- Posso te contar um coisa Ryan? – Jennifer parecia bastante apreensiva antes de começar a falar.

- Claro Jen, o que houve?

- Um amigo meu, hoje, ele me beijou e acho que quer namorar comigo.

Engoli seco aquilo, fechei os olhos pensando por alguns minutos, talvez Jennifer estivesse certa, estamos longe demais para fazer aquilo dar certo. Foi a primeira decepção que tive, e depois daquilo, depois daquelas palavras eu mudaria com ela, seriamos apenas amigos. E eu fiz questão de esquece-la. 

[...] 

Já haviam se passado 5 anos. Eu já havia me formado, namorava com o Tom desde que ele tinha me beijado pela primeira vez, a vida estava bem estável, eu tinha uma carreira. Não bem o que eu queria, mas estava bem. Ryan e eu já quase não nos falávamos. Desde o meu aniversário de 18 anos mudou muita coisa entre nós. Ele tinha virado um guitarrista de uma banda mundialmente conhecida, assim como sonhava, estava sempre ocupado, fazendo muitos shows, galinhando bastante, não me lembro de ter lido nenhum site na internet sobre a vida amorosa de Ryan. Eu o acompanhava de longe.  Ele havia mudado muito, estava bastante arrogante, então as vezes eu o ignorava. Estava mexendo em meu celular quando ele tocou.

- Oi amor, já está saindo do serviço? – Tom me perguntava. – Eu estava pensando em passar ai hoje, queria te levar para jantar, então, o que acha?

- Tudo bem, eu já estou descendo. – Falei antes de desligar o telefone.

- Ótimo, estou te esperando aqui embaixo.

Sai do prédio e ali estava Tom, encostado a porta do carro, o terno preto o deixava bem,  ele estava segurando um buquê de rosas vermelhas, fiquei bastante corada antes de me aproximar dele.

- Hoje não é meu aniversário Tom, o que está acontecendo? – Eu me aproximei dando um selinho em seus lábios.

- Não é, mas eu não posso fazer uma surpresa para minha linda namorada? – Ele falava me entregando o buquê, abria a porta do carro para que eu entrasse. – Senhorita..

Ele falava, eu ria enquanto entrava no carro. Tom entrava para o outro lado, ligava o carro dirigindo até um hotel. Eu achei meio estranho, pois ele havia falado em jantar. Eu ri um pouco e o olhei meio sarcástica.

- Acho que até sei o que quer de sobremesa. – Ergui uma das sobrancelhas rindo um pouco.

- Eu não tinha pensado nisso, mas já que você insiste. – Ele riu, abrindo a porta para mim, descemos do carro.

Tom já havia preparado tudo, já tinha feito as reservas, chegando lá não demorou muito, ele falava com a recepcionista enquanto ele fiquei ali no saguão aguardando. Tom se aproximou de mim me segurando pela cintura, pegamos o elevador, andamos por um corredor, logo tom abria uma porta. O quarto era enorme, me aproximei da sacada, abrindo-a, naquela hora da noite as luzes da cidade todas acesas, formava uma vista incrível.

Tom chegava por trás de mim, me abraçando pela cintura. Deslizava meus cabelo para o lado encostando a ponta do nariz em meu pescoço, acariciando de leve.

- Gostou? Ele sussurrava próximo ao meu ouvido.

Fechei os olhos sentindo o toque dele sobre a minha pele. Respirei fundo antes de responder.

- Adorei, mas para que tudo isso? – Eu realmente estava curiosa em saber.

- Ah amor, eu posso as vezes ser romântico não posso?

Ele ria dando um beijo na curva e meu pescoço, subia uma das mãos lentamente sobre meu seio esquerdo, puxando minha cintura com a outra mão fazendo nossos corpos colarem. Senti um volume se formar abaixo da cintura dele. Eu apertei a mão que estava sobre a minha cintura empurrando mais meu corpo contra o dele mordendo meu lábio inferior de leve, fechei meus olhos deixando escapar um gemido baixo.

