Sexy Biology escrita por Stefanie Silva


Capítulo 2
Capítulo 2




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– Hoje você tem aula com o Munhoz? – Dafne perguntou, enquanto subíamos as escadas pra chegar às nossas classes.
– Tenho, por quê? – perguntei distraída ouvindo música, ou pelo menos tentando. Só de me lembrar das aulas que eu teria hoje, meu estômago revirava. Fazia exatamente seis dias que eu não via nem sombra do Lanza, e hoje eu teria a última aula com ele. Um calafrio percorreu minha espinha, mas eu fingi que nada tinha acontecido e continuei cantarolando a música que tocava no meu iPod.
– Por que você não fala com ele de novo sobre o professor Lanza? – ela sugeriu solidária – Sei lá, de repente ele resolve te ajudar dessa vez.
– Ele vai me ajudar como, falando pro Lanza que eu fui lá pedir ajuda pra ele? – retruquei, balançando negativamente a cabeça – Não vou falar nada, não quero meter mais ninguém nisso. Vai que o Lanza inventa alguma besteira sobre mim e até o Munhoz começa a me dar C de média.
– Bom, você que sabe – Dafne encerrou, derrotada – Eu falaria com o Munhoz de novo depois de receber aquela prova de recuperação com um C gigante e injusto, mas a decisão é sua.
– Eu vou pensar no que vou fazer – suspirei, entrando na classe enquanto Dafne entrava na classe ao lado. Até o ano passado, ela era da minha classe, mas nesse ano a diretora aprontou alguma com as rematrículas e ela acabou caindo numa classe separada. Estávamos tentando fazê-la mudar de classe, mas aquela joça de diretora de alguma maneira estava implicando com a gente. Pode parecer exagero, mas o mundo parece conspirar contra mim às vezes.
Como nas três primeiras aulas os professores resolveram passar muita matéria, nem tive muito tempo de pensar em nada. Durante o intervalo, eu e Dafne nem conversamos direito, porque enquanto eu ouvia música no volume máximo, ela estudava química. Perdida em pensamentos, logo voltei à realidade quando novamente vi o sr. Munhoz conversando com o professor Lanza na porta da sala dos professores, super empolgados. Os dois riam e gesticulavam, e o sr. Munhoz dava cada gargalhada divertida que me dava vontade de rir junto só de olhar.
Mas apesar de sentir meu coração acelerar ao ver o professor Munhoz, olhar pro Lanza pela primeira vez depois do incidente no elevador me deu um aperto no peito. Ele estava com uma blusa social roxa escura lisa, uma calça jeans preta justa e um All Star da mesma cor. Enquanto ele caminhava lentamente em direção à cantina, ainda conversando, uma pergunta passava pela minha cabeça. Como eu nunca tinha reparado em como ele era bonito? Consideravelmente alto, corpo bem definido, cabelos bagunçados de um jeito atraente... É, talvez eu estivesse ocupada demais copiando relatórios ou então odiando seu jeito de ser pra prestar atenção em sua aparência. Mas mesmo sendo lindo, nada me faria sentir algo bom por ele. Nada mesmo.
Senti Dafne me cutucar, e tirei os fones do iPod, acordando pra vida.
– Vamos, o sinal já tocou e eu tenho prova agora – ela disse, fazendo uma careta entediada.
– E eu tenho aula do Hammings – resmunguei pra mim mesma enquanto me levantava, tensa por causa das aulas de biologia que se aproximavam cada vez mais. Por que todos os professores não podiam ser fisicamente iguais ao meu querido professor de geografia, feios, balofos e calvos? Não ser obrigada a ver meu professor infinitamente insuportável e igualmente sexy usando calças justas facilitaria muito a minha vida.

