Era Dourada escrita por GiullieneChan


Capítulo 8
CAPÍTULO 7: O Destino nas Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Observação: Livre Adaptação das obras de Massami Kurumada.
Betado por luanaracos.



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Shaka olhava para os presentes antes de começar a ler atenção os manuscritos. Escolheu um que falava exatamente do primeiro cavaleiro de Virgem:

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Índia.

Méhi estava sentado na posição de flor de lótus à sombra de uma frondosa árvore, não tinha noção de quanto tempo estava ali, nem sentia a presença de seu estranho “mestre”, apenas de seu criado Den que não se afastara de seu mestre desde que perdera a visão. Apenas deduzia que haviam se passado semanas que se encontrava nessa condição.

O egípcio foi instruído para meditar, se tornar uno com a natureza ao seu redor, o universo, seu cosmo se unir ao cosmo de todas as criaturas, plantas e rochas à sua volta. No entanto, Méhi só conseguia pensar em uma coisa...

–Foooomeeee... -Gemia caindo de cara no chão em uma pose nada digna de um sacerdote de sua estirpe. - Eu não posso meditar com meu estômago vazio...Den...Den!

–Sim, mestre Méhi? –perguntou o menino ansioso.

–Preciso comer... busque comida! –sentia que o menino não se movia. –Escutou? Co-mi-da!

–E-eu escutei mestre. Mas não posso atender seu pedido. –dizia com a voz chorosa.

–O que disse?

–Aquele homem me proibiu de sair daqui e te dar qualquer coisa para comer ou beber! –envergonhado.

–Ele não está aqui, ao menos não está... está?

–Não está não, mestre.

–Então, pegue algumas frutinhas para mim!

–Não posso... –choroso.

–Por que não? -Méhi sentiu que o menino estava apavorado, e usando seus outros sentidos notou que não estavam totalmente sozinhos. –Que cheiro forte é esse?

Ele estende a mão e toca em algo peludo, que ronrona muito forte para ser um simples gatinho. Méhi continua a acariciar o ser peludo a sua frente e quando escuta um rosnado, afastou correndo até suas costas baterem novamente na árvore.

–O QUE... -pergunta baixinho em seguida. –O que é isso?

–Ele deixou um tigre nos vigiando, mestre... Den estava chorando de medo do felino, nem sequer se mexia de onde estava, e este permanecia calmamente deitado a uma sombra, chegando a bocejar e produzir um som característico. Méhi se pergunta quem em sã consciência mandaria um animal feroz e selvagem vigiá-los? E como o animal não demonstrava nenhuma agressividade?

– Ele falou que se o senhor quiser comer, tem que procurar sozinho pela comida, mestre.

Como? O maldito queria que um homem cego procurasse por comida sozinho? Numa floresta? Novamente odiou aquele homem estranho que havia lhe dito que o ajudaria a se tornar divino, mas desapareceu assim que ordenou que meditasse.

Suspirou resignado por seu destino, por hora. E erguendo a mão começou a “tatear” seu caminho para a mata. Lembrou-se de ter visto, antes de cair no ardil daquele homem, que havia um arbusto com frutos silvestres comestíveis. O encontrou e pegou um dos frutos levando-o aos lábios.

–Se comer isso, morrerá. Ele é extremamente venenoso!

Reconheceu a voz profunda dele e largou o frutinho imediatamente.

–Onde esteve? –perguntou furioso.

–Estive sempre perto de você.

–Não fique brincando comigo, maldito!-estava furioso, andou na direção da voz e chega a tropeçar, caindo ao chão e aumentando sua revolta. - Me deixou para morrer de fome e de sede! Cego e inútil! O que pensa que sou?

–Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos.

–Isso não faz sentido!

–Uma vez disse a um dos meus discípulos, ele parecia com você. Um homem que carregava dentro de si muita raiva.

–Não estou com raiva. Estou furioso!

–Guardar raiva é como segurar um carvão em brasa com a intenção de atirá-lo em alguém; é você que se queima. -dizia ignorando a ira do egípcio. - Quem é você, Méhi?

–O que?

–Perguntei quem é Méhi. Não consegue me responder?

–Eu sou Méhi de Meneffer, Filho de Montjuemhat, general do grande Faraó. Sou um sacerdote de Rá e...

–Não foi o que perguntei. -Méhi não conseguia entender o que ele queria dizer. - Quando descobrir, me diga.

–Como vou descobrir?

Méhi o escuta se afastar e mesmo cego consegue perceber que o homem procurava a sombra da enorme árvore onde estivera e começava a meditar. O rapaz percebe que não obteria respostas agora. Hesitante se aproximou e sentou ao seu lado, ficando na mesma posição de lótus que a dele, procurando meditar, controlando sua própria respiração.

–Não precisa dos olhos da face para ver o mundo. -o homem dizia com serenidade. –Nem de seus ouvidos... Ou da boca... nenhum dos seus sentidos é necessário agora. Enxergue o mundo pelos olhos do seu cosmo, Méhi de Meneffer. Apenas respire e sinta seu cosmo.

