Na Paz Do Seu Sorriso escrita por judy harrison


Capítulo 3
Andando nas nuvens


Notas iniciais do capítulo

Bob e Amanda estavam conectados, como um sonho curtiram momentos de paixão. Mas O que Bob diria se soubesse que Amanda era uma farsa?



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A semana de trabalho começou.
_ Bom dia, Amandinha! Roger a cumprimentava Como passou seu fim de ano?
_ Bem, Roger, e você?
_ Bem! Obrigado.
_ Bom dia! era Bob que chegava. Seu coração estava acelerado e ela não conseguia olhar para Amanda - Roger, pra minha sala.
Decidido a fazer o que prometeu e esquecendo o risco que corria com Nancy, Bob disse a Roger.
_ Quero que ela ocupe aquela mesa, e que faça apenas o que eu mandar. Assim sobrará mais tempo pra que eu saia e visite nossos clientes.
Roger riu.
_ Bob, nós não visitamos clientes! É John que faz isso.
_ Caso eu precise sair, meus trabalhos não ficarão acumulados.
_ Lembre-se de que ela não é contabilista. Você não pode deixa-la em seu lugar.
_ Eu sei, posso ensinar coisas básicas a ela, não?
_ É você quem manda.
Acatando a ordem de Bob, Amanda passou a trabalhar ao lado dele e a fazer pequenos trabalhos de contabilidade, sob suas instruções.
Lá fora, então o boato de que ambos estavam tendo um caso não demorou a surgir, pois Amanda estava na empresa havia quase um mês, mas já era secretária, e outras que possuíam maior qualificação para o cargo e tinham mais de um ano de empresa, continuavam a preencher fichas.
Sexta feira pela manhã, Bob estava fora. Orgulhosa, Amanda estava na cadeira do chefe, e um cliente ligou. Era de outro país, Cuba. O homem precisava falar com urgência com Bob, e quase gritava o que queria dizer. Seu castelhano estava distorcido por causa do jeito desesperado com que ele falava. Então Amanda falou com ele em inglês e ele se acalmou. Ele queria conferir uns dados de sua empresa no Brasil e era importante para que fechasse um negócio naquele momento em Cuba.
Com paciência, Amanda achou os dados que ele precisava no arquivo de Bob. E tudo se resolveu.
_ Gracias! Gracias! disse o homem feliz.
Quando Bob chegou, Amanda lhe contou o que houve.
_ Você falou com ele? Achou os arquivos dele?
Ele estava impressionado. Sabia de qual cliente se tratava, era um dos mais importantes.
Era 1986 agora, e ainda assim as mulheres da época estavam um passo atrás dos homens, de modo que fazer negócios ainda era tarefa exclusiva deles.
Satisfeito com a eficiência de Amanda, Bob passou a conversar com ela em sua língua, e lhe fez uma proposta.
_ Vou fazer uma viagem agora mesmo, e John ficará em meu lugar. Quero que me acompanhe como secretária executiva!
Ela precisava responder na mesma língua a ele, e o fez.
_ Eu não sei o que uma secretária executiva faz, exatamente.
_ Vai fazer apenas tudo que eu mandar, como aqui. Isso não é difícil. É uma reunião de negócios. Vou pagar a você o equivalente ao salário de executiva. Aceita?
_ Sim!
_ Ótimo! Peça que Roger providencie os preparativos. Sairemos em meia hora.
_ Sim, senhor.
Amanda saiu do escritório pisando no ar, aquilo era muito bom para ela. Quase não acreditava que viajaria com ele, e ocupando um cargo que a maioria das mulheres almejava, e que ela jamais imaginou alcançar, já que teria que estudar muito.
Dez horas da manhã, Bob e Amanda estavam deixando o prédio quando Nancy atravessou a rua. O carro passou por ela.
_ Bob! Bob! ela gritou.
Bob a viu, mas a ignorou, assim como Amanda.
Mas Nancy não ignorou que Amanda estava no carro com seu marido.
Subiu para o escritório e desesperada procurou por Roger.
_ O que aquela cretina que você disse ser sua namorada está fazendo no carro de Bob?
Com naturalidade, ele respondeu.
_ Eles saíram a negócios. Achei que ele tinha falado com você.
_ Você sabe que não. falava com fúria Vou esperar por eles aqui, e aí pegarei essa também.
Roger queria rir dela. Guardou suas coisas e pegou sua pasta.
_ Não pode passar a vida perseguindo seu marido, Nancy. Mas se quiser esperar... ele saiu da sala.
Bob e Amanda estavam longe dali.
Durante aquela viagem, Amanda conheceu coisas em Bob que no escritório não via. Ele gostava de música clássica e samba dos anos 70, de manter seu carro perfumado, e dirigia como uma mulher, com prudência e sem pressa.
_ Gosta de samba, Amanda?
_ Sim. ela gostava de música pop, mas com Bob tudo era lindo, tudo era especial.
Ele ligou o toca-fitas e aumentou a música.
Era um samba de Benito di Paula, Charlie Brown, gravado em 1975.
_ Eu precisei traduzir essa música quando estava estudando português. E acabei gostando. Não aprendi nada, mas a música é muito bonita.
Era incrível para Amanda que Bob fosse um homem comum fora de seu mundo, no trabalho e em casa.
Bob contou a ela como tentou aprender sem sucesso sua língua, e ela riu muito com a história.
Quando chegaram à cidade onde seria a reunião, ele procurou por um bom hotel. E quando se acomodaram, desceram para o almoço.
_ Está muito cheio! - ela disse impressionada.
Bob sentia-se como um menino que fugia de casa com sua namorada adolescente. Olhava pra ela com muito carinho, com o cuidado de não demonstrar o que realmente queria dizer ou fazer.
_ Veja essa semente. - ele disse.
Era a semente de azeitona que ele encontrou num molho.
Ele colocou em uma colher e a posicionou na beira do prato, então apertou e soltou. A semente voou para o alto e desceu na mesa de um grupo atrás dele. Mas o grupo não tinha ideia de onde a semente saiu.
Enquanto ouvia os insultos e reclamações, Bob comia tranquilo, mas Amanda não acreditava em tamanha peraltice, tentava não rir, para não entrega-lo.
_ Engula o riso! ele dizia a ela, contendo o riso também.
Quando subiram para seus quartos, ela riu muito e ele só a observava.
Como era bom para Bob saber que ainda podia fazer alguém ser feliz, mesmo que fosse por pouco tempo, por pouca coisa.
No quarto, depois que os dois se arrumaram, Bob pegou as coisas que ia precisar para a reunião e pediu que Amanda guardasse em sua valise.
A reunião seria a dois quilômetros dali, e enquanto ia, ele explicou o que ela deveria fazer. Só então ele revelou.
_ Eu serei o orador de parte dessa reunião, e você ficará ao meu lado na bancada.
Era bom para Amanda entender as coisas com rapidez. Mas Bob sabia que as coisas que ela faria poderiam ser feitas por ele mesmo. Era a presença dela que fazia a diferença.
No local da reunião, Amanda logo viu do que se tratava. Era uma associação onde várias empresas trocavam informações e experiências, e apresentