Uma mulher sentada em um banco no meio de um imenso jardim observava um casal de crianças brincarem. Ela sorria com as travessuras e artes que os dois faziam. A menina tinha um longo cabelo liso loiro escuro, seus olhos eram azuis e sua pele branca. Tinha oito anos de idade e seu sorriso resplandecia o ambiente.

    O menino tinha dez anos. Cabelo curto e esvoaçado castanho escuro. Seus olhos eram azul intenso, penetrantes, seu olhar era único. O garoto possuía um olhar frio, mas, ao mesmo tempo protetor. Ele era sério. Mas quando brincava com ela, sorria.

- Relena. Aonde você vai? – Perguntou o menino.

- Eu vou ao lago... Vem comigo Onne? – Disse a menina.

- Vou... Afinal, se eu não for quem irá protegê-la princesa?

- Ora. – Relena sorriu. – Você. Afinal, você é o meu protetor...

- Relena... – Disse Onne.

    Relena segurou a mão de Onne e juntos foram para o lago. Ao chegarem Relena alargou o sorriso. Olhou para Onne e começou a se despir ficando somente com a calcinha e uma blusa...

- Posso saber o que vai fazer princesa? – Perguntou Onne, sem graça.

- Ora essa... Vou nadar.

- Mas é perigoso...

- Então, se quiser me proteger, nade comigo.

    Ele vendo que não conseguiria dizer não ao sorriso dela, tira a blusa e a bota para entrar com ela na água. Eles brincavam e ela era a única que fazia Onne sorrir. Relena nadava de um lado ao outro sendo seguida por ele...

- Alguém já te disse que você é incansável princesa?

- Sim... Mas eu não me importo quando é você quem me diz...

- Princesa o que pretende fazer... Quando for mais velha?

- Não sei. Mas de algo sei...

- O que?

- Quero que você esteja comigo!

- Mas... E se não permitirem?

- Eu sou a princesa. De algo deve servir meu titulo...

- Usaria de autoridade por mim?

- Claro que sim!

- Obrigado...

- A mim... Você não tem que agradecer nada. Você é único para mim Onne. Único!

    Onne não falou nada. Somente olhou para Relena e sorriu. Pegou na mão dela e disse:

- Eu vou te proteger sempre princesa. Sempre. Confie em mim. Estarei sempre ao seu lado!

- Eu confio em você Onne!

-/-/-

- Relena anda... Você tem que tomar seu banho. Ou o rei irá brigar conosco.

- Está bem. Já vou...

- Vamos princesa. Seu pai disse que quer você na mesa na hora certa!

- Vou para o banho. – Relena falou desanimada.

-/-/-

- Pode-se saber por que a senhorita demorou?

- Desculpe-me papai...

- Relena. Você é uma princesa e tem que ser pontual.

- Desculpe meu pai. Não se repetirá! – Disse Relena aflita.

- Ótimo. Agora se sente para jantarmos em paz.

- Sim...

    A mesa estava repleta de comida. Tudo o que Relena mais gostava. Seu pai, o Rei Peacecraft fazia de tudo para agradar sua filha. Desde que sua mãe morreu, eles viviam os dois sozinhos no castelo. As únicas pessoas alem deles eram os empregados...

- Me conte o que fez hoje filha... Divertiu-se?

- Sim. Muito. Passei o dia com o Onne... Brincamos e fomos nadar no lago...

- Rsrs. Você gosta muito desse rapaz não é filha?

- Sim... Onne é meu melhor amigo. E quero estar sempre com ele.

- Mas não sabemos nada sobre o Onne. Nem mesmo se ele estará sempre conosco.

    Nesse instante, Relena se pôs pálida. Levantou bruscamente da mesa e com autoridade encarou seu pai e disse:

- Onne é meu amigo e é importante para mim! Não permitirei que ninguém o tire de perto de mim!

- Ai... É incrível como você sendo somente uma menina, já tenha esse espírito de liderança e autoridade de uma rainha... É igual sua mãe.

- Sou uma menina hoje, mas, já sou uma princesa e futuramente serei uma rainha!

    Relena ergueu a cabeça com a arrogância de uma princesa...

- Ta certo... Como queira filha! Agora se sente para jantar...

- Sim.

    Ela voltou a se sentar, mas podia-se ver claramente que sua decisão era definitiva. Relena havia decidido que Onne continuaria com ela! O jantar ocorreu bem depois desse episodio, tirando o fato de que Relena não falou mais nada.

-/-/-

    Os raios solares invadiam o interior daquele imenso e belo quarto. Tentando despertar uma jovem princesa ainda adormecida. O quarto era enorme, com uma grande cama de casal no centro, onde seus lençóis eram todos cor de rosas. Alias, a maior parte da decoração era cor de rosa. Aos pés, encostado à cama, havia um sofá muito lindo com a madeira folhada a ouro. Assim como os demais sofás ao redor. Havia também um grande armário trabalhado com pátina, na parede ficavam quadros com imagens dela, de sua mãe e seu pai... Também havia três portas, uma que dava acesso ao corredor do castelo, outra ao banheiro e outra a sacada. Está inteira de vidro!

