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Mally Pov On

Fui comprar um lanche e advinha trombei com o Phillipe acabei convidando ele pra tomar alguma coisa após a aula. Achei que ele não ia aceitar.

–Claro, se você me convidasse iria até para lua. – Respondeu. Achei isso meio brega, mas foi tão espontâneo que acabou se tornando fofo. Achava ele fofo desde o primeiro dia que reparei nele.

...

Fui uma das últimas a sair da sala e encontrei-o na porta. Ele parecia nervoso.

–Oi, novamente. – Dei meu melhor sorriso. – Vamos? Ele assentiu.

Saímos da escola e andamos umas duas quadras até o local que eu tinha escolhido sem falarmos uma palavra.

Entrei sentei e ele fez o mesmo.

–Bom eu tenho mais ou menos uma hora para ficar aqui com você. – Quebrei o gelo.

–Ah vai ser ótimo ficar esse tempo todo em sua companhia.. – Corei.

–Vou querer um pastelzinho de carne e um suco de morango com laranja e você? – Falei empurrando o cardápio. Senti que ele estava um pouco desconfortável.

–Vou querer um, ahn, só um suco de laranja. – Falou baixo. – Quer que eu chame o garçom? - Ofereceu-se.

Assenti e minutos depois nossos pedidos chegaram.

–Sabe, - Disse ele. – Nunca imaginei que um dia estaria aqui com você. – Ele riu.

–Sinceramente eu também não. - Ri fraco. – Eu estou aqui agora com você e a única coisa que eu sei ao seu respeito é que seu nome é Phillipe, não é estranho?

–Ah, isso não é problema, me apresento agora. – Completou com calma. – Me chamo Phillipe Bournie, sou bolsista, trabalho à tarde ajudando minha mãe, nunca conheci meu pai e sou um prato cheio para ser zoado pela escola inteira. Admira-me você querer falar comigo. – Seu semblante era triste.

Gostei da sua sinceridade, o fato de não tentar ser alguém que não é só por estar comigo e a apesar de tudo gostei aqueles olhos, mas ao mesmo tempo fiquei mal dele não conhecer o pai. Isso deve ser uma barra. – Pensei.

–Acho que você, humm, já sabe muito sobre mim não é? – Falei constrangida, que culpa tinha eu de ser taxada como popular?

–Com certeza, Mally Thielfield, a menina que todo menino deseja e todas garotas invejam. – Deu ênfase no ‘deseja’ olhando para meus olhos. Eu estava quase morrendo, quando eu ia imaginar que ia sair me encantar com alguém como ele?

–Acho melhor você não acreditar em tudo que falam sobre mim. – Falei revirando os olhos.

Olhei para o relógio, meu Deus tenho que correr antes que meu irmão sinta minha falta. Percebi que ele ainda me olhava. Ah meu Deus!

–Ei, eu tenho que ir agora. – Disse o assustando e tirando o dinheiro da bolsa. - Vou deixar o dinheiro pra você pagar tá? – Fiz biquinho e ele riu. – Quero te conhecer melhor, topa sair comigo de novo? – Perguntei com medo da resposta.

–Sim. – Falou curto. Pode até ser hoje se você quiser. – Disse tímido, desviando o olhar e dando um sorriso amarelo.

Ahh, não me mata com esse jeitinho, por favor.

–Vamos então. Que tal às sete? Me espera na frente da escola. – Falei rápido super insegura.

–Eu estava brincando. – Franziu o cenho, mas posso ir se você quiser.

–Se eu não quisesse não teria convidado. – Rimos.

Me despedi beijando o seu rosto e sentindo seu cheirinho o que o deixou sem reação. Que pele macia... Voltei para a realidade ao ver a hora e sai apressada a fim de encontrar logo meu irmão, mas não conseguia parar de pensar nele. Dá para acreditar que eu tinha tomado a iniciativa?

–Olha por onde anda imbecil. – Trombei com um senhor derrubando suas sacolas.

–NÃO PRECISA SER TÃO GROSSO. – gritei, quando a minha vontade era de mandar ele pro inferno.

–Não precisa ser tão grosso. – Ele me imitou. Ah que raiva, tinha que prestar mais atenção na rua, mas simplesmente não conseguia...

(...)

