Back To Summer escrita por Allie Próvier, Izzi Graham


Capítulo 18
Capítulo 18 - Fuga e conforto


Notas iniciais do capítulo

Gente, 2 semanas sem pc e sem internet é pra me matar, sério. Mas enfim, consegui escrever esse capítulo e, bom, eu gostei.
Ah, e esse capítulo é dedicado à Luiza Paz (@LuuPaz_)! Ela me mandou uma surpresa mais do que linda para a fanfic, mas só mostro à vocês no final. Muahahaha.
Espero que gostem! Boa leitura!



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Cap. 18: Fuga e conforto


Tim McGraw – Taylor Swift:

(http://www.youtube.com/watch?v=lTCw7CGdwRo)


–Então seus pais chegarão daqui à dois dias?- perguntei, com a boca cheia de sorvete.

Summer riu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. O vento frio passava por nós, fazendo-nos encolher em nossos casacos. As noites tendiam a ser um pouco abafadas e quentes, mas devia ter alguma frente fria vindo.

–Sim. Meu pai me ligou e disse que eles cancelarão todos os compromissos para vir para casa.- ela falou, sorrindo levemente.

Havia um leve brilho em seu olhar. Sorri com isso. Summer devia sentir muita falta de seus pais.

–E seu pai? Vocês ainda não fizeram as pazes?- ela perguntou.

Ri sem humor, revirando os olhos.

–Conta outra piada, Summer. Eu e meu pai? Fazendo as pazes? Jamais.

Summer chegou mais perto de mim, colando seu quadril ao meu no banco, e me cutucou com o cotovelo.

–Para de palhaçada, Mark. Ele é seu pai!

–Não pensou nisso quando fez... aquilo tudo com a minha mãe.- falei, sentindo um aperto do peito ao me lembrar de tudo o que minha mãe passou.

–O engraçado é que a sua mãe, que sofreu nas mãos dele, o perdoou.- Summer disse, a voz suave.-Por que não tenta fazer o mesmo?

Fiquei em silêncio, apenas observando meu copinho vazio de sorvete em minhas mãos. Senti um braço em meus ombros e vi que era de Summer, que começava a encostar a cabeça em meu ombro. Senti meu rosto esquentar, e rodeei sua cintura com meu braço. Seu corpo estava quente, o que era reconfortante.

–Eu não sei se consigo. Só de lembrar dele, as lembranças antigas vem à tona.- murmurei contra seus cabelos.

–Todos tem seus demônios pessoais para enfrentar, todos temos dificuldades. Temos que saber lidar com elas.- ela disse.

Continuamos em silêncio por alguns minutos. À nossa frente o mar se estendia. Estávamos sentados em um banco na calçada, e na areia havia algumas pessoas, a maioria casais sentados à beira do mar ou grupos de amigos fazendo um luau. À nossa esquerda havia um homem sentado sobre uma mala tocando uma música suave e calma numa flauta. Algumas crianças passavam por nós rindo e segurando balões coloridos. Mesmo de noite, e com aquele frio, era comum ver essa mesma cena toda semana.

–Summer, posso te fazer um pergunta?- perguntei de repente.

–Claro.

Pensei se devia mesmo perguntar o que queria, e tomei coragem para perguntar de uma vez.

–Por que você não denunciou Joshua na primeira vez que ele... abusou de você?

Summer ficou calada por longos segundos, até que suspirou e levantou a cabeça – ainda encostada em meu ombro – para me olhar.

–Posso te contar um segredo? Me promete que não contará ao Christofer, nem a ninguém mais?

Assenti, me perguntando que tipo de segredo era. Summer mordeu o lábio inferior, desviando o olhar de mim e voltando a olhar para o mar.

–Joshua teve uma vida muito difícil. Foi abandonado pelos pais e largado com uma tia problemática, se envolveu com drogas quando tinha onze anos, teve alguns problemas com gangues. Quando eu o conheci, ficamos... amigos. Mas ninguém sabe disso, com exceção de Laura e agora, você. Ele me disse na época que queria mudar, que queria se livrar de todos os tormentos, que queria me ajudar com minhas dificuldades também. Sinceramente, era uma das pessoas em quem eu mais confiava. Numa noite ele me ligou, estava estranho e pediu para que eu me encontrasse com ele num parque próximo à casa dele. Achei que ele estava com algum problema e fui até lá. Aconteceu o que você já sabe, ele veio para cima de mim, estava com cheiro forte de cigarro e álcool. Ele me largou lá mesmo, no frio. Mas antes de me largar lá, me deu um beijo na testa e pediu perdão.

