Be mine?

James Potter POV

Nunca antes tinha ficado tão nervoso antes de encontrar uma garota, mas ela não era qualquer garota ela era apenas aquela que dominava meus pensamentos desde o momento em que pusera os olhos nela.

No começo foi complicado para mim mesmo entender o que eu sentia, Sara era 4 anos mais nova, se tornou a melhor amiga de minha irmã e acima disso tudo nunca dava brechas para qualquer aproximação.

Lembro como se fosse hoje daquela garota caindo na estação, lembro de como ficou envergonhada ao perceber que estava no meio da nossa família. Porém assim que chegamos em Hogwarts percebi sua vontade em crescer, ela descobria as passagens secretas que mesmo eu tendo o mapa do maroto quase não encontrava. Ela tinha e ainda tem um jeito estranho de encarar tudo a sua volta, era como se ela desafiasse a todos com o seu olhar firme e a sua postura rígida de quem sempre demonstrava estar pronta para toda e qualquer situação.

Ela me desafiou desde o primeiro momento, se mostrou melhor e mais esperta, se livrou de detenções e cativou a toda escola. Ela tinha seu próprio jeito de ser, e diferente das outras garotas parecia não se importar em se adequar. Ela queria que o mundo se adequasse a ela. Se assim o fosse ótimo, se não estava tudo bem também.

Não sei ao certo o que a aproximou da Lílian, talvez elas tenham se tornado amigas a partir o momento em que a Sara literalmente caiu em nossas vidas ou talvez tenha sido depois. Só sei que em Hogwarts todos sabiam que onde você encontrasse Lílian Luna você encontraria Hugo Weasley a sua direita e um pouco mais atrás, mas sempre presente estaria a garota meio carrancuda e sempre pronta para dar broncas. Ela não exigia de minha irmã mais atenção do que a mesma parecia disposta a dar e elas se entendiam do jeito delas.

Conforme os anos iam passando sua presença se tornou sufocante, em meu último ano lá estava eu com 17 anos observando cada passo daquela menina de 13. E então ela finalmente cresceu, no dia em que completou 16 anos mandei o primeiro de muitos girassóis, ela me devolveu a flor que seria a primeira de muitas que seriam devolvidas.

Então um dia a flor não voltou e eu comemorei aquela pequena e significativa vitória, agora ela estava ali descendo as escadas da minha casa com a mesma expressão séria e decidida que me encantou 7 anos atrás.

Tudo nela brilhava, apesar da simplicidade e naturalidade das roupas que usava para nosso primeiro encontro acho que nunca a achei tão linda. Como ela podia parecer tão perfeita usando apenas calça e jaqueta jeans, camiseta básica e um par de tênis?

-Vamos? -Me perguntou ela ao chegar no final da escada, parecia tão nervosa quanto eu, olhou de relance para minha mãe que nos encarava seriamente e eu decidi que quanto mais cedo estivéssemos sozinhos melhor seria.

-Vamos. - Confirmei estendendo a mão, por alguns breves segundo achei que ela ignoraria completamente o gesto mas então seus dedos longos e magros se entrelaçaram aos meus.

-Vocês voltam para o jantar,não é? - Perguntou minha mãe parecendo agoniada.

-Estaremos aqui na hora do jantar dona Gina, não se preocupe. - Respondi indo dar um beijo em sua testa.

-Deixe os garotos se divertirem amor. - Interferiu meu pai sorrindo.

Quando estávamos quase chegando na porta dos fundos, já que usaríamos o quintal para aparatar até o estádio ouvi a voz de meu querido e inconveniente irmão mais novo.

-NÃO SE ESQUEÇAM DE USAR PROTEÇÃO!SOU MUITO NOVO PRA SER CHAMADO DE TIO!

Balancei a cabeça de modo involuntário e percebi que Sara corava violentamente.

-Desculpe por isso, e pela marcação de minha mãe. - Pedi tentando desfazer o clima tenso.

-Tudo bem, você mais do que ninguém sabe que Alvo adora se divertir as nossas custas, quanto a sua mãe ela só está querendo te proteger. - Me respondeu ela se encolhendo ao sentir o vento gelado.