– Bom dia, classe – o sr. Munhoz sorriu, parando na porta da classe enquanto eu ainda terminava de copiar a matéria de geografia da lousa – Hoje nossa aula será um pouco diferente.
Na mesma hora, todas as cabecinhas que estavam na classe se viraram pra ele. Quando algum professor dizia que a aula seria ‘diferente’, era porque sairíamos da classe ou algo do tipo, o que era bem raro. Com um sorriso sapeca no rosto, o professor Munhoz continuou:
– Nós iremos ao anfiteatro assistir a um documentário bem interessante que o professor Lanza me emprestou.
Sem precisar dizer mais nada, todos os alunos começaram a se amontoar ao redor da porta, empolgados com a simples idéia de sair daquela classe monótona. Eu apenas segui o fluxo calmamente, dando um tchauzinho ao passar pela classe de Dafne e vê-la tranqüila entregando a prova de química. Pra variar, ela parecia ter ido bem.
Chegamos ao anfiteatro, que ficava no quarto andar, e logo todos ocuparam as poltronas mais próximas da tela, que abrangia uma parede inteira. Pra evitar que os retardados mentais da minha classe atrapalhassem minha concentração com seus comentários desnecessários, me sentei mais pro fundo, literalmente excluída de todos. Tudo que eu queria era tentar prestar atenção no documentário em paz, afinal, eu já estava me sentindo bastante confusa sozinha e não precisava de mais ninguém me perturbando.
O sr. Munhoz colocou o documentário no DVD e apagou as luzes, nos deixando no escuro quase total. Meus olhos, ainda desacostumados à escuridão, estavam fixos na tela, então eu acho que dá pra entender porque eu quase morri de susto ao sentir alguém sentar ao meu lado.
– Posso me sentar aqui? – ouvi o professor Munhoz sussurrar, já sentado. Até parece que ele sabia que não precisava pedir permissão pra nada quando a pessoa em questão era eu.
– Claro – respondi baixinho, inspirando seu perfume gostoso.
– Não gosta de sentar mais pra frente? – ele perguntou, com o rosto parcialmente iluminado pela luz do telão.
– Não muito, eu acabo não conseguindo prestar atenção com muita gente falando em volta – murmurei, com um sorrisinho simpático – E o senhor?
Ele soltou uma risadinha sem graça e fez uma careta, como se estivesse desconcertado.
– Nem é muito por isso... – ele respondeu, sorrindo de um jeito envergonhado - Eu vim sentar aqui pra fazer companhia pra você.
– Companhia pra mim? – repeti, tentando disfarçar minha vontade de abraçá-lo até cansar – Não precisa sentar aqui só por minha causa, professor. Eu tô acostumada a ficar sozinha.
Observação: o homem inalcançável de quem eu era super a fim tava dizendo que queria me fazer companhia, e o que eu fazia? Repelia o cara. Eu não mereço viver.
– Mas não devia, Trevisan – ele murmurou, com a voz um pouco chateada – Eu não gosto de te ver sozinha na classe, sempre copiando a matéria de geografia. Às vezes eu acho que as pessoas da sua classe não te dão o devido valor... Nunca tentaram descobrir o quão interessante você pode ser.
A cada palavra, o professor Munhoz me deixava mais encantada. Era sempre comovente ouvir uma pessoa dizer algo tão bonito sobre você, daquele jeito sincero, ainda mais se essa pessoa for tão especial como ele era pra mim.
– O senhor acha isso mesmo? – sussurrei, sorrindo esperançosamente. Ele sorriu de volta de um jeito fofo e assentiu.
– Eu acho – ele disse, baixinho, e pegou minha mão que estava apoiada no braço da poltrona – Você é uma garota incrível, Trevisan. De verdade.
Abaixei meu olhar pras nossas mãos juntas, toda arrepiada. Era mesmo verdade? Ele estava segurando minha mão? Ele olhou na mesma direção que eu, e colocou sua mão por baixo da minha, com a palma pra cima, entrelaçando nossos dedos.
– Obrigada, professor – eu gaguejei, com a voz quase inaudível, e ergui meu olhar pra ele – Eu também acho o senhor um homem incrível.
Sua mão era quase o dobro da minha em tamanho, macia e quentinha. Talvez a mão mais gostosa de segurar no mundo. Com um sorrisinho adolescente, o sr. Munhoz voltou a me encarar, com seus olhos castanhos brilhando muito em meio à escuridão, e eu percebi que seu rosto se aproximava do meu devagar. Fiquei séria, com medo de alguém olhar pra trás e nos ver, mas ele colocou uma mão em meu rosto, como se me impedisse de virar e checar essa possibilidade.
– Eu já tomei esse cuidado, pode ficar tranqüila – ele sorriu, acariciando minha bochecha com seu polegar. Sorri também, com o coração acelerado. Milhares de coisas passavam pela minha cabeça. Eu estava prestes a ser beijada pelo professor que eu mais admirava nesse mundo. O cara mais perfeito que eu já tinha conhecido, que nunca mostrou um defeito sequer durante os três anos em que me deu aula. E que era treze anos mais velho que eu.