–E você o perdoou?- perguntei, engolindo em seco.

–Perdoei.

Me separei um pouco dela para poder olhá-la. Ela suspirou, tirando alguns fios de cabelo do rosto.

–Não me olhe assim. Por favor.- ela disse.

–C-como? Por que o perdoou?

–Todos cometem erros, Mark.

–Mas um erro desses não tem perdão, Summer!

–Nada para você tem perdão. Por que isso? Por que essa mania de achar que quem erra não merece perdão?

Fiquei quieto perante essa pergunta. Não sabia o que responder. Passei os dedos pelos cabelos, suspirando. Summer estava com o olhar longe em direção ao mar, e aí eu percebi a verdade por trás daquilo tudo. E doeu perceber isso.

Você era apaixonada por ele.

Summer olhou para mim com os olhos arregalados. Seus lábios se abriram, mas nenhuma palavra saía. Suas bochechas ficaram levemente coradas, e eu senti uma enorme vontade de quebrar a cara daquele filho-da-puta.

E o que Summer tinha na cabeça, afinal? Depois de tudo o que ele fez, toda a dor que ele lhe causou – tanto psicologicamente quando corporal -, ela continuou apaixonada por ele.

Summer apaixonada por Joshua.

–Mark, não é nada disso. E-eu...- Summer claramente não sabia o que dizer.

Esbocei um sorriso leve, forçado. Me levantei do banco e Summer me observou confusa.

–Aonde vai?- ela perguntou.

–Está na hora de ir para casa, mocinha. Vamos.

–Mark, me deixe explicar.- ela pediu.

Engoli em seco, sentindo uma dor incômoda no peito.

–Não precisa explicar nada. Vamos?

Continuei forçando meu sorriso. Summer levantou-se, ainda parecendo confusa, e se pôs ao meu lado enquanto caminhávamos em direção à sua casa.



As luzes estavam todas acesas na casa de Summer. Na calçada da frente, uma viatura vazia da polícia estava parada. Quando chegamos ao portão, vimos só a cabeça de Christofer olhando pelo vidro da enorme janela da frente. Quando viu que havíamos chegado, ele sumiu rapidamente da janela, abrindo a porta e saindo de casa. Vinha até nós com os olhos levemente arregalados as mãos em punho.

–O que aconteceu, Chris? A polícia está aí?- Summer perguntou. Christofer suspirou, parando a nossa frente.

–Adivinha o que aconteceu agora.- ele disse para mim.

–Megan Fox aceitou meu pedido de casamento? Porque algo bom tem que ser, por favor.- perguntei receoso.

Summer revirou os olhos e Chris deu um sorriso torto, mas desanimado.

–Quem me dera fosse algo bom. Venham, vamos entrar.

Na sala haviam três policiais, um deles a mulher que pegou o depoimento de Summer. Ela sorriu levemente para nós quando nos viu. Logo Chris pediu para que eles esclarecessem a presença deles, e Claire, a policial, explicou:

–Fomos à procura de Joshua na república onde ele mora, e não havia ninguém lá. A casa estava completamente vazia, e nenhum vizinho ou colega de escola ouviu falar dele há uns dois dias.

Summer endureceu ao meu lado. Logo lembrei-me do que ela sentia, do por quê ela não ter denunciado ele. Sorri sem humor. Ela devia estar feliz, já que Joshua escapou.

–Mark.- Chris chamou.- Eu estava dizendo à eles que sei aonde a tia dele mora. É em uma cidade vizinha, não muito longe daqui.

–A tia dele não é de Santa Monica?- perguntei.

–Não. Ela tem a guarda dele, mas ele veio morar em Santa Monica quando fez dezesseis anos, em uma república.

Cara, que gente complicada. O que eu estava pensando quando decidi me mudar? Acho que dava para largar meus vícios se continuasse em NY. Pelo menos não estaria nessa confusão toda.

Suspirei, passando a mão pelos cabelos.

–E agora? Há algum jeito que possamos ajudar?- perguntei.

–Sim. Christofer deu a ideia de vocês irem até a casa da tia de Joshua conosco.- um dos policiais, que eu não sabia o nome, disse.

Assenti, olhando para Chris em seguida.

–Quando iremos?

–Amanhã cedo eles passarão aqui para nos buscar, então seria melhor se você dormisse aqui.- Chris disse.

–Irei ligar para a minha mãe para avisar.

