Cheguei em casa exausto demais pra sentir pena de mim mesmo e de minha solidão. Há uma semana eu estava morando sozinho em um pequeno apartamento no subúrbio da cidade onde tinha uma vista privilegiada de um daqueles becos escuros que geralmente se vê em filmes de assassinatos. Era um lugar pequeno, quarto, sala, cozinha, e banheiro, distante de tudo, mas que mesmo assim era melhor do que o lugar de onde eu tinha saído.

Desde a morte de Maria, Aro, o marido de minha mãe havia me convidado a morar com eles novamente. Minha mãe pouco tinha opinado sobre o assunto, mais estou certo que ela faria qualquer coisa que Aro julgasse melhor. Ele era o tipo de homem autoritário, mas não violento, que prezava pela moral e os bons costumes. Era extremamente gentil e devo admitir que isso me incomodava um pouco. Mas não foi por ele ou por minha mãe, Elizabeth que eu voltei, foi por minha irmã mais nova, Rosalie. Apesar de Rosalie possuir um temperamento extremamente explosivo, nós éramos muito ligados, e com certeza eu a amava; ela e minha mãe eram a única família de sangue que eu tinha. Não considerava Aro da família, apesar de ele ser a figura paterna que eu conheço desde que tinha oito anos. Quando casou-se com minha mãe Aro já tinha uma família também, seus filhos gêmeos Jane e Alec, que ele mantinha a rédeas curtas. Ambos estavam estudando em um colégio na Inglaterra, mas voltaram a cidade para o casamento de minha irmã, que, diga- se de passagem, nunca os suportou.

Rosalie, em seus 20 anos de idade tinha se casado com Emmet,  filho de Carlisle que era irmão adotivo de Aro.

Aro a principio não concordou com a união dos dois, mas acabou cedendo já que não éramos parentes de verdade, embora eu os considerasse dessa forma. Carlisle era médico em uma cidadezinha chamada Forks, em Washington, e era a melhor pessoa que eu conhecia na terra. Com todos os diplomas que ele tem, poderia exercer sua profissão em qualquer lugar que quisesse, e ganhar quanto quisesse, mas ao invés disso decidiu ajudar aos que necessitassem de sua ajuda.  Esme, sua esposa, era uma mulher adorável, tratava a todos como verdadeiros filhos, um amor que eu não sentia nem de minha própria mãe.Ela e Carlisle eram muito jovens para ter dois filhos adultos. Emmet, o filho mais novo deles tinha a mesma idade de Rose, havia sido chamado para jogar futebol americano em um time de Nova York, por isso a decisão de se casarem logo. E Edward, que tinha a minha idade 24 anos, também era médico, neurologista para ser mais exato. Não nos falávamos muito desde o acidente, segundo Carlisle, ele ainda se culpava pelo que aconteceu. Bom,então éramos dois. Todos tinham vindo para o casamento, exceto Edward, que se escondia do mundo desde o acidente.

Carlisle me convidou a voltar a Forks, quem sabe oferecer meus serviços a população de lá, mas eu recusei. Seria bom estar rodeado por uma família de verdade, pessoas boas, mas eu tinha certeza que não estava pronto para tanta demonstração de afeto, seria melhor aturar a solidão torturante, mais cedo ou mais tarde eu me adaptaria a ela, Além do mais, amanhã eu começaria o meu trabalho na instituição; começaria uma nova fase da minha vida.

Comecei a imaginar como seria o dia seguinte pra mim. Quais seriam meus desafios e me perdi em meus pensamentos caindo em um sono profundo.

No dia seguinte acordei bem cedo, estava realmente empolgado com meu novo emprego. Tomei um banho e me vesti, decidi que tomaria café na instituição, afinal não tinha comida em casa mesmo. Peguei a chave do meu carro em cima da mesa da cozinha e disparei para o hospital. O trânsito estava bom e levei cerca de 30 minutos para chegar. Fui direto a sala de Marcus para que ele me passasse a relação de meus pacientes e quando entrei me surpreendi com uma pessoa que estava em seu escritório.