    Mesmo com os insistentes raios solares batendo em seu rosto, Relena não acordava. Até que ouve uma voz a chamar seu nome, uma voz conhecida e apreciada por ela... Relena desperta lentamente.

- Até que enfim acordou princesa...

- Onne? O que faz aqui?

- Vim te chamar. Pelo visto, se eu não venho você não ia acordar...

- Desculpa... Mas, como entrou aqui?

- E desde quando algo é impossível para mim?

- Desde nunca... – Relena sorriu.

- Levanta. Vai se arrumar para sairmos!

- Sim...

    De um salto Relena correu para o banheiro se arrumar, Onne somente a observou entrar no banheiro. Após uma meia hora, Relena sai pronta. Onne a olha e esboça um leve sorriso, logo em seguida estende a mão para ela e os dois saem juntos, para mais um dia de diversão...

-/-/-

- Como está majestade? – Perguntou um homem muito bem vestido que apertava a mão do rei Peacecraft.

- Estou bem obrigado. Em que posso lhe ser útil duque?

- Bem... Eu sou de um outro reino, não tão distante do vosso... Mas a minha viagem é longa. Por causa disso, gostaria de saber se poderia passar a noite em seu reino, para continuar a minha viagem amanhã...

- Muito bem... Fique a vontade. Mandarei prepararem um quarto para o senhor...

- Agradeço imensamente majestade!

-/-/-

- Onne? Onde está você? Onne?

- Estou aqui Relena...

- Ahh... Que susto você me deu!

- Desculpe, não foi intencional.

- Onde você foi?

- Fui buscar umas frutas para nós... Por quê? Teve medo?

- Sim... Não gosto que você me deixe sozinha! – Relena falava de cabeça baixa.

- Não se preocupe. Eu prometi cuidar sempre de você... E é isso que farei! – Onne com sua mão, segurou o queixo dela e levantou delicadamente o rosto de Relena. – Eu não gosto de te ver assim... Gosto de ver seus olhos alegres e brilhantes...

- Onne...

- Relena... Promete que nunca deixará de me... É...

- Onne... – Relena sorriu depositando a mão no rosto dele, fazendo-o encará-la. – Eu nunca deixarei de te amar... Prometo!

- Posso fazer uma pergunta princesa?

- Diga...

- Você... Daria-me um beijo?

    Relena sorriu. Aproximou-se mais, depositando um suave e inocente beijo nos lábios de Onne... Após separem-se, Onne a olhou profundamente em seus olhos e disse:

- Obrigado... Minha princesa!

    Ela sorriu.

-/-/-

    Dia seguinte...

    Relena e Onne estavam novamente brincando juntos no jardim quando chegou um homem de media estatura, de cabelo e barba branca. Muito bem vestido para falar com ela. Coisa que não agradou nada a Onne. Que encarava friamente ao homem...

- Você deve ser a princesa Relena... Certo?

- Sim. Sou eu. O senhor é?

- Desculpe minha indelicadeza, sou o duque J... Sou chamado assim pelas pessoas...

- Muito prazer...

- O prazer é todo meu, bela princesa...

    O duque foi segurar a mão dela para beijar, mas foi impedido bruscamente pelo agarre de Onne, que segurou a mão dele, com força...

- Puxa... Você tem força meu rapaz.

- Não sou seu rapaz e não ouse toca-la...

- Calma Onne... O duque não ia me fazer mal... – Disse Relena segurando o braço de Onne.

- Não gosto que te toquem... – Disse Onne, ainda encarando ao duque.

- Tudo bem, rapaz... Peço desculpa. Mas diga-me uma coisa? – Disse o duque muito interessado.

- O que? – Onne respondeu rispidamente.

- Qual o seu nome e quem são seus pais?

- Por que o senhor deseja saber isso? – Relena perguntou intrigada.

- Por nada em especial, por enquanto...

- Sou chamado de Onne, não tenho família. Meu dever e motivação é proteger a princesa. Nem que seja com minha própria vida! – Disse com a cabeça erguida.

- Qual sua idade?

- Dez anos...

- Ótimo. Obrigado...

    Após dizer isso, o duque se retirou e foi direto falar com o rei. Relena e Onne ficaram observando o homem partir, sem entenderem nada...

- Onne? Você está bem? Ficou mais calmo?

- Ah sim... O que será que aquele homem quis dizer?

- Não sei. Mas não se preocupe. Não permitirei que ninguém te faça mal... – Relena sorriu e segurou a mão de Onne. Essa atitude o fez corar.

- Aonde deseja ir agora princesa?

- Hum... Onde você quiser!

- Bem... Sendo assim, que tal ir para o pomar?

- Perfeito...

    Onne segurou mais firmemente a mão de Relena e partiram para colher frutas...

...Continua...