Ele se perguntou o que seria esses tais “olhos do cosmo”, nunca antes ouvira tal expressão em sua vida. Mas resolveu obedecer a suas instruções. Horas se passaram em total silêncio, onde apenas o vento a soprar entre as folhas das árvores era audível. Nem mesmo os animais pareciam ousar atrapalhar aqueles homens.

Foi quando Méhi sentiu algo diferente. Como se um universo explodisse dentro de sua alma, de seu coração. Seus sentidos pareciam mais aguçados como nunca, e Méhi teve a impressão de ter ouvido as batidas de seu coração... Não, não eram as deles... E sim do felino que vigiava incansável os dois homens.

Sentia o felino. Abriu os olhos sem vida e parecia enxerga-lo perfeitamente! Ao menos enxergava o que considerava a alma da criatura, conseguia “vê-lo” perfeitamente.

–Consegue ver? –o homem sorri.

Méhi vira o rosto para ele e também consegue “vê-lo”. Sentiu-se pequeno perto do enorme cosmo que ele possuía. Sentia-se como um verme na palma da mão de um deus. Começou a achar que aquele homem era um deus.

–Me ensine mais. –o ex-sacerdote pediu, ansioso para sentir mais desse cosmo, de poder ver o mundo por seus “olhos”.

–Sim, pois é preciso que aprenda rápido. Os inimigos não irão esperar muito. –Méhi se sentiu incomodado por aquelas palavras. –Uma tempestade vinda do mar se aproxima. Trar-se-á bênçãos ou a morte, apenas os deuses sabem.

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Presente.

–Que chato! –resmungou Milo. –Ainda não apareceu meu signo! O dono da armadura mais bonita!

Shaka deu um breve sorriso.

–Pelo menos percebo que meu antecessor procurou o caminho certo.

–Perguntinha! –Seiya levantando a mão. –Quem é o cara que está treinando o Méhi?

–Chato... –Milo se jogando na mesa, parecendo sofrer. –Cadê as lutas?

–Milo... –Camus suspira. –Se comporte!

–Ainda não percebeu, Seiya? –Shun surpreso pelo amigo ser tão desligado. –É o próprio Buda!

–Que emoção. –Shaka quase às lágrimas. –Eu também fui treinado por Buda.

–Está tudo muito bem, mas vamos continuar a leitura? –pediu Shura, mais interessado nas passagens de Arcturus.

–Lamento, mas pretendo me retirar agora. –disse Shaka, bocejando, e se retirando, entregando a Dohko o manuscrito de Méhi. - Sugiro que façam o mesmo.

–Chaaaatooo... –Tentando entender algo escrito no pergaminho, mas Dohko retira das mãos dele, examinando.

Shaka ignorou prontamente a provocação de Milo e voltou para sua casa, mais aliviado em saber que talvez seu antecessor não fosse tão pervertido assim.

–Que frase é essa, Dohko... aqui no final? –perguntou Milo. –O que o Méhi diz?

–Deixe-me ver... “A garota tinha seios pequenos, mas macios de serem apertados...”... hmmmmm... –Shaka estancou gelado.

–Eita! –Milo levantou a cabeça, interessado agora.

–Safadenho esse cavaleiro de virgem. –comentou Ikki e todos gargalharam.

–Ahhhh!! –Shaka salta por cima da mesa e pega o pergaminho, rasgando um deles no processo.

–Shaka! Olha o que fez! –Dohko pegava parte do pergaminho. –Shion vai te matar!

–Vocês são os culpados! –Shaka tentando esconder tudo sobre Méhi e saindo daquele lugar o mais rápido possível.

–Você rasgou um dos pergaminhos que Méhi escreveu sobre o Cavaleiro de Sagitário! –Declarou Dohko, comendo a ler o pedaço em sua mão. –Maluco... Bem, vamos ver...

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Em algum lugar no Oceano Índico.

Akuma havia cruzado em poucos dias o sul do Mar da China, aportando em Nakon Si na Malásia. De lá conseguiu uma montaria adequada que o levou em pouco tempo a Phang-Nga para que continuasse sua viagem. Em pé na proa da embarcação que conseguira, observava as águas límpidas do oceano. Sentia a brisa e a maresia tocar a pele de seu rosto descoberto. Logo chegaria à Índia.

Sua viagem seria mais longa que o esperado, pois de algum modo não conseguiu deixar para trás a estranha estátua dourada que caiu dos céus. Acreditava que era um presente dos deuses, e recusá-lo não seria um bom sinal.

Mas o Berserker começava a se indagar qual divindade a teria mandando. Tão logo tocara na estátua ela brilhou com a força do sol, e uma urna dourada surgiu guardando-a em seu interior, mas sentia que possuía uma força, um cosmo, que era completamente avesso à de seu mestre e senhor.