Fui até a varanda da casa e liguei para minha mãe. Contei a história toda e ela mandou um abraço para Christofer e Summer. Mandou eu me cuidar, e blá, blá, blá. Aquele papo furado todo de mãe. Quando voltei para dentro de casa, os policiais já se despediam de Summer e Chris. A última a se despedir de Summer fora a policial Claire. Ela sussurrava algo para Summer, que estava séria e apenas assentia. Em certo momento, Claire sorriu e tocou de leve a barriga de Summer, que engoliu em seco mas forçou um sorriso. Logo todos foram embora e Summer foi para seu quarto sem dizer nada. Chris a observou subir a escada em silêncio, suspirando em seguida e se jogando no sofá. A casa deles era bem bonita, bem iluminada. Os móveis eram sofisticados, mas confortáveis. Eu observava as fotos emolduradas na estante quando uma em especial me chamou a atenção: Summer, com aparentemente 5 ou 6 anos, sentada sobre uma cerca de madeira branca, em uma fazenda. Os cabelos ondulando ao redor de seu rosto, soltos sobre os ombros. Seus olhos mais azuis do que nunca, e um sorri aberto iluminando seu rosto. Usava um vestidinho branco e botas country. Era a cara dela.

–Linda igual ao irmão, né?- Chris disse ao meu lado, me assustando.

–Não ofenda Summer comparando-a a você, Christofer.- falei, rindo.

Chris revirou os olhos e riu, pegando um outro porta-retrato que eu não havia visto. Na foto estava Summer, com uns 2 anos de idade. Os cabelos eram lisos, e curtos. Exibia um sorriso banguela e bochechinhas coradas. Estava sentada na grama, os olhos grandes e azuis brilhavam, e ela segurava um gato peludo e branco quase maior que ela.

–Será que ele, ou ela, será assim?- ele perguntou de repente.

–Quem?- perguntei, pegando o porta-retrato da mão dele.

–O bebê de Summer.

Arfei, olhando para Christofer. Só naquele momento me lembrei daquele fato. O rosto de Chris estava sério, o olhar distante. Observei a foto de Summer bebê por mais alguns segundos e decidi colocá-la no lugar de antes.

–Eu não sei. Tem certeza que Summer está mesmo... grávida?- perguntei.

Dizer “Summer” e “grávida” na mesma frase era uma coisa estranha. Chris suspirou, passando as mãos no rosto.

–Quando nossos pais voltarem minha mãe a levará ao médico para confirmar.- ele disse.

–E como seus pais reagiram à essa notícia?- perguntei.

–Estaria mentindo se dissesse que reagiram “bem”. Meu pai disse que irá fazer Joshua sofrer e minha mãe disse que ajudaria Summer em tudo o que fosse preciso.

–Pelo menos não a mandaram abortar.- murmurei.

Christofer assentiu e deu dois tapas em minhas costas.

–Quer comer algo?- ele perguntou.

–Não, eu já comi com a Summer.

Christofer me lançou um olhar cortante.

–Você o que?

–Eu comi com a Summer, na rua. Compramos pipoca e sorvete.- falei lentamente.

Chris permaneceu sério e com o olhar cortante por alguns segundos, até parecer entender o que eu havia dito. Logo riu e balançou a cabeça.

–Ah, sim. Entendi você dizer outra coisa. Vamos subir então.

Entendeu outra coisa? O quê?



Fomos para o quarto de Chris. Era a primeira vez que eu ia até lá, já que nas poucas vezes que visitei a casa deles, foi coisa rápida. Apenas tinha visto a sala, a cozinha e o jardim – que não conta muito.

O quarto de Christofer era estranho. Não estranho no sentido de feio, mas... estranho.

Três das paredes eram brancas, e uma – em que a cama ficava – era azul-escuro. Tinha um espelho no teto (sim, no teto) e um puf azul e outro laranja no canto do quarto. O chão era todo de carpete branco e felpudo. A estante no canto do quarto era cheia de livros e uns bonequinhos estranhos, cabeçudos e coloridos. E sinceramente eu não queria acreditar que havia uma penteadeira no quarto. Mas tinha. Não era tão feminina, não tinha florzinhas nem nada, mas não deixava de ser uma penteadeira. Tinha vários potinhos em cima, de frente para o espelho.

Tinha alguns potinhos que nem eram da nossa língua, o que fazia Christofer parecer ainda mais estranho para mim.

–Produtos de qualidade, pele impecável.- Christofer falou, apontando para o próprio rosto.

