Dormindo Nas Estrelas escrita por Sereny Kyle
Notas iniciais do capítulo
OMEDETOU, minha Aoi!!!
mais importante do q ter seus sonhos realizados, é nunca perder a habilidade de sonhar!
te amo MUITO!
Desci as escadas saltitando e não me surpreendi de encontrar Sereny me esperando, de braços cruzados, com uma expressão ameaçadora, que eu já conhecia muito bem...
— Ohayou, Ny-chan! – disse animada, como se não tivesse percebido.
— Ohayou – ela respondeu seca... Ela estava daquele jeito por minha causa...
— Algum problema, Ny? – claro que tinha um problema, mas eu conseguiria que ele acabasse mais rápido se fosse direto ao ponto... Se fosse por ela, ficaríamos semanas naquele joguinho de tentar adivinhar o que foi que ela achou errado que eu fiz...
— O que você achou que estava fazendo ontem à noite? Por acaso, não foi você que o trouxe aqui, foi, Haruka? – Sereny realmente ficava irritada com uso indevido de magia...
— Está falando de Shiroyama-san? – me fiz de desentendida pra amenizar sua raiva comigo. – Mas se foi você mesma que o viu dirigindo na chuva!
Ela me olhou desconfiada e rumou para a cozinha, mas não podia negar que meu argumento tinha me inocentado completamente. Sentadas à mesa já estavam Tsuki, Chibi e Rei.
— Quem vamos sequestrar hoje? – Chibi brincou, mas como Sereny tinha acabado de me perguntar se eu que tinha levado Shiroyama-san até nossa pousada com magia, ela não riu como as outras duas. Só tirou a varinha de dentro das vestes e com um simples aceno fez com que o café começasse a se preparar.
Eu me sentei e tentei não olhar o tempo todo pro relógio. Claro que eu não tinha agitado minha varinha e trazido aquele moreno super sensual vindo de algum dos meus sonhos antigos da adolescência (por mais que eu pudesse fazer isso... E não era só medo de Sereny que me impedia...), mas eu tinha adorado conhecê-lo. Entrei e saí do quarto dele mais vezes do que já tinha feito para o outro hóspede desde que abrimos a pousada, esperando o momento certo pra me aproximar e beijá-lo... E como tinha sido maravilhoso sentir aqueles grossos lábios nos meus... Como tinha sido difícil parar pra deixá-lo com aquele gostinho de “quero mais”... Eu estava desejando com todas as minhas forças que ele acordasse logo e me beijasse de novo!
— Haruka? – Tsuki me chamou e pareceu que estava me chamando há muito tempo. Todas riam, até mesmo Sereny.
— É, ela está dormindo nas estrelas – Rei brincou, fazendo as outras rirem ainda mais.
— Sempre se divertindo às minhas custas, vocês quatro, não?
— Acontece quando você fala com alguém por dez minutos e esse alguém esteve tão longe que não consegue ouvir uma palavra do que você disse... – Tsuki explicou calmamente.
— Ah... Gomen... – eu abaixei o rosto envergonhada, retirando a varinha das vestes e fazendo com que os guardanapos se dobrassem para levá-los à mesa.
— Fazia tempo que não a víamos assim perdida entre universos... – Chibi observou, percebendo que a situação poderia ser mais séria do que engraçada.
Eu assenti emudecida e me levantei depressa, ajudando Sereny a levar todas as coisas do café dos hóspedes para a sala, evitando o olhar preocupado de nossas amigas.
Por longos minutos, eu fiquei colocando pratos, talheres e guardanapos em silêncio, sem encontrar o olhar da outra. Trabalhar sem magia de vez em quando era bom, como ela mesma dizia... Ajudava a cabeça a não pensar tanto...
A chuva da noite anterior não tinha cedido nem um pouquinho! Sacudia as vidraças ruidosamente.
— Ahhh... Façam silêncio! – Sereny perdeu a paciência (que já era pouca...), apontou a varinha para as janelas, que pararam de gemer na mesma hora. Eu dei risada, mas ela bufou, olhando para o teto. Conhecia aquela expressão também: a indecisão era visível em seu cenho franzido. – Ele não sabe se ainda é muito cedo pra descer ou não... Está tão impaciente quanto você - ela declarou e, com um novo aceno de varinha, empurrou uma bandeja pronta com café da manhã completo pra mim. – Não sou eu que ele quer ver... – ela explicou, com um risinho para minha expressão confusa.
