(...)

Phillipe pov ON

Acordei cedo e trombei com meu tio na ponta da escada falando alguma coisa para minha mãe, acho que era sobre a tal encomenda que estavam falando a semana inteira. Fui comer alguma coisa e acabei avistando meu caderno em cima da mesa da cozinha o que me fez lembrar que teria provas dentre as próximas semanas e tinha que estudar se quisesse manter a bolsa.

Tomei um copo de leite e fui para a mercearia. De sábado o movimento aumenta, mas mesmo assim aproveitei entre um cliente e outro para dar uma repassada no conteúdo, passei a manhã inteira assim, fui almoçar e cerca de duas e pouco voltei para lá, onde meu tio estava ajudando minha mãe. Até que avisto do outro lado da Rua Louis e Mally saindo de uma caminhonete. Ferrou. O que eu faço agora? Agachei-me num movimento brusco me escondendo atrás do balcão.

– Que foi menino? Que aconteceu.?- Observou minha mãe.

– Nada. – Engoli seco. Eles não podiam saber que eu trabalhava/morava ali. Afinal o que eles faziam ali?

–Levanta moleque.- Falou meu tio.

– Não posso, tenho que ir ao banheiro - disse me arrastando para porta que entrava em casa e ficando agachado entre ela.

–Viemos buscar, ahn, uma encomenda no nome de Roberta Thielfield. – Escutei de longe a voz do Louis.

– Ah sim, vocês são, ér, funcionários dela? – Perguntou meu tio curioso.

–Não, filhos, somos filhos. – Respondeu ele.

–Se forem transportar na caminhonete é melhor trazer ela pra esse lado da rua, que vai facilitar o trabalho.

Pelo que eu pude ver Louis vou buscá-la enquanto Mally ficou ali esperando.

–Que bonita você é. – Disse meu tio se referindo a Mally. Porque será que ele não cala a boca? Merda.

–Ah obrigada. – Respondeu ela sem graça.

–Bom vou lá dentro pegar os sacos com os produtos.- Falou meu tio entrando com minha mãe atrás. E eu ali sem poder me mexer. Eles não podiam me ver ali.

–Olha aqui ta cartão. – Disse Louis pagando após carregarem o caminhonete.

–Ah sim... Prontinho. Precisando de mais é só vir, temos os melhores produtos da cidade. – Terminou minha mãe, fazendo uma propaganda da mercearia.

E foram embora. Ufa! Me livrei dessa. Levantei retornando lá na frente.

– O que aconteceu com você rapaz? – Encarou-me meu tio.

–Só precisa de uma ida rápida ao banheiro. - Menti. Ufa de novo!

(...)

Mally POV on

Depois de carregarem a caminhonete eu e Louis seguimos para o restaurante onde minha mãe estava, deixamos a mercadoria e pegamos o caminho de volta para casa.

– Vai fazer algo hoje Mally? – Perguntou sem demonstrar interesse.

–Humm, acho que eu só quero descansar um pouco. – Falei baixo.

– Ah fala sério, sábado, que eu saiba a semana de provas do colégio ainda está meio longe e você não tem nada para se preocupar. – Disse irônico. – Vai ficar vegetando em casa é?

Ele tinha razão. Eu tinha que aproveitar agora que estava sem nenhuma prrocupação.

–Pensando bem, acho que vou chamar as meninas de ir no cinema. – Falei pensativa.

–Hum, aquelas suas amigas gostosinhas... – Passou a língua nos lábios.

–AH PARA LOUIS, SERÁ QUE VOCÊ NÃO MUDA? – Gritei, irritada.

–Calma você nem parece minha irmã. – Caiu na risada.

–Não é ao contrário. Você é que não parece meu irmão. – Ri também.

–Então é o seguinte, vou te deixar na porta de casa ok?

– Não vai nem parar em casa e já vai sair de novo?– Já sabia a resposta.

–Vou dar uma volta com o pessoal. Volto à noite. Ah chamei o Ryan pra dormir em casa.

Fiquei pálida. Será que o Ryan tinha falado algo pra ele sobre o beijo. E agora o que eu fazia? Trancar-me no quarto e sair só na segunda seguinte era uma boa opção. Não, Mally não. Uma coisa me veio à cabeça será que o Ryan tinha ficado com alguma outra garota depois que voltou para festa, seria provável. Para Mally, para.

–O que aconteceu Mally? Ficou dura aí no banco de uma hora para outra. – Não respondi.

Chegamos quase na mesma hora na porta de casa.

–Tchau Louis. – disse abrindo a porta do carro e querendo correr logo dalí. – Não faça mais nenhuma besteira Ok. – Dei uma conotação forte na fala.

–Desde quando eu faço besteira? – Riu. – Ok, não vou fazer. – Ei Mally te amo ta maninha. – Disse despejando um beijo na minha bochecha.

–Também te amo. – Respondi fazendo o mesmo e logo em seguinda correndo pra dentro de casa.

Dei de cara com a porta aberta, estranhei e fui entrando cuidadosamente até que avisto de longe meu pai todo pensativo na varanda.

–O que você está fazendo aqui a essa hora? – Pousei uma mão em seu ombro.

–Estava esperando uma ligação importante, mas já está tudo resolvido. – Suspirou. – Mudando de assunto cadê seu irmão? – Não pude deixar de rir.

–Foi dar uma volta, disse que volta à noite e que o Ryan vem dormir aqui.

–O Ryan? – Meneou a cabeça. Eu estava pensando nisso agora, lembrando de quando vocês eram pequenos, o Louis e o Ryan bagunçavam seu quarto e você ficava louca quando via. – Senti certa nostalgia em sua voz. - Não pude deixar de me lembrar. – Olha agora, minha filhinha já está grande. – Disse me girando ao seu redor. – Tenho que dar um jeito no seu irmão. – Voltou ao presente. – Fiquei sabendo pelo pai do Ryan que ele está trabalhando na empresa da família, sendo tratado como um funcionário normal e ele ainda é mais novo que seu irmão, tem a sua idade, como o Louis não se interessa pelo restaurante, ele já tem 18 anos esse ano acaba o colégio e não vou ficar pra sempre sustentando essas festas dele. Eu e sua mãe estávamos conversando e ano que vêm queremos que ele se dedique a faculdade, a um trabalho, enfim alguma coisa útil. – Disse em um sopro.

– Boa sorte com o plano. – Tentei parecer concisa. – Vai a algum lugar está tão arrumado? – Observei-o.

–Marquei uma reunião com a dona da mercearia, quero ver se ela aceita manter um contrato com o restaurante, sua mãe me disse que os produtos são muito bons, e como estou sem fornecedor...mas isso é só à noite.

–Boa sorte. – Disse novamente. – Vou me arrumar, daqui a pouco pego um cineminha com as meninas.

–Divirta-se hein. – Disse passando as mãos em meus cabelos. – Bom acho que já vou indo. – Agora me deu um beijo estalado na bochecha.