Suspirei e me joguei na cama dele. Christofer jogou uma muda de roupa e uma toalha na minha cara em seguida.

–Vai tomar um banho. Acho que as roupas cabem em você.

Me levantei da cama com a mesma velocidade e animação de um idoso de 75 anos, com problema de coluna.

Fui para o banheiro de Christofer e me senti num daqueles banheiros de spa. Era todo de ladrilhos brancos, com um espelho enorme e mais do que limpo sobre a bancada de mármore branca.

Tinha um potinho de vidro cheio de mini-sabonetes coloridos dentro sobre a bancada, e uns vidrinhos com sais de banho e sabonete líquido. Um tipo de sabonete só não era o suficiente?

Havia um box todo transparente em um canto, e no outro uma banheira enorme. Haviam prateleiras com 1001 potes estranhos e de shampoo e condicionador e creme para massagens e outros coisas estranhas.

Suspirei, olhando para o teto. Não tinha nenhum espelho ali, menos mal. Tirei minha roupa praticamente me arrastando e me olhei no enorme espelho sobre a bancada. As vezes eu duvidava se havia alguma pele mais branca do que a minha. Tentei dar meu melhor sorriso sexy, mas saiu uma careta. Eu estava um caco. Acho que também não existia ninguém mais desanimado do que eu. Eu precisava de uma garota. Urgentemente.

O rosto de Summer me veio à mente, e eu sacudi a cabeça tentando espantar a visão. Não, Summer não. Ou sim? Suspirei, lembrando-me do nosso beijo. Ok, não era um beeeeeeeeeijo, mas era um beijo. Um beijinho, é. Ela tomou a atitude, ela quem me “atacou”. Isso queria dizer que ela estava interessada?

Olhei minha própria imagem refletida no espelho e estremeci. Meu deus, quem se interessaria por mim nesse estado? Eu estava com cara de que não dormia há uma semana, e que não se alimentava também. Eu parecia um zumbi, um mendigo, um doente. Minha pele estava quase translúcida, e meus olhos fundos e escuros. Nem eu me pegaria.

Parei de pensar no quanto eu estava uma bosta e horrível e tomei meu banho. E água gelada me ajudou a despertar um pouco, e até melhorou um pouco a minha aparência de homem das cavernas (mentira). Me sequei rapidamente e vesti as roupas que Christofer me emprestara. A blusa branca ficou um pouco apertada, e a calça coube perfeitamente. Ri enquanto olhava as mangas de blusa levemente apertadas em meus braços. Eu era mais forte do que ele, afinal.

Saí do banheiro secando os cabelos e vi Chris cantarolando de frente para o espelho da penteadeira, enquanto passava um creme azul e estranho na pele do rosto. Fiquei imóvel onde estava, observando-o.

–Que merda é essa, Christofer?- perguntei.

Chris me olhou através do espelho, enquanto continuava a espalhar aquela geleca na cara.

–Esfoliante facial, por quê?

Fiquei olhando para Chris por mais alguns segundos, tentando entender o que se passava pela cabeça daquela criatura, até que desisti e fui até a penteadeira para procurar um pente.

–Devia experimentar, deixa a pele lisinha como a de um bebê. E você está precisando.- ele disse.

Dei um sorrisinho e comecei a pentear o cabelo.

–Não, obrigada. Estou feliz com minha pele ressecada.- respondi. Chris riu e foi para o banheiro, me largando ali sozinho. Olhei minha imagem no espelho e fiz careta. Como minha mãe dizia, eu parecia "um hominho". Baguncei meu cabelo todo e fiquei parecendo um psicótico, mas estava mais legal. Olhei ao redor e vi que não tinha nada legal para fazer ali, então...



A sala estava sendo levemente iluminada pela luz amarelada de um abajur no canto da sala, bem ao lado do piano de cauda negro. Andei até lá e passei a mão pelo teclado. Me sentei no banco e dedilhei algumas teclas. Logo lembrei-me da época em que eu tocava com meu pai. Antes daquilo tudo acontecer, antes de ver minha mãe sofrer. Ele havia comprado um piano e se encarregou de me ensinar a tocar. Demorei um pouco para aprender, já que tinha uns 6 anos na época, mas com o tempo fui treinando e gostando cada vez mais. Mas depois daquilo tudo, da separação deles, só de olhar para um piano eu me lembrava dele... E isso era a última coisa que eu queria.

Suspirei, lembrando-me das notas da música que ele mais gostava, a primeira que eu aprendi. Tentei tocar o início, mas errava algumas notas. Depois de muitos suspiros, consegui tocar o início corretamente.


