Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 21
Lar doce lar


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, não se esqueçam de ler as notas finais!



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Lar doce lar

Estou em casa, dá pra acreditar? Após eu finalmente ter acordado ainda precisei ficar mais alguns dias naquele hospital sem graça. Não preciso nem dizer que contei os dias para me livrar das paredes azuis céu, que de tanto eu olhar passaram a adquirir a estranha coloração de azul vômito. Certo hospital nem tão sem graça assim já que um monte de gente foi me visitar, até Rose veio dos Estados Unidos só pra me ver e eu que pensei que todo mundo tinha se esquecido da Lily aqui. 

Ou talvez ela tenha vindo para o feriado do natal, mas prefiro pensar que foi por minha causa. Foi com certa surpresa que a vi adentrar em meu quarto com o Scorpius a reboque, não posso dizer que a sua visita tenha sido completamente tranquila. Afinal, quem diria que a minha prima meio nerd e muito comportada quase passou a praticar a sua avançada técnica de caratê adquirida após séries intensivas de treinamento em frente a TV para cima da enfermeira “assanhada” que deu em cima de Scorpius descaradamente. 

Os primeiros a irem me ver foram exatamente as pessoas de quem eu mais precisava, meus pais, minhas melhores amigas, meus irmãos mais velhos e é claro Hugo, me perguntei se eles precisavam tanto de mim quanto eu deles. Então nos dias que se seguiram vovô e vovó apareceram e vovó quase me sufocou sob os seus cuidados e resmungos de como a sua princesinha tinha crescido sem que ela percebesse. Minha madrinha Luna e seu marido Ralf Scamander e todos os meus tios e primos. Mas eu estava sentindo falta de alguém em especial, meu irmãozão postiço Teddy Lupin, imaginei milhares de coisas, me lembrei que Victoire estava grávida e talvez ele precisasse ficar com ela. Mesmo assim não teve jeito, aposto que quando sai do hospital estava com um bico do tamanho do mundo, onde estaria aquele ingrato do Lupin?

E então quando cheguei em minha casa...SURPRESA!

Lá estavam Teddy e Victoire me esperando em casa, se eu conseguisse correr eu me jogaria nos braços do meu metamorfomago preferido, infelizmente eu estava andando de um modo bem lerdo isso ainda com a ajuda da minha mãe. Se eu era uma perigo me jogando em cima as pessoas quando estava em meu estado normal não queria nem pensar agora. Provavelmente faria mais estragos do que um encontro entre Alvo e Lise.

-Teddy Lupin, pensei que tinha se esquecido de mim. - Reclamei tentando ficar com cara de brava.

-E como eu poderia ruivinha? - Ele disse vindo me ajudar a chegar até o sofá da sala, assim que me esparramei no móvel me permiti olhar para Vic. Má ideia...porque ela sempre tinha que parecer tão, tão linda?

-Oi Victoire, como vai meu sobrinho? - Perguntei apontando para a leve curva em sua barriga, ela estava com quase cinco meses de gestação de modo que mesmo que continuasse magérrima já era possível notar sua gravidez .

-Quer dizer sobrinha? - Falou a loira com um sorriso enquanto acariciava o próprio ventre.

-Ai! Eu não acredito uma garotinha? Que lindo. - Comentei toda feliz, uma menininha pra gente mimar, contar histórias de princesa, arrumar os cabelos eu iria ser titia.

-Então quer dizer que a Lily vai perder o posto de princesinha da família? - Perguntou Alvo que estava em um canto da sala assistindo a cena. Mostrei a língua pra ele sem ligar realmente para o comentário, aquela pequenina era uma vida nova chegando a primeira da nova geração de nossa família. Não seria a princesinha, ao contrário assumiria o papel que Victoire sempre desempenhou com maestria, seria a mais velha o referencial para todos os outros.

Logo descobri que o casal estava hospedado ali em casa, os dois geralmente ficavam na Toca apenas durante o feriado, mas Victoire se ofereceu para ficar em casa comigo enquanto meus pais trabalhavam. Ainda faltavam alguns dias para que todos pudessem descansar de modo que havia ganho minha babá de volta.

Quando era pequena Vic e Teddy cuidavam de mim e de meus irmãos todas as vezes que meus pais precisavam comparecer a algum evento, eu realmente tenho boas lembranças com os dois.

