdio de Inverno escrita por Thierry Grima


Capítulo 6
Capítulo 5º: O Paradoxo dos Paralelos


Notas iniciais do capítulo

Informações antes do capítulo:
1º: As reviews estão respondidas no fim deste capítulo, abaixo das notas do autor;
2º: Dedico esse capítulo a uma amiga muito especial: JôHxSabaku, a minha querida Isa;
3º: Essa música é definitivamente perfeita pra esse capítulo! Lifes Vortex do After Forever



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CAPÍTULO QUINTO – O PARADOXO DOS PARALELOS

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Minha mente está sob um ataque

Apesar de ninguém ver

Meu passado está martelando

No verso de minhas memórias

Está sempre lá para envenenar a minha mente

Com tudo o que eu faço

Sentimentos que eu conheço tão bem parecem voltar

Como se nada nunca tivesse acontecido

Life’s vortex – After Forever

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Hogwarts, 25 de dezembro de 2010. Hermione Granger dentro do seu quarto abraçando os joelhos sobre a cama. Era natal...


Como se ela se preocupasse com isso. No momento só queria ficar ali, deixando que o dia passasse rapidamente, não queria falar com ninguém ou ter que ouvir alguém pelos próximos dias. Ainda tentava assimilar o ocorrido do dia passado.


Um beijo, uma aliança, uma jura de amor.


Não havia falado com Harry desde que ele transportou-se pela lareira deixando-a caída sobre os joelhos sob os olhos esguios de Rowena Ravenclaw. Ele havia comentado sobre uma promessa que ela tinha plena certeza de nunca ter feito: “Não esqueça nosso amor”.


Sentiu os olhos se encherem de lágrima mais uma vez, elas escorriam em sua face, reluzindo à luz que transpassava pela janela. Era incrível como o dia de natal trazia consigo a neve que tanto desejava. Poder ver a extensão de magníficos campos brancos, gigantes abóboras recobertas de neve e pássaros nunca vistos antes em busca de abrigo durante a migração. Diante de toda beleza o seu rosto ainda tinha uma expressão cansada e triste.


Estava definhando, não sentia fome ou sede. Queria realmente dar um fim em toda aquela confusão dentro de sua cabeça. As memórias continham brancos imensos e as palavras se perdiam entre os seus pensamentos.


O toque de Harry em seus lábios, aquelas mãos firmes sustentando-a pela cintura e lhe acariciando a pele com amor faziam com que seu corpo inteiro revirasse em agonia. Ela fechou os olhos e deitou-se na cama, buscando alguma coisa pra apertar entre as mãos. Era dolorido lembrar-se de Harry, que queria poder continuar ao lado dele, segurar a são mão. Desejar que ele estivesse abraçando-a e sussurrando em seu ouvido que ficaria tudo bem.


Fechou os olhos, continuou deixando que as lágrimas irrompessem em seus olhos. O que estava acontecendo, porque estava acontecendo com ela.


Ouviu bicadas ocas na janela, uma coruja cinzenta e relativamente grande suspendia um embrulho bem feito com um papel avermelhado na ponta do bico. Secou as lágrimas com o dorso das mãos e dirigiu-se até a janela, levantando com cuidado, já que suas pernas tinham indícios de dormência.


– Olá mocinha... – Ela abriu a janela com cuidado e retirou o excesso de neve da soleira. Estendendo então o braço permitindo que o animal se achegasse. Retirou com cuidado o embrulho do bico e lhe ofereceu um pedaço de biscoito que estava sobre a cômoda, ele já havia servido de alimento para mais duas corujas que havia recebido com cartões natalinos. - ...você deve estar faminta não é?


A coruja assentiu esfregando a cabeça ternamente no braço de Hermione.


– Eu queria ser como você às vezes, poder voar e estar livre de todo e qualquer problema. – Acariciou a cabeça da coruja antes de estender o braço janela afora e permitindo que a ave alçasse vôo graciosamente.


