Perdição escrita por VanNessinha Mikaelson


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Nota da autora: Eu não sei por que saiu essa história, gente, mas espero que apesar de triste, ela agrade vocês.
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  Perdição

  Sentado à mesa de um bar, Castiel encarava um ponto aleatório sem muita vontade de sorver a bebida que lhe fora servida de maneira inegavelmente gentil. O ferimento em seu peito, que nascera no duelo contra Rachel, não se fechara completamente, no entanto não era essa a dor maior que o derrotava, que o fazia se sentir vulnerável.

  Desconsertado, olhou mais uma vez ao redor, como a se certificar de algo que desconfiava. O local, por si só, já era estranho e um tanto desconfortável. Não por se tratar de um bar, mas sim por quem o acompanhava. Habituara-se a vê-lo ocasionalmente, porém após alguns meses, de diálogos acerca de antigas batalhas, os encontros se tornaram bastante freqüentes. E, pior de tudo, não sabia explicar o porquê. Tanto que, com o correr do tempo, se inquietava com a situação.

  – Está calado demais, Cas, o que houve? – A voz rouca do homem, de um sotaque que lhe passava a impressão de ser até certo ponto sedutor, chegou aos ouvidos do anjo, que continuava a mirar algum ponto indefinido. E mesmo que sentisse a aproximação do outro, não se moveu, nem se incomodou. – Você não está nada bem, hun... – Crowley tocou em seu rosto devagar, após notar a expressão frustrada e cansada do moreno.

  – Como se realmente pudesse se importar comigo... Não é? – O comentário de Castiel saiu em um murmúrio quase inaudível.

  – Olha... – O demônio arqueou uma sobrancelha e sorriu discreto. Estudava bem qual resposta daria ao interlocutor, que parecia esperá-la. – Pode parecer que apenas quero abrir o purgatório. – Fez uma curta pausa e prosseguiu: – Ok, admito. É isso, fundamentalmente. Mas... Não farei esse trabalho sem você. Já estamos juntos nessa a mais tempo do que qualquer um venha a suspeitar, então vamos lá, Cas, me diga, o que houve? – Questionou novamente, o tom baixo.

  O ser celestial, por sua vez, observou o ambiente a sua volta pela última vez e sorriu melancólico. Encontrar-se com uma criatura infernal em um bar, com um copo de whisky à frente, era um tanto confuso, e por que não embaraçoso. Mas pela primeira vez ele não ligava. Apenas queria estar ali e respirar fundo para conter a amargura e a decepção de amar quem supostamente o considerava como irmão.

  – Você tinha razão de novo... – Iniciou, ainda sem olhar a criatura que continuava parada ao seu lado. – Os Winchester’s só precisam de mim. Não estão aqui para me ajudar... – Interrompeu a própria frase para refletir e prosseguiu: – Até porque, eu não lhes pedi auxílio mesmo para vencer essa maldita guerra. – Riu sem graça.

  – Mas eu pensei que fossem seus amigos, que o considerassem como da família. – Argumentou Crowley, um sorriso quase imperceptível com o canto dos lábios, que o moreno fez questão de notar.

  – Eu... Acho que... Eles me vêem desse modo, mas... Eu... Não sinto o mesmo por um dos rapazes... – Revelou, um leve rubor no rosto, que denunciava o constrangimento por tocar no assunto.

  – Hum. Nem precisa me dizer quem é, rapaz. – O outro puxou uma cadeira e sentou ao lado do anjo. – Ouça, vamos resolver a queda de braço lá em cima e depois você pode falar com o Dean...

  – Não, por favor, é inútil falar minhas sensações a ele, bem como tudo que lhe digo... – O moreno o interrompeu, antes de sorver a bebida alcoólica de uma só vez, parecia desesperado. – Dean não me ama. Apenas precisa da minha ajuda, exatamente como você me falou dias atrás, quando eu ainda acreditava...

  – E o que pretende fazer quanto a isso? – Quis saber o demônio.