Nos dias que se sucederam a minha volta pra casa me adaptei a uma nova rotina, acordava cedo realizava alguns alongamentos recomendados por Alvo, algumas vezes com a sua ajuda (que basicamente consistia em criticar os movimentos, “estica mais Lily” e o sempre carinhoso “Deixa de ser mole que eu sei que você consegue”, o que era muito bom para ele, pois eu já não tinha tanta certeza de que eu conseguiria).

Fazia alguns trabalhos de escola que Sara me enviava constantemente por correio coruja, sempre acompanhados de dicas “sutis” da mesma de aonde encontrar as melhores respostas e lamentações de como Hogwarts não era a mesma sem mim.

 Já Lise ás vezes anexava piadinhas sobre os professores ou comentava (sem permissão é claro) as cartas da Sara. Tenho que admitir que era engraçado imaginar as duas brigando pela pena e pergaminho para ver quem iria escrever para mim. Podia até mesmo ouvir a Sara resmungando que se a Lise queria me escrever que fizesse a própria carta e a Lise respondendo para a Sara deixar de ser chata e que essa rabugice da monitora chefe podia ser apenas uma coisa, a falta de um bom e bem dado amasso.

Podia até mesmo ver as duas loucas implicando uma com a outra sem eu para separá-las. Era facílimo imaginar a castanha começar a xingar a bonequinha de cabelos rosa em russo e obter apenas como resposta a provocação “se tá imaginando e falando safadezas em russo sobre um certo moreno que eu sei...”.

Minha prima Victoire estava sempre a minha volta, me ajudava a caminhar pela casa a também me ajudava com coisas básicas mas que se tornaram incrivelmente complicadas após o acidente, como trocar de roupa.

-Você não precisa fazer isso Vic. - Murmurei pela enésima vez enquanto ela abotoava meu casaco de lã.

-Não seja boba Lílian.- Ela sempre replicava com carinho.

Eu me sentia como uma idiota, eu não conseguia nem fechar o meu sutiã sem ter que pedir ajuda! Demorava horas em tudo que exigia um nível maior de coordenação motora, como escrever, era como seu desenhasse cada letra e mesmo assim tudo não passava de garranchos que eu mesma não entendia.

 Foram horas e mais horas até concluir 20 cm de pergaminho, cheguei ao meu limite emocional enquanto tentava desenhar e esquematizar um tronquilho para Trato das Criaturas Mágicas.

Sem que eu pudesse me conter deslizei meu braço sobre minha mesa de estudos fazendo com tudo caísse no chão, porta retratos, um abajur, pergaminhos, penas, tinteiros e um globo de neve. Olhei para o chão e vi uma foto que parecia pertencer a outra vida, lá estava Hugo com 14 anos posando para a foto, porém no momento exato em que ela seria tirada uma garota ruiva aparece correndo e pula nas costas dele. Nós gargalhávamos e tudo no mundo estava tranquilo nem um problema parecia ser capaz de nos afetar.

Cacos de vidro cobriam a foto e a dor da realidade voltou mais forte do que nunca, as coisas nunca mais seriam as mesmas eu nunca mais seria a mesma, eu me sentia em pedaços, cacos de vidro que precisavam ser colados um a um. 

 Respirar se tornou muito difícil algo fechava minha garganta e as lágrimas vieram junto com o desespero, por mais que eu quisesse inspirar não conseguia, algo estava quebrado por dentro e eu não sabia nem por onde começar a juntar as peças.

Tentei gritar alguma coisa, mas nada saiu me levantei rapidamente e o movimento fez com que eu perdesse o equilíbrio e fosse ao chão em um baque surdo.Meu peito ardia, cada célula implorava pelo oxigênio tão fundamental e algo continuava ali fechando minha garganta.

-Lílian está tudo bem? - Minha prima abriu a porta do meu quarto enquanto fazia a pergunta. Imagino quão deprimente deveria ser me ver ao chão, Vic ficou alguns segundos parada me encarando para depois correr em meu encontro.

-Respira por favor, vamos garota se acalme vamos lá Lily! -Ela falava calmamente passando a mão em meu rosto e acariciando meus cabelos.  O primeiro sopro de ar inalado foi um alívio para meu corpo, aos poucos o silêncio se transformou em soluços e a respiração antes inexistente tornou-se acelerada.