Fitava o horizonte, vislumbrando a distância a Índia, talvez Madras. A imagem o fez lembrar-se de sua infância difícil no seu vilarejo na China, a fome, a doença que vitimou seus pais e seus irmãos, a solidão que fora sua única companhia até seu encontro com Ares. Ele lhe prometeu poder, força e a certeza de que construiriam um futuro perfeito, onde crianças não iriam ver suas famílias morrerem de fome e doentes, enquanto seus reis se fartavam em suas mesas e riquezas.

Mas advertiu que esse futuro seria construído pela espada e fogo. Abandonou seu antigo nome, e aceitou Akuma, o Demônio. Por causa dessa promessa, jurou fidelidade a Ares. E por ele, mataria Atena ou qualquer outro que ficasse em seu caminho.

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Presente.

–Não vai ler o restante? –Aiolos perguntou ansioso.

–Só tem esse pedaço. Shaka levou o outro na bagunça. –Dohko diz, enrolando o pergaminho danificado. –Amanhã pego todos os que ele surrupiou de volta.

–Ele está bem perturbado pelo seu antecessor ser o gêmeo perdido do Milo. –Comentou Shura rindo.

–Ei! –Milo protestou e depois riu. –Ao menos um cavaleiro de virgem teve vida!

–Chega de tortura-lo. –Dohko riu e olhou para o manuscrito que Camus lhe entregava. –Esse parece promissor... Erik de Aquário!

–Nunca imaginei que Atena e Odin tivessem laços tão antigos! –comentou Hyoga.

–Naturalmente por ambos amarem a Terra e a humanidade tenham em alguns momentos da história se unido. –Camus comentou sério. –Dohko não consigo identificar o que está escrito.

–Tudo bem... –bocejando. –Só vou ler esse e vamos terminar por hoje.

Todos concordaram e então o Cavaleiro de Libra começou a narrar a partir dos últimos acontecimentos na vida do primeiro Cavaleiro de Aquário.

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Asgard.

–O QUE EU FIZ A ODIN PARA SER ABENÇOADO POR UM FILHO IRRESPONSÁVEL???

Todos os guerreiros, incluindo Erik, encolheram diante da fúria de Ivar. O gigante ruivo destruía uma pesada mesa de carvalho com apenas um murro contra ela, e continuava a proferir impropérios e rogar aos deuses por uma resposta.

Rurik cutucava Erik e fazia um sinal cortando o pescoço com o dedo, indicando que o amigo estava em apuros. Erik ergue o punho para socar o amigo, mas recolhe quando o pai aparece de repente na sua frente, repetindo uma pergunta:

–Quando irá casar, me dar netos e sossegar como um Guerreiro Deus de Asgard???

–Hã? –Erik sorri. –Ser um Guerreiro deus o mais breve possível, mas sobre uma esposa... Sou jovem demais para morrer!

–BAH! Até nas piadas puxou a mãe!

Ivar se afasta, pisando duro e sentando em sua cadeira. Todos os presentes olhavam para Erik com censura em seus olhares, e Rurik segura o riso, levando uma cotovelada do loiro.

–Pai, me ouça. –Erik se aproxima do pai. –Desculpe por não ter aparecido para o jantar em sua homenagem... Ou para receber a senhorita Ulrika para que eu a corteje, ou pelo fato de ter me ausentado quando nossa grandiosa representante de Odin veio nos visitar, ou...

–Chega antes que eu o mate. –pediu Ivar. –Verme irresponsável! Eu o treinei para ser o mais forte Guerreiro Deus que já existiu ter a honra de proteger Asgard e só pensa em aventuras sem fundamento. –suspirou. –Morrerei antes de lhe ver como um homem de respeito?

–O que quero dizer, pai é que... -gesticulava tentando achar as palavras certas.- Eu não nasci para ficar aqui e me casar, ter filhos, criar uma barba grande e uma enorme barriga....sem ofensas, Haakon.

–Eu não me ofendi. –respondeu o velho amigo, bebendo outra caneca de hidromel.

–E para o que nasceu, Erik? Pelos deuses! O que mais um homem poderia querer?

–Conhecer o mundo. As terras onde o sol e o calor dominam tudo.

–Quer conhecer as terras do sul?-perguntou Haakon. –É proibido e bem sabe, Erik!

–Sabe o que dizem das mulheres das terras do sul, Haakon? –o velho guerreiro pareceu interessar-se. –São as melhores na cama e fazem uma coisa com a...

–CALE-SE! –Ivar berrou, erguendo-se do seu assento. –O que farei com você, Erik? Odin, me diga o que este inútil precisa fazer para se tornar um homem de verdade! Haakon chame o Legislador! Ele vai decidir o destino de Erik antes que eu...

Erik achou que o pai iria golpeá-lo ali e agora quando ergueu a mão contra ele, mas as portas do Salão se abriram dando passagem à velha sacerdotisa Siriana. A velha e sábia sacerdotisa entrava altiva naquele lugar, atravessando o corredor formado pelos homens e mulheres do clã de Ivar, que lhe abriam passagem de modo respeitoso. Até mesmo Erik demonstrava o devido respeito a mais velha moradora da vila.

–Salve Ivar, filho de Brodir. –a idosa o saudou.

