Broken Strings. escrita por AninhaSweet


Capítulo 2
Capítulo 2




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Como eu já estava habituada a acordar cedo no orfanato, aqui não foi diferente, por mais que estivesse sendo uma tortura acordar esta hora da manhã neste frio que fazia aqui. Prendi meu cabelo e calcei pantufas de coelho que eu tinha ganho no orfanato também. Malu estava na cozinha pegando torradas da torradeira e pareceu não notar que eu já estava de pé.


– Bom dia – eu a cumprimentei me sentando a mesa como se eu já fosse de casa a muito tempo.


– Bom dia, Chris – cumprimentou Malu – Estou super atrasada, só estava terminando umas torradas pra você.


– Não precisa se preocupar comigo não, Malu - eu disse colocando suco no copo – Vai lá.


Não foi preciso dizer duas vezes, Malu soltou as torradas no prato, jogou em cima da mesa e saiu correndo mandando beijos pros ares, dei um sorriso e olhei pras torradas queimadas. Eu não iria querê-las, então aproveitei que ninguém estava por perto e dei para o cachorro comer, e pelo jeito ele adorou.


Fui no quarto, troquei de roupa e subi para falar com senhora Cléu. Ela estava sentada em uma cadeira de frente ao seu espelho com uma camisola longa e branca – até os pés – com estampa de bichinhos.


– Como a senhora está nesta manhã? – perguntei beijando seu rosto.


– Muito bem – ela sorriu – Tenho um presente pra você.


– Sério?! – eu disse realmente interessada, sabendo muito bem que não deveria ser nada lá grandes coisas, afinal ela não podia nem descer as escadas, muito menos ir ao shopping próximo me comprar algo.


– Este livro – ela pegou o livro da estante que tinha na frente do espelho – Era o preferido de sua irmã.


Eu peguei o livro grosso e de capa dura, eu lembrava daquele livro, minha irmã lia para mim todas as noites alguns parágrafos até que eu pegasse no sono,


– Este é o melhor presente que eu poderia ganhar! – eu a abracei com os olhos marejados, ficamos um tempo abraçadas até que eu me afastei – A senhora poderia me dar o endereço da escola que ela estudou?


– Não sei se te faria bem ir no lugar onde tudo aconteceu.


– Vai me fazer bem sim – eu sorri sem jeito.


Na verdade eu não queria saber se ia me fazer bem ou não, eu queria era começar com o plano que eu mais trabalhei nesses últimos anos. Dona Cléu teve dificuldades de pegar na caneta e escrever com letra legível o nome da escola mas conseguiu. Perguntei se não havia problema deixá-la sozinha e ela me disse que não, que conseguiria se virar.


Claro que eu não levei fé naquilo mas não queria bancar a chata, então desci as escadas e saí em direção ao colégio que dona Cléu tinha anotado.


O colégio estava um pouco mudado. A parede estava com tinta nova, as portas estavam trocadas e o jardim estava florido. Mas sempre com aquele mesmo ar de "colégio de bons alunos". Eu conseguia me lembrar aos poucos de cada detalhe daquela escola.


Os alunos passeavam pra lá e pra cá procurando suas salas, as meninas conversavam em grupinhos, todas muito meigas. Eu as olhei e dei um leve sorriso. Eu queria ser que nem elas... ter cabelos lisos, sedosos, brilhosos e um sorriso perfeito.


Outros grupinhos se formavam, certas meninas eram bem ''saidinhas''. Passava um menino e parecia que elas queriam pular em cima dele, também riam felizes e davam pulinhos ao mesmo tempo.


– Posso ajudar? – perguntou uma voz rouca atrás de mim, eu levei um susto e olhei aquele rapaz. Ele era lindo, parecia ser um pouco mais velho que eu. Seu cabelo era curto e pelo que vi aparentava ser de um tom castanho escuro, tinha olhos cor de mel, muito hipnotizantes por sinal. Sua pele era branca, e seus lábios estavam vermelhos por causa do frio. Estava usando um capuz preto na cabeça para se proteger do frio e um casaco da mesma cor.


– Po-pode – eu disse gaguejando após sair do transe e botando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha sem jeito. Engoli a saliva que faltava em minha boca para molhar a garganta – Eu acho que pode, né? – eu concertei a frase – Você trabalha aqui?


– Na verdade não – ele disse com um charme enorme – Mas já estudei aqui.


– Estudou? – por um momento eu esqueci toda a vergonha, e a vontade de saber da minha irmã me dominava – Em que ano?


– Nossa – ele riu – Acho que realmente vou poder te ajudar mais do que pretendia.


Ele me pediu que eu o acompanhasse até um banquinho no fundo da escola para conversarmos com mais calma. Eu estava com muito frio, o gramado estava com um leve toque branco de flocos de neve, eu nunca tinha visto a neve e se caso eu a visse naquele momento eu pediria desculpa aquele garoto lindo e daria uma de idiota com a neve... Brincaria, rolaria e tudo que eu não pude fazer porque o destino interrompeu minha infância.


– Em que ano estudou aqui? – repeti a pergunta que já tinha feito anteriormente, cruzando os braços devido ao frio.


– No ano de dois mil e seis – era extamente o ano em que minha irmã foi assassinada. – E você, o que procura aqui?


– Nada – eu disse engolindo a seco – Eu vim apenas saber de uma história que me deixou de boca aberta.


– E posso saber que história foi essa?


– Um assassinato de uma menina.


Ele pareceu congelar. Desviou o olhar do meu e olhou pra estrada a nossa frente que aos poucos ficava branca da neve que caia do céu. Aquele acidente deveria ter deixado toda a cidade abalada e eu não me importei com o silêncio dele. Eu sabia muito bem que demoraria pra eu conseguir qualquer informação sobre quem foi o sujeito que matou minha irmã.


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Notas finais do capítulo

O Justin apareceu mesmo u-u k. Obrigada pelos primeiros reviews, amores ♥ Fiquei muito feliz quando vi que tenho leitoras da minha antiga fic aqui, acompanhando essa também. Espero que tenham gostado desse capítulo (: