Era Dourada escrita por GiullieneChan


Capítulo 6
Capítulo 5: O Despertar das Armaduras


Notas iniciais do capítulo

Nota: Os personagens originais foram criados pelos membros do Fórum/site Pandora's Box.



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ERA DOURADA

CAPÍTULO 5:

Betado por Fabi Washu e Ziegfriedaenslaed.

Faécia...

Mal ouvira as palavras do ancião e Arcturus viu o tal campeão avançando sobre ele a uma velocidade impressionante. O romano pegou logo a espada a tempo de se defender com ela do primeiro golpe de Alessandros e ser jogado para trás com a força projetada contra ele.

Arcturus encontrou na parede da arena uma barreira que o impediu dolorosamente de ir mais longe. Tarek mal acredita no que havia presenciado. Uma pessoa normal não poderia ser tão forte assim! Ou poderia?

A multidão delirava e ovacionava o seu campeão, certos da vitória que ele teria contra os estrangeiros. Arcturus erguia-se, o corpo possuía arranhões pelo impacto que recebera ao atingir a parede, e em seu lábio inferior estava um pequeno corte que sangrava.

O romano fitava Alessandros, estreitando o olhar. Notou que iria ter que lutar de verdade, com todas as suas forças, se quisesse sobreviver.

-Tarek...sugiro que se mantenha afastado.-avisou Arcturus.-Não quero correr o risco de ter que te ferir gravemente enquanto mato este "campeão".

Alessandros riu.

-Palavras corajosas para alguém que está para morrer.-disse Alessandros, voltando a investir com força total.-MORRA!

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Nas proximidades da cidade, um grupo de pescadores se ocupava em consertar suas redes para voltarem ao mar na madrugada seguinte. Muitos deles queriam estar na cidade e assistir ao espetáculo na arena, mas o dever e o sentimento de que precisavam alimentar suas famílias falava mais alto.

Súbito, aquele grupo de homens entediados pelo trabalho sente algo incomum no ar. O mar se agita de repente, e eles olham impressionados para o que estava ocorrendo. As águas se abrem, como se uma força poderosa o forçasse a isso e de seu interior um enorme grupo de soldados usando um tipo de armadura estranha sai imponente.

-O que é isso?-um pescador mais covarde se encolhe de medo pelo o que via.

-É uma invasão?

-Não seu tolo.-responde um mais velho apontando para o estandarte que o soldado que ia a frente ostentava orgulhoso.-Olhem!

Ao reconhecerem o símbolo de seu deus protetor, Poseidon, os pescadores imediatamente se prostram ao chão, tocando as areias com suas testas em sinal de obediência e servidão. E o grupo de soldados passa por eles sem se dignarem a olhar em sua direção. Afinal, eram meros pescadores. E sem alterarem o passo, vão à direção da cidade, precisamente para a arena.

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Perto da grande arena, Níniam mantinha-se oculta por uma capa que havia pego na janela de uma casa a caminho dali. Havia percebido que a ilha era intolerante e bem hostil com estrangeiros ao ouvir a exaltação do povo que assistia ao o que seria a execução de dois forasteiros. Agora compreendia o motivo de seu salvador, Alessandros, insistir que permanecesse escondida.

Sendo lemuriana, seria facilmente reconhecida como sendo de fora, graças às marcas de nascença que seu povo ostentava na fronte. Puxou a capa para cobrir a testa e manter o rosto oculto ao passar por um grupo de idosos.

-Mas que droga! A arena estava lotada! Não consegui sequer entrar!-reclamava um deles.

-Diversões são raras por aqui. Também aprecio a um bom espetáculo de luta!-dizia outro com ar saudoso.

-Sabe quem são os infelizes que Alessandros irá esmagar?-perguntou um terceiro, com curiosidade ao ouvir que as pessoas de dentro da arena ovacionavam.-Pobres miseráveis! Quase sinto pena deles por estarem enfrentando o nosso campeão!-e riu acompanhado pelos demais.

Ao ouvir o nome de Alessandros, Níniam não conseguiu se controlar e parou para ouvir melhor. Então seu salvador era o campeão da ilha?

