- Rony! – Gritou Hermione. – Cadê você? – Por um momento, ela sentiu o medo deslizar por sua pele, fazendo seu corpo tremer.

À medida que eles avançavam pela pista de dança, viam vultos de capa e máscaras surgirem. Os gritos de Protego ecoavam por todos os lados.

- Rony! Rony! – Insistia Hermione, quase soluçando, enquanto ela e Harry eram empurrados pelos convidados aterrorizados. O garoto agarrou na mão dela, para que não se perdessem. Hermione o sentiu vacilar quando viram Gina, com a varinha empunhada, lutando bravamente para proteger os convidados que corriam desorientados.

Então Rony apareceu, segurou a mão livre de Hermione, apertando com intensidade, e os três se viram girando muito depressa, caindo num vazio confuso.

- Onde estamos? – Perguntou Rony, assim que sentiram os pés tocarem o chão.

Os dois garotos olharam assustados para os lados, ainda estavam sendo esmagados por uma multidão de pessoas, embora não estivessem mais na Toca.

- Rua Tottenham Court – ofegou Hermione, puxando os dois pela mão.

- Inferno sangrento! Não podemos andar pelas ruas da Londres trouxa vestidos assim. – Constatou Rony após um grupo de adolescentes rirem abertamente e apontarem para eles.

- Andem logo. – Ordenou Hermione impaciente.

- Não é seguro ficarmos aqui. – comentou Harry ao perceber que Hermione os puxava para um beco escuro.

- Precisamos trocar de roupa, não precisamos?! – anunciou a garota, parecendo ainda muito nervosa.

- Mas...?!

- Feitiço indetectável de extensão – disse ela rindo nervosa ao notar o olhar espantado de Rony, enquanto vasculhava a bolsinha de contas e tirava as roupas de dentro.

- Você é mesmo brilhante! – exclamou o garoto, com um olhar admirado.

- Obrigada! – disse Hermione ainda sorrindo nervosa.

- Para onde vamos, agora? – Perguntou Rony após trocar as vestes.

- Largo Grimmauld – disse Harry decidido.

...........................

Assim que Harry fechou a porta atrás de si, o vulto de Dumbledore se precipitou em direção aos três. Hermione deu um berro assustador e se abaixou próxima à porta, cobrindo a cabeça com os braços.

O espectro de Dumbledore tinha as órbitas dos olhos vazias, e as mãos e o rosto murchos, dando ao vulto uma aparência terrivelmente assustadora e apavorante.

- Não fomos nós, não o matamos – berrou Harry que mantinha a varinha apontada para o vulto sem saber o que realmente fazer com ela.

O vulto explodiu após a menção da palavra matamos, formando uma grande nuvem de poeira.

- Está tudo bem... – disse Rony, ainda trêmulo, se abaixando para ajudar Hermione a levantar.

- Vamos. – Disse Harry olhando para os amigos.

- Espera – pediu Hermione, empunhando a varinha, a mão tremendo e a respiração ainda acelerada. – Homenum revelio!

Nada aconteceu.

- O que foi isso? – Perguntou Rony confuso.

- Só estava me certificando de estamos que sozinhos. – Disse Hermione, mantendo a varinha em riste.

Os três subiram até o andar de cima a passos cautelosos, ainda pareciam assustados. Segundos depois um patrono prateado entrou pela janela, sobressaltando os três, e aterrissou em meio à sala.

- Família a salvo, não respondam, estamos sendo vigiados.

O patrono se dissolveu no ar. Rony deixou escapar um som entre um choro e um gemido e se largou no sofá. Hermione sentou ao lado dele, apertando gentilmente seu braço. Ele se virou para a garota, deixando escapar um sorriso nervoso.

- Eles estão bem – exclamou Hermione devolvendo o sorriso nervoso e contido.

