Meus dentes se cravaram na crosta crocante e passaram pelo interior macio e doce do cupcake. O sabor doce se espalhou pela minha boca e encontrou seu caminho pelos meus nervos até meu cérebro e me deliciei com aquele doce que o lugar servia.

No meio do salão, um piano continuava sendo tocado majestosamente, apesar de eu poder fazer algumas criticas, escolhi calar-me e apreciar aquele lugar. Ao meu redor, gente de alta classe se sentava em cadeiras de metal brilhante e a frente delas, chá e doces eram servidos.

Suspirei baixinho quando percebi que a cadeira ao meu lado estava sendo puxada, mais precisamente por um ser prepotente que me deixava nervoso conforme seus lábios joviais e carnudos depositavam um selinho nos meus.

-Gilbert! –Repreendi em voz baixa. –Não em publico.

-Qual o problema? –Ele perguntou, se jogando na cadeira. –Ninguém ta olhando e ainda assim, é tão errado eu dar um beijo de oi no meu namorado?

-Não use esse termo. –Falei, bebericando um pouco mais de chá.

-Ok, meu amante e amado, que tal? –Quase engasguei com ele falando assim.

-Você não entendeu, não é? –Questionei, pegando um bolinho mordendo-o novamente.

-O que tem de tão errado, seu chato? Ou foi a minha incrível presença que fez você se derreter todo hein? –Falou, se aproximando e falando lentamente e de forma quase erótica ao pé da minha orelha.

-Não seja indecente, Gilbert. –Falei, olhando ao redor e o empurrando de leve quando percebi duas madames cochichando e olhando em nossa direção.

-Não seja chato, Rod. –Ele falou, enquanto sentia um leve carinho dele na minha perna. Apenas suspirei baixinho e um pouco corado. Era difícil não gostar do toque dele.

Ele sorriu pra mim, meu rosto corado fervia em vergonha e ao mesmo tempo excitação, céus, eu o amo tanto, mas por sorte minha, ou azar, nunca teria coragem de dizer isso a ele.

-Rod. –Chamou, baixinho e eu poderia dizer que estava um pouco animado. –Me dá um pouco de comida. –Falou, apontando pra boca aberta.

-Você tem mãos, elas servem pra algo. –Falei, voltando a comer o meu bolinho.

-Não seja mal educado, vai. –Falou, rindo. Ele então, olhou ao redor e pôs a mão na minha perna, se apoiando em mim pra alcançar o pé da minha orelha e me cochichar algo. –Se você for legal comigo, eu posso ser muito legal com você depois. –Sua mão subia pela minha coxa em direção as minhas partes mais sensíveis. –Ou posso ser bem malvado, você escolhe, sabe?

-Gilbert, em publico não… -Cochichei de volta, mesmo que uma parte minha sabendo que fazer uma voz de donzela em perigo logo antes de ser atacada por um demônio pervertido o fazia querer isso ainda mais.

-Vai, esse pessoal tem o nariz tão empinado que só conseguem olhar pro teto, nem sabem com quem estão conversando. –Cochichou baixinho, me neguei a rir daquilo, mas tenho que admitir que achei engraçado. –Só um pouco de bolo de chocolate e eu me calo, que tal?

-Ok. –Concordei, em um suspiro, peguei uma colher e coloquei em uma fatia de torta de chocolate cremoso, puxando um pouco do chocolate cremoso e leve. Guiei-o até a boca de Gilbert, que saboreou com doçura.

-Esse bolo é incrível. –Sorriu, logo depois apontando pra uma torta de limão e abrindo a boca novamente. –De novo, Rod.

Me sentia um adulto alimentando uma criança. Suspirei e limpei a colher rapidamente com um lenço da mesa, o deixando no canto da mesa logo depois e então, peguei um pouco da torta de limão e guiei até Gilbert.

Suspirei baixinho conforme percebi que ele se deliciava.

Sua personalidade infantil, mas ainda assim carinhosa me encantava. Ele era egocêntrico no pior sentido possível, mas ainda assim gostava de mim pra saber me agradar e querer me fazer sentir bem com ele o tempo todo.

Gilbert é agridoce, ele domina os dois polos opostos perfeitamente e os equilibra pra tentar me agradar. Ele é realmente uma ótima pessoa.

Acho que isso é amor.

-Rod, você ta me encarando faz uns minutos. Eu sei que eu sou totalmente incrível, mas… podíamos ser mais discreto não. –Um sorriso pervertido e egocêntrico dele fez com que eu sorrisse um pouco mais, um sorriso sutil e discreto que fez ele corar.

Peguei o cardápio e coloquei em nossa frente, escondendo nossos rostos, e nesse pouco de privacidade que tínhamos, depositei um selinho em seus lábios. Tinham um agridoce sabor de chocolate. Sua mão pousou na minha nuca, forçando mais os seus lábios contra os meus e deixando sua língua acariciar a minha. Assim que nos separamos, minha boca ainda se deliciava com o sabor agridoce de Gilbert e do limão com chocolate.

Talvez seja mesmo amor.