The Empress Of Wonderland escrita por Biah_Morgan


Capítulo 1
Encontro Marcado


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira Fic!! Existe um momento para avisos, mas não é este. Atacar!



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O dia estava brilhante e comum, como em quase todos os dias. Como sempre, o ar estava seco e empoeirado, apesar do insistente sopro da brisa de todos os dias.

Acordei, como sempre, com a impressão de que não dormira nada. Aprontei-me com o mesmo visual, tomei o café da manhã de sempre, e fui para um tedioso dia na escola.

− Ah, você soube? Fulano fez isso e isso...

As mesmas fofocas de sempre. Das mesmas bocas de sempre. Falando das mesmas coisas de sempre.

E como sempre, cada segundo de aula se arrastou numa letargia excruciante até que o dia acabou num piscar de olhos.

Fui para casa, pelo caminho mais diferente que pude pensar. Mas eu já havia explorado todos os caminhos alternativos possíveis, então eu já conhecia esse caminho.

As nuvens se cerraram, e o trovão soou ao longe.

Ao menos algo para mudar a minha rotina.

Ao chegar à porta da minha casa, o meu vizinho, como sempre, despejou uma série de provocações, a que não dei atenção.

Meu irmão preparou nossa janta. Como quase sempre, meus pais não estavam em casa, e sim viajando a trabalho. Ou seja, a minha imensa casa estava abandonada ao relento, assim como seus únicos dois habitantes.

Para meu desapontamento, minha casa não era assombrada, nem possuía passagens secretas, ou monstros disfarçados, ou estátuas medievais, ou quadros que se movem. Era apenas uma grande casa comum e vazia.

Tomei meu banho cantando o mais alto que pude, tentando quebrar o silêncio que me envolvia. Coloquei meu pijama, naveguei na internet até enjoar e me deitei, já sob o ronco da tempestade.

Não pude deixar de torcer para que amanhã fosse diferente. Para que algo mudasse.

Para que eu enfim vivesse a aventura que tanto aguardava.


Para mudar algo, mude suas ações.


Passei o dia seguinte com essa frase esquisita na minha cabeça. Mas eu já havia tentado mudar tudo! E nada! Inexplicavelmente, eu continuava na mesmice.

Cansada, resolvi ir até o parque. E, talvez, me esconder daquele interminável círculo diário embaixo dos galhos das árvores.




Eu não sabia qual era a idade daquela árvore. Eu sabia que meus bisavôs tinham tirado uma foto embaixo dela. Eles eram novos. E a árvore já era velha fazia muito mais tempo.

O lugar perfeito para eu me deitar e dormir, tranquila...




Clarões. Eu não poderia perdê-lo. Escuridão. Não assim. Eu lutara muito para tê-lo ao meu lado.

A lua vermelha de Far brilhava imperiosa acima de mim, transformando a neve alva em neve rubra. Eu não sabia se pisava em neve comum ou em neve tingida por sangue.

Mas eu sabia que em breve, o sangue dele seria derramado, e ele receberia sua punição por todos os erros que cometera em toda a sua vida.

Eu não poderia permitir isso.

Eu jamais poderia perdê-lo.

Acordei com os pingos em meu rosto. Começara a chover.


Eu jamais poderia perdê-lo.


Um vulto. Um vulto em meio aos galhos gotejantes da árvore centenária acima de mim. Um vulto com olhos azuis, que me encaravam.

− Mas o q...

E então o vulto sumiu. E sumiu tão rápido que me perguntei se realmente o teria visto.




Sharon corria pelas ruas encharcadas. Pelo menos havia sido um dia diferente. Ela adormecera embaixo de uma árvore milenar, tivera um sonho esquisito da qual não se lembrava de quase nada, pensara ter visto um vulto de olhos azuis, e agora andava, encharcada, por ruas vazias, com os trovões acima de si.

Isso por si só já tornava aquele dia memorável.

Até que ela o viu.