Phillipe Pov ON

Eu sei que minha mãe ia me matar, mas não era todo dia que eu tinha a oportunidade de sair como uma garota como a Mally, e ela me convidou para tomar um suco com um jeitinho tão meigo que eu não resisti. Fiquei sem graça quando cheguei a lanchonete com ela, era tudo meio caro e eu não tinha nada no bolso, acho que ela percebeu, acabei pedindo só um suco. Eu me senti tão a vontade com ela, podia ficar ali a tarde inteira, mas ela acabou saindo e se despedindo com um singelo beijo na bochecha que me fez ter as profundas fantasias. Para Phillipe, não se ilude. Acabamos combinando de nos encontramos novamente à noite. Gostei da idéia. Paguei a conta e corri pro ponto, precisava chegar logo em casa antes que minha mãe desse parte na polícia. Ri pensando na possibilidade de ela ter dado mesmo, já que era muito raro eu me atrasar. Fiz o percurso pensando nas desculpas que daria e em como sairia de casa à noite.

–Ah você chegou! – Disse minha mãe ao me ver entrar. – Demorou hein.

–É que eu fiquei combinado um trabalho com alguns colegas, sabe né esses em grupo complicados que esses professores doidos inventam para ferrar a gente. – Menti.

–Ah sim. – Acho que ela acreditou. – Phillipe tenho uma coisa para te dar, e esticou o braço com um pacotinho na mão.

–O que isso? – questionei surpreso.

–É que você me ajuda aqui a tanto tempo sem ganhar nada e você sempre me pede as coisas que eu nunca posso comprar, ganhei um adiantamento do restaurante que usei pra pagar umas contas e ainda assim sobrou alguma coisa, acho que seria justo.

–Ah, te amo mãe. – Dei um abraço bem apertado nela e subi para comer.

Quinhentos dólares, dá pra acreditar, só pra mim e eu tenho um encontro hoje, UM ENCONTRO. Entrei em desepero, não sabia o que fazer. Mais uma vez desejei conhecer meu pai, talvez ele pudesse me ajudar se estivesse presente na minha vida. Pensei desanimado.

–Phillipe, vai no banco pagar uma conta que faltou para mim. – Ouvi minha mãe gritando lá da mercearia.

–Claro mãe. – gritei de volta.

Antes resolvi ligar para o Ryan. Será que ele me ajudava comprar umas roupas decentes para o meu encontro? É claro que eu não ia falar que ia sair com a Mally, porque não sei, mas algo me dizia que ele era meio interessado nela, não que ele fosse um cara de compromisso sério, mas...

Combinei de ele me esperar em um banco no centro da cidade, sai paguei a conta e logo achei ele perdido lá no meio conversando com uma garota, muito bonita por sinal, ele não perde tempo. – Pensei. Bateu certa invejinha novamente.

–E aí pra onde quer ir? – Disse prestativo.

–Em algum lugar legal e que não seja caro, afinal cada calça que vocês usam deve ser mais do que os 500 dólares tenho no meu bolso. – Falei sério em tom de brincadeira.

–Não é assim não, se eu comprar uma calça de 500 dólares meu pai me mata. – Caiu na gargalhada. – Eu também não pude deixar de rir.

Ele estava me ajudando pra caramba, não sabia nem como agradecer.

Passamos a tarde procurando o que se encaixava no meu orçamento, até descobrirmos uma loja muito interessante em liquidação, está bom isso parece coisa de mulher, mas quando se está desesperado...Saí de lá cheio de sacolas, e não foi só eu. Há-Há! Aproveitei para passar num cabeleireiro com o dinheiro que restou porque meu cabelo estava precisando de um bom corte, se eu deixasse daqui a pouco ia dar pra fazer um rabo. Mentira.

Me despedi do Ryan e voltei para casa.

–Que orgulho, estava precisando mesmo cortar o cabelo. – Vi minha mãe fitando-me. Levou um susto quando viu tantas sacolas.

–Mãe, você se importaria se eu, humm, saísse hoje à noite? – Não sabia direito como chegar ao ponto.

–Se você não for chegar tarde, fica a vontade.- Foi mais fácil do que eu imaginei.

...

Tomei um banho demorado e vesti umas das roupas novas, me olhei no espalho e nem eu mesmo me reconheci. Tomei um banho de perfume e escutei alguém entrando no quarto.

–Está lindo!- Exclamou minha mãe. – Agora me fala, é um encontro não é?

Será que estava tão na cara? Virei encarando-a.

–Seu bobo, acha que eu não ia perceber? Você nunca se preocupou com roupa, muito menos com o cabelo, daí você chega aqui cheio de sacolas, com roupas novas, cabelo impecável, exalando perfume, me fala que vai sair e fica aí todo pensativo. – Aproximou-se me dando um abraço. –Boa sorte com a menina. – Sussurou em meu ouvido.

–Acho que eu não vou conseguir esconder de você não é? – Abracei ainda mais forte. –Obrigada.