- Acho que eu vou querer a sobremesa antes amor. – Ele ria já abrindo os botões da minha camisa enquanto continuava a beijar meu pescoço. Me virei olhando para ele, dei uma leve mordida em seu lábio e sorri, o puxei para a cama lentamente e lá fizemos amor.

Depois de algum tempo com se levantava da cama, eu estava exausta, continuei ali, ele havia pedido algo para comermos. Eu o via entrando com uma bandeja, ele a depositava sobre a cama e olhava para mim. Eu me levantei e via a bandeja tampada.

- Pediu apenas para mim? – Eu falava enquanto abria a tampa, logo o susto me tomou.

- Jen, casa comigo? –Tom se ajoelhava segurando uma das minhas mãos me olhando no fundo dos olhos.

-Tom.. eu.. – Ele sorria de forma gentil ainda me olhando.

- Eu te amo Jennifer, e quero viver o resto da minha vida com você, é claro, se você quiser dormir e acordar todos os dias ao lado desse cara que está bem aqui a sua frente. Não precisar ser agora Jen, eu sei que você está meio apavorada com isso de repente, mas quero que pense sobre isso e me de uma resposta. – Ele pegava o anel dentro da caixinha com cuidado colocando-o em meu dedo. – Eu espero que você me responda apropriadamente daqui a algum tempo.

Sei que tom estava falando sério, acho que ele via nos meus olhos que eu realmente estava apavorada. Respirei fundo dando um beijo na testa de Tom.

- Me desculpa Tom, eu só, me deixe pensar melhor sobre isso ok?. – Disse por fim.

Comemos, conversamos, eu sabia que apesar das brincadeiras Tom estava bem apreensivo, claro, como eu não tinha dado uma resposta para aquilo era normal que ele estivesse triste. Me deitei na cama novamente, Tom me abraçou forte, logo pegamos no sono.

Na manhã seguinte estava no trabalho, meu chefe me chamou até a sala dela, respirei fundo e me levantei, ótimo, agora eu seria despedida, pensei. Entramos na sala dela e ela me pediu que sentasse. Observou o anel no meu dedo e então começou a falar.

- Olha só, vejo que isso não estava no seu dedo a 1 dia atrás Jennifer. Parabéns! – Me cumprimentando antes de me mandar embora, legal, pensei. – Bem, talvez não seja uma boa hora, mas eu queria te fazer um comunicado.

Lá vem bomba!, pensei, respirei fundo e sorri.

- Obrigada Sr. Jeremy, mas não ser uma boa hora seria o que? – Fui direto ao assunto.

- Jennifer, como você sabe, somos uma filial, a sede de nossa empresa é nos Estados Unidos.

- É, sei disso. – Eu disse demonstrando um pouco de entusiasmo. – Então?

- Então, que eu preciso mandar uma pessoal para lá, sabe, haverá um novo projeto para uma montagem de um jogo novo. Eles me pediram que alguém qualificado fosse para ajudar no design do projeto. Seu inglês é fluente e você tem muita competência para isso. Então eu resolvi escalar você para o projeto, mas não sei se é mais de seu interesse. – Ele olhava para o anel em meu dedo e logo para mim novamente. – Esse poderia ser um bom momento em sua carreira, mas não sei se está interessada. Seria por 1 ano ou 2, até terminar o projeto. – Em outras palavras, ou você vai, ou será mandada embora.

- É um prestigio senhor, eu sempre esperei por essa oportunidade, sim estou noiva, no entanto, é claro que é uma oportunidade única em minha carreira. Eu tenho certeza que o senhor não irá se decepcionar, eu com certeza irei.

- Ótimo Jennifer, você partirá em uma semana.

Meu chefe me cumprimentou, eu sorri e sai de lá. Logo que cheguei em minha sala me joguei na cadeira, dei um longo suspiro encostava com a cabeça em minha poltrona. “Era só o que me faltava..” bufei, mal acabava de falar e meu telefone tocava.