Turning Page - Sleeping At Last:

(http://www.youtube.com/watch?v=QYhPogjFnwM)

A melodia ecoava por todo o cômodo, e eu sorria com o progresso. Depois de tanto tempo sem tocar até que eu estava indo bem.

Quando chegou a hora de cantar, fiquei meio receoso, mas decidi arriscar. Minha voz não era tão ruim assim, dava para o gasto. Contanto que eu tocava e cantava, algo parecia sair de mim. O peso que parecia permanecer para sempre em minhas costas foi ficando mais leve. Aquela sensação libertadora que eu tinha quando mais novo se apossou do meu corpo. A sensação de liberdade, a sensação que eu podia fazer qualquer coisa, a sensação de que eu era bom em algo. Quando menos percebi, estava chorando, mas não parei de tocar.

Ao fim da música, senti um par de mãos em meus ombros. Não precisei me virar para reconhecer o toque. Os dedos finos limparam minhas lágrimas carinhosamente, e seus braços me envolveram pela cintura. Summer sentou-se ao meu lado no banco, ainda me envolvendo com seus braços cobertos por um casaco de moletom maior que ela. Suspirei, apoiando os cotovelos em cima das teclas do piano, que emitiram um som embaralhado. Senti a mão de Summer acariciar meus cabelos e sua cabeça encostar em meu ombro.

–Fazia anos que eu não tocava.- murmurei.

–Foi ele quem te ensinou a tocar?- ela perguntou, a voz baixinha. Apenas assenti como resposta, e senti Summer se soltar de mim e tentar me virar para ela. Me desapoiei do piano e a olhei. Summer limpou mais algumas lágrimas que haviam caído e sorriu levemente, dando um beijo em minha testa e encostando a testa dela na minha em seguida.

–Vai dar tudo certo.- ela murmurou.

–Será? Será que um dia eu vou conseguir superar meus problemas? Porque quando não é um acabando comigo, é outro.

– falei, sentindo meu peito doer.

Summer suspirou.

–Um dia tudo acaba. Um dia a gente consegue superar tudo e perceber que há mais coisas à que vale a pena se preocupar.

–Eu queria ser menos fraco. Só isso.- eu disse, dando um sorriso murcho.

Summer sorriu e acariciou meu rosto.

–Você é forte, Mark. Não apenas por você, mas por todos ao seu redor.

Suspirei após o que ela disse, e separei minha testa de sua. Summer não me olhava, desviava o olhar de mim. Olhei em direção à sua barriga e levei minha mão até lá.

Summer se contraiu levemente com o meu toque, mas logo pareceu se acalmar. Sua barriga parecia a mesma de sempre para mim, mas estava diferente, de certa forma. Tinha uma vida ali.

–Você também é forte, Summer. Não sei se eu, no seu lugar, aguentaria tudo isso.- falei, acariciando sua barriga de leve.

Summer pôs sua mão sobre a minha e me olhou. A luz amarelada do abajur batia em seu rosto, e mesmo que fraca, pôde me mostrar as lágrimas que se acumulavam em seus olhos.

–Por que todos me dizem isso?- ela perguntou com a voz falhando.

–Porque é a verdade, garota.- falei, sorrindo.

Summer suspirou e limpou as lágrimas que ameaçavam cair.

–Será que eu vou conseguir? Mal cuido de mim mesma, sabe.- ela disse, sorrindo fracamente.- Não sei se farei as coisas certas. Ainda mais sozinha.

–Vai conseguir sim. E você não está sozinha, ok? Tem o Chris, os seus pais, a Laura. Tem a mim também, sabe que pode contar comigo para tudo.- falei.

–Até para trocar fraldas?- ela perguntou.

Summer riu da careta que fiz, me fazendo sorrir também.

–É por isso que vai dar tudo certo.- murmurei.

–O quê?

–Você está sempre sorrindo, sempre tentando seguir em frente com um sorriso no rosto, não importa o que aconteça. É por isso que vai dar tudo certo. Você não se deixa abater.

Summer sorriu, as bochechas ficando rosas. Acariciei seu rosto e dei um beijo em sua testa, a abraçando em seguida. Summer correspondeu ao abraço e depois de alguns segundos, vi o horário no relógio que havia na parede.

–Hora de dormir, mocinha.- falei.

Nos separamos e pude ver Summer revirar os olhos.

–Boa sorte com Christofer. Cuidado para não acordar com gosma verde ou azul no rosto.- ela disse, risonha.

