"Mas você é tão hipnotizante,

Por favor, não me conquiste..."

Catch Me - Demi Lovato

Ela queria sumir, queria morrer naquele momento, para nunca mais ter que passar por tal situação. Por mais que respirasse a mesma parecia falhar, o ar lhe faltava, o medo não lhe cabia no peito.

Por mais que fossem apenas três metros, três míseros metros, aquilo a amedrontava, era como se fosse cair em um buraco sem fim.

―Vamos Olympe, suba! – o professor apitava com ignorância, o barulho agudo era ensurdecedor.

―Vamos esquisita, quero poder ir logo para o vestiário! – a voz extremamente fina e irritante de Cassis ecoava por todo o ginásio.

Olympe observou a corda, a segurou forte entre seus dedos, e deu impulso para cima, engoliu em seco, com os olhos fechados fazia força para subir, tentava manter sua cabeça longe, seu medo de altura a matava por dentro, sempre fora difícil conviver com tal coisa já que mora no décimo andar de um prédio antigo no centro da pequena Stratford.

Demorou, mas ela conseguiu subir até o fim, foi uma tarefa difícil, mas ela havia conseguido, chegou até o fim, em meio a insultos, mas para estes ela não tinha dado ouvidos, o que importava é que estava no fim da corda, tinha conseguido, tinha chegado até a cobertura do ginásio.

Abriu os olhos, e fez o que não deveria, olhou para baixo, e no mesmo momento o sentimento de conquista perdeu lugar para o pânico de altura, ela começou a tremer, seu estômago revirou, a corda balançava para todos os lugares, ela sentia que ia cair, cairia de três metros de altura.

―O que está acontecendo? – o professor gritou observando a menina.

―Eu vou cair!

―Ela vai cair! – no mesmo momento que ela gritou, um menino de lá de baixo gritou, por mais que Olympe tentasse se segurar não tinha mais forças, suas mãos a traíram soltando-se da corda, Olympe fechou forte os olhos  e quando pensou que cairia morta sentiu dois braços a envolverem e uma voz grossa porém suave perguntar: ― Você está bem?

Por mais que seus olhos relutassem a garota conseguiu abri-los, focou quem a segurava. Um menino de cabelos dourados, e olhos parecendo ser do mais puro mel, ele estava com uma expressão de espanto, porém nem essa escondia a beleza daquele ser.

―E - estou... – Olympe gaguejava, o pânico era facilmente notado em sua voz.

―Ok, agora que o showzinho acabou podemos nos trocar professor? – Cassis gritou com sua voz de taquara rachada.

―Vão logo! – o professor deu uma olhada em Olympe e ao constatar que a mesma estava bem seguiu os outros alunos.

―Vai te catar Cassis! – Justin gritou. Deitou Olympe no colchão com todo o cuidado do mundo. ― Você tem certeza de que está bem? – tornou a perguntar.

―Tenho... Obrigada Justin – sim, ela sabia quem ele era, o menino mais popular daquela escola- isso se não da própria Stratford - Justin Bieber, o capitão do time de basquete.

―Por nada – ele sorriu, seu sorriso parecia ter roubado o brilho do sol para si, como aquele menino era bonito, por Deus.

Olympe tentou se levantar, mas sem muito sucesso, suas pernas ainda tremiam seus braços não tinham forças.

―Deixe que eu te ajude – Justin apoiou o braço dela em seus ombros e a ajudou a levantar. ― Eu te acompanho até sua casa – ofereceu-se.

―Imagina, eu estou bem...

―Eu faço questão – disse firme.

―Obrigada – ela sorriu, deixando o garoto completamente sem graça.

Justin e Olympe caminharam lado a lado até o prédio da menina. Justin prestava atenção em cada detalhe daquele rosto que para ele era perfeito, cada traço, o cabelo preto como a noite, curto até os ombros, completamente repicados, os cachos que caiam por suas bochechas, e os olhos, um castanho escuro tão misterioso, ele era louco por ela, louco por Olympe , sempre amara a forma como ela sabia dar atenção aos outros e o como ela não se demonstrava abalada com o que os outros diziam a seu respeito.

―Olympe? – Justin sussurrou tímido, incrível o poder que aquela garota tinha sobre ele.

―Você sabe meu nome... – ela sussurrou para si, porém ele acabou ouvindo.

―Claro que sei – riu de lado.

―Pode dizer... – ela ficou se graça.

―Você gostaria de tomar um sorvete comigo? – mordeu o lábio inferior.

―Claro! – ela respondeu de imediato, depois corou ao notar seu entusiasmo.

―Vamos, é aqui perto... – ele mudou o percurso dos dois.

A sorveteria ficava a umas duas quadras do prédio de Olympe. Entraram no lugar, a menina já estava melhor, havia parado de tremer, Justin pediu um sorvete de chocolate, e Olympe pediu de creme. Sentaram em uma mesinha e começaram a conversar.

―Me conte um pouco sobre você Olympe – Justin pediu atencioso.

―Bom, eu moro com a minha mãe e meu irmão... Meu pai e ela são separados desde que eu tinha doze anos... Eu divido o quarto com o meu irmão, minha mãe vende cupcakes e eu trabalho na loja de discos que fica na esquina da minha casa. E você senhor Justin?

―Meus pais também são separados, só que desde que eu tenho dois anos, meu pai tem mais dois filhos, enquanto minha mãe só tem a mim... Minha mãe trabalha como faxineira, e eu toco violão e piano para ganhar alguns trocados e ajudar em casa...

―Eu sempre quis aprender a tocar piano.

―Se você quiser eu posso ensiná-la.

―Sério? – os olhos de Olympe brilharam.

―Mas é claro! – Justin abriu um enorme sorriso ― Está sujo aqui... – ele pegou um guardanapo de papel e limpou a ponta do nariz dela.

―Sou meio desastrada – ela riu sem jeito.

―Relaxa – ele riu bobo.