Era um dia normal. Eu acordei com minha cara inchada, fui tomar meu banho pra ver se melhorava a cara de monstro e troquei de roupa pra ir pra aula. Saí sem tomar meu café e sem me despedir de ninguém porque eram basicamente uns dorminhocos. Primeiro dia de aula. Uma nova escola. Mas sim, era um dia normal. Não tinha porra nenhum de diferente nisso afinal, na outra escola eu já era ruim.. sendo novata então vai ser pior. 

Eu cheguei e fui andando naquele imenso corredor em busca do meu nome em um daqueles papéis com as turmas. Ai eu andando perfeitamente normal no corredor e de repente "pá", alguém tromba em mim. 

Materiais ao chão não, porque em pleno século XXI que raio de pessoa levaria livros e cadernos na mão? Eu apenas caí, levantei e disse educadamente: 

- Porra, presta atenção por onde anda. 

- Ei, você é nova por aqui né garota? 

- Sim, sou. Porque? Se for assim que todos vão me tratar já me avisa que eu saio dessa merda. 

- Prazer. 

- Prazer o caralho. - Saí andando procurando meu nome e minha turma. 

Quando finalmente encontrei minha turma era do lado do corredor onde eu já tinha começado. E eu pensei "porra, porque não colaram o papel perto então? Eu não estou tão gorda assim que precise de exercícios extras". Eu fui pra minha sala sem nenhum outro idiota trombar em mim. Entrei e diferente dos monótonos "fui pro fundo e pro canto da sala" eu fiz questão de chamar atenção. Sentei na fileira central e na carteira central também. A galera chegava e me olhava tipo "sua estranha, sai daqui". 

- Oi, você é novata? 

- Não. Estou aqui desde que você entrou, mas meus status estava offline. 

- Epa, novata, você tá pensando que pode é? Você não é mais que ninguém aqui não. Trate de se comportar combinado? 

- Ah, gostei de você.

- Porque?

- Você não virou as coisas e saiu. Tu me desafiou. 

- Então tá né. Prazer, Juliana. 

- Pode chamar de Ju? Juliana dá uma preguiça.

- Ok, Pode. E você devo chamar de...?

- Mel. 

- De...

- Melissa. Mas chame de Mel. Eu não gosto de causar preguiça nos outros também.

- Hahaha, ok então Mel. 

A tal da Ju sentou na carteira da frente e ficamos conversando até o professor chegar, se apresentar e perguntar das férias. Depois disso foi basicamente conversar de novo. 

No final da aula, o mesmo jumento trombou em mim. 

- Cara, me fala teu nome? 

- Pedro, porque? 

- Nunca vou namorar um Pedro. Ô nome amaldiçoado. 

- Porque ora? 

- Já é a segunda vez que tu tromba em mim hoje. Se quiser me pegar me fala vei. O pior que acontece é levar um não e a dor passa. 

- Porque você é assim?

- Assim como? 

- Fria. 

- Fria? Não filho, eu tô quente só não deixo Pedro nenhum sentir. 

- E porque não? - Ele disse se aproximando.

- Exatamente por isso. Querido, você não vai me ganhar na marra não. E vê se amanhã não tromba tá? Tchau.

Eu saí e deixei ele lá sozinho e fui até o ponto de ônibus com a Ju. De lá nós pegávamos transportes diferentes. Eu cheguei em casa e foi a mesma monotonia. Meu dia nunca foi muito legal então foi basicamente dormir a tarde toda, comer e ficar no computador a noite. Só isso.