Eu dei risada e fiz a bandeja subir rápido as escadas, subindo atrás dela e caminhando para o quarto 2022. Bati na porta e segurei a bandeja que flutuava, antes que Shiroyama-san abrisse. Sua rapidez para atender me fez rir ainda mais.
— Ohayou gozaimasu, Shiroyama-san! – saudei-o e, por um momento, ele pareceu surpreso em me ver, quase como se não acreditasse que eu existisse. Mas sua surpresa passou muito mais rápido do que a das pessoas normais.
— Estava me perguntando quando a veria de novo... – o moreno se afastou, me dando passagem para entrar em seu quarto. – Você até que demorou...
— Então, sentiu a minha falta? – eu brinquei, mas suas faces coraram. – Espero que esteja com muita fome! – tratei logo de mudar de assunto.
— Isso tudo é pra mim? – Shiroyama-san olhou impressionado para a bandeja. – Tem duas xícaras aí!
Olhei também pela primeira vez de verdade e Sereny tinha preparado um super café da manhã pra duas pessoas ali.
— É pra mim também – sorri como se tivesse planeado aquilo, me sentei em sua cama e esperei que ele fizesse o mesmo. – Dormiu bem?
— Muito bem mesmo! – ele me respondeu, levando sua xícara à boca. – A chuva não diminuiu, hein? – sua voz me pareceu desapontada.
— Estragou seus planos?
— Eu não pude tirar férias do trabalho no Natal e Ano Novo pra ver meus pais... Tive uma folga e estava indo pra minha cidade natal para vê-los...
— Sinto muito...
— Falei com minha okaa ainda agora... Apesar de não ir pra lá, ela ficou feliz de saber que eu encontrei um lugar bom pra passar a noite...
Ficamos em silêncio um longo tempo, apenas tomando nosso café.
— Esse lugar é... Intrigante... – ele disse, de repente e me surpreendeu.
— Por que diz isso, Shiroyama-san?
— Yuu – ele respondeu. – Pode me chamar só de Yuu, Haruka-chan! – seu sorriso me fez corar tanto quanto ele tinha corado.
— Por que a pousada o intriga, Yuu? – perguntei, sem conseguir fazer minha voz sair mais firme e menos adocicada que a de uma criança. Ele sorriu.
— Não sei explicar... Na verdade, tentava entender isso antes de você chegar... É como se já tivesse estado aqui...
— Deja vu?
— É uma sensação mais fraca que um deja vu... – ele respondeu pausadamente. Seus olhos negros focaram os meus e ele sorriu novamente. – Só consigo aceitar a resposta que me deu ontem...
— Que resposta? – perguntei, surpresa, temendo que tivesse falado demais... Sereny não seria boazinha comigo se acontecesse...
— Magia! – ele tornou a sorrir, sonhadoramente, não como alguém que acreditasse que magia existia (o que era ingênuo da parte de muitas pessoas...), mas como uma pessoa que desejava que magia existisse...
— Ah... Magia... – eu dei risada. Seus olhos me focavam de um jeito intenso, como se me instigassem. – Se está tentando extrair de mim nossa fonte de magia, está perdendo o seu tempo. Sirius sabe muito mais do que eu – brinquei.
— Sirius? – ele me perguntou, risonho.
— O gato... – Yuu riu divertido, mas quem dera eu estivesse apenas brincando... Sirius conhecia muito mais segredos dali do que eu...
— Bom... Era a confirmação de que eu precisava pra saber que estava falando com uma feiticeira! – sua gargalhada não impediu o frio que atravessou a minha espinha quando ele disse aquela palavra.
— E isso não assusta você? – minha preocupação real não foi bem camuflada pelo tom de brincadeira forçado.
Yuu olhou em meus olhos, afagou minha face e deixou um selinho em meus lábios, que me fez sorrir.
— Não depois daquele beijo!
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