Ateve-se ao embrulho. Um pequeno pedaço de pergaminho prendia-se a um cordão dourado, puxou-o com cuidado e abriu delicadamente.


Hermione,

Antes de qualquer coisa, desejo-lhe um feliz natal.

Sinto que não tenha lhe respondido antes, apesar de ter me congratulado por este feito.

Há coisas que não me cabem explicar, agora você poderá entender o motivo de muitas coisas.

Perdoe-me por tê-la beijado, mas não me culpe por isso, seus lábios sempre são irresistíveis para mim. Preciso que me procure depois.

Com amor,

Harry.

Suspirou após a leitura, não pode conter o riso tímido quando leu “com amor”, aquelas simples palavras mudaram todo o sentido obscuro que o bilhete trazia. Deixou isso de lado e permitiu-se desembrulhar o pacote. Um pequeno frasco preenchido por conteúdo prata brilhoso foi revelado e nele uma etiqueta onde havia escrito com a letra da própria Hermione o seu nome e a data de exatos 14 anos atrás. Confusa ela agitou lentamente o conteúdo sobre a cabeça, tentando se lembrar de quando exatamente havia guardado aquela memória. Não havia uma resposta clara para nada neste momento, estava tudo muito confuso em sua mente.

Deixou o frasco sobre a mesa e buscou sua penseira dentro do armário, apesar de procurar não a encontrava, revirou alguns objetos bem organizados. Tateou apressada, havia encontrado, retirou de lá o objeto azul claro, um pouco menor do que a de Harry, com pequenas borboletas desenhadas delicadamente sobre a ametista polida. Não se lembrou de quando usou aquela penseira. Retirou alguns frascos com memórias que jaziam dentro dela e a preencheu com um pouco de água purificada. Abriu o frasco com cuidado e despejou o conteúdo dentro do vasilhame. A memória serpenteou, rebatendo-se pelas paredes e, por fim, aquietando-se em leves giros ao redor das bordas.


Hermione respirou fundo, agitou o conteúdo com a ponta da varinha e permitiu-se ser engolida rapidamente pela memória.


Era um lugar escuro, havia pouca luz a princípio. O espaço era e repleto de janelas, todas fechadas, não conhecia aquele cômodo, ou talvez, conhecesse: A sala precisa. No centro da sala uma cadeira albergava uma menina magra e com os cabelos castanhos encaracolados cuja altura alcançava seguramente o meio de suas costas, os olhos castanhos dela olhavam para um ponto fixo, oras fitavam os pés.

– Se você está vendo essa memória Hermione, quero dizer que não resolveu nada e nós só perdemos tempo fazendo tudo isso. – ouviu-se um leve suspirar – Eu preciso que preste muita atenção nas minhas palavras Hermione... Droga! É difícil falar isso para mim mesma.

A professora apurou os olhos e então piscou os mesmos repetidas vezes. Poderia jurar que seus olhos a enganavam, mas não, realmente estava em frente da própria imagem, uma memória que havia guardado há exatos 14 anos.

– Quero esclarecer que você teve escolha Hermione, mas optou pelo que achou melhor, independente do que pensariam. – A jovem olhou para cima e permitiu que seus olhos esboçassem uma grande tristeza. – Dumbledore me procurou há alguns dias atrás, pela primeira vez eu senti nervosismo no olhar dele. Há um grande mal nascendo na fonte da magia, ou melhor, há um grande mal despertando.

Hermione, a mais velha, ouvia com atenção, deixando os olhos apreciarem a imagem da triste garota em sua frente.

– De alguma forma estou associada nesse problema, as explicações foram muita vagas sobre o real motivo. Mas uma coisa é certa Hermione. O que virá a assolar o nosso mundo quando você se ouvir, nesta memória, não é algo da qual teria vontade de enfrentar de mãos vazias.

Os olhos dela reviravam a cada nova palavra, ela limpou uma lágrima com o dorso das mãos e sorriu carinhosamente.