-Logo passa, uma hora ou outra vão ter que se acostumar a me ver com você. -Segurei sua mão e a guiei para chegarmos até o estádio.

A área de desaparartação estava lotada, e me vi muito enganado se pensei que saindo dali as coisas ficariam mais calmas, a única coisa que pude fazer foi segurar ainda mais firme a mão da garota ao meu lado e tentar chegar sã e salvo até nossas cadeiras.

Lily tinha comprado pra nós um ótimo lugar, assim que me sentei e olhei para o campo senti uma sensação de vazio, claro que eu estava adorando estar com Sara, mas aquele era para ser um momento alegre com minha irmã.

-Lily ia amar ver isso aqui. - Murmurou Sara impressionada com a quantidade de gente, era verdade minha pequena iria adorar aquilo, os telões gigantescos, os acrobatas voando antes do jogo, o animador que mantinha o pessoal empolgado nas arquibancadas.

Em uma tela central estava a quantidade de galeões arrecadados, tudo aquilo seria doado para orfanatos e hospitais.

E então, o jogo começou, era tudo aquilo que a propaganda prometia, apenas os 14 melhores da liga voando, o jogo era espetacular, resolvi torcer para o time em que estava meu goleiro favorito.

Logo estava pulando como um louco, gritando e vibrando a cada lance, Sara do meu lado não ficou atrás juro que a ouvi até mesmo brigando com o juiz.

-E então? Curtindo o encontro? - Perguntei só para vê-la irritada. Ela ficava linda brava. Ela ficava linda de qualquer jeito.

-Para! Só vim aqui porque a Lily me pediu. - Me respondeu sorrindo e apoiando o queixo na mão de um modo adorável.

-Mesmo assim é ótimo estar com você. -Declarei com sinceridade.

 Aquele não era um jogo normal assim tivemos um intervalo, as bolas foram ao chão e Sara apertou minha mão com força no momento em que os balaços se tornaram mais visíveis.

-Você está bem? Quer ir pra casa? - Perguntei percebendo sua tensão, ela fez que não e fechando os olhos confessou.

-Eu sonho com aquele balaço James, todas as noites eu revivo o acidente, nem mesmo a poção para não sonhar parece fazer efeito. - Sem pensar muito passei meu braço por suas costas e a aninhei em meu peito, ela parecia tão pequena e frágil ali, era diferente do que eu estava acostumado pois ela sempre escondia suas fraquezas.

-ATENÇÃO PESSOAL! O JOGO SÓ SERÁ TERMINADO QUANDO ATINGIRMOS NOSSA META DE DOAÇÕES! -Gritava o animador fazendo a plateia gritar, os telões começaram a exibir um vídeo onde mostrava as instituições que receberiam ajuda, um silêncio estranho tomou conta do estádio. Como nós bruxos poderíamos deixar coisas assim continuarem a acontecer?

Antes que me deprimisse com a situação tive de impedir a Sara de comprar todo o carrinho de chocolates que circulava em meio a multidão. Eu lhe lembrava de que ainda teríamos janta esta noite e ela dizia que eu não lhe deixava fazer caridade, já que toda arrecadação dos doces também seria revertida para doações. No fim o intervalo tinha passado sem que eu nem percebesse e eu tinha ao meu lado uma garota com meia barra de chocolate na boca e segurando firmemente a minha mão, mesmo após quase ter arrancado a mesma tentando me impedir de pagar pelo seu doce.

-E AGORA, APOIANDO NOSSA CAUSA, O CANTOR BRUXO DO MOMENTO! -Revirei os olhos sabendo o que viria por aí, Sara por outro lado começou a se animar, pelo menos ela não acompanhou os gritinhos histéricos das outras garotas. - GAROTAS VOCÊS QUEREM QUE ELE CANTE? -Agitou ainda mais o homem no centro do campo, achei que fosse ficar surdo com toda aquela gritaria, a garota ao meu lado gargalhou ao me ver tampar os ouvidos.

Quando finalmente o garoto apareceu no campo em meio a uma fumaça negra os gritos aumentaram ainda mais, até que finalmente ele começou a cantar e as loucas resolveram parar pra ouvir.

Garota me deixe ser seu sapo o que quiser eu faço

Garota venha até mim eu posso te mostrar

Que comigo o sonho do príncipe vai se realizar.

E o refrão mais cantado do mundo bruxo era agora entoado por um monte de garotas, controlando a vontade de sair correndo dali desviei o olhar para Sara, graças a Merlin ela não era uma das super animadinhas.

-Já está acabando! -Falou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar.

-Espero que sim...-Respondi, parecia que eu tinha vindo a uma convenção das bruxinhas pink ao invés de um jogo de quadribol.

Ela me olhou com intensidade e então perguntou.

-Quer sair daqui?

-Pra onde iríamos? - Perguntei chocado.

-Qualquer lugar. - Me respondeu já se levantando e me puxando pela mão, chegamos a sala de aparartação e ela me pediu.

-Confia em mim?

-Sempre. -Respondi segurando em sua mão e deixando ela me guiar.

Assim que desaparartamos senti muito frio, percebi que estávamos em Londres, porém não reconheci com exatidão o lugar.

-Vem logo. - Chamou ela indo na direção da rua mais movimentada.

-Pra onde?

-Só vem logo James, estou com frio. -Me respondeu saindo na frente, até que ela parou em frente a uma pequena vitrine escura cheia de livros antigos, tirou a varinha do bolso e apontou para o cadeado.

-Vai arrombar a loja? - Perguntei em desespero percebendo sua intenção, eu sabia que ela era estranha, mas daí a arrombar uma loja?

-Essa loja é minha James. - Ergui uma sobrancelha e ela vendo minha expressão incrédula complementou. - Bom tecnicamente ela ainda não é minha, mas assim que fizer 18 anos será legalmente minha.

-Mas você a comprou, ou...? - Estava tentando entender todo aquele mistério, ela então abriu a porta que era em um estilo antigo, e puxando minha mãe me arrastou para o interior da loja, por alguns segundos ficamos em um completo breu, até que Sara usando a varinha acendeu várias velas que se espalhavam pelo ambiente.

Logo me vi cercado de livros muito antigos, muitas prateleiras forravam as paredes, e objetos antigos estavam amontoados nos balcões.

-O que é esse lugar? - Perguntei tentando ler os títulos dos livros mais próximos, algo que logo percebi seria impossível já que eu não reconhecia em que língua estavam escritos.

-Esse lugar é meu santuário particular, ganhei quando fiz 15 anos, o antigo dono faleceu sem deixar herdeiros e como sempre frequentei a loja desde pequena, ele deixou tudo pra mim. - Por um minuto encarei seu rosto esperando que ela começasse a rir, como eu poderia acreditar naquela estranha história?

-Isso é sério? - Fiz questão de pedir.

-Claro que sim James, agora vem comigo, tem uma salinha com uma lareira ali atrás! - Chamou ela me estendendo a mão, aquilo de segurar as mãos estava se tornando tão normal entre nós que parecia que éramos namorados de longa data.

Ainda com a varinha em riste Sara fazia o local se iluminar, caminhamos por alguns segundos até que me deparei com uma porta de madeira pesada que era ornamenta com estranhos símbolos, que sem cerimônia alguma a morena abriu revelando uma pequena porém quente e aconchegante sala de estar.

Logo estávamos os dois sentados no felpudo tapete em frente á lareira, apenas o crepitar do fogo rompia com o silencio, eu não sabia bem o que falar, já tinha tentado tantas vezes falar com ela e nunca conseguia acertar. Sara Hale sabia ser uma garota difícil quando queria e isso só fazia com que eu me apaixonasse ainda mais, mesmo ouvindo o não de sua boca via em seus olhos que sentia algo por mim. E isso era mais do que o suficiente para que eu continuasse tentando. Tinha a sensação de que sempre continuaria.

 Nossas mãos continuavam unidas e eu me segurava para não puxá-la pra mais perto de mim. Ela inconscientemente desenhava círculos em minhas mãos e seu olhar passeava de mim para a lareira e visse e versa. Em certo momento seu olhar encontrou o meu e ela segurou o mesmo firme. Nunca vi um olhar como o dela. Algumas pessoas expressam todos os seus sentimentos e pensamentos com apenas um olhar, não era o caso dela.

