– Vá embora! - ela disse pela oitava vez.

Ele continuou ali. Não se afastou um centímetro sequer. Ele ainda olhava nos olhos dela, como eram lindos aqueles olhos castanhos.

– Por que você está fazendo isso? - ela perguntou chorando.

Chorar era a única coisa que ela podia fazer. Ela não entendia o motivo pelo qual ele continuava ali, olhando para ela, sem dizer uma única palavra, aumentando ainda mais a sua dor.

– Por favor, vá embora! - ela gritou e perdeu a voz.

Agora sim restava apenas as lágrimas para ela. Lágrimas e a dor que insistia em ficar dentro dela, como se ela estivesse deitada em uma cama de agulhas. Como se ela fosse a cobaia dos piores atiradores de facas e estas facas a acertassem sem pudor.

Ele ergueu uma das mãos e limpou as lágrimas no rosto dela. Ela continuava a olhá-lo atordoada. Deu um pequeno suspiro e se encolheu pela dor daquele ato.

– Você não entende mesmo, não é? - as lágrimas cessaram. - Não interessa se nos últimos anos eu me afastei, não interessa. Você nunca entendeu que tudo o que fiz foi para te proteger. Você sempre foi tão teimosa quando se tratava de nós dois, nunca permitiu-se entender os meus motivos. - Ele deu um meio sorriso e olhou para um criado que estava ao lado da cama.

O olhar dela seguiu o dele, mas não conseguiu ver muita coisa. Ele esticou suas mãos e pegou uma pulseira de prata. Levou a pulseira até a mão da garota e pressionou contra ela.

– Eu te prometi que sempre estaria com você. - Mostrou a pulseira para ela. - Lembra de quando eu te dei? - deu um meio sorriso. - Nós prometemos estar sempre um com o outro. Eu sempre tentei te fazer entender isso. Eu nunca me afastei, eu sempre estive com você, pois você sempre esteve em meu coração e o que importa foi isso. - Pegou-lhe a mão.

A garota chorou novamente. Passou por sua mente todas as lembranças, desde as mais tristes até as mais felizes. Ela juntou todas as forças e apertou a mão dele.

Ela já não tinha muito tempo.

– Por favor, não se esforce. - ele afagou o resto da garota.

– É tarde demais. - ela disse em um fio de voz.

Agora o que restavam eram apenas minutos. Poucos.

– Nunca é tarde demais. - ele sorriu. - Eu estou aqui para provar isto. Eu te amo e nunca vou deixar de amar. - suspiraram juntos. - Descanse em paz, meu amor. E lembre-se lá no céu: o que pertence ao coração nunca será retirado pelo tempo!

Ela deu seu último sorriso e partiu.

Era a vez dele chorar, mas não havia tristeza naquele choro. Ele sabia, ela ainda estava ali. Ela sempre estará.