– Provavelmente você não saiba que mais tarde eu, ou você, seja como for, estarei entregando essa memória a Dumbledore e tomando a Mendax Animi. Deve estar se perguntando sobre o que é isso. Essa poção é feita com alta especificidade, sua função é simples: apagar, manipular e preparar a sua mente. Não sei como se prepara, Dumbledore me explicou basicamente o que ela faria comigo. De alguma forma, não sei por que, pra ser sincera Hermione eu não sei de mais nada...

As duas respiraram profundamente, ao mesmo tempo.

–Bem, eu preciso explicar algumas coisas antes de prosseguir sobre o que acontecerá depois da poção. Hoje pela manhã Harry me pediu em noivado... – Ela sorriu, fechando os olhos. A outra arregalou os olhos em confusão. – Havia uma aliança linda, do jeito como eu gosto simples e extremamente delicada...

– É realmente muito bonita... Do jeito que eu gosto. – A mulher concordou sorrindo, um sorriso recheado de tristeza, condizente ao sorriso da jovem.

– Eu tive que negar, ele entendeu! Óbvio que ele entendeu. Harry sempre me entende, ele sempre está lá por mim. E além do mais, ele também sabia do que nos esperava, acho que ele fez esse pedido para tentar me impedir de fazer o que Dumbledore propôs, mas ele se arriscou tantas vezes por mim, por nós. Seria justo eu não correspondesse da mesma maneira? – enlaçou as próprias mãos. – Eu o prometi e fiz com que ele prometesse - em latim a língua das profecias - que nunca esqueceria nosso amor, eu espero que você pelo menos sinta um pouco do que eu sinto agora... Eu o amo com todas as minhas forças. Antes de me pedir em noivado nós observávamos da janela aquelas pessoas patinando e desenhando sobre o lago congelado. Ele sussurrou um “bom dia” em meu ouvido que me fez arrepiar por inteiro... – Ela estava extasiada. – Nós passamos nossa primeira noite juntos, eu não sei se eu conseguirei esquecer esse momento mesmo que a poção faça o que tem que fazer. Ele foi carinhoso, me fez senti amada e completa... E agora eu só espero o vazio que irá me preencher...

– Os meus sonhos não me deixavam esquecer.

– Pois bem, eu acredito que se você está vendo essa memória deve estar se questionando muito sobre as coisas que eu estou falando. Então vamos ao que interessa. Hoje à noite você se esquecerá do amor que sente por Harry Potter, sua relação com ele é, de acordo com Dumbledore, um fator de risco. De alguma forma eu precisei como consequência ficar junto com Rony Weasley. Ele não sabe sobre isso, não faz idéia nenhuma do que está ocorrendo. Será moldada uma história sobre nós dentro de nossas mentes, estaremos condenados a ficar juntos. Essas explicações são vagas, eu sei disto... Não sei o porquê de ser Rony, mas sei que precisa ser ele.

Hermione estava com a mão sobre a boca, o olho numa expressão horrorizada, sentiu-se enganada. Sua memória havia sido roubada, destruída e manipulada, o quão pior é saber que ela foi a responsável por isso.

– Se você ainda estiver dentro dessa memória quero terminar de explicar sobre a poção. Preciso ser rápida, Harry está me esperando ali fora. Ele está com medo, acho que mais do que eu. Essa poção irá apagar todo e qualquer sentimento atípico que sentir pelo Harry, irá conduzir e direcionar sua afeição para aquele que receber a outra dose da poção. O efeito será recíproco... – Ela arfou – Há mais um detalhe. Essa poção possui uma estrutura tênue e é sustentada por um tipo de substância diferente de qualquer outra que eu tenha conhecimento, Dumbledore falou que se a substância matriz dela sofrer alterações bruscas o seu efeito seria degradante e logo todas as memórias latentes seriam trazidas de volta, haverá consequências para quem alterou o tempo e espaço. Ele chamou de Paradoxo dos paralelos, quando duas pessoas têm uma idéia construída e mesmo assim a sua mente mostra que ela está errada, é confuso e complexo. Provavelmente os laços que você tinha com Ronald se rompam agora, eu lhe instiguei o paradoxo. Isso quer dizer que você deve realmente se preparar, pois o que vem a seguir é com certeza muito pior do que qualquer outra batalha...