-Calma, Lily tudo vai dar certo se acalma princesinha. - Victoire poderia ter se desesperado e começado a chorar mas ela não o fez, ao contrário, ficou calma e usando um tom de voz doce passou a conversar comigo. Sempre me chamando de princesinha.

Após algum tempo, respirar se tornou algo natural novamente, com a ajuda da loira consegui me levantar e mesmo cegada pelas lágrimas que insistiam em cair cheguei até minha cama. Adormeci nos braços de minha prima sentindo o cheiro de infância, era como seu eu fosse uma princesinha novamente, eu não tinha crescido e tudo estava certo no mundo. Não precisava ter medo, mas se tivesse era só ligar o abajur de borboletas, me esconder em baixo do cobertor felpudo e nada me atingiria. Onde tudo era possível, e os sonhos realizáveis.

(...)

Quando acordei meu quarto estava escuro e através de uma fenda na cortina vi que lá fora já era noite, mas as luzes da casa estavam acesas de modo que conclui que não deveria ser tão tarde. Me levantei  vagarosamente e percebi que minhas coisas estavam arrumadas, Vic provavelmente tinha consertado o estrago que eu havia feito mais cedo. Droga, aposto como depois daquilo ela tinha ido embora, além de tudo eu estava ficando louca e tendo acessos de raiva, ninguém me suportaria assim.

Sai do meu quarto me arrastando e quando cheguei às escadas decidi que o mais sensato era chamar alguém, eu iria acabar me machucando se tentasse enfrentar os degraus, porém a conversa vinda da sala de jantar se tornou interessante demais para ser ignorada.

-Ela estava sem respirar tia, eu não sabia o que fazer, foi apavorante. - Comentou Victoire.

-Alvo? Não pode fazer nada para ajudá-la? - Perguntou minha mãe e eu senti o desespero em sua voz.

-Mãe ela tem que aprender tudo de novo, é um processo longo mas Lily vai ter que enfrentar isso sozinha. - Fechei os olhos após a fala de meu irmão, ele tinha razão, como sempre, eu estava aprendendo tudo novamente e ninguém o faria por mim.

-É muito feio escutar a conversa dos outros.- Sussurrou uma voz em meu ouvido me fazendo pular.

-Pai! - Falei em um tom de censura enquanto ele ria ao ver que havia me assustado. Mesmo após eu ter gritado com ele no hospital nada havia mudado, ele era meu papai e de um modo estranho parecia ter entendido perfeitamente minha raiva.

-Vamos garotinha, vou te ajudar a descer essas escadas para podermos jantar. - Sem recusar me apoiei nele e logo cheguei até a sala de jantar onde minha mãe, Alvo e Victoire já estavam.

-Como está se sentindo querida? - Perguntou minha mãe após me dar um beijo na testa.

-Estou bem, não se preocupe eu acho que só fiquei um pouco nervosa quando percebi que meu tronquilho parecia um explosivini. - Respondi sorrindo tentando não encarar minha prima, me senti envergonhada por tê-la assustado.

-Não fique assim Lily, tudo que eu desenho parece um explosivini. - Comentou meu pai fazendo todos na mesa rirem.  Logo James e Teddy apareceram e finalmente começamos a jantar, tudo ia bem tranquilo até que James resolveu fazer um anuncio.

-Mãe, pai eu achei um apartamento. - Ele simplesmente falou, sem nos ter preparado para aquilo. Pelo rosto da minha mãe vi que aquela conversa não seria assim tão fácil, droga, James não podia ter esperado a sobremesa? Ou dar um aviso antes sobre o que pretendia falar? Ele queria simplesmente começar uma nova guerra bruxa e nem para avisar a sua irmãzinha para se proteger, ou pelo menos comer a torta de chocolate primeiro?

-Como assim achou um apartamento James Sirius? - Perguntou Gina Potter batendo com força seu garfo no prato. Me perguntei se alguém notaria se me escondesse em baixo da mesa.

-Vou alugar um apartamento próximo ao ministério, mãe, já estou com quase 22 anos está passando da hora de ter meu próprio canto. -Prendi a respiração enquanto esperava a reação da mulher mais velha. Por favor que ela não grite... Mentalizei enquanto encarava minha mãe eu realmente não tinha ideia do que esperar.

-Não. -Disse simplesmente e voltou a jantar, todos na mesa ficamos estáticos até que Victoire se levantou e anunciou.