–O que deseja Siriana? –o guerreiro perguntou com o olhar taciturno. As visitas da sacerdotisa às vezes significavam presságios ruins dos deuses, iminências de batalhas. Ele previa o pior.

–Odin lhe enviou a resposta às suas indagações. –ela lança um olhar intimidador a Erik. –Onde está à armadura dourada, Erik? A que caiu dos céus em seu barco?

–A... armadura dourada? –coçando a cabeça sem jeito.

–Que armadura dourada? –perguntou Ivar para o filho.

Algum tempo depois, Rurik e alguns homens do navio de Erik deixavam no meio do Salão a bela urna dourada com a imagem de uma mulher segurando um vaso em seu ombro, cuidadosamente entalhada.

–Ah, essa armadura dourada. –disse Erik, desviando o olhar do pai que parecia impaciente. –Eu pretendia te mostrar quando ficasse mais calmo, pai!

–Do que se trata Siriana? –Ivar questionou a mulher. –Nunca vi uma urna igual a essa. Não se parece com nenhuma da Robes sagradas dos Guerreiros deuses que eu conheça.

–Ouça Ivar. Odin fala através de mim. –Siriana falava com voz fria e séria. - O mundo corre um terrível perigo. Deuses estão se confrontando, a Terra foi escolhida como campo de batalha e prêmio final ao vencedor.

Os homens se entreolharam e cochicharam incomodados pelas palavras da mulher.

–Uma guerra entre os deuses? O Ragnarok? –perguntou Erik com certa ansiedade.

–Ainda não. –Siriana responde, fitando Erik. –Mas, a chance da humanidade perecer é enorme. E os sobreviventes terão que viver com temor e de joelhos dobrados. Dos campos de sangue, do mundo dos mortos, dos grandes oceanos... exércitos surgirão e derramarão sobre os homens sua fúria.

–Que venham! -Ivar se ergue pegando em seu machado de guerra.

–Não, Ivar. Essa batalha ainda não é nossa... –Ela olha para Erik. –Mas será dele.

–Minha? –o rapaz parece incrédulo.

–É o escolhido entre os filhos das terras de gelo para enfrentar esse mal. Mas Odin me disse que não lutará sozinho. Ao seu lado terão companheiros de valor e honra, e servirão uma deusa que almeja a paz e a justiça.

–O que quer dizer? –perguntava Ivar.

–Que seu filho deverá partir para as terras ensolaradas do sul... para a Grécia e jurar servir Atena.

Logo mais naquela noite, Erik preferiu ficar de fora do Salão enquanto todos jantavam, observando o céu estrelado, tentando reconhecer suas constelações. As palavras de Siriana martelavam em sua mente, bem como a reação de seu pai. Ele não havia dito nada, apenas ficou amuado em sua cadeira, observando a todos.

No fundo Erik preferia ver o pai urrar, esbravejar, ameaçar arrancar sua pele, do que vê-lo com aquela expressão preocupada e entristecida em seu rosto. Suspirou, sentindo o ar frio da noite.

–Hidromel? –a voz jovial de seu amigo Rurik o fez sorrir. Mas não era um sorriso tão espontâneo. –Por Odin! Ninguém morreu!

Erik pegou a garrafa oferecida e bebe em seu gargalo, sentindo a bebida revigorar suas forças.

–Ainda não.

–Você sempre quis ir para o sul viver uma grande aventura. –Lembrou Rurik, chutando uma pedra.

–Em uma aventura. Não com o fardo de servir algum exército numa guerra entre deuses! –suspirou encostando-se a uma parede. –Como será ela?

–Quem?

–Atena. –Erik sorriu. –Uma deusa que decidi ir contra os seus irmãos por nós humanos. Nunca ouvi algo assim antes.

–Odin gosta dos homens. - Rurik ponderou. –Deixou essa terra para vivermos longe dos males desse mundo. Criou os Guerreiros Deuses para manter nosso país em segurança.

–Sim. Mas... essa Atena parece diferente.

–A duas coisas que lamento é não ter a permissão de te acompanhar... e jamais conseguirmos ver qual de nós dois é o mais forte! –Rurik ri, pegando o hidromel da mão de Erik e bebendo um gole. –Seu pai disse que você deve partir amanhã.

–Então teremos só essa noite para vermos quem é o mais forte! –Erik ri.

–Um desafio?

–Sim! Vamos!

Erik correu na direção do fiorde, procurando um lugar para lutar sem precisar se preocupar em destruir casas. Rurik o observava se afastar com o rosto sério. Em seguida ele sorri de modo frio.

O loiro chegou primeiro ao local escolhido para lutar com o velho amigo, esperou que Rurik chegasse. Notou que ele vinha caminhando devagar, e parecia usar uma indumentária de metal, de estranha coloração roxeada, e que refletia a luz da lua como se fosse um diamante, causando estranheza em Erik.

–Rurik? Não achei que combinaríamos de usar armaduras numa luta amistosa.