Mesmo com tantos conflitos, apenas fechei os olhos e deixei as preocupações de lado. Nossos lábios se tocaram e eu logo permiti que ele aprofundasse o beijo, brincando calma e intensamente com a minha língua. Deslizei minha mão pelo ombro dele na direção da nuca, quase prensada entre o encosto da cadeira e seu rosto, e embrenhei meus dedos naqueles cabelos macios. Pedro (acho que agora tenho intimidade suficiente pra chamá-lo pelo nome, certo?) apertou com mais força a minha mão, me fazendo sorrir. Logo ele partiu o beijo, deixando seu rosto próximo do meu e me encarando de um jeito bonitinho.
– Acho melhor te emprestar esse documentário pra você ver em casa – ele riu baixinho, e eu assenti, ainda assimilando tudo que tinha acontecido. Durante o filme todo, nós ficamos de mãos dadas disfarçadamente, até que o documentário acabou e ele se levantou para acender as luzes. Várias pessoas, incluindo Amy Houston, acordaram assustadas com a claridade repentina.
– Até mais, professor – sorri, tentando não dar bandeira do que tinha acontecido quando ia passar pela porta, mas ele logo fez uma cara meio brava e disse:
– Espera, Trevisan, eu preciso conversar sobre um assunto sério com você.
Engoli em seco, nervosa, e esperei até que o anfiteatro estivesse vazio.
– O que foi? – perguntei confusa, enquanto ele nos fechava lá dentro, e recebi um beijo como resposta. Pedro me abraçou pela cintura, me puxando pra bem perto dele com vontade, e eu passei meus braços por seu pescoço, ainda surpresa com aquela atitude inesperada. Ele me levantou do chão, sorrindo durante o beijo, e eu segurei firme em seus ombros deliciosos. Eu só podia estar sonhando, não era realmente possível eu estar beijando Pedro Lucas Munhoz, o homem mais perfeito da face da Terra. Ele desacelerou o beijo após alguns maravilhosos minutos, transformando-o em vários selinhos, até que parou de me beijar e ficou me olhando, ainda sem me deixar tocar o chão.
– Desculpa, eu vou fazer você se atrasar pra próxima aula – ele disse, alarmado, acordando do transe e parando de me segurar como se estivesse fazendo algo proibido (e se formos pensar bem, estava mesmo).
– Tudo bem, eu não me importo – sorri, ainda abraçando-o pelo pescoço – Não acho que vá conseguir prestar atenção em alguma coisa hoje depois disso tudo.
– Pelo menos você tem a opção de não prestar atenção – ele riu, com seus braços firmes ao redor da minha cintura – E eu, que tenho que estar sempre concentrado no que vou explicar? Tô ferrado hoje!
– Imagina, o senhor sempre consegue explicar tudo direitinho – eu respondi, ainda sorrindo de um jeito besta ao observá-lo – E além do mais, o senhor deve estar acostumado com esse tipo de coisa.
– Esse tipo de coisa? – ele repetiu, com um sorriso curioso no rosto – Você quer dizer que eu tô acostumado a beijar alunas?
Fiquei séria, sem saber o que responder por alguns segundos, até acabar confessando:
– E não é verdade?
O sr. Munhoz fez uma cara surpresa e riu, jogando a cabeça pra trás. Eu já disse que adorava quando ele fazia isso? Pois é, descobri que essa risada conseguia ser ainda melhor quando meus braços estavam ao redor do pescoço dele.
– Quem tá acostumado a esse tipo de coisa é o Lanza – ele falou, fazendo cara de quem não aprovava muito esse comportamento, e na mesma hora minha expressão ficou séria – Que por sinal, já deve ter começado a aula sem você a uma hora dessas.
Só de lembrar que Pedro Lanza existia, meu estômago deu uma fisgada. Revirei os olhos, tentando parecer inconformada por ter que desfazer aquele abraço gostoso, e não assustada por pensar em estar a menos de 50 metros de distância do Lanza.
– Ei, escuta – ele sussurrou, me puxando pra trás da porta que ele mesmo tinha acabado de abrir – Vê se faz uma cara bem séria quando sair daqui, como se eu tivesse te dado uma bronca ou algo do tipo. Vai parecer que eu realmente conversei sobre algo sério com você quando seus amigos te virem.
Gente, pega só o sr. Munhoz todo maroto! Que lindo, meu Deus, ele realmente conseguia se superar com aquele sorrisinho danado no rosto.
– Pode deixar – sorri, tentando não voar nele e fincar minhas unhas naqueles ombrinhos divinos.
– Eu te procuro amanhã pra gente... Conversar – ele murmurou, aumentando aquele sorriso daqueles que iluminavam o meu dia, e me deu um selinho demorado antes de me deixar sair do anfiteatro. Pra mais uma aula de sofrimento com o professor Lanza, que hoje não conseguiria tirar meu bom humor por nada nesse mundo.



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Notas finais do capítulo

eai amores, gostaram desse? Não esqueçam de deixar reviews que eu sempre estou postando mais e mais. Beijão e me sigam no twitter: @arrobastefanie (L)



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