-Bom eu acho que vou ajeitar a cozinha, Teddy você... -Ela nem precisou terminar a frase para que o Lupin se levantasse, logo os dois sumiram para dentro do outro cômodo deixando os Potter a sós.

-Mãe... - Chamou James fazendo com minha mãe finalmente levantasse os olhos, Gina era durona mas agora mesmo seus olhos castanhos lacrimejavam.

-Já falei que não James eu não vou deixar você se mudar, é muito novo ainda. - Disse ela de um modo autoritário.

-Sinto muito mas eu não estou pedindo permissão mãe, até a páscoa quero estar morando sozinho. -Encarei Alvo e nós tivemos um breve momento de entendimento, nós dois pensávamos a mesma coisa, James não iria se safar tão fácil.

-NÃO! - Repetiu a ruiva batendo na mesa com a mão, porém meu pai resolveu interferir.

-Gin, eles estão crescendo James já é um homem devemos apoiá-lo. - Falou Harry com  a mão em um dos ombros da esposa, meu irmão mais velho lançou um olhar de agradecimento e ficamos esperando a reação da nossa superprotetora mãe.

-Não posso te deixar ir, você é meu bebê e vai ficar sozinho lá fora. - Não pude acreditar ao ver minha mãe em prantos, meu pai sorria com a cena e tive a impressão que ele já havia lidado com aquilo.

-Vamos lá amor, você está parecendo sua mãe. - Ahá! É claro que ele já tinha presenciado uma cena assim, vovó Molly devia ter feito um verdadeiro escândalo ao ver seus filhos se dispersando.

-Bom, agora eu entendo minha mãe! Olha só pra vocês, já estão adultos James quer sair de casa logo será a vez de Alvo e então Lily minha bebezinha. - Agora eu e meus irmãos acompanhávamos papai no sorriso é claro que Gina Potter teria dificuldade em nos deixar crescer. Em poucos segundo já estávamos os três a abraçando e James falou o que todos queríamos ter dito.

- Nós te amamos Srª Potter, nunca vamos te deixar mas está passando da hora, não acha? Prometo que sempre vou vir passar os finais de semana com vocês, você sempre será a nossa mamãe. - Aos poucos a situação foi se acalmando mas ainda assim minha mãe continuava com um olhar magoado imagino o que deve estar sentindo ao perceber que seus filhos estão se tornando independentes.

Involuntariamente recordo minha infância, com uma precisão impressionante me lembro do balanço no quintal e de minha casa de bonecas quase posso escutar a voz da mamãe avisando para nós três que era hora de entrar e se limpar para o jantar.

Fui muito feliz nessa casa e agora estava chegando a hora de dizer um adeus definitivo para o conforto do lar, por mais que ficasse em Hogwarts a maior parte do ano eu sempre soube que tinha um lugar para voltar mas dentro de alguns anos eu teria que construir um novo lar. A perspectiva de futuro fez com que meu estômago desse uma cambalhota, parabéns Lílian Potter, você está crescendo.

Terminamos aquela noite com todos reunidos na sala de estar, inclusive Vic e Teddy que voltaram ao perceber que o furacão Gina tinha passado, contamos histórias e relembramos bons momentos. O clima estava muito leve e quando nos demos conta já passava há muito da meia noite, o dia seguinte seria o último antes das festas assim essa seria a última noite de meus primos em nossa casa. Logo o natal finalmente chegaria e eu teria a companhia de Sara, aquela mandona realmente me fazia falta.

(...)

Victoire trançava meus longos cabelos com um semblante sério, para mim aquele momento era nossa despedida particular pois assim que meus pais voltassem do trabalho ela e Teddy iriam embora.

-Por que vocês não ficam aqui em casa durante o natal? - Perguntei não querendo perder a companhia dela.

-Ah Lily, temos que mimar minha mãe também, ela anda toda emotiva depois da gravidez e precisamos ficar um pouco na Toca ou a vovó fará um escândalo. - Sorri ao ouvir sua resposta e não pude conter minha curiosidade.

-Vic, você comentou sobre mimar a Tia Fleur, quando você saiu de casa, qual foi a reação dela?