–Sério?

–Seríssimo. Uma vez tive que dormir com ele porque tinham acabado de pintar meu quarto, e na manhã seguinte acordei com a cara cheia de esfoliante facial verde.

–Seja sincera comigo, Summer.- falei com a voz em tom conspiratório.- O Christofer é gay?

Summer riu alto.

–Não, ele não é! Chris já pegou tantas meninas quanto posso contar em dedos. Ele apenas gosta de estar sempre bonitão e impecável.

Dei de ombros.

–Ok, então. Mas é bom que eu não acorde cheio de gosma na cara.- falei.

–Bom, é melhor irmos dormir. Vocês tem que acordar cedo amanhã.

Summer levantou-se do banco e esticou os braços. Levantei também e fiquei observando-a. Logo ela estava me empurrando escada acima. Já que o quarto dela era no fim do corredor, ela me deixou na porta do quarto de Chris.

–Boa noite, e boa sorte.- Summer disse, bagunçando meus cabelos.

Fiquei parado onde estava apenas observando seu corpo pequeno praticamente saltitando até o fim do corredor. Assim que abriu a porta de seu quarto, Summer me lançou um último olhar e um pequeno sorriso antes de entrar em seu quarto. Não sei por quanto tempo mais continuei encostado na porta de Chris, mas em certo momento ele apareceu, me assustando.

–O que você tem? Andou se drogando de novo?- ele perguntou.

Revirei os olhos e entrei no quarto. Vi que ele havia colocado um colchão no chão para mim e me joguei, sentindo o sono bater de repente.

–Já está com sono?- ele perguntou.

Assenti. Chris suspirou e se jogou em sua cama. Se ajeitou entre as milhões de cobertas que haviam e quando terminou, bateu palmas. As luzes do quarto foram apagadas na hora, o que me fez rir.

–Eu sei, isso é muito legal. Eu sempre quis poder fazer isso.- Christofer disse,com ar de sonhador.

–Cara, deixa de ser gay. Por favor.- falei, ainda rindo.

Senti uma almofada ser jogada contra meu rosto, me fazendo rir ainda mais.

–Não enche, Mark! O único gay aqui é você!

–Tem razão. Você é o único hétero aqui.- falei, prendendo o riso. Christofer riu.

Chrisedução não tem concorrência, porque ninguém é páreo. Entendeu?

Na verdade não, mas vamos concordar porque boas ações fazem bem para o coração. Vamos deixar a criança feliz.

–Entendo. Ninguém pode contra você. Você é O Cara.

–Isso aí.

Depois disso ficamos em silêncio absoluto. Eu já estava quase caindo no sono de vez quando senti um dedo cutucando minha cabeça.

–O que é.- murmurei.

–É bom que aquele verme esteja na casa da tia dele.- Christofer disse, sério.

Suspirei e abri os olhos para olhar para ele. Christofer encarava o teto, a expressão de seriedade. Era sempre assim quando o assunto era “Joshua Sparks”.

–Como sabe tanto sobre ele?- perguntei, curioso.

Summer eu até entendo, já que ela mesma me disse que um dia fora amiga daquilo.

–Eu já não disse que fui amigo dele?-Chris disse.

–Não disse não.

–Disse sim, você é que é lerdo. Enfim, amanhã te explico melhor. Vamos dormir.- ele disse já com a voz arrastada.

–Ok. Mas é bom que minha cara esteja ilesa e sem sinal de gosma pela manhã. Entendeu? Nada desses seus produtos estranhos no meu rosto.- tentei fazer minha melhor voz ameaçadora.

Christofer riu alto e jogou outra almofada em mim.

–Vai dormir, golfinho machão.



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Notas finais do capítulo

Turning Page irá tocar no meu casamento. Sério. E de preferência que o meu marido seja como Edward Cullen, ou como o nosso Christofer. Ou como o Mark. Porque né...
Eu demorei, mas caramba! Foram 14 páginas! E olha que a média é 7 páginas, no máximo 9!
Me desculpem pela demora, como eu disse lá em cima minha mãe me deixou sem pc por 2 semanas. Fiquei até mais lerda do que já sou, nem sabia o que fazer da vida q.
Enfim! Espero que tenham gostado, e comentem, ok? Sou movida por reviews.
P.S: Fiz um vídeo para a fic! :D
LINK: http://www.youtube.com/watch?v=T0fePXR8syQ&feature=share
Acho que em breve faço mais um ou dois!



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