–Não gostou da minha armadura, Erik? Eu a ganhei há dois anos. Bem como pode ver, eu não poderia usar uma Robe depois desta. –o modo que seu amigo falava deixava Erik apreensivo.

–Não é uma Robe?

–Não. –Rurik sorri. –São chamadas de Súrplices.

Em seguida, Rurik ergue a mão contra seu amigo, uma poderosa cosmo energia emerge de sua palma e atinge Erik com violência, ferindo seu corpo e rasgando sua túnica. Com dificuldades, ele se ergue e fita Rurik sem acreditar no que houve, limpando o sangue que escorria do canto da boca.

–O que significa isso, Rurik? Quer me matar? Não somos amigos?

–Você é meu amigo. Meu irmão. Por isso pedi para mata-lo. –falava caminhando calmamente na sua direção. –Não é tão ruim. Eu vou ser imortal quando completar essa tarefa.

–Não posso acreditar que você seja Rurik... Diga quem é?!

–Sou Rurik de Dullahan. Sou um espectro que serve agora ao deus dos mortos. Fui chamado de “a Estrela Terrestre da Sombra” por meu novo mestre. –ele ergue seu cosmo, que era escuro com tons arroxeados. –Morra Erik... meu querido amigo! VENDAVAL DA MORTE!!!!

Seu cosmo lança contra Erik ventos com a força destruidora de um tornado, cortando sua pele, ferindo-o e lançando-o ao alto e fazendo-o cair ao chão como se fosse um boneco já sem vida. O rapaz com dificuldades se ergue, sentindo o corpo protestar de dor com cada movimento seu.

A imagem da amizade que compartilhavam desde praticamente o berço, crescendo livres por aquelas terras geladas, treinando rigorosamente sob o olhar de Ivar, a rivalidade nos treinos, o poder quem ambos alcançaram com seus cosmos e a promessa de juntos servirem no Palácio Real como Guerreiros Deuses... todas essas imagens faziam Erik desacreditar que aquele homem era o mesmo que considerava um irmão.

Mas aquele homem em nada o lembrava do amigo querido, principalmente quando ele lança novamente seu golpe, castigando seu corpo, apesar de desta vez, conseguir se defender com seu próprio cosmo. A hesitação em atacar Rurik poderia lhe custar à vida, fato este que o Espectro percebera e continuava a atacar sem cessar.

“-Se eu não fizer algo, vou morrer!” - Erik eleva seu cosmo, desfazendo os efeitos da técnica de Rurik.

–Finalmente resolveu reagir? Mas não irá adiantar nada! –ele concentra uma enorme quantidade de seu cosmo entre as mãos, pronto a lançar um ataque direto, com efeitos mortais. –MORRA!

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De repente no Salão de Ivar todos notam o estranho cosmo de Rurik e se indagam o que acontece. Siriana permanece serena e em seguida vislumbra maravilhada a urna dourada brilhar e de dentro dela a armadura de Aquário erguer-se. A indumentária sagrada emite um brilho tão radiante que força alguns homens a proteger os olhos com o braço e na velocidade do pensamento voa como um cometa até seu escolhido.

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–MORRA!!

O golpe poderoso, com o qual destruía tudo o que tocava em seu caminho, avança contra o asgardiano que estava certo de não conseguir desviar deste, mas este não alcança seu alvo ao ser interceptado pela armadura dourada, que fica diante de Erik como um escudo impenetrável.

–Maldição!-resmunga Rurik, não acreditando na sua má sorte.

–Você! –Erik fita maravilhado a armadura. –Parece loucura, mas sinto... que quer me ajudar!

Ele estende a mão na direção da armadura e esta se divida em diversas partes que se deslocam até Erik cobrindo seu corpo. O rapaz, que passara toda a vida sendo treinado pelo pai para ser um guerreiro, possuía pleno conhecimento de sua força e de seu cosmo. Não havia dúvidas que talvez herdasse o título de mais forte entre os Guerreiros Deuses, se este fosse seu destino. Mas as estrelas tinham outros planos.

Erik foi tomado por uma força de vontade que não poderia ser medida, seu cosmo e a armadura ressoavam em perfeita harmonia, e ele pode sentir que ela estava realmente viva.

De repente, era como se tivesse sido arrastado para outra dimensão, além de seus sentidos. Ele pode ver o universo ao seu redor, as constelações dançando pelo espaço e a de Aquário brilhando mais forte que as demais. Sentiu um cosmo poderoso, e diante dele a imagem etérea de uma bela mulher, de longos cabelos castanhos. No fundo de seu coração ele sabia quem era, e sentiu seu coração disparar ao ouvir sua voz falar diretamente com sua alma.

–A-Atena? Você é Atena?

–Sim... Erik Ivarson, guerreiro de Asgard. -ela lhe estende a mão.- Aceite meu presente e junte-se a mim nas batalhas que virão. Lute ao meu lado pela Justiça e pelo futuro de toda a humanidade!

–Sim. Meu cosmo está ao seu serviço!

Como se o tempo não tivesse passado, Erik estava novamente de volta ao campo de batalha, diante de Rurik de Dullahan, que parecia pronto para continuar a luta.