Por uns segundos, ambas as “Hermiones” pareciam olhar diretamente nos olhos uma das outras, uma com medo do que teria que fazer a seguir, outra com medo de enfrentar a realidade que há muito havia sido roubada.

Bem, Hermione, você sou eu de alguma forma... Então, não se culpe, entenda que fez isso por amor a ele. Agora tudo irá voltar a ser como era, gradualmente... Eu preciso ir agora. Harry me espera. – A imagem de uma Hermione mais jovem se levantando e dirigindo-se para a porta era a única coisa que ainda lhe restava na memória, a outra Hermione fechou os olhos e inspirou fundo, preparando-se para voltar.

– Ah! Mais uma coisa... Se Harry estiver aí diga que eu o amo, ou melhor, diga que o ama... Peça desculpa a ele, pois assim que sair daqui eu irei lhe pedir que se afaste até que esse meu retorno seja necessário. Acredito que você irá concordar com minha decisão. Ele não sofrerá tanto se estiver longe de mim, ou seja, de você.

A memória se dissolveu, novamente aquela sensação do estômago sendo comprimido, do ar voltando rápido e descontrolado pelos pulmões. Um solavanco forte e Hermione estavam novamente em seu quarto, apoiando as duas mãos sobre a mesa, sentindo o suor escorrer por sua testa.


– Eu preciso, eu preciso ver Harry...


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Era frio, para ele parecia ter chego à noite. Draco Malfoy suspirou, sentia fome, seu estômago contorcia-se. Os olhos estavam fundos e suas mãos pareciam ainda mais magras do que um dia já haviam sido.


Os dois irmãos Weasley dormiam na outra extremidade da sala. Os olhos de Gina às vezes se abriam e o fitavam docemente. Ele não compreendia exatamente o porquê, mas respondia com um olhar igualmente doce e com um meio sorriso quase imperceptível. Ronald estava muito abatido, tinha apresentado muitos lapsos de memória, chegou a cogitar-se que poderia ser devido à pancada da sua queda na cela. Mas ainda sim era estranho, os lapsos eram inconstantes e direcionados a alguns fatos pessoais.


O que mais lhe causava desconforto era não saber onde estava e nem o motivo. Às vezes algumas pessoas semelhantes as que haviam o raptado – bem como Ronald e Ginevra - passavam pelo corredor, elas pareciam ser simples sombras, quando seus pés tocavam o chão uma espécie de fumaça negra saia de suas peles. Não lhe agradava nem um pouco o fato de possuírem um odor peculiar de enxofre. Em todo o tempo que passou ao lado de inúmeros comensais não havia se sentido tão receoso quanto estava agora. A situação era preocupante, pelo simples fato de que ninguém procurava por eles, obviamente ele não tinha alguém para procurar por ele, mas os Weasley sim. Estranhou demais o fato de Potter ou Granger não darem o ar da graça como grandes salvadores do dia.


Chegou realmente a pensar que não havia saída, talvez aquilo fosse uma sentença de morte, então ele deitou sua cabeça novamente sobre o piso gélido. Fechou os olhos pouco depois de receber e retribuir mais um dos olhares de Ginevra.


Houve um estrondo forte de porta batendo, dois dos servos moldados com sombra adentraram pela membrana cristalina como vidro que os impedia de sair. Eles olharam para os seus prisioneiros. O loiro jurou ter visto órbitas vazias em ambos os seres. Um deles empurrou Gina do colo de Rony, ela usou os braços e mãos para arrastar-se para trás, elevaram Rony que parecia estar imobilizado por alguma forma desconhecida de magia pelos braços e dirigiam-se para fora novamente.