Largado, no meio da rua. As manchas de sangue visíveis mesmo sob a chuva torrencial. A posição estranha e quebradiça. As falhas no pelo.

Um gato. Um gato roxo, com listras laranja.




Hesitei, por um momento, dividida entre o meu medo e o meu fascínio pelo anormal e pelo diferente.

O fascínio venceu.




− Awn, coitadinho!

Ela correu até ele, envolvendo-o com cuidado em seus braços.

Assim que o tocou, o gato abriu os olhos. E eles eram de um azul tão elétrico que chegava a ser desconcertante.

− Vai ficar tudo bem. – sussurrou, quando sentiu seu corpo macio tremer de medo. – Eu vou cuidar de você.

Sim, ela ia. Ainda não sabia como, mas ia.



Quando chegamos em casa, o bichano já estava mais calmo, embora não contivesse alguns espasmos de dor. Estava cedo demais para a janta; Meu irmão estava em seu quarto, jogando videogames. Não veria o bicho.

Nem me preocupei em trocar de roupa. Coloquei o animal agonizante em meu sofá (nunca entendi o porquê de eu ter um sofá no meu quarto...), sobre uma toalha. Coloquei um roupão sobre o meu uniforme ensopado, prendi os cabelos, e reuni tudo o que imaginei que poderia precisar.

Bastava agora vencer minha agonia de machucados.


Pouco a pouco, minhas mãos hesitantes conseguiram limpar todos os ferimentos. Fiquei aliviada quando ele não me arranhou; Mas seus miados de dor eram tão evidentes que percebi que não o fazia porque não tinha forças para tal.

Limpos, comecei a enfaixá-los. Eu não iria dar pontos, embora alguns aparentassem precisar. Minhas mãos já tremiam ao dar os nós nas ataduras; Era pelo bem do bichinho que eu não tocava em agulha nenhuma.

− Pronto. – Gaguejei, trêmula. – Você vai ficar bom.

Ele miou baixinho. Senti uma onda de afeição pelo gato. O que era um problema. Durante meu turno como enfermeira, eu havia notado uma coleira: Pequena, enfeitada, prateada, com um pequenino guizo pendurado.

Coleira de rico.

Ou ele era gato de um ricaço, ou ele um dia havia sido e já não era mais. Afinal, eu não sabia o que o havia machucado. E se ele tivesse sido espancado pelo dono e fugido?

− Mana, jantar!


Eu estava tão distraída que consegui tomar um tombo quando estava colocando o pijama.

− O que é? – Perguntei, ao ver os olhos do gato em cima de mim.

Ele estava vendo eu me trocar?

Não. Gatos não são tarados. Ele havia escutado o barulho do tombo. Só isso.

Quando me enfiei embaixo das cobertas, ele miou alto.

− O que é?

Mio.

− Como assim frio?

Mio.

− Eu durmo de cobertas porque estou acostumada. Não está frio.

Mio.

− Você não está morrendo, te garanto.

Mio.

− Não, nem pensar. Nada de gato na minha cama.

Mio. Particularmente alto e estridente.

− Tá, tá legal, seu saco de pulgas roxo.

Mio.

− De nada. – Rosnei, pegando-o no colo e colocando na minha cama.

Eu pensei que seria perturbador dormir com aqueles olhos azul elétrico em cima de mim. Mas havia algo de doce no modo com que ele me olhava.

Mio, baixinho e suave.

− Boa noite para você também.



Um momento, eu havia acabado de conversar com um gato roxo listrado de laranja?


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Notas finais do capítulo

Minha primeira Fic!! Lhes imploro, caros leitores: Comentem! Digam se amaram, se odiaram, se gostaram, se não gostaram...
Eu estou tremendo enquanto digito, de tanto medo de postar alguma coisa. Mas tudo bem.
~*~
De qualque maneira, eu logo aviso: A Sharon pode parecer inocente, mas essa guria é foguenta!! Não digo mais nada pra não estragar a surpresa.......