–Maldição. Minha missão era impedir que saísse vivo dessa terra caso lhe entregassem sua armadura dourada. Mas falhei miseravelmente. –Rurik começa a rir. -Meu mestre me disse que teve uma visão do futuro. Nela, os cavaleiros dourados de Atena seriam um empecilho aos planos de seu deus. Eu devia te matar e destruir isso que você usa.

–Por quê? Por que está fazendo isso, Rurik? Vendeu sua alma pela imortalidade?

–Não seja idiota!- Rurik passa a mão pelos cabelos. –Eu já estou morto, Erik.

Diante do olhar surpreso do amigo, o espectro continuava a falar.

–Lembra-se do acidente no lago dois anos atrás? –Erik parecia lembrar-se do ocorrido. –Fazia parte do treinamento de Ivar, sobreviver às temperaturas extremas desse lugar miserável! Eu cai no lago congelado e demoraram uma hora para me encontrar, congelado naquelas águas.

–Você parecia morto, mas te reanimamos.

–Eu morri naquele dia, Erik! Senti o toque da morte, vi o inferno que espera a todos nós no Reino dos Mortos. Não há paraíso, nem Valquírias nos servindo no banquete eterno em Valhalla porque eu morri antes de me tornar um verdadeiro guerreiro! Ofereceram-me a chance de ter a vida eterna, se realizasse uma simples tarefa.

Rurik eleva seu cosmo, pronto para atacar novamente.

–E eu aceitei! Não vou voltar para aquele inferno novamente!

–Rurik...

Erik eleva seu cosmo, que se tornou tão dourado quanto sua armadura, lembrando-se de todo o treinamento que recebeu e as técnicas que desenvolveu com seu pai.

–Conheço todos os seus golpes, Erik. Afinal, treinamentos juntos! –ataca novamente com seu golpe. –

Erik ergue a mão e o golpe do espectro é barrado por uma parede de ar frio que se movia ao redor do corpo do loiro, ele fita com pesar seu antigo amigo, quando o frio se intensifica, congelando a umidade do ar ao seu redor. Milhares de adagas de gelo forma-se ao redor de Erik, que lança assim eu ataque.

–Lâminas de Gelo!

As adagas são lançadas pela vontade de Erik contra Rurik, que mesmo conhecendo a técnica não consegue barra-la graças à sua velocidade e cosmo. As lâminas, que se moviam a velocidade da luz, eram praticamente indefensáveis para o espectro, que tem seu corpo perfurado impiedosamente por ela.

Rurik grita ao ser jogado longe pelo impacto e pressão do golpe e cai ao chão permanecendo, com a Súrplice totalmente destruída e permanece ali, inerte. Erik corre gritando por seu nome, ficando ao seu lado e aparando sua cabeça com a mão ao tentar ergue-la um pouco, mas o gemido de dor do rapaz faz com que Erik cesse qualquer movimento, para não causar-lhe mais sofrimento.

–Rurik, aguente firme! Siriana está aqui, ela pode curar seu corpo!

–Erik... Não pode ser tão gentil assim com um inimigo... vão tirar proveito disso um dia. –Rurik sorri, mesmo sentindo o gosto metálico de seu sangue na boca.

–Não vejo um inimigo... apenas um irmão...

–Ainda me chama de irmão... –Rurik se dá conta do quanto foi tolo em suas escolhas. – Perdoe-me, Erik... por ser tão fraco...

–Está tudo bem...

–Cuidado, meu amigo. –pegando em sua mão e manchando a armadura dourada com seu sangue. – Aquele maldito que me tentou... ele é perigoso...

–Diga o nome dele. O farei pagar por isso!

–Sono... ele é o deus do Sono... urgh... –Rurik sente uma dor aguda e suas forças sumirem, fechando seus olhos ao se entregar definitivamente à morte.

Erik permanece algum tempo ao lado de seu falecido amigo, sentindo na boca o gosto amargo de ter ceifado a vida de alguém querido. Foi quando percebeu a presença do pai, Hakoon e Siriana próximos.

–Deus do Sono? Conhece seu nome, Siriana?-Erik pergunta a sábia, sem erguer o rosto.

–Desconheço seu nome, mas Atena, a quem deve se encontrar certamente saberá.

O filho de Ivar ergue o rosto até seus entes queridos e faz um juramento:

–Eu o farei pagar pelo o que fez a Rurik! Juro pelo meu sangue e Cosmos!

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Semanas depois de saírem da Feácea, a embarcação que levava Arcturus, Níniam, Tarek e Alessandros se aproximava de um movimentado porto. Mileto, na Turquia. A corbita havia aguentado bem a viagem, singrando as águas rapidamente graças aos bons ventos que pareciam sempre favorecê-los.

–Algo está errado. –Tarek olhava seus mapas. - Estamos longe de nosso destino. Parece que desviamos e muito da nossa rota e nem percebemos! SOPHIA ERA PARA ESTARMOS INDO PARA A GRÉCIA!