-Ela até que aceitou bem a situação, assim como você passei sete anos em Hogwarts e logo depois fui para a Academia de Bruxas na França, passei dois anos em Paris estudando então minha saída de casa após meu retorno pra Grã-Bretanha ocorreu naturalmente. -Explicou ela me fazendo lembrar que eu também havia sido aceita na escola francesa, eu tinha quase esquecido que ela e Dominique haviam estudado lá. -Mas quando foi a vez de Louis sair de casa foi bem complicado, ele é o caçula e sempre foi o bebê da mamãe então ela fez uma cena, de qualquer modo Louis saiu cedo de casa com apenas 19 anos. Foi um baque pra ela.

-E Dominique está lá até hoje...-Comentei sorrindo e fazendo com a que a loira soltasse uma gargalhada ao se lembrar da irmã.

-Exato, ninguém adivinharia que a filha rebelde seria a última no ninho, mas Nique está sempre viajando pelo mundo morando em hotéis e albergues, a casa dos meus pais acaba sendo apenas mais um lugar pra ela passar as férias. 

Eu sempre tivera inveja de Dominique claro que assim como Vic ela era impossivelmente linda mas o que realmente me causava inveja era o fato de ter Victoire como irmã mais velha, um referencial feminino mais próximo que a mãe.

-Você e ela foram para academia francesa, vocês gostaram? - Questionei, e logo percebi que começava a considerar a possibilidade de frequentá-la.

-Não posso responder pela Dominique mas eu gostei, foi uma boa experiência, é bem diferente de Hogwarts mas realmente me ajudou muito. Está pensando em ir pra lá Lily?

-Não sei Vic, mas agora que o quadribol não é uma opção viável...

-Por enquanto.  - Me cortou ela.

-O que? - Indaguei sem entender.

-Por enquanto o quadribol não é uma opção viável mas daqui a um ano, quem sabe? - Ela me olhava com intensidade acreditava naquilo que dizia, será que ela não sabia? Eu nunca mais voaria se quisesse ficar bem.

-Vic eu não posso, é algo definitivo. - Falei do modo mais indiferente que encontrei.

-Não, se há algo que acredito e que aprendi ao longo da vida é que nada é impossível. Se você deseja algo de todo o seu coração Lily nada nem ninguém pode te impedir de conquistar o que quer.

-Olha isso soa bonito mas na vida real não é assim... - Disse com firmeza, eu não queria me prender em sonhos impossíveis, não poderia passar o resto da minha vida movida por uma esperança irrealizável. Agora tentaria me focar em coisas que pudesse realizar, mesmo que isso me doa. E doía desistir de meu sonho de uma forma tão abrupta. Nada teria me preparado para perder todas as expectativas do modo que havia perdido, entretanto teria de seguir em frente.

- Dói saber que uma parte sua sumiu ao longo dos anos, você costumava acreditar nas histórias que eu te contava Lily.

-Contos de fadas não existem Victoire.

-Será? Eu acho que existem e toda vez que analiso a minha vida, eu tenho a confirmação de que sonhos se realizam. - Talvez se realizem para pessoas perfeitas como ela, pensei amargamente.

-Não perca a princesinha dentro de você ela sempre foi e sempre será a sua melhor parte Lílian, não deixe que os outros abafem seu lado sonhador e determinado. Não deixa o mundo derrotar você! -Meus olhos lacrimejaram ao ouvir aquilo, onde estava a minha princesinha? Onde estava a garota que podia sonhar qualquer coisa e que acreditava que se lutasse bravamente encontraria seu tão esperado final feliz? Talvez eu a tivesse perdido junto com os meus sonhos. Talvez eu não conseguisse recuperá-la jamais.

-Você será uma ótima mãe Vic. - Falei contendo as lágrimas que teimavam em cair. Fui puxada em um abraço apertado e me permite sentir o aroma de lavanda da loira.

-Senti tanto medo Lily, quando me falaram do acidente eu fiquei apavorada! Você é minha irmãzinha mais nova, eu sou a garota mais velha da família e você a caçula, sempre senti que de algum modo deveria proteger você, fazer com que fosse melhor do que eu. -

 Droga! Ela realmente queria que eu desabasse eu tinha quase me esquecido do quanto ela em especial havia estado presente na minha infância.

-Já chega! Somos duas bobas choronas! - Falei me separando dela e entre risos limpei minhas lágrimas.

-Vocês estão bem? - Perguntou Teddy parado na porta do meu quarto parecendo preocupado ao ver nós duas com os olhos vermelhos. Estávamos tão absortas na conversa que nem tínhamos percebido que ele chegará do trabalho, assim como meus pais já deveriam estar em casa.