Em um pulo desesperado a ruiva jogou-se sobre um deles, usando as pernas ela manteve-se firme sobre ele enquanto tentava desvencilhar Rony. Draco levantou-se rápido e agiu sobre o outro. Eles não esboçavam reação e isso fazia com que Gina desesperasse-se ainda mais.


– Soltem ele! – Ela gritava enquanto tentava insistentemente retirar as mãos dele dos braços de Rony.


Ele tentou inutilmente dar uma chave de braço em um deles enquanto ela com sofreguidão segurou o capuz negro e o puxou para trás. O que ocorreu a seguir fez com que ambos, Draco e Gina fossem lançados para trás estatelando as costas na parede limosa.


Um ar gélido preenchido por uma espécie de fuligem saída da cabeça semi-escalpelada daquele ser. Ele soltou o braço de Ronald e os fitou intrigado. Seu rosto era desprovido de carne em sua maior parte, as órbitas pareciam estar vazias, porém duas esferas de fogo azulado chamuscavam-lhe constantemente um resquício de cabelo que insistia em permanecer preso a um pedaço de pele necrótica que recobria a fronte. O nariz consistia em uma fossa nasal única, não recoberta por pele como o restante de sua face. Os lábios superiores eram rudimentares e escondiam dentes amarelados completamente tortos, não havia lábios inferiores, somente um a mandíbula cheia de musculatura dissecada. Ele se aproximou e os seus dedos negros e esfumaçantes quase tocaram a pele de Gina, sua cabeça fazia um movimento serpenteante, movia-se rápido para ambos os lados como se buscasse algo que não podia ver. Abriu as arcadas e sussurrou palavras estranhas, um dialeto desconhecido.


Malfoy abraçou a ruiva que buscava seu braço em completo desespero, manteve a cabeça dela em seu peito e encolheu-se junto dela. Poderia ser talvez a última vez que tivesse algum contato com outra pessoa. Aquele ser, que ele não poderia descrever tamanho horror de seu aspecto, não se parecia em nada com um Dementador, como já havia suspeitado antes. Era algo ainda mais inferior a eles, de uma magia tão poderosa quanto qualquer outra. Sentiu o rosto se contorcer quando o homem – se é que poderia chamar assim - lhe encostou alguns dedos, sentia vontade de empurrar Ginevra de seu colo, a corromper e fazer com que implorasse por pudor, queria machucá-la explorar seu sexo e deleitar-se de prazer, o sentimento era frio e cruel.


O ser desconhecido deslocou-se para trás, rangeu as arcadas dentárias e voltou-se para o outro, imóvel que aguardava ainda sustentando Rony por um dos braços. Eles se foram com o ruivo em seus braços, atravessando a lâmina de vidro como se a mesma fosse inexistente.


Draco sentia-se cansado, o esvair dos sentimentos grotescos que brotavam em sua mente foi imediato ao romper o contado com “aquilo”. Mais uma vez ele se via envolto de medo e muita vontade de sair daquele lugar sem pestanejar.


Apertou o abraço em Gina. Ela chorava copiosamente, as lágrimas escorriam de seus olhos e molhavam a camisa dele, ela tremia, era possível perceber que todos os músculos do corpo dela tremiam em resposta aquele abraço.


– Eles vão matá-lo? – Perguntou sem mover o rosto, com a voz arrastada e temerosa.


– Eu... Eu não sei... – Segurou a cabeça dela, beijando-lhe o topo com carinho. Naquele momento, não era só ela que se fazia complacente ao abraço. – Espero que ele fique bem Gina...


Ele mordeu os lábios e estudou altivo a última palavra, ele realmente chamado aquela moça indefesa e tão carente de sua proteção de Gina. O que o surpreendeu foi perceber que aquilo nada alterava na sua condição de Malfoy. “Talvez eu deva engolir a minha arrogância dessa vez...”

­– O que são eles? – Afastou ligeiramente a cabeça do peito dele, indagando com temor.


– Torno a lhe dizer as mesmas palavras menina Weasley... Eu não sei... – Ele continuou abraçando-a, não queria soltá-la daquele abraço, precisava manter Gina segura.