Sophia, a coruja mítica de Atena, voava em círculos acima deles, parecia mais agitada do que antes. Alessandros cobriu o rosto com a mão para proteger-se do Sol e fitou a ave:

–Se o que me falaram dela for verdade, essa ave dos infernos nos trouxe aonde queria.

–Alessandros tem razão. –diz Níniam ficando ao lado dele, observando o movimento dos navios que se aproximavam do porto, nem reparando que Alessandros ficava corado com sua atenção. - E se em Mileto estiver outro companheiro?

–É uma possibilidade. –ponderou Arcturus, controlando o timão da embarcação.

Tarek suspirou resignado e vencido.

–Vamos para Mileto então. –Sophia pousa em seu ombro, satisfeita com a decisão. –Podia avisar de vez em quando o que quer...

Os demais achavam graça do modo que Tarek conversava com a ave, como se a coruja sempre o entendesse. E de certo modo desconfiavam que ela entendesse tudo o que conversavam, pois Sophia não era um animal como os demais de sua espécie. Era um presente, um servo divino.

Logo chegaram ao seu destino e deixaram a embarcação em segurança no porto, antes de irem até a cidade, seguindo Sophia.

Como esperado o porto transbordava vida por todos os lados. Produtos e mercadores de todas as partes do mundo pareciam se reunir ali, vários idiomas e dialetos se misturavam e qualquer pessoa podia facilmente se perder.

Mas quando o grupo caminhava, acabavam atraindo a atenção de todos. Alessandros sabia que era por causa da sua aparência e tamanho, mas tentou não se incomodar com os dedos apontados. Mas Arcturus estava ficando nervoso com a indelicadeza das pessoas diante de alguém diferente, e estava a ponto de dizer algum impropério em defesa do Faéceo, apesar de não sentir que eram amigos.

–Talvez seja melhor permanecer no barco. –disse Alessandros, mas antes que Níniam protestasse completou. –As armaduras estão lá, e elas podem atrair a atenção de ladrões.

–Ele tem razão. –concordou Tarek. –Não se importa de ficar esperando?

–Nem um pouco. –Alessandros se afastou voltando para o barco, sobre os olhares curiosos das pessoas por quem passava.

–Vamos. Senão perderemos Sophia de vista. –disse Arcturus, notando que a ave pousara no toldo que protegia um comerciante de especiarias do sol, parecia confusa. –Ela não parece saber para onde ir.

–E essa agora! Esse lugar é enorme! –Níniam parecia desanimada.

Antes que Tarek dissesse algo, um rapaz esbarrou nele. Ele tinha o rosto coberto por um manto puído e pediu desculpas imediatamente, se afastando. Arcturus o pegou com rispidez pela capa.

–Parado, ladrãozinho!

–Arcturus! O que está fazendo?

–Ele pegou seu ouro, Tarek!

Ao dizer isso, Tarek tateia sua cintura notando que a bolsa de moedas havia desaparecido.

–Ladrão miserável!

O lemuriano enfureceu-se, puxando o capuz do ladrão e ficou surpreso ao ver que se tratava de um conterrâneo ao notar as marcas características de seu povo na testa do rapaz de cabelos castanhos e curtos.

–Hehe! Era sua? –apontando para a bolsa, com deboche em seus expressivos olhos azuis.

–Claro que é minha!

Tarek tentou pegar a bolsa, mas o rapaz abaixa a mão no mesmo instante que uma menina vestindo farrapos passava correndo e pegava. Arcturus imediatamente solta o ladrão, entregando-o a Tarek para correr atrás da menina, mas ao pegá-la ela já não tinha a bolsa de ouro mais.

Níniam notara que a garota havia passado a bolsa para outro menino e correu para pegá-lo, mas eram tantas crianças maltrapilhas cercando a jovem que ficou confusa sobre quem havia pegado o dinheiro.

–Droga! Todo o nosso dinheiro! –Tarek se preparava para desferir contra o rapaz toda a sua frustração quando percebeu que o tempo todo segurava apenas o manto puído do mesmo. Ele havia sumido! –O que?

Um assobio vindo do alto atrai a atenção dos três. Sentado na beirada de um pequeno prédio de três andares, balançando o pé e rindo estava o ladrão, com a bolsa de ouro em sua mão.

–Agradeço a contribuição para o nosso jantar, forasteiros.

Em seguida ele desaparece diante de seus olhos a uma incrível velocidade.

–O que ele fez? Como fez isso? –o romano estava admirado.

–Teletransporte? –Tarek não continha a surpresa. –Ele é um Sagrado?

–Um o que? –Arcturus indagou a Níniam, que estava igualmente admirada.

–Entre meu povo, há aqueles que controlam poderes extraordinários. Podem ler mentes, mover objetos com o pensamento e atravessar o espaço num piscar de olhos, como vimos agora. São chamados de Sagrados, pois acreditamos que seu dom vem dos deuses!-a garota parecia incrédula. - Impossível! São guerreiros que servem aos Reis e são de uma casta superior!