-Sim amor, somos apenas duas bobas emotivas. -Respondeu a loira encarando o marido de um modo apaixonado. Teddy então entrou em meu quarto e após dar um selinho em Vic se ajoelhou em minha frente para que pudesse me encarar. Seus olhos hoje estavam da cor natural, um castanho claro quase mel.

-Nós estamos indo mas se precisar de algo é só mandar um coruja e estaremos aqui o mais rápido possível.

-Do que está falando Lupin? Foi Vic quem cuidou de mim esse tempo todo! - Brinquei deixando o homem a minha frente corado.

-É me desculpe, eu queria ficar mais com você mas a loja tem estado uma loucura por causa do natal e..

-Fique quieto Ted! Estou brincando, a melhor coisa desse acidente foi ter vocês dois aqui em casa por alguns dias.

Com um beijo em minha testa Teddy se despediu,não precisou me dizer nada, nós nos entendíamos assim mesmo com uma conversa muda. Éramos irmãos de coração e de criação, 11 anos separavam nossos nascimentos e mesmo que com o passar dos anos seguíssemos caminhos opostos, eu sabia que sempre o teria ao meu lado.

Victoire me deu um último abraço antes de deixar nossa casa e pediu com seriedade.

-Prometa que vai se cuidar e vai pensar sobre o que te falei, não se perca princesinha não perca seu foco. - Acenei com a cabeça e logo ela desapareceu em meio as chamas esverdeadas seguida pelo esposo, eu havia quase me esquecido o quanto aqueles dois eram importantes pra mim.

Fiquei encarando a lareira vazia por mais algum tempo, até que senti um braço sobre meus ombros, não precisei virar o rosto para saber que era meu pai.

-Pode acreditar que ele será pai? Parece que foi ontem que o peguei no colo pela primeira vez.... - Comentou ele se referindo obviamente ao seu afilhado Teddy, em minhas costas ouvi minha mãe dar um risinho irônico.

-Você quer dizer que parece que foi ontem que você deixou ele cair no chão pela primeira vez! - Encarei meu pai sem conter o sorriso meus irmãos sentados na poltrona também pareciam se divertir com a situação.

-Eu tinha 17 anos não fazia a menor ideia do que fazer com um bebe! - Reclamou ele.

-Suponho que eu deva agradecer ao Teddy por ter feito o papel de cobaia que deveria ser do filho mais velho? -Perguntou James.

-Isso não quer dizer que ele não tenha te derrubado também. - Comentou Gina Potter enquanto vinha em minha direção, entendi seu gesto, ela me ajudaria a chegar até a poltrona eu já estava em pé há algum tempo em frente a lareira.

-Aposto como James caiu muitas vezes de cabeça! - Zombou Alvo recebendo um tapa como resposta.

-Parem com isso, fazem parecer que eu sou um completo irresponsável. - Pediu meu pai cruzando os braços.

-E você era, toda vez que tinha que ficar sozinho com as crianças essa casa virava uma bagunça, vocês só comiam porcaria e os horários deles ficavam todos desregulados.

-Era ótimo quando você viajava mãe! -Falou James com um ar sonhador.

-Ah tenho certeza que sim, vocês faziam tudo aquilo que eu não permitia.

-Sobremesa antes do jantar, quadribol na sala, escorregar as escadas em colchões, ficar acordado até mais tarde...-Comentei fazendo meus irmãos começarem a rir, caramba a casa era uma completa bagunça quando ficávamos só com papai, agora eu entendia minha mãe perfeitamente, mas quando se tem 6 anos a vida não passa de uma festa!

-Pai, você era um completo irresponsável! - Concluiu Alvo.

Mamãe preparou o jantar naquela noite, fiquei sentada na mesa da cozinha picando alguns vegetais pra ela, como há muito tempo não fazia.

-Já estará pronta pra voltar para Hogwarts após o ano novo Lily? - Me perguntou em um dado momento.

-Acho que sim, não posso perder mais aulas, logo virão os NIEM's...- Respondi tentando cortar o tomate em pedaços ainda menores.

-Já está bom Lily...- Falou ela recolhendo a tábua de cortar da minha frente e seguindo com ela para o fogão. - Tem certeza? Caso queira, acho que conseguimos que fique em casa por mais algumas semanas posso até conseguir uma folga pra cuidar de você.