Eram raras as vezes em que eu conseguia captar algo em seu olhar e nessas poucas situações tinha a sensação de que era apenas porque a mesma permitia que eu o fizesse.

Ela era intrigante. Eu a conhecia há sete anos e parecia ao mesmo tempo não saber nada sobre ela. Eu sempre fui um garoto curioso e quando cresci de certa forma esta minha característica foi se tornando mais leve. Não sentia mais a necessidade de saber de tudo sobre tudo. Mas havia uma exceção. Ela. Porque sempre era ela. Sara Hale me instigava. Eu queria saber tudo sobre a mesma e sentia que ainda assim talvez tudo não fosse o suficiente. Porque Sara era um mistério. Que eu estava mais do que disposto a desvendar.  

-James Sirius Potter. - Falou Sara inesperadamente com um sorriso brincalhão.

-O que tem de mais no meu nome? -Perguntei achando graça.

- Nada na verdade, estava apenas pensando em como falar o que eu tenho pra te falar, nunca sei bem como quebrar silêncios estranhos e prolongados. -Me respondeu ela dando ombros.

-O que tem pra me falar? - Pedi tentando ler qualquer coisa nos olhos amarelados, ela não me respondeu de imediato, algumas muitas batidas de coração depois a morena me respondeu.

-Nunca falei desse lugar pra ninguém, eu amo isso aqui, o cheiro, as cores, o modo como os livros estão empilhados, sempre foi o meu segredo.

-É a sua cara ter um lugar como esse, sempre foi maluca por livros misteriosos. - Comentei sorrindo.

-É eu sei, ainda nem acredito que todas essas relíquias são minhas. De qualquer modo eu queria que você visse isso aqui e percebesse que eu não sou normal.

-Eu sempre soube que você não era normal. -Brinquei ganhando um tapa leve dela.

-Estou falando sério aqui James, desde o baile no dia das bruxas que eu estou te devendo uma resposta, você me pediu em namoro naquela noite e eu fugi como uma maluca. Só que preciso que você saiba que de certo modo eu nunca serei completamente normal, não me responsabilizo por minha reações exageradas ou...-Conforme ia falando Sara ia ficando mais e mais vermelha, mesmo não querendo criar expectativas com aquela conversa não consegui conter meu impulso.

Selei seus lábios, apenas um delicado selinho que a fez parar de falar finalmente, seus olhos estavam arregalados com meu gesto inesperado, assim que percebi que ia recomeçar a falar coloquei meu dedo sobre seus lábios.

-Eu sei quem você é Sara, te conheço há sete anos, adoro o fato de não ser capaz de prever suas reações, amo o modo como é única, original. Você não precisa imitar ninguém Sara e eu amo você. Amo você exatamente do modo como é. Mesmo que talvez você ache que eu não saiba tudo sobre você, e talvez eu não saiba mesmo. Mas o que eu sei já me basta para poder afirmar com segurança. Eu te amo, e você não pode mudar isso.

-James...-Ela começou a falar e eu já sabia o que viria a seguir, ela iria mais uma vez dar um jeito de escapar, era sempre o que acontecia. -Eu quero namorar com você. - Completou sorrindo. Aposto como eu também estava sorrindo estupidamente, eu quase não pude acreditar que finalmente ela havia aceitado.

A respiração da garota a minha frente ou melhor a respiração da minha garota estava acelerada, seu rosto era tão lindo e eu quis guardar pra sempre aquele momento, quis guardar o brilho de seus olhos e o sorrido em seus lábios. Nunca vou esquecer do exato momento em que minha mão encontrou seu rosto e ela fechou os olhos, esquadrinhei toda a sua face, descobri cada parte daquele rosto antes de finalmente beijá-la.

POV Sara

Eu era uma fraca quando se tratava dele, Lílian tinha me convencido no fim das contas e agora eu era oficialmente a namorada de James, só faltava contar pra ele que eu iria embora em Agosto.