-Não sei...mas deu para ver um deles mesmo de longe.-respondeu outro.-Difícil não reparar nos cabelos vermelhos e aquelas manchas na testa.

Cabelos vermelhos? Manchas na testa? Seria possível? Níniam se aproximou mais movida pela esperança de que seus ouvidos não lhe pregavam alguma peça e fosse seu irmão.

-É...o magrelo. Não vai durar muito com Alessandros.

-Essa não.-Níniam exclamou olhando para a arena apreensiva, chamando a atenção dos homens que conversavam.-Não...Tarek vai ser morto por Alessandros!

-Ei...eu a conheço? Não lembro da senhora por aqui...-o homem toca o ombro de Níniam que se afasta abruptadamente, e tem o capuz puxado revelando seu rosto.-Que?

Sem esperar pela reação deles, Níniam corre para a arena.

-Ei, você! Pare!

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Monte Etna...

-Atena...-A voz de Hefestos faz com que a deusa da sabedoria desviasse o olhar da vista do monte Etna para o deus das forjas.-Algo errado? Parece distante. Ah, vejo que Nike está com você!

Atena sorri, olhando para o báculo em sua mão direita.

-Ela sempre esteve ao meu lado, Hefestos. Agora mais do que nunca!

-Unidas pela eternidade...-murmurou o deus admirando o instrumento divino.-Atena...algo a preocupa?

-Poseidon já está revelando suas intenções, irmão.-respondeu a deusa, em um tom de preocupação.-Ele mal pode esperar que meu pai partisse para agir.

-Hmm...esperava algo assim dele. Mas acredito que ele seria seu menor problema.

-Como assim?

-Ares...eu tomaria cuidado com o deus da guerra. Ele é nosso irmão, mas é um covarde que nunca a perdoou pelas humilhações, das seguidas derrotas que sofreu quando lutou contra você.-Hefestos riu.-Ele não sabe reconhecer a derrota. Aquele idiota!

-Sim, ele ainda é rancoroso.-concordou Atena, sabendo muito bem que os motivos da raiva de Hefestos por Ares eram pessoais procurou desviar do assunto.-Há alguém mais entre nossos irmãos e irmãs que devo ter cautela?

-Dentre todos, tome cuidado com Hades.

-Hades? Por que eu deveria ter cuidado com nosso tio? O Imperador dos Mortos raramente sai de seu reino, sempre convivemos em paz.

-Ouça o que eu tenho a dizer.-pediu Hefestos.-Afrodite e eu sempre desconfiamos do momento em que Hades se recusou a voltar ao Olimpo ao ser chamado por Zeus. E ele quem sempre amou sua esposa, permitiu que ela fosse embora com Demeter!

-Estranho...

-Assim como Poseidon, Hades acredita que a Terra lhe deve pertencer. Agora que seu pai a deixou, os três disputarão a supremacia sobre os homens. Mas ao contrário de Ares que pretende promover guerras sem fim, ou de Poseidon que pretende governar a tudo com mão de ferro...Hades acredita que a humanidade deve conhecer a paz que ele oferece.-diz preocupado.-Na verdade, ele acredita que todo ser vivente deve sentir esta paz.

-A paz oferecida na morte.-murmura Atena e Hefesto concorda.-Isso é insano! Não permitirei isso!

-Ele tem um exército que se prepara para a batalha. Guerreiros tirados de seu descanso eterno e unidos às suas fileiras. Posso afirmar que seus soldados são mais fortes dos que estão ao lado de Ares ou de Poseidon.

-Isso nunca me intimidou.

-Ele é o deus da morte...seus guerreiros não temerão morrer em batalha, pois sabem o que os espera e sabem que seu deus não permitiria que...

-Hefestos. Estarei preparada para Hades também.

Hefestos suspira, nada abalaria a determinação de Atena em proteger a Terra e os homens. Ele conhecia bem aquele olhar. Ela estava preparada para morrer pelos seus ideais.