  – Esquecer... Infelizmente... Não há outra saída. – Respondeu Castiel, os olhos azulados transmitiam tristeza. – Vamos arrumar essa bagunça o quanto antes... – Concluiu.

  – Certo. Se os caçadores não descobrirem que estou vivo, conseguiremos fazer isso com relativa facilidade. Os irmãos Metralha não precisam saber dos nossos planos, Cas... – Crowley não só lhe parecia sedutor agora. Seu modo de falar, particularmente mais arrastado do que o natural, não era pela bebida. Mas sim por que provocava o anjo. E Castiel tinha certeza disso ao ouvi-lo.

  – Exatamente. – O ser celestial serviu outro copo de whisky e sorveu o líquido com pressa. – Matei minha tenente hoje. – Contou, desprovido de emoção. – Não sei o que estou me tornando...

  – Estamos no fim, Cas. Logo tudo voltará a ser como era. E além do mais, há uma causa maior aqui...

  – Não permitir que o arcanjo liberte Michael e Lúcifer e nem que tome o poder. – Completou o moreno, como se rezasse uma prece.

  – Exato. – Concluiu o demônio antes de se levantar para ir embora. – Descanse e esqueça Dean Winchester. Ele não sabe de nada a seu respeito. Apenas chama você quando precisa e ainda grita com você quando quer. Afinal, o que o caçador fez para ajudá-lo espontaneamente?

  – Nada. – Respondeu o anjo, o olhar baixo. – Tem toda razão. – Ele observou o outro sair do bar a passos lentos, o que lhe oportunizou chamá-lo: – Crowley... – A voz, no entanto, saiu embargada. Um aperto em sua garganta o impediu de terminar o que diria.

  – O que foi, Cas? – Perguntou, parando ao lado dele novamente.

  O moreno, porém, não lhe respondeu com palavras. Tão somente ficou de pé e, o mais rápido que pôde, tomou os lábios do demônio em um beijo possessivo, quase desesperado. A língua de seu receptáculo, Jimmy Novak, se entrelaçava com a do parceiro em uma dança urgente e carregada de luxúria. Nenhum deles pretendia interromper o prazeroso contato, porém necessitavam respirar.

  – Uau! – Exclamou o outro após se afastar, visivelmente surpreso. – Posso ser franco? – O anjo fez que sim com a cabeça. – Você era a última criatura que eu esperava que fosse fazer uma coisa dessas...

  – Se me disse para esquecer, estou seguindo o seu conselho. Muitas vezes eu tentei falar, explicar... Mas Dean nunca quis me ouvir. Com você é diferente. – Justificou o moreno, instantes antes de desaparecer do bar em um firme bater de asas. – Eu preciso ir agora. Nos veremos em breve – Comunicou, e sumiu.

  Crowley sorriu abertamente. Sabia que tinha Castiel em suas mãos e poderia fazer dele o que bem entendesse, entretanto não conseguiria. Era um negociante astuto e cruel, mas o anjo estava acima disso até mesmo para ele, o que o inquietava. Permaneceu ali parado, a mirar o ponto exato em que o dono dos olhos azuis estivera e tornou a sorrir, a expressão carregada do mais puro sarcasmo.

  – E a falta de Dean o levará à perdição. – Riu do próprio comentário enquanto deixava o local e se pôs a pensar acerca da ironia do fato. Afinal de contas, fora o anjo quem tirara o primogênito de John Winchester da perdição. E agora o caçador não atentava para aquilo que já era inevitável: a queda definitiva de um dos seres celestiais de maior fé e amor em Deus. Nada poderia ser feito.

  Enquanto isso, em um motel qualquer de beira de estrada, de pé ao lado da cama do Winchester mais velho, no entanto invisível a olhos humanos, o moreno vigiava o sono do rapaz. Essa era a única maneira que tinha de contemplá-lo por um tempo maior, até que o dia surgisse no horizonte, para novamente esmagar suas esperanças quase nulas de obter aquele amor tão desejado e tão impossível.


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Notas finais do capítulo

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Mereço review?



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