Desde O Começo escrita por Schmerzen


Capítulo 1
Desde o começo




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E ali, envolvido naqueles braços e perdido naqueles olhos, ele se lembrou de tudo, desde o começo...

Lembrou-se do dia em que seus pais o embarcaram naquele trem, com sorrisos entre alegres e temerosos. De como havia se escondido de todos em uma cabine vazia, só ele e seus pensamentos de onze anos. E de como havia sido encontrado por aquele garoto de cabelos pretos e pose arrogante, que se apresentou apenas com o primeiro nome e sorriu com sua timidez.

Lembrou-se de como havia ficado estranhamente feliz quando o mesmo garoto de cabelos pretos e seu animado amigo de cabelos despenteados se sentaram despreocupadamente a seu lado, quando o professor de feitiços mandou formarem trios no segundo dia de aula.

Lembrou-se da alegria que se apoderou dele quando percebeu que aqueles eram seus amigos; aqueles dois e o menino baixinho e engraçadinho que também se juntara a eles. E de toda a tristeza que o massacrava quando precisava mentir para não perder a amizade deles. E também de como o garoto dos cabelos pretos sempre pareceu saber que ele escondia algo muito maior do que eles mesmos.

Lembrou-se do dia em que eles o encurralaram e disseram que sabiam de toda a verdade. De como se resignou, achando que dois anos tendo aqueles garotos como amigos havia sido mais do que alguém como ele merecia. E de como não pode acreditar quando eles disseram que estariam a seu lado, não importava quem, ou o que, ele fosse.

E foi mais ou menos nessa época que ele reparou que o garoto de cabelos pretos tinha os olhos mais bonitos que ele já tinha visto. Eram olhos de tempestade, como ele gostava de pensar, quando via aqueles olhos brilhando para ele. Olhos que tinham o azul do céu e o cinza das nuvens chuvosas. Olhos de tempestade.

Lembrou-se de como se sentiu inexplicavelmente machucado quando os olhos de tempestade passaram a admirar as garotas. E de como tentou descobrir o porquê daquilo doer tanto. Naquele tempo era apenas um garoto de treze anos viciado em noites estreladas... e ele se perdia, olhando para aquela estrela. Aquela com o nome bonito.

Lembrou-se de como teve vontade de sair correndo quando aqueles olhos de tempestade ficaram suficientemente perto para que os lábios se encostassem. E de como se sentiu feliz quando os braços dele não o deixaram correr.

E se lembrou dos beijos que seguiram aquele primeiro, inclusive daquele que trocavam, entretidos, quando James entrou no quarto e exclamou um palavrão, vendo os dois amigos se separarem ofegantes e parcialmente sem roupas.

Lembrou-se das brigas, de como eram idiotas os motivos que as iniciavam e de como era deliciosamente bom quando se reconciliavam depois delas.

Lembrou-se de tentar entender o que acontecia quando acordou uma manhã após a lua cheia e viu um bonito cachorro de pelagem preta dormindo enrolado nele. E de só ter entendido tudo quando viu os olhos do animal; seus olhos de tempestade. E se lembrou de ter chorado naquela manhã, enquanto Sirius, já de volta a sua forma normal, beijava todo o seu rosto e sussurrava que tudo estaria bem dali para frente.

E Remus nem sabia por que chorara, só sabia que eram lágrimas de alegria... de um garoto que achava que tinha muito mais do que merecera algum dia na vida.

Lembrou-se das madrugadas que passaram apenas deitados na grama dos terrenos de Hogwarts, olhando o céu. E quando ele explicou, corado, o motivo de gostar tanto de olhar para o céu, Sirius disse a ele que gostaria de lhe dar aquela estrela de presente. E ele respondeu que já ganhara sua estrela.

Também foi em uma dessas noites que Sirius prometeu a ele que nunca sairia do seu lado.

Lembrou-se de como ficou enciumado quando Sirius se mudou para a casa de James. E de como se sentiu estúpido por isso quando viu o olhar que o namorado lhe lançava toda hora; o mesmo olhar de adoração que ele lhe lançava. Com a diferença de que nos olhos de tempestade, aquele olhar ficava simplesmente encantador.

Lembrou-se da noite em que descobriu que também tinha olhos distintos. Quando Sirius sussurrou “âmbar” em seu ouvido, ainda ofegante. Ele lhe perguntou o que isso queria dizer e o moreno disse que ele tinha olhos cor de âmbar.

E então ele contou sobre os olhos de tempestade e Sirius riu, dizendo que âmbar é muito mais valioso do que tempestades. E que tempestades são destrutivas.

E Remus sorriu com as lembranças que teve, sentindo o abraço de Sirius se estreitar ao seu redor.

- Sirius?

- Hmm?

- Se pudéssemos voltar no tempo, eu faria tudo de novo.

E ele não precisou explicar mais nada, porque Sirius também esteve perdido naquelas mesmas lembranças.


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Notas finais do capítulo

(Sem notas porque depois disso eu não preciso dizer mais nada)