Eu era uma mentirosa, menti para minha melhor amiga milhares de vezes, menti para o cara acabou de dizer que me ama tantas vezes que nem posso contar. Honestamente era difícil me lembrar de me julgar por isso enquanto James mexia no meu cabelo, na verdade só o fato de eu estar apoiada em seu peito já era suficiente pra me fazer esquecer qualquer coisa.

Nunca antes James Potter parecera tão satisfeito consigo mesmo, quase não acreditava que eu era a responsável por tamanha felicidade mas ali estava a prova, ele realmente me amava.

Levantei meu rosto para encará-lo, seu sorriso ainda estava maravilhoso e os olhos azuis brilhavam mais do que nunca, após alguns segundos em que me perdi no contorno perfeito de seus lábios fui mais uma vez puxada para um beijo. Há tanto tempo esperávamos por aqueles beijos, havia tanto desejo, amor e paixão reprimidos entre nós que eu não conseguia achar segura a ideia de estar sozinha com ele ali.

Eu estava completamente perdida, e me perdia ainda mais ao sentir suas mãos passeando por minhas costas, acariciando minha cintura e por vezes descendo ousadamente até meus quadris. Nunca antes James havia me beijado daquele modo, eu sentia o desejo em cada gesto dele e isso ficou ainda mais evidente no modo quase violento com que me puxou pra cima dele.

Meu coração batia tão forte que corria o sério risco de ter uma costela partida, e aquelas sensações estranhas como milhões de borboletas no estômago estavam começando a me dominar. Quando senti os lábios de James em meu pescoço foi que me lembrei que aquilo não era lá muito decente, oh Merlin mais alguns segundos daquilo e eu estaria gemendo...Certo Sara não pensa nisso, droga quando foi que manter o controle sobre meu próprio corpo se tornou tão difícil?

Mas algo eu posso afirmar com certeza, se antes tinha entrado nessa sala buscando me refugiar do frio esta era uma lembrança muito, muito remota. Porque agora eu estava com calor e digamos que a razão não eram as chamas que crepitavam na lareira. É talvez eu devesse chamar James para me aquecer nas noites frias porque ele tinha muito mais eficiência que um cobertor e...Oh, meu Merlin o que estou pensando? Certo melhor parar por aqui.

-James. -Chamei tentando chamar a atenção do moreno, percebi que seria inútil tentar falar algo. Primeiro porque nem eu mesma ouvia a minha voz, segundo porque James estava distraído e me distraindo distribuindo beijos pelo meu pescoço enquanto suas mãos passeavam pela barra da minha blusa roçando de leve com a minha pele. Assim do modo menos brusco que encontrei coloquei minhas mão no peito de James e o empurrei. Antes que eu mesma perdesse a coragem me afastei de Jay e pelo calor em meu rosto eu sabia que devia estar muito, muito vermelha.

-Me desculpe por isso eu...-Ele começou a se explicar me deixando ainda mais vermelha e mesmo assim não pude deixar de notar em como ele ficava ainda mais atraente com os cabelos bagunçados daquele modo. Aposto como eu tinha arranhando a nuca dele, pelo menos eu podia colocar a culpa no Berlioz. -Sara? Você está brava comigo? Eu não sei o que me deu e...

-JÁ CHEGA JAMES! - Falei começando a achar graça naquela situação. - Acho que nós dois nos animamos um pouquinho de mais. Além disso aposto como sua mãe deve estar louca nos esperando para o jantar. - Falei me lembrando da minha querida, e agora oficialmente, sogra.

-Você tem razão, me desculpa eu...é melhor irmos pra casa. - James parecia completamente desnorteado, e eu achei graça naquilo caminhei até ele e sem pedir permissão o beijei de leve.

-Para de me pedir desculpa. -Falei com um sorriso em resposta ele passou o braço sobre meus ombros e juntos encaramos o frio da rua londrina antes de finalmente aparatarmos para o quintal do Potter.

-Então finalmente poderei te apresentar como minha namorada para toda a família? -Me perguntou um pouco antes de chegarmos à porta da cozinha. Seu sorriso de canto, ou melhor, o seu sorriso que era o MEU sorriso de canto estava novamente presente. Passei meu braço pela sua cintura buscando ficar ainda mais perto dele.