-Venha comigo.-ele a chamou com um gesto e foi prontamente seguido pela deusa para dentro.-Terminamos.

Atena olha admirada para a beleza das armaduras douradas, e o orgulho estampado nos olhares dos forjadores de Lemúria. Elas brilhavam graças ao reflexo das chamas em suas superfícies, e a deusa sorriu.

-Meu irmão...obrigada.

-Agora cabe a você dar-lhes a vida. Estas armaduras não são como qualquer vestimenta de batalha irmã. Eu as fiz exatamente como as Kameis dos deuses, elas irão possuir vida...farão parte dos cavaleiros escolhidos...como se fossem um.

-Vida? Elas a terão.-Atena olha para o próprio pulso e sem hesitar o corta com um gesto, Hefesto assiste a tudo sem se mover.-Com o meu sangue, eu darei a elas a vida...e seremos unos...as armaduras, meus cavaleiros e eu.

Com outro gesto, Atena joga seu sangue contra as armaduras douradas que começam a brilhar intensamente no mesmo instante. As constelações brilham com mais furor em resposta.

-Agora...vão. Vão ao encontro dos cavaleiros escolhidos por mim e pelas estrelas. Eles precisam de sua proteção.-a deusa ordenou.

Atendendo ao pedido da deusa da Justiça, as armaduras brilham com a intensidade de cem sóis, obrigando os mortais ali presentes protegerem os olhos como podiam, e envolvidas por este brilho atravessam o telhado feito de pedras e rochas da caverna de Hefestos, se dividindo em pleno ar, tomando direções diferenciadas do globo, com exceção de duas que parecem rasgar os céus na mesma direção, lado a lado.

-Começou enfim!.-diz Hefestos e Atena concorda com um aceno de cabeça.-Logo devo partir também, mas antes devo preparar seus armeiros, ensiná-los como construir as armaduras que ainda precisam ser feitas com o material que sobrou, e repará-las quando for necessário. Decerto elas sofrerão com as batalhas que virão.

-Bem como meus cavaleiros.-diz a deusa com certa amargura na voz.

-O que fará agora?

-Voltarei a minha cidade.-respondeu a deusa, caminhando.-Lá erguerei meu templo...meu santuário. Lá eles irão sentir meu cosmo guiando-os e nos reuniremos, e poderei finalmente prepará-los para as batalhas que virão.

-Seus cavaleiros não estão preparados ainda para as batalhas irmã, Poseidon não lhe dará o tempo que precisa.

-Não estou sozinha nisso, meu irmão. Existem aqueles que amam a paz e a justiça na Terra e já atenderam ao meu desejo e vão me ajudar.

-Então, boa sorte minha querida irmãzinha.-deseja o deus do fogo e das forjas antes de voltar sua atenção a armadura que havia começado a dar forma.

Pretendia deixar com os artesões e armeiros da Lemúria a missão de terminar todas as armaduras que faltavam. Incluindo esta...ele segurou a peça, ela seria de material menos resistente, inspirada na constelação da criatura nascida no sangue de Medusa. O pó de estrelas seria misturado ao bronze, seriam...

-Hm?

Foi quando notou que uma gota de sangue de Atena havia tocado o material destinado à armadura de bronze de Pégasus, misturando-se a ele. Certamente quando ela jogou o sangue nas armaduras de ouro, esta pequena gota encontrou outro destino.

-Curioso...-tocou o local e sentiu a vida palpitando na armadura que queria logo ser construída.-Sinto que aqueles que a usarem...serão diferentes dos demais cavaleiros.

Hefestos começou a gargalhar.

-Pensando melhor, eu mesmo terminarei de construir você. Afinal, agora...você e Atena estão mais ligados do que eu jamais possa imaginar. Quem será o afortunado que irá vesti-la?

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Shion desvia o olhar dos manuscritos para Seiya, que estava calado prestando atenção no que era narrado, esperando algum comentário dele pelo o que acaba de falar. Os olhos do rapaz brilhavam como estrelas.

-Continua mestre.-pediu o japonês.

-Não vai dizer nada mesmo?-insistiu.