Rony então se jogou contra ela, abraçando-a fortemente, sem reservas. Hermione pareceu assustada por alguns instantes, mas correspondeu ao abraço, sentindo seu medo se desvanecer em meio aos braços quentes e fortes que a apertavam com entusiasmo. Poderia ficar para sempre perdida naquele abraço acolhedor, que aquecia seu peito de uma forma absurdamente prazerosa. Mas o abraço foi quebrado por um Rony constrangido.

Ele pigarreou nervoso, se afastando dela como se temesse que ela voltasse a abraçá-lo.

- Será que podemos dormir aqui essa noite? Digo, na sala, nos sacos de dormir? Não quero ficar sozinha. – Admitiu sentindo as bochechas corarem.

Ela viu Rony concordar com um aceno de cabeça contido, as orelhas muito vermelhas.

- Certo. – Ela disse, mexendo na bolsinha de contas, evitando olhar para os garotos.

.......................

- Pode ficar com as almofadas – insistiu Rony, ajeitando as almofadas no sofá.

- Não, Rony, o sofá é confortável, fiquem vocês com as almofadas.

- Não, sério, os sacos são ótimos. Pode ficar com elas. – Rony espiou Harry com o conto dos olhos, podia sentir suas orelhas extremamente quentes. Notou que o amigo tinha um sorrisinho sarcástico no rosto, e teve vontade de esmurrá-lo.

- Er... Está bem, obrigada, então. – Ela gaguejou, as bochechas ainda mais coradas do que antes.

Os três se ajeitaram nas camas improvisadas, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

As lembranças de horas atrás preencheram a mente de Rony, e ele se viu novamente admirando Hermione quando ela apareceu no jardim da Toca. Ele poderia ter ficado o resto da sua vida apenas olhando para ela, tão doce, tão encantadora. O modo como ela prendeu os cabelos, deixando os cachos caídos graciosamente sobre os ombros, as pernas amostra no vestido lilás, que contrastava lindamente com sua pele.

O olhar surpreso e admirado quando a convidou para dançar.

- Vem, vamos dançar?

- O quê?

- Vamos dançar.

Rony a guiou até o meio da pista sob os olhares atentos e curiosos dos seus irmãos.

Sua mão deslizou insegura pela cintura dela, e ele a sentiu prender a respiração quando a puxou para mais perto, colando seu corpo ao dela. Rony não sabia dançar, mas estar tão próximo dela, sentindo o cheiro dela invadir suas narinas e a respiração quente batendo contra seu pescoço, o deixava entorpecido, e ele sentia-se quase capaz de flutuar.

- Ron...

Rony ouviu seu nome sendo sussurrado por Hermione, e por um instante não soube se o som era parte dos seus devaneios ou se ela estava realmente o chamando.

- Você está dormindo? – Ela perguntou ainda mais baixo.

O garoto maneou a cabeça, encarando os olhos castanhos que ainda pareciam apreensivos.

- Não.

- Você está com medo?

Ele se mexeu, ficando de lado, para poder enxergá-la melhor.

- Um pouco. – admitiu envergonhado.

Ela riu pelo nariz, tentando não fazer muito barulho e acordar Harry.

- Do que está rindo? – Perguntou intrigado.

- Nada, só lembrei que você pisou no meu pé quando estávamos dançando.

- Pisei nada! – Retrucou sorrindo, pensando em como era bom ficar assim com Hermione, apenas os dois; em como era bom vê-la sorrindo tão genuinamente para ele.

- Eu também estou com medo. – Ela disse, de repente, mudando repentinamente sua expressão.

- Mas... pelo menos nós estamos juntos. – Rony segurou a mão dela, numa tentativa de mostrar que sempre estariam seguros se estivessem perto um do outro.

Hermione respirou fundo, sentindo uma onda quente percorrer todo o seu corpo. Entrelaçou seus dedos nos de Rony, sentindo todos os seus medos desaparecerem.

- Boa noite, Ron.

- Boa noite, Mione.