-Sim. E que Merlin me proteja. - Falei em um falso tom dramático antes de entrar na cozinha que tinha um aroma delicioso, porém ela estava vazia, da sala de jantar eu conseguia ouvir vozes.

-Por que vamos jantar tão cedo hoje? - Perguntou Alvo.

-Não estamos jantando mais cedo! Estamos na mesma hora de sempre e seu irmão e aquela garota ainda não chegaram!  -Respondeu Gina Weasley de um modo que quase me fez dar meia volta e aparatar de volta para o meu esconderijo em Londres, a questão é; eu levaria ou não James comigo?

-Mãe estamos pelo menos meia hora adiantados, você pediu pra James voltar na hora do jantar e ainda não está na hora. - Argumentou minha melhor amiga.

-Estou pondo a mesa então é claro que está na hora do jantar. - Antes que eu pudesse colocar meu super plano em ação que consistia basicamente e colocar o Berlioz no pescoço de James e obrigá-lo a voltar para meu território aconchegante e livre de mães ciumentas. Eu só precisava achar o Berlioz...

Então, antes que toda a minha genialidade pudesse ser demonstrada Gina entrou pela porta que dava para a sala, e o sorriso inicial por ver seu filho em casa logo sumiu ao notar que estávamos abraçados.

-Então vocês chegaram? - Perguntou ela enquanto apontava a varinha para o armário fazendo várias garrafinha de cerveja amanteigada voarem dali em direção a mesa de jantar.

-Finalmente! Mamãe teria uma síncope se demorassem mais alguns segundos! -Falou Alvo parado na porta. Sorri em resposta James fez uma careta para o irmão e juntos fomos até a mesa de jantar.

-Amém vocês dois resolveram aparecer! Estava quase achando....AI MEU DEUS!- Certo, agora estava empiricamente comprovado Lílian Luna Potter havia enlouquecido de vez. O senhor e a senhora Potter praticamente brotaram ali ao ouvir o grito da filha caçula. Ela que estava exercendo a sua conhecida habilidade de matraquear berrou a ultima parte de sua frase colocando as mãos na cintura e infelizmente lembrando muito, mas muito mesmo a sua mãe quando fazendo um interrogatório -James me diz que o fato de você estar abraçando a Sara significa que estão finalmente juntos?

ÓTIMO!Eles já estavam quase se esquecendo da Sara aqui, mas é claro que minha ótima amiga Lílian Potter que adorava anunciar minha vida amorosa para o mundo não perderia essa chance. E eu que achava que ainda tinha chances de sair viva dessas férias. Nova técnica de sobrevivência: Não olhar para Gina Potter neste momento.

-Então, eu queria falar isso depois do jantar, mas como Lílian obviamente não se aguenta...Eu e Sara estamos namorando. - Anunciou James parecendo realmente satisfeito consigo mesmo, Lílian Louca Potter quicava na cadeira, o Sr. Potter veio nos abraçar e Alvo, que assim como Lílian adorava me constranger teve que soltar uma de suas pérolas.

-Finalmente hein? Tava na hora de pararem com a sem-vergonhice pelos cantos e assumirem um compromisso sério afinal Sara, o James é um garoto de família. -Soltei uma risadinha nervosa com isso quando na verdade minha vontade era responder.

MUITO OBRIGADA MESMO ALVO! SUA MÃE JÁ ME ADORA MESMO, POR QUE NÃO APROVEITA E DIZ BRINCANDO QUE EU ESTOU GRÁVIDA!GINA WEASLEY FICARIA MUITO FELIZ! APROVEITA E ACRESCENTA QUE EU ABUSEI DA INOCÊNCIA DO JAMES O ACEAÇANDO COM UMA COLHERINHA DE COMER SOBREMESA!

Graças a Merlin todos começaram a se sentar na mesa já posta e o momento constrangedor de ser apresentada para a família da melhor amiga como namorada do irmão mais velho dela passou.

 O jantar até que aconteceu de modo tranquilo, não falamos muito já que a comida estava maravilhosa, claro que tive meus momentos de total vergonha como quando Lily me perguntou o que era uma mancha roxa em meu pescoço. Porém cheguei viva no final do jantar, quando percebi que a matriarca Potter se levantou e apontou as varinhas para os pratos me levantei e me ofereci.