-Não. Tá emocionante! Quero saber o que houve na arena!

-Bem...certo.-concorda o mestre, admirando o comportamento de Seiya. Parecia que o rapaz estava aprendendo a se portar de maneira mais madura. Certamente era a convivência com ele, que era um dos mais antigos e respeitados cavaleiros da ordem de Atena e...

-SABIA QUE MINHA ARMADURA ERA A MELHOR!-vibrou Seiya não se segurando mais.-A primeira de bronze a ser feita! Um deus a fez!-fazendo uma dancinha irritante de vitória.-Yes!

Todos o olhavam atravessado, exceto Shun que é gentil demais para isso, este preferiu sofrer calado com a vergonha alheia sentida pelo comportamento do amigo.

O som retumbante de um soco desferido por Ikki joga o empolgado cavaleiro de Pégasus contra uma parede, e ele desliza pela superfície lisa de mármore até o chão permanecendo imóvel, exceto por algum movimento involuntário de algum músculo dolorido.

-Continue.-pediu Ikki sério.

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Faécia...

A luta entre Arcturus e Alessandros estava equilibrada, os golpes trocados, as defesas espetaculares e precisas, a determinação do romano e do faécio em vencer a qualquer custo levava a multidão presente à loucura.

Tarek assistia a tudo com total admiração, jamais havia presenciado uma luta daquelas, e para seu espanto, notava que a força e a velocidade de ambos parecia aumentar a cada golpe desferido e defendido.

Em um dado momento, as espadas usadas pelos guerreiros se encontraram, o choque fez com que faíscas voassem no ar. Ambos mediam as forças naquele instante, os olhares fixos um no outro, analisando o melhor momento...em que o adversário abaixaria a guarda e permitisse ao outro o golpe final e mortal.

-O que está havendo?-alguém perguntou em meio à multidão ao perceber algo incrível.

Uma aura dourada aos poucos se formava, envolvendo os corpos de ambos os guerreiros, despertada pela adrenalina da feroz luta. Algo que ninguém antes havia visto em suas vidas.

Algo que Tarek havia presenciado antes, mesmo por um fulgaz momento na praia, quando Arcturus enfrentava os soldados. Agora a aura estava mais forte...mais esplendorosa.

-O que é isso?-se perguntava o lemuriano.

-Outra vez...-dizia Alessandro entre os dentes, fazendo Arcturus o fitar curioso.-Outra vez meu corpo queima! E com isso minha força cresce! Você me proporcionou uma bela luta, mas sua hora chegará romano!

-Como assim outra vez?-perguntou Arcturus.-Você sente seu corpo mais forte...mais veloz...quente...como se algo quisesse explodir de dentro de você?

-Como você sabe disso?

-Eu sinto o mesmo!

Foi quando notaram a aura dourada que os envolviam e relaxaram, baixando as armas e se afastando. Em nenhum momento, no entanto, baixaram a guarda.

-Sempre que está no furor de uma luta?-indaga Alessandros.

-Desde menino. Às vezes, sem que eu espere, eu sinto esta força. Eu a ignorava, temendo estar louco.

-Eu a tento compreender. Descobri que se eu me concentrar bem, ela se manifesta. Mas nunca disse isso a ninguém.

-Você sente que pode rachar os céus.

-E destruir rochas com os punhos.

-Sim.

Os faécios olhavam estupefatos o que acontecia. O que os dois guerreiros faziam? Paravam de lutar para conversar. Logo gritavam e vaiavam pedindo por mais luta e sangue.

-TAREK! ARCTURUS!-a voz feminina de Níniam atrai a atenção dos rapazes. Ela abre caminho em meio a multidão, empurrando as pessoas, sendo perseguida por outros homens.

-NÍNIAM!-falaram os três ao mesmo tempo e em seguida Arcturus e Alessandros se entreolharam desconfiados.

A lemuriana salta para dentro da arena, caindo de qualquer jeito e correndo na direção do irmão, abraçando-o. Tarek ainda não acreditava que ela estivesse viva, apenas agradeceu a deusa em pensamento e a abraçou forte.

