Entrei no quarto normalmente, com o coração ainda batendo á mil, mas logo depois percebi que havia um sorriso bobo estampado em meu rosto. Aquele garoto mexeu muito comigo, seria possível eu me apaixonar por ele? Ou melhor, seria possível ELE se apaixonar por mim? Enfim, eu estava feliz demais para pensar nisso, então, peguei o meu diário que é o meu “melhor amigo” nessas horas em que estou em dúvida sobre algo. Eu sei que ele não iria me responder, ou algo assim, mas pelo menos eu iria desabafar a minha felicidade com “alguém”.

01 de Fevereiro de 2012

Oi, eu sei que pareço uma idiota conversando com um “caderno” que nem ao menos responde ás minhas perguntas. Mas enfim, essa é a milha melhor opção. Hoje nada de ruim aconteceu, ainda bem. Ah, e a Eduarda também não fez nada comigo hoje, e mesmo que fizesse, eu estaria feliz demais pensando naquele garoto que encontrei mais cedo. Eu não sabia nem ao certo o nome dele, porém ele já despertou sensações diferentes em mim. Sei lá, pode parecer estranho por ele ser um garoto que conheci há poucos dias, mas é assim que me sinto quando o vejo, ou estou ao seu lado. Ele...

[...]

     Abri os olhos aos poucos, e vi que havia dormido em cima do meu diário e de vários lápis e canetas que estavam espalhados em minha cama. Ao levantar, vi a mesma cena que vi há algumas horas, Eduarda dormindo novamente em sua cama. Peguei meu telefone para olhar a hora, eram 3:10 da manhã. Nem eu sabia que era capaz de dormir tanto assim. Sabia que não iria conseguir dormir de novo de modo algum, então coloquei um moletom por cima da minha blusa, peguei meu violão, e saí do quarto sem direção.

     Ao sair do quarto, lembrei de uma pequena pracinha que havia ali perto, então caminhei até lá. Quando cheguei, me sentei na grama mesmo, onde haviam algumas gotas do sereno da noite, e que por mais frio que estivesse, eu estava amando estar sentada ali. Dei um suspiro profundo, inalando o ar puro daquele lugar, e olhei para as estrelas. Mesmo não o conhecendo muito bem, aquele garoto não saía da minha cabeça. Peguei meu violão, que anteriormente estava ao meu lado “deitado” na grama molhada, e o coloquei em meu colo começando a dedilhar algumas notas. Logo essas notas começaram a soar como música, e então comecei a cantar:

(Leiam como se ela estivesse cantando a versão acústiva dessa música.)

- I’ve tried playing it cool, but when i’m looking at you, i can’t ever be brave, cause you make my heart race. Shot me out of the sky, you’re my kryptonite, you keep making me weak, yeah, frozen and can’t breath.

- Garota, o que você está fazendo aqui á essas horas? – me assustei quando um homem com uniforme de segurança e uma lanterna, muito forte por sinal, em mãos, me perguntou com expressão confusa.

- Dormi cedo demais e acordei agora. Estou sem sono, se importa se eu ficar aqui? – falei tentando convencê-lo.

- Sim, claro. Mas sempre que vier aqui, lembre-se de me avisar! Sou segurança dessa escola, e me assustei quando vi que havia alguém aqui além de mim. Por favor, não faça isso de novo, ok? – assenti com a cabeça e então o segurança, que aparentava ser medroso, deu ás costas e saiu. Revirei os olhos, respirei fundo e continuei a cantar:

- Something’s gotta give now, cause i’m dying just to make you see, that i need you here with me now, cause you’ve got that one thing. So, get out get out get out of my head, and fallin’ into my arms instead, i don’t i don’t, don’t know what it is, but i need that one thing and you’ve got that one thing.

     Senti alguém andando ao meu lado e quando me virei, quase gritando pensando que era o segurança de novo, vi que era AQUELE garoto. Engoli minhas palavras, e a única coisa que consegui fazer, foi ficar paralisada observando o seu sorriso.

- O que faz aqui essa hora? – ele sentou-se na grama ao meu lado, dobrou os joelhos e colocou os braços em volta esperando que eu respondesse á sua pergunta.

- É que estou sem sono, então resolvi vir aqui pra relaxar. Afinal, esse lugar é lindo á noite.

- Também gosto de vir aqui, é o único lugar onde posso pensar sobre a minha vida. Pensava que só eu conhecia este lugar. – ele disse dando um risinho de lado e olhando pra mim. Ok, eu iria morrer antes de respondê-lo.

     Ri também, e então me veio á cabeça o que eu tanto queria saber: seu nome. Tomei coragem, e então falei:

- Então... qual é o teu nome?

- Zayn... e o seu?

- Zayn, bonito nome. Me chamou Isabella. – tentei dar o meu melhor sorriso enquanto o olhava.

- Escutei você cantando... você tem uma ótima voz.

- Obrigada – respondi meio sem graça e abaixando a cabeça fazendo com que fitasse o chão com vergonha. Ficamos um tempo olhando as estrelas, até que ele se virou e disse:

- A música era pra alguém? Quero dizer, em especial?

- Sim... quer dizer, não.

- Ah... – ele bufou.

     Continuamos olhando o céu e as estrelas, permanecendo em silêncio. Agora, sua expressão que antes era de felicidade, parecia de tristeza, por algum motivo no qual eu não conseguia entender. O tempo realmente havia passado muito rápido, porque aos poucos, avistamos o céu clareando... era o nascer do sol. O sono do nada voltou, e mesmo amanhã não havendo aula, decidi voltar e dormir.

- Já está ficando claro e comecei a ficar com sono. Se não se importa, tenho que ir. Bom dia. – dei ás costas e enquanto me levantava para voltar para o meu dormitório, ele pegou em minha mão, me transmitindo um tipo de choque, e falou:

- Espera! Fica aqui pra ver o nascer do sol comigo? Melhor ver acompanhado que sozinho, não é verdade?

- Ok, mas depois que o sol nascer vou embora. O meu sono do nada voltou, e eu queria muito dormir... mas vou ficar. – ele sorriu.

     Sentei-me novamente ao seu lado, e alguns minutos depois, o sol começou a nascer aos poucos. No início, ele foi iluminando algumas árvores que haviam ali perto. Depois, podíamos ver sua luz por trás das nuvens antes que ele nascesse por completo. E então, finalmente, aquela imagem maravilhosa: o sol já quente iluminando toda a escola, deixando o lugar ainda mais belo, o céu meio alaranjado, e o seu calor fazendo com que as gotas de água do sereno desaparecessem. Eu estava vendo o nascer do sol com ele, e nada poderia estragar aquele momento.

     Sem querer fui dormindo aos poucos, encostando em seu ombro direito. Ele ainda ficou um tempo observando o sol, mas logo depois percebeu que eu havia dormido. Então ele sorriu, e mesmo quase dormindo, pude ver que ele me carregava em seus braços me deixando em meu quarto. Ele me deitou cuidadosamente em minha cama, me cobriu com um cobertor, e então me beijou na bochecha e alisou meu cabelo, depois sussurrou um “durma bem” e foi embora.