-Estou com saudade de Hogwarts mãe, já me sinto bem melhor, já consigo até amarrar o cadarço sozinha. - Respondi tentando fazer piada. Nisso James entrou na cozinha e após verificar as panelas com um olhar faminto me perguntou.

-A que horas os alunos de Hogwarts serão liberados amanhã?

-Logo cedo, mas Sara vai querer tomar café da manhã antes de vir pra cá James. - Parece que não era só eu quem estava ansiosa para ver Sara Hale, meu irmão mais velho era louco por ela.

-Vou ir buscá-la... - Comentou ele, imediatamente minha mãe interrompeu o que fazia e com um olhar sério disse-lhe.

-É mesmo necessário? A garota é maior de idade tenho certeza que é capaz de aparatar de Hogsmeade até aqui sem sua ajuda filho. - Cerrei os dentes para que nenhum som parecido com risos escapasse da minha boca. Se dependesse da superproteção de minha mãe teríamos um natal bem divertido.

-Ela vai trazer algumas coisas pra Lily, vai precisar de ajuda. - Respondeu, - Incluindo o seu gato!- Completou ele olhando pra mim.

-Vocês vão aparartar com o Berlioz? - Pedi mais que depressa, aquilo era loucura eu amava o meu gato mas sabia do que aquelas garrinhas eram capaz. Ele odiava apartar, seria mais fácil mandá-lo por correio coruja.

-Tenho certeza que damos contas de aparatar com seu gatinho Lilindinha. Afinal eu sou um auror e a Sara disse que tinha um plano para acalmar o bichano. -

-Por conta e risco de vocês.- Falei dando ombros, depois vão dizer que eu não alertei sobre os riscos. Não queria nem saber qual seria o plano de minha amiga, provavelmente era algo que ela planejou juntamente com o James, nas suas mais que óbvias e que ela acha que ninguém sabe comunicação por cartas com o mesmo. James e Sara fazendo planos, estremeci. Coitado do meu gato. Ai lembrei que ele era o Berlioz. Pensei melhor. Coitados de James e Sara.

- Arrume a mesa pra mim Jay? -Pediu minha mãe, prontamente meu irmão mais velho saiu da cozinha me deixando a sós com a matriarca.

-Por que não gosta da Sara?

-Eu gosto dela, só não gosto dela com o meu filho. -Respondeu Gina Potter batendo com força a tampa de uma panela, resolvi não tocar mais no assunto, afinal ainda queria jantar naquela noite.


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Notas finais do capítulo

NB/ Beta quase que da uma de psicopata para cima do técnico de internet da autora. Aff, a vida não é vida sem net.
Acho que vcs estavam super ansiosas para mais um cap. De DLP. E ai, agradou? Pq eu amei e acho q a minha gêmea merece muitas reviews!
O.O um Ted Lupin aqui no meu quarto *--* (tudo bem, eu deixo vcs leitoras se matarem por ele mas o JSP é meu!!!!)
Ta, desculpa o ataque de safadeza, é que eu achei a ode ao vizinho, musica muito popular e genialmente criada pela minha pessoa em tempos remotos. Querem uma palinha? Então ai vai...
Ah, mas como eu queria
Ser o seu carrão
Pra você fazer espuma
Me enchendo de sabão
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK.
E ai, se vc tem alguma paixão platônica não se contenha, comente com a autora e a beta.
Dica: Quem mais ai queria ter a força de vontade da Lily?
# Quem esta ansiosa para o a missão James e Sara? (aki trilha sonora missão impossível)
# Quem quer MUUUUUUITO ver o confronto GinaXSara?
# Quem ai esta fantasiando por em ação a ode ao vizinho com uma das personagens? Se SIM qual? ( se alguém falar JSP teremos uma conversinha)
Bjs minhas lindas, agora tenho que ir pra auto escola...E os velinhos que saiam do caminho!
Milady Black.
NA/ Pobres velhinhas...imaginem a beta louca, agora imaginem a beta louca dirigindo? Perigoso eu seu! Hahsuahusah!
Quanto ao ode ao vizinho....Mila o que eu falei sobre nosso passado obscuro? Espero que tenham gostado do capítulo, comentem bastante e me deixem felizes, quanto a demora culpem minha internet ruim!
Beijos
Loreline



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