-Achei que estivesse morta!

-Achei que jamais o veria novamente! Quase morri mesmo! Mas fui salva por Alessandros!

-Por...ele?-olhou para o faécio e notou o olhar furioso dele.

-Ele cuidou de mim, Tarek. Foi muito gentil!

-Imagino muitas coisas menos...gentileza vindo dele.-ainda intimidado pelo olhar de Alessandros.

-Alessandros!-a voz do ancião se sobrepôs ao da multidão, que se calou com um gesto dele.-O que esta havendo? Faça o que deve ser feito. Mate os estrangeiros! Até mesmo esta mulher!

Alessandros olhou para os dois lemurianos e em seguida para Arcturus, que parecia preparado para voltar a lutar, e olhou ao redor, para a multidão que esperava que seu campeão cumprisse o que determinava a lei.

-Não.-respondeu por fim.

-O que disse?-o ancião parecia não acreditar no que ouvia.

-Não irei ferir a menina.-respondeu com calma, jogando a espada ao chão.

A multidão começou a vaiar enfurecida pela atitude dele.

-Acho que ganhou um protetor minha irmã.-comentou Tarek.-Pena que poderemos morrer todos agora juntos.

-Conhece nossas leis! As leis ditadas pelo nosso deus Poseidon!-esbraveja o idoso.

-Ele nunca foi meu deus.-replica Alessandros, e a multidão fica horrorizada.

-Como ousa?

-Um deus que ordena o assassinato de náufragos, que nos mantêm nesta ilha pelo medo e por leis desumanas. Que ordena a morte de recém nascidos se não são considerados perfeitos...um deus deste jamais terá meu respeito ou devoção!-o faécio cruza os braços.

-Esta heresia terá punição!

-Acredito que seu gesto foi honrado...mas o local e a circunstância no entanto, não nos favorece.-diz Arcturus.

-Em outras palavras...-dizia Tarek seriamente preocupado com a situação.-NÃO PROVOQUE UMA MULTIDÃO IRADA!

-O que estes covardes podem fazer? Apenas nos matar.-replica Alessandros inalterado.

-Apenas?-Tarek se desespera. -Apenas? Vamos morrer!

-Há coisas piores que a morte.-responde novamente o faécio.-Encare-a com a dignidade de um guerreiro, ruivo!

-Acontece que eu não sou um guerreiro! Sou um ferreiro! Não preciso encarar a morte com dignidade!

-Hunf!-olha Tarek com desprezo.

-Parem de discutir!-ordena Níniam irritada.

O ancião faz um gesto, pedindo que arqueiros se posicionassem. Os quatro prováveis alvos ficaram próximos esperando o que poderia acontecer.

-Quero que fique atrás de mim...

-Eu a protejo, Níniam.

Arcturus e Alessandros haviam dito ao mesmo tempo a intenção de proteger a garota e em seguida voltaram a se fitar com hostilidade.

-Senhor...senhor...-um mensageiro se aproxima do ancião e sussurra em seu ouvido as novidades. O velho sorri e faz um gesto para que os arqueiros recuem.

-Que os estrangeiros e o traidor sejam punidos pelos soldados escolhidos de nosso deus Poseidon, e em seu nome.

Com um gesto, os portões se abrem e a arena é tomada pelo grupo de soldados que haviam saído das profundezas do mar. Um deles se adianta, anunciando suas intenções.

-Meu lorde Poseidon...Supremo Imperador dos Mares e Oceanos ordena que os guerreiros de Faécia sigam conosco ao seu reino para se unirem aos exércitos de nosso Imperador! Que seu campeão também se apresente ao nosso Imperador e jure lealdade a sua Majestade!

-Não.-volta a responder.

-Como ousa contrariar uma ordem direta do Imperador Poseidon?-o soldado fica furioso.- Recusa a honra de servi-lo em seu poderoso exército? Se tornar um de seus Generais! Tal ato deve ser punido com a morte!

-Alessandros...-Tarek com uma gota enorme rolando por sua fronte.-NÃO IRRITE UM EXÉRCITO IRADO!