– Pode me chamar de Gina, eu não me importo... – Ele apertou o abraço novamente e recostou-se na parede, suspirando.


– Tudo bem... Gina.


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“Obvio que ela não virá. Acho que ainda deve estar assimilando muitas coisas que ouviu. Eu preciso respeitá-la.”

Era complicado pensar em Hermione quando ela estava prestes a descobrir que todo tempo desde que saiu, até o momento que entrou nesta escola, não passou de uma mentira vil.


Ele jogou a camisa que havia acabado de tirar e logo em seguida retirou a calça, precisava muito de um banho. Buscou uma camisa simples e uma calça confortável de moletom, era um natal razoavelmente agradável no que dizia respeito ao clima. Há algumas horas havia realizado um dos seus hábitos esquecidos, roubado os lábios da mulher que mais amava, talvez a única que poderia amar. Ela não era só Hermione, era sua melhor amiga, sua guia, sua companheira e sua amante, em sumo, ela era tudo.


Também há poucas horas pediu que Ipse, a coruja meiga e carinhosa que havia ganho de presente de Minerva logo quando começou a trabalhar em Hogwarts, entregasse à Hermione a memória que Dumbledore e Minerva guardavam com tanto cuidado, esperando nunca ter que devolver a sua antiga dona. Obviamente, a vontade de Harry era o oposto completo. Só precisava que ela entendesse o motivo da sua distância, que reconhecesse que precisava amá-la em silêncio.

A água do chuveiro estava quente e reconfortante. Um dos fatores que fez com que ele escolhesse aquele banheiro era justamente a ausência de uma banheira, de alguma forma as lembranças de certo espírito apaixonado eram muito constrangedoras.

– Harry! Eu... – Hermione abriu a porta do quarto e adentrou em passo firme, o cômodo estava visivelmente vazio. Novamente havia peças de roupa pelo chão. “Qual o problema com ele afinal? É tão difícil manter as coisas em ordem?”

O barulho do chuveiro era audível e a vapor insistia em passar por entre o vão da porta, que por sinal estava entreaberta.


Mordeu os lábios numa indagação falha sobre esperar ou ir até lá, afinal não tinha tempo para perder, precisava de mais explicações, obviamente Harry poderia lhe dar. Além do que ele lhe solicitou que viesse o procurar. Seus pés não aguardaram nenhuma decisão e a locomoveram instintivamente para o banheiro.


Ela abriu a porta silenciosamente, a silhueta de Harry era visível, estava lavando os cabelos enquanto cantarolava alguma coisa que ela não pode entender. Seus olhos desceram instintivamente pelas costas do moreno, a água escorrendo enquanto a musculatura forte do trapézio trabalhava em conjunto com os deltóides no movimento rítmico que ele usava para ensaboar a cabeça, ela desceu um pouco mais, seus olhos encontraram uma cueca boxer preta inteira molhada e intimamente aderida a sua pele.


– Uma cueca? – sussurrou com um tom de falsa indignação. O que deveria ser inaudível, não foi.


Harry virou rápido abrindo a boca enquanto uma de suas mãos procurava instintivamente uma toalha antes mesmo que a outra tivesse aberto as divisórias do box. Seus olhos começaram a arder e ele logo tudo virou uma intensa batalha homérica entre toalhas se encharcando com o chuveiro e olhos ensaboados. A morena engoliu em seco quando a fitou com os lábios, ele arqueou as sobrancelhas e num sibilo ínfimo a torneira da pia contorceu-se e parecia um periscópio de submarino e logo destrinchou água para todos os lados encharcando-a com água gelada. Não durou mais do que trinta segundos antes que a torneira voltasse a sua posição normal e o som do impacto das gotas d’água que escorriam de Hermione.


Ele deixou a toalha molhada cair no chão antes de iniciar uma crise inconstante de risos, como havia feito no lago, arqueou as costas e pôs as mãos sobre os joelhos. Ela estava estuporada, o jato de água fria – muito fria – lhe roubou toda a razão. Ele foi furtivo a um de seus olhares indignados e de instantâneo, com fez a torneira se mover com o sibilar dos lábios fez a água se esvair ela, molécula por molécula, e seguir uma tênue linha cristalina até o ralo.


