Anda calmamente pela vila rumo ao Distrito Uchiha. A brisa suave daquele dia fazia seus cabelos balançarem e ela normalmente estaria se deliciando com ela, porém não hoje.

O irônico era que tudo estava dando certo naquele dia: O sol ameno, a brisa fresca, seu aniversário de dois anos de namoro com o Sasuke. Estava tudo muito certo e ao mesmo tempo muito errado.

O Uchiha voltara para a vila há dois anos e meio e pouco tempo depois eles começaram a namorar. Apesar da mudança nos ideais do rapaz, ele continuava basicamente o mesmo. Misterioso, sereno e levemente irritadiço. Sakura adorava tudo isso nele, pois era assim que ele era na sua essência.

Porém, em alguns quesitos, isso a incomodava profundamente. Em alguns momentos ele era carinhoso e logo em seguida ficava em silêncio absoluto. E mesmo que tentasse identificar o que acontecia, sua expressão indecifrável tornava isso uma missão impossível.

E também havia o fato de que eles namoravam há dois anos e o moreno nunca dissera “Aishiteru”. Nem uma vez sequer.

Seu maior medo era de estar vivendo um amor unilateral. Algo que para ele não representasse absolutamente nada além do prazer nas noites que passavam juntos.

Em meio a tantos pensamentos nem tinha percebido que já se encontrava em frente ao portão do poderoso Distrito Uchiha e que o rapaz que tumultuava sua cabeça encarava-a confuso.

– Sakura, você está bem? Eu senti seu chakra, mas você não entrou.

Um sorriso sincero brotou nos lábios rosados. Apesar de todos os temores, ela o amava. E talvez fosse por isso que iria, mais uma vez, esquecer aquelas dúvidas. Pelo menos por alguns momentos.

Aproximou-se e enlaçou os braços em seu pescoço, ficando na ponta dos pés, e depositando um leve selinho nos lábios finos.

– Desculpe Sasuke-kun. Estava distraída.

O moreno sorriu antes de iniciar um beijo suave, para depois puxa-la para dentro da casa principal.

–-–

Ela estava com a cabeça pousada sobre seu peito. Os cabelos róseos espalhados pelo abdômen definido.

Havia sido tudo perfeito. O jantar que Sasuke preparara estava delicioso e eles conversaram em todos os momentos. Após a refeição, foram para o quarto tão conhecido para si. O moreno havia lhe proporcionado mais uma noite maravilhosa, com direito a champanhe em comemoração ao aniversário de namoro deles.

Agora ele se encontrava adormecido, com ela sobre seu corpo, com o rosto manchado de lágrimas. Realmente, o dia fora perfeito. Porém ela tinha medo de que aquela perfeição toda só existisse para ela.

Estava tão tensa que nem percebera que seus soluços, mesmo abafados pelo lençol, acordaram o namorado.

– Sakura, o que houve?

A voz estava sonolenta, porém a preocupação era perceptível.

– Nada... Eu...

O moreno sentou-se, forçando-a a fazer o mesmo, e encarou os belos orbes verdes.

– O que aconteceu? Eu pensei que estivesse feliz.

Ao término da frase dele mais lágrimas escorreram pelo rosto alvo.

– Eu... Estou feliz Sasuke-kun. E é por isso que tenho medo. Medo de que essa felicidade toda... Acabe.

Os ônix mostravam confusão e, pela primeira vez, ela achou melhor dizer o que lhe afligia. Mesmo que as consequências pudessem lhe destruir.

– É que você às vezes fica silencioso e eu penso que minha companhia está incomodando. Tem vezes que você apenas fica me ouvindo e dando leves sorrisos, e eu acho que estou te irritando. E também... Eu sempre digo aishiteru para você, mas você nunca me respondeu.

O rapaz permaneceu estático por alguns segundos, para depois uma expressão irritada aparecer no seu rosto.

– Sakura... Eu não acredito nisso! Pelo amor de Kami, você realmente acha que eu iria namorar você por dois anos se não sentisse nada?

E mais lágrimas escorreram.

– Você poderia estar apenas confortável com a situação e...

– Sakura, como você é irritante – Passou a mão pelos fios negros, nervosamente, antes de continuar a falar – Às vezes eu fico em silêncio porque estou apreciando sua companhia. Só o fato de tê-la por perto me faz bem. Quando apenas te ouço falar, presto atenção na sua voz, porque eu realmente a acho harmoniosa. Mas tenho que confessar que muitas vezes eu não me recordo de nada que você comentou. E... – Ele hesitou e uma coloração leve tingiu suas bochechas – E eu nunca te disse aishiteru por dois motivos simples: O primeiro é porque eu realmente pensei que isso estivesse explícito nos meus atos e o segundo é porque se eu dissesse estaria mentindo. Koishiteru, Sakura.

E, diferente do que o moreno pensava, as lágrimas dela não pararam de escorrer. Elas triplicaram. Porém eram lágrimas sem nenhuma tristeza, medo ou dúvida. Era pura felicidade escorrendo pelos olhos.

Sasuke encostou sua testa na dela e encarou as esmeraldas.

– E entenda Sakura... Você é irritante, mas é a minha irritante.

Ela aproximou-se mais e colou seus lábios, iniciando um beijo apaixonado, onde as línguas se entrelaçavam em perfeita sincronia.

Quando eles se separaram, já ofegantes, o moreno direcionou seus beijos para o pescoço alvo. Antes de deixar-se levar por todas as sensações que ele lhe proporcionava, sussurrou:

– Koishiteru, Sasuke-kun...