-Meu senhor!-diz o ancião.-São estrangeiros e um traidor herege. Peço que cumpra a lei de Poseidon e mate-os em nome de nosso deus!

-Assim será feito!-diz o soldado.-Prepare-se para morrer seu monstro!

-Não o chame assim!-Níniam fica furiosa, apontando para os soldados.-Os únicos monstros que vejo são vocês! Retire o que disse!

-Níniam...-Tarek tenta contê-la em vão.

Arcturus fica ao lado de Alessandros, pronto para lutar contra um exército de soldados devotados e cegos por seu mestre.

-Um belo dia para uma luta!-comenta Arcturus ao outro.

-Um bom dia para morrer!-sorri Alessandros.

-Concordo.-replica Arcturus com um sorriso parecido.

-Atena...-murmura Tarek.

-MATEM A TODOS!-ordena o soldado e os demais o obedecem e investem como uma massa sedenta de sangue contra os quatro.

Mas...dois brilhos intensos e dourados cortam os céus parando abruptamente sobre a arena. E na velocidade do pensamento se colocam entre os soldados de Poseidon e o grupo de Tarek.

O lemuriano arregala os olhos diante da cena. Com o brilho de estrelas em supernova, duas belas indumentárias feitas de ouro aparecem. Seus formatos lembravam duas criaturas, e a súbita aparição fez os soldados recuarem.

-O que é isso?-o líder se perguntava confuso.

-O que...?-Arcturus fitava uma das aparições.

-Parece...me chamar...-Alessandros murmura olhando para uma delas que tinha o formato de um peixe.

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Alguns quilômetros apenas da cidade de Atenas.

A deusa da Justiça ergue o olhar na direção do céu e sorri.

-Capricórnio e Peixes...brilhando nos céus em plena luz do dia...

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China...

Akuma cavalgava levando sua montaria a completa exaustão. Queria chegar logo no porto e partir na direção do ocidente, para Grécia. A viagem que normalmente duraria meses seria feita em poucos dias, graças ao poder de Ares, que garantiu que as águas e os ventos soprariam e se moveriam de acordo com a sua vontade.

O general do deus da guerra queria apenas cumprir sua missão. Manchar novamente suas mãos com sangue inocente...mas seria o sangue de uma deusa agora a saciar a sede de sua espada. Recusou novamente a ajuda dos soldados, preferiu a solidão desse missão. Não porque não confiasse na capacidade dos demais Berserkers de seu senhor, mas porque temia que eles descobrissem seu segredo que escondia há anos!

Então, o que parecia ser uma estrela cadente cai diante de Akuma. A explosão dourada faz com que a montaria assustada o derrube ao chão e saia em disparada.

Empunhando a espada, Akuma se coloca em pé quase imediatamente e com cautela se aproxima do local onde a "estrela" havia caído. Para admirado diante do que parecia ser uma estátua dourada, com a forma de um centauro.

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Índia...

Méhi para no alto de um morro, observando os céus. Após tantos meses, desde que havia saído de sua terra natal, o Egito, sentia que algo havia acontecido. Sentia isso. Atrás dele seu criado Den tentava aproveitar os raros momentos em que o mestre parava para descansar, desde que partira seguindo uma orientação divina.

-Mestre? Vamos parar e comer algo?-pediu o menino esperançoso.-Aqui parece seguro, mestre...sem tigres.-estremeceu pensando nas feras que dominavam a região.

-Agora não, Den...-o garoto suspirou desanimado.-Você come e descansa...eu já volto.

E antes que o menino dissesse algo, ele adentra na mata fechada, sendo guiado por uma força estranha. Desde a sua visão no Egito, Méhi seguiu as palavras da deusa que se manifestou diante dele.

Vir a esta terra estranha a ele, tornar-se um instrumento que levará a paz e a justiça a Terra. Encontrar um homem, chamado de “O Iluminado” que o guiaria no caminho certo. Bem, estava ali...depois de meses em viagem. E não encontrou o tal Iluminado ainda.