- Jen , oi, Tom me contou, meus parabéns amiga! – Alice quase berrava ao telefone, tive que afasta-lo um pouco antes que minha cabeça explodisse.

- Obrigada Al, mas tem um problema, você está aqui perto hoje? dá para almoçar comigo?

- Problemas? Deus, estou terminando uma sessão de fotos, poderei sair as 13:00 que tal?

- Está ótimo. Te encontro naquele restaurante. – Desliguei o telefone o jogando de lado, precisava de alguém para me ajudar naquela situação.

Na hora marcada eu já estava ali esperando Alice. A vi descendo do carro, conversar com o maitre e logo ela vindo em minha direção, andava em passos largos como se estivesse desfilando.

- Desculpa Jen, eu me atrasei um pouco eu sei, mas a sessão demorou um pouco mais do que eu previ. – Ela me dava um beijo no rosto e logo ocupava a cadeira em minha frente.

- Oi modelo linda, você está linda hoje, veio desfilando até mim, eu vi. – Eu ria brincando um pouco. Antes de entrar no assunto sério.

- Você sabe amor, modelo que é modelo não anda, desfila sempre! – Ela brincava também. – Mas e ai Jen, qual era o assunto que você queria falar comigo? Você parecia um pouco preocupada no telefone, nem parecia que tinha sido pedida em casamento.

Eu fiz fiz um bico, colocando os cotovelos em cima da mesa enquanto brincava com uma das taças.

- Esse é o problema. – Dei um suspiro longo em seguida. – Eu ainda não sei se quero me casar, além disso, surgiu um grande problema, bom, para mim não é um problema, o problema mesmo é contar isso para o Tom.

- Espera, respira, vai com calma, eu não estou entendendo. Qual é o real problema Jennifer? Você não ama o Tom a ponto de querer casar com ele? É isso? – Alice me olhava compreensiva. – Se for por causa do passado, Jen, isso mudou a muito tempo, eu não amo mais o Tom, apesar dele ser lindo, ele é apaixonado por você amiga. Ta ai a prova, o pedido de casamento.

- Al, o problema não é o Tom, o problema é comigo, eu sou confusa demais, a gente namora a 5 anos e mesmo assim, além disso eu recebi uma proposta de emprego, que eu já venho querendo a  anos! – Eu falava tudo de uma vez.

- Não vai me dizer que... Jen, eles querem te mandar para a sede da empresa. – ela ficava boquiaberta. – Jen você sonha com isso desde que começou a fazer a faculdade, conseguiu esse emprego e .. mas não é justo logo agora.

- Eu sei Al, mas é uma oportunidade única, e além disso, ficando longe eu posso decidir o que eu quero. – Eu a olhava e logo em seguida abaixava a cabeça.

- Não Jen, você não está pensando besteira, diz para mim que você não está pensando nisso. – Ela esbravejava. – Isso já fazem anos Jen, e se você quer saber, eu acho que esse cara nem lembra mais que você existe , vocês não se falam desde seu aniversário de 18 anos, você não acha que já ficou triste o bastante?  O cara perfeito está te pedindo em casamento e você quer ir atrás de um sonho bobo de adolescente? Eu não vou te incentivar nisso, não mesmo!

- Não, Al, é a minha carreira que está em jogo. – Eu tentei mentir sem conseguir. – Tá, eu quero ver ele pelo menos de longe, isso não quer dizer que eu vá atrás dele, mas em um show, sei lá. Quero só ver ele de perto. – Eu confessava.

- Uma mulher da sua idade dando uma de tietê, qual é Jen, dá rumo nessa vida. Ele é página virada amiga, olha eu só quero o seu bem. – Ela falava por fim.

- Mas isso não muda o fato Al, eu preciso ir para o Estados Unidos, além de ser meu sonho trabalhar na sede, se eu não for eu perco meu emprego.  Eu já me decidi Al, eu só preciso descobrir como vou contar ao Tom, partirei em uma semana.