– Desculpe, eu não resisti querida...


– Eu prefiro não argumentar sobre isso, tenho outras coisas na cabeça agora.


– Como a minha cueca? – disse com um sorriso atrevido.


– Seu... – Ela ruborizou antes de se virar de costas para ele e retomar o tom costumeiro de sua voz. – Sabe que precisamos conversar, foi por isso que me chamou, não é?


– Sim, exato. – Continuou utilizando o tom atrevido em sua frase. – Vire-se, não é algo que você nunca tenha visto, não é?


O rosto tomou outra vez o tom vermelho tomate. Ele realmente conseguia ser extremamente intimidador quando queria. Ela virou-se e encontrou os olhos dele, por segundos pensou em se render aquele sorriso quente que ele apresentava enquanto uma mão segurava o torso e outra coçava a nuca, mas manteve-se confiante.


– Estou te esperando no quarto. Por favor vista-se!


Hermione saiu do banheiro e fechou a porta com uma força razoavelmente grande, na intenção de produzir efeito repreensivo sobre ele. Encostou-se na porta e ventilou o rosto com as mãos, respirando fundo, ainda conseguiu ouvir quando ele lhe perguntou se realmente queria que se vestisse com aquele mesmo tom arrogante e sem vergonha, mas o ignorou enquanto tentava recompor-se. Harry Potter realmente sabia como fazer com que ela perdesse a cabeça, literalmente.



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Notas finais do capítulo

OBS: ESSE CAPÍTULO TAMBÉM NÃO FOI BETADO!
N/A¹: Fim de mais um capítulo de HP e o Prelúdio de Inverno, inclusive, eu irei mudar o título da fic para Harry Potter e o Prelúdio de Inverno, pois já pensei em uma continuação. Acredito que esse e os próximos capítulos serão os últimos com calmaria e em Hogwarts. Precisamos dar um pouco mais de ação à fic.
N/A²: Teremos outros personagens originais que serão extremamente importantes para o desenvolvimento da história.
N/A³: Algumas pessoas perguntaram se é mania minha detalhar demais as coisas (eu não sei exatamente se foi um elogio ou não, espero que sim!), pois bem, é sim. Dá-se pelo fato de me inspirar demais em Tolkien para escrever, já li a bendita trilogia de O Senhor dos Anéis sete vezes e com certeza é uma literatura que me inspira muito. Quanto à história da fic eu já dei muitas dicas, inclusive o nome dos personagens. E ainda lhes informo do fato de que muitas coisas ocorreram na Bretanha.
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RESPOSTA AOS REVIEWS DO CAPÍTULO PASSADO
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Debora P: Eba! Que bom que você está gostando Debora! Eu achei que só eu iria ler essa fic, mas por incrível que parece estou bem contente com ela, está andando da forma como eu imaginei e os novos personagens que eu estou bolando serão bem intrigantes, pra essa fic e pra(s) próxima(s), se elas realmente existirem! Quanto aos mistérios, a cada capítulo há um mistério diferente, até que chega um momento em que eles param de aparecer (mentira... XD). Beijos Debora, obrigado por comentar mais uma vez!
JôHxSabaku: Minha Isa do coração, pessoinha que eu adoro e que me atura desde o primeiro capítulo, quando eu respondo os comentários dela com quase 500 palavras... Eu só tenho que agradecer por continuar lendo, elogiando e gostando da fic. Por isso esse capítulo foi dedicado a você, que tanto gosta de momentos D/G, apesar de curto, eu só incluí esse trechinho pq sei que você adora! Beijos Pokémon!
Ana Carla S: Que bom que gostou Ana! Fico muito feliz quando as pessoas comentam que a fic as agrada, pois é um grande estímulo para mim! As atualizações tendem a ser constantes, com



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