Após uma longa caminhada, para diante do que seria um templo oculto pela vegetação, esculpido na rocha de uma montanha.

A fachada do tempo era ornada com as figuras que lembravam os deuses cultuados naquela terra estranha a ele. Subiu as escadarias e olhava as figuras esculpidas na parede, que pareciam narrar alguma história que ele desconhecia o significado.

Uma fonte natural brotava da parede rochosa, e Méhi se aproximou para matar a sede, quando percebeu que não estava sozinho. Um odor que lembrava o de um animal apodrecido chegou às suas narinas.

-Você é o escolhido?

Méhi virou-se imediatamente para procurar a voz trêmula que o inquiria e se deparou com a figura de um homem de aparência assustadora. Ele era muito magro, como se a fome o assolasse há tempos, cabelos e barba longas, de fios negros e desgrenhados, sujeiras de animais e restos de frutos grudavam neles.

Ele estava sujo e exalava um cheiro forte que fez o estômago de Méhi revirar. O homem estava quase nu, um sujo tecido cobria-a parcialmente, fazendo-o parecer mais horrível aos olhos do sacerdote egípcio. Certamente não era nem de longe o ser “Iluminado” que a deusa se referiu.

-Você é o escolhido?-o ser voltou a perguntar.

-O que disse?-indagou Méhi, tentando com a ajuda de um tecido perfumado encostado as suas narinas afastar o cheiro forte e pútrido do homem.-Acho que não. Poderia sair daqui. Você cheira pior que um macaco molhado...sem ofensas.

-O escolhido...o escolhido...Aquele que irá usar a armadura feita de ouro, criada pelos deuses...o escolhido.-insistiu o homem.-Eu o aguardo. O novo Iluminado...

-Armadura feita de ouro? Novo Iluminado?

-Sim.-o homem sorriu, exibindo os dentes pobres.-Tem algo para comer?

Méhi por instinto toca a bolsa que carregava seu último pedaço de pão.

-Não. Não tenho nada a oferecer a você. Estou procurando o Iluminado, não sou ele. O conhece?

-Não pode ser ele...- homem o fitou curioso e riu.-Ou pode?

-Oi, você o conhece?

-Sim.

-Verdade? E como ele é?-Méhi fechou os olhos sorrindo.-Imagino que seja um guerreiro de valor!

O mendigo começa a gargalhar, fazendo Méhi se irritar com ele.

-Deve ser um louco.-murmura com asco.

Foi quando dos céus um projétil dourado caiu diante deles, após um ofuscante brilho dourado quase os ter cegado, o objeto revelou-se.

-A armadura de ouro.-dizia o mendigo, gargalhando feliz e dançando.

-Então...a aparição disse a verdade...-murmurou Méhi, se aproximando da armadura, que parecia ter a forma de uma mulher que orava com as mãos juntas, ajoelhada.-É magnífica!

-Não pode tocar nela ainda!-advertiu o mendigo, ficando entre ele e a armadura.

-O que disse? Eu não vim de tão longe para que um ser fétido como você me atrapalhe!

-Tem que mostrar do que é feito Méhi de Meneffer.

-Como sabe quem sou?-espantado, recuando um passo como se esperasse algum tipo de ataque.

O mendigo apenas ri e joga algo no rosto de Méhi. Um tipo de pó que atinge diretamente seus olhos. O egípcio grita de dor, tocando os olhos que ardiam como se estivessem em chamas, em desespero sente que a fonte está próxima e joga água abundantemente em seu rosto, tentando aliviar a dor e limpa-los.

-O QUE FEZ COMIGO, SEU LOUCO?

O mendigo nada responde, permanecendo sério. Méhi tenta abrir os olhos, após algumas tentativas frustradas pela dor, consegue...apenas para constatar o inevitável.

-Piedosa Isis...ajude-me...ESTOU CEGO!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Nota: os primeiros cavaleiros receberam o chamado. As armaduras cruzam os continentes até seus escolhidos. O que Ares planeja? Quem é o mendigo que atacou Méhi desta maneira? E o que ele fará agora que está cego e indefeso?



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