Valentines Dream escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 4
Capítulo 4 - Origens




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Ville me deitou no sofá branco e acendeu a lareira.

- Está com fome ou sede? Ah! Talvez sono. Quer um travesseiro, Lil?
- Estou bem, obrigada.

    A última coisa que vi foi um sorriso carinhoso de Ville - acabei adormecendo. Acordei enrolada num cobertor magenta, numa cama de dorcel marfim - provavelmente o quarto de hóspedes - afastei as cortinas vinho para ver melhor o ambiente: móveis estilo Luis XV, um quadro de uma ruiva com vestido pomposo azul, cortinas fechadas combinando com a cama, minhas coisas sobre um tapete e uma escrivaninha - Ville deve ter buscado - e August sentado a beira do colchão.

- August!?
- Bom dia, senhorita Valentine.
- O que faz aqui? - Senti-me deseducada.
- Aproveitei que Ville foi se alimentar e vim visitá-la. Almeja minha saída?
- Não é isso. Eu apenas fiquei surpresa em vê-lo.
- Entendo.

    August parecia triste, talvez até preocupado. Senti suas mãos frias acariciando minha nuca, mas não vi quando ele se sentou ao meu lado. Então percebi o que ele queria.

- Não vou! - Exclamei.
- Ville só está a usando.
- Ele me ama!
- Ele só ama a si mesmo. Não se iluda, querida.
- Não é ilusão!
- Por favor, senhorita Lilith, não seja teimosa, não me obrigue a usar a força.
- Você disse que não ia me obrigar a nada!
- Isso era válido até você se apaixonar!

    August tinha razão, e eu sabia disso, mas era paciente e me tratava com calma - mais do que eu merecia. Senti uma certa agonia, humanos são alimentos para vampiros, não paixões, não era certo gostar assim de Ville, estava deixando um sentimento incerto tomar conta de mim. Não era justo.

- Sinto o cheiro daquele verme na sua pele.

    Vampiros são realmente incríveis. August havia sumido e Ville estava em seu lugar, com o rosto mal-humorado bem próximo ao meu, roçando meu pescoço. Corei enquanto ele me fitava, só percebi que estava em seu colo quando ele mordeu meu pescoço, de forma carinhosa, e o beijou.

- Vai me deixar?
- Nunca.
- Promete?
- Irei te proteger por toda vida.

    Era impressionante como uma única frase dele fazia eu me sentir tão bem, mas a imagem de August não saia da minha mente. Precisava me distrair, então menti que estava faminta, que queria comer ravióli com molho branco. Foram necessários dois segundos para eu ter meu desejo realizado, sendo que ele ainda me trouxe suco e bolo - serviço completo. Comi sem pressa enquanto Ville lia alguns livros numa velocidade inacreditável.

- Como começou essa guerra? - Ousei perguntar.
- Dois vampiros, Arthur Katahn e Imporrus Spencer, apaixonaram-se por uma humana, Hannie Whitehouse. - Ele não desgrudava os olhos dos livros. - No fim, ambos sugaram até a última gota de sangue da Whitehouse, o que matou os três. Isso expôs o nosso mundo aos humanos, daí que surgiram tantos mitos, o que gerou inúmeros conflitos entre os vampiros.

    Fiquei em silêncio por alguns segundos. "Que motivo idiota", pensei.
    Os dias foram se passando rotineiramente, Ville não me deixava sair e, quando ele ia caçar, August me visitava. Era bom tem a atenção dos dois, estava sendo mimada e nem me importava, afinal, um dos dois iria me matar um dia e nem faziam questão de disfarçar isso. Comecei a conhecê-los melhor, descobrir seus segredos como, antes de serem mordidos por alguém da própria família, eles deveriam engravidar uma prima, mesmo que fosse abortado depois, Viller foi um importante comerciante no séc. XVIII - August foi político - e engravidou a ruiva do quadro. No final do ano - eu perdia a noção do tempo naquela casa, mas August me trouxe um chocotone - conversei mais com Ville sobre a guerra.

- Quando os Whitehouse entraram na história?
- Uhn, muito tempo depois da morte de Hannie, um casal, Sophie e Henrique, foi atacado por um vampiro ignóbil, mas Henrique sobreviveu, como um ser da noite, e começou a caçar vampiros, motivando a família por 8 gerações. Os Spencer e Katahn fizeram uma trégua de 5 minutos, que foi mais do que suficiente para eliminar o vampiro Whitehouse.
- Uhn...
- O que mais quer saber, Lil?
- Sobre Natael... Nataniel... Natel...
- Nathaniel Alexander Elliot, amor. Último descendente de Cain, forte demais para qualquer vampiro. Digamos que ele é a perfeição ambulante, mas se apaixonou por uma bruxa, Alice Luanne Trueblood, uma jovem dama com um sorriso muito belo.
- Bruxas existem? - Ville riu da minha indignação.
- Lilith, tolinha... O mundo é muito mais do que você conhece.
- Uhn... Me fale sobre a ruiva. - Apontei para o quadro.
- Está curiosa hoje, hein?
- Um pouco. - Sorri.
- Bem, seu nome era Lilian, minha irmã, meu primeiro amor. Matá-la foi a primeira ordem que recebi quando me transformaram. - Ele deu uma pausa. - Digamos que foi divertido.
- Torturou?
- Não, foi rápido, eu jamais a faria sofrer.

    Foi a primeira vez que vi sua expressão triste. Mais tarde fiz as mesmas perguntas a August - tive que ouvir as mesmas histórias sobre os Whitehouse, Nathaniel e a bela Alice.

- Quem eu usufrui?
- Isso.
- Não sei se é interessante para você, mas foi uma tia espanhola que tinha minha idade, Érica Mayer.
- Bonita?
- Como toda espanhola deve ser.
- Teve que matá-la?
- Não, obrigaram-me a matar meu filho, Thomás.
- ...Foi divertido?
- Nem teve graça, ele sequer podia reagir. Teria sido melhor espera-lo crescer.

    O Spencer não parecia triste, mas sim arrependido por não torturar o filho, por Thomás ser pequeno demais para entender o que o pai estava fazendo.


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3