–Este aí é um ladrãozinho!-o romano parecia inconformado de ter sido roubado.

Tarek viu Sophia alçar voo e percebeu a quem deveria procurar.

–Temos que encontra-lo.

–De que jeito? –sua irmã perguntou desanimada.

Arcturus olhou ao redor e caminhou até um beco pegando um garoto pela roupa e erguendo-o até a sua altura.

–Ahh... Coloca-me no chão!!! –o garoto se debatia e gritava sem parar.

–Ele vai nos levar. -disse o romano olhando friamente para o menino que se encolheu de medo. -Conhece aquele lemuriano? O ladrão?

O menino engoliu em seco.

–S-Sim... mas não vou falar mais nada! –cruzando os braços e fazendo um bico.

–Ora, seu...

–Aquele é Zal, o rei dos ladrões de Mileto. –o comerciante da barraca de especiarias responde até aquele momento uma testemunha dos acontecimentos. –Por favor, não atraiam a atenção da guarda da cidade. Eles odeiam as crianças que vivem nas ruas!

–Hassan! Não fala nada pra eles!!! –gritava o garoto.

–Aldair, fique calado!-o homem pediu gentilmente que o romano colocasse o garoto no chão. -Por favor, perdoe Zal. Ele não é um mau rapaz!

–Sinceramente eu acredito que ele não seja mal. - disse Tarek para a surpresa dos presentes. –É ele a quem procuramos!

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Em outro ponto da cidade portuária, Zal chegava a um prédio velho e quase caindo aos pedaços pelo tempo. Entrou por uma fenda numa parede e chegou a um enorme galpão onde várias crianças e adolescentes o esperavam. Foi logo cercado por elas, todas sorridentes e felizes com seu retorno.

–Bran. –Zal olha para um dos adolescentes e entrega a eles a bolsa de ouro.- Pegue algumas moedas e vá comprar comida para essa noite para todos. Leve alguns garotos com você para te ajudar a trazer tudo!

–Sim, senhor Zal! –o garoto correu para fora acompanhado por outros.

–Shaad, vá com Bran e compre o remédio de Ayla! -Zal ordenou indo até um dos cantos do depósito, onde vários tecidos formavam um leito confortável para uma menina de pouco mais de quinze anos.

O garoto obedeceu imediatamente, e correu para alcançar. Zal sentou sorridente a frente da menina, e estende a mão para tirar uma mecha castanho escuro do rosto dela. Ela sorri de volta com o gesto, e mesmo pálida e fraca, senta na cama.

–Não se esforce Ayla.

–Estou bem. –ela responde sorrindo. -As crianças cuidam muito bem de mim.

–Eu sei. –sem graça, ele coça a nuca. –Agora temos dinheiro para um médico. Roubei ouro de uns estrangeiros. Dois deles parece que vieram da terra natal de meus pais.

–Zal, se os guardas te pegarem... –Ayla o fita preocupada.

–Nunca vão me pegar. –ele sorri confiante. -E se pegarem, eu sou mais forte que toda a guarda junta. Um pensamento meu e mando todos pro mar. - e começa a rir.

–Isso não é certo. –ela tosse e uma menina pega água para ela beber. –Meu avô, Hadrin ... queria que voltasse para seu povo. Seu lugar é entre os nobres de seu país.

–Meu lugar é onde meu coração manda ficar. –Zal pega a mão de Ayla com carinho. -Eu prometi que cuidaria de todos vocês, e vou cumprir minha promessa. Vou cuidar de você, Ayla.

–Zal...

Os dois permaneceram um tempo em silêncio, se fitando. Seus rostos começam a se aproximar, mas as risadinhas das crianças faz com que se afastam com os rostos corados.

–Vou... buscar o médico para você Ayla, ele vai te curar. –disse sem graça e depois dita às ordens aos garotos. –Cuidem bem da Ayla e preparem o jantar quando os garotos voltarem.

–Sim!- responderam todos em uma única voz.

–Senhor Zal. –uma garotinha puxava a sua túnica. –E o que vai fazer com a caixa de ouro que apareceu?

Zal olha na direção apontada pela menina, uma urna dourada com um carneiro entalhado nela permanecia escondida pelas sombras, embaixo de panos sujos. Desde que ela apareceu do nada diante do depósito tem se sentido inquieto. Ele havia tocado na urna e a abriu, revelando uma estranha estátua com a forma de um carneiro, feita de ouro. Sentia que estava ficando louco, que a estátua tinha vida, pulsava como se tivesse um coração e parecia querer conversar com ele.

Balançou a cabeça afastando esses pensamentos e diz com um sorriso confiante:

–Vou vendê-la para Mustafá, o homem mais rico de Mileto! Vai dar um bom dinheiro.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Notas: Sim, vou terminar esse fic sim! Desculpem a demora! :D

Corbita: embarcação mercante da Grécia antiga. Eram barcos pequenos, que usavam o vento para impulsionar suas velas e sua velocidade, e sua direção era controlada por um tipo de timão em forma de remo.



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