Ainda estava escuro, mas Magali ignorou. Ela caminhou rapidamente até o quarto de DC. Por um momento desistiu. “E se ele dormisse pelado? Ah, que se dane”, pensou. Então ela girou a maçaneta da porta, revelando um quarto escuro, obviamente.

— Ei. — ela cutucou o braço do moreno. — DC. Acorda, idiota.
— Ah, que droga Mags. — ele murmurou rolando para o lado direito. — Que horas são?
— Duas e quarenta cinco.
— Por que entrou no meu quarto?
— Para te acordar. — disse empurrando-o.
— E se eu dormisse pelado? Isso não passou pela sua cabeça?
— Não teria nada para ver. — ela riu dando de ombros.

Alguns minutos depois, eles finalmente saíram de casa. Depois de Magali apressar o moreno a cada segundo.

— Vestido, shorts, blusas, sapatos, maquiagem. Ok, ok. Não estou esquecendo nada, estou?
— Não sei. — Do Contra deu de ombros completamente desinteressado.

***

Do Contra tentou ignorar o show que Magali estava dando no carro. Ela cantava todas as músicas que tocavam no rádio.

— Men be falling like the rain, so we aint running out.
— Pare com isso. Você está tirando a minha concentração. — DC disse emburrado.
— Não estou te atrapalhando de modo algum. — respondeu fazendo um bico.
— Você tem certeza?
— Deixa de ser chato. É o penúltimo dia do ano, Do Contra. Eu quero me divertir, tá? — disse cruzando os braços. — Imagina, — ela murmurou sorridente enquanto arrastava a mão no ar. — Quando você estiver bem velhinho, seus netos te perguntarão: “Vôvô, o que você fez no penúltimo dia do ano?”. Você dirá: “Ah, queridinhos. Enquanto a minha colega de apartamento dava um show no carro, eu reclamava como um velho rabugento com dor nas costas.”
— Correção: Enquanto a vóvó louca dava um show no carro, eu reclamava como uma pessoa consciente. — ele sorriu docemente. Em resposta, Magali virou-se para frente atacando um saco de salgadinhos, tentando esconder suas bochechas ruborizadas.

***

Do Contra estacionou em frente ao pequeno portão branco. Magali saiu do carro, sorrindo encantada.

— Aqui continua lindo. — ela alargou o sorriso.
— Tem razão. Agora me ajuda com as malas.
— Já te disseram que você é estraga prazeres?
— Sim, mas eu não me importo.

Eles tiraram as malas do carro. DC gritou avisando a mãe que tinha chegado. Magali automaticamente lembrou a primeira vez que tinha visitado a família de DC.

A mulher que recebera Magali alguns anos atrás, saiu de casa sorrindo. A gulosinha acenou alegremente.

— Ah, vocês chegaram. — ela correu para abraçá-los. — Fico feliz por você ter vindo, Magali. Do Contra falou muito de você.
— Mãe. — o moreno enterrou o rosto nas mãos. A moça riu. Ela torceu para não estar corada como DC.

A mãe de Do Contra os conduziu para dentro. DC gritou enquanto entrava no próprio quarto.

— Ok. — Magali encarou o rapaz. — Onde eu vou dormir?
— Aqui. — DC franziu as sobrancelhas.
— Prefiro o sofá. — sorriu amarelo, voltando para a sala.
— Sinto lhes dizer, mas não vai sobrar lugar nem no chão. — sorriu sarcástico.
— Isso é sério?
— Eu já menti pra você alguma vez? — sem responder, ela voltou para o quarto.

***

Não demorou muito para o sol se pôr. Magali decidiu continuar em casa fazendo companhia a D. Marisa enquanto Do Contra saia com os amigos.

DC chegou um pouco tarde, mas a gulosinha ainda estava acordada.

— Sabe o Toni? — murmurou para a moça.
— Estou esperando você me apresentar. — Magali respondeu enrolando uma mecha do cabelo.
— Tipo, ele está namorando a Mônica. A minha ex. — ele confessou incrédulo, afundando na cama. A gulosinha arremessou um travesseiro no rapaz.
— Você sabia disso, não é?
— Não, claro que não. — disse enquanto deitava na cama.
— Não vou dormir na mesma cama que você.
— Então vai pro chão. — DC deu de ombros.
— Não. — a moça controlou-se para não gritar. — Eu deitei primeiro.
— Mas o quarto é meu.

Por alguns segundos eles ficaram em silêncio, embora Magali soubesse que ele estava acordado.

— Sua mãe achava que éramos namorados. — disse rindo. Do Contra soltou um risinho. — O que você disse a ela? — Magali empurrou o moreno, enquanto ele ria.