-Posso ajudá-la Srª.Potter.

-Não se preocupe Sara, mamãe ajeita tudo em alguns minutos, ela odeia que alguém fique em volta enquanto faz isso. - Avisou Lily.

-Na verdade Lílian, acho que vou aceitar a ajuda da Sara hoje, vamos? -Chamou ela seguindo para a cozinha, tive a impressão de estar indo para uma sessão de tortura e antes de adentrar na cozinha ainda pude ouvir a voz de Alvo.

-Ter certeza que é seguro deixar ela ir Jay?

Quando entrei na cozinha branca e amarela dos Potter me senti completamente ignorada pela mulher mais velha, que parecia completamente concentrada em sua ação de limpar os pratos.

-Hum, o que quer que eu faça Srª.Potter? - Perguntei meio sem jeito.

-Quero que se sente ali e fique paradinha. - Respondeu ela, e eu sem ter mais o que fazer me sentei na cadeira de madeira e apoiei os cotovelos na pequena mesa quadrada da cozinha.

Logo uma infinidade de objetos começaram a passar voando perto de mim, pratos limpos se empilhavam no armário em minhas costas, copos passavam zunindo em minha orelha e o pior momento foi quando as facas uma a uma voavam em minha direção para no último momento desvirem para a esquerda e caírem na gaveta aberta.

-Então Sara, por que está com o meu filho? - Perguntou finalmente.

-Hum, porque eu o amo. - Respondi de modo rápido e objetivo, ela me analisou um pouco antes de voltar a falar.

-E ele sabe que você está matriculada na Academia de Aurores em Moscou? -Me perguntou ela fazendo o meu sangue gelar, como ela sabia disso?

-Lílian te contou? -Pedi após um tempo.

-Ela não precisou me contar, meu marido é chefe do departamento de aurores Sara, foi ele quem encaminhou seus documentos pra lá. -Informou a ruiva de um modo muito sério.

Fiquei sem saber o que fazer ou que falar, Gina Potter parecia ameaçadora com aquela informação, ela me tinha na palma da mão.

-Não conta pra ele. - Pedi me levantando e caminhando até ela, não sei da onde tirei coragem para encará-la.

-Não vou contar, você vai.

-Não posso,pelo menos não ainda.

-E quando vai contar?Na véspera de sua partida? -Me perguntou a mulher de olhos castanhos me encarando com firmeza.

-Eu vou contar quando chegar a hora. -Respondi tentando transparecer a mesma firmeza.

-É bom mesmo, só quero o melhor para o James, e você Sara é uma garota ótima porém ambas sabemos que não é saudável manter um relacionamento baseado em mentiras.

-Eu não estou mentindo pra ninguém. - Falei sentindo meu coração acelerar delatando minha mentira, mais uma de minhas mentiras pra ser honesta.

-Quero que James encontre a garota certa pra ele, meu filho merece isso, merece ser feliz ao lado de uma garota que escolha ficar ao lado dele ao invés de escolher uma escola do outro lado do continente.

-Eu sou a garota certa pra ele Srª. Potter, você pode não aceitar isso, mas eu sou essa garota. -Falei com mais arrogância em minha voz do que imaginava possuir, odiava me sentir desafiada, pressionada e não gostava de ouvir sermões.

-É bom que não faça James de bobo, ele precisa da verdade. -Avisou Gina Potter com as mãos na cintura.

-Ele precisa é de independência Srª. Potter, ele já sabe tomar as próprias decisões! - Falei antes de sair da cozinha, a ruiva ali atrás podia ter razão mas eu é que não iria admitir aquilo, muito menos pra ela.

 Ela podia afirmar que eu estava mentindo, porque de algum jeito ela sempre pareceu saber que eu menti para todos o tempo todo.

Mas não importa. Tanto faz se ela sabe que eu minto. Eu sei que eu minto. Até Merlin a esta altura já deve saber que a minha vida é uma completa farsa.

Mas algo ela não pode negar. Eu amo James Sirius Potter.

E nada e nem ninguém vai mudar isso.

E se alguém o negar não importa.

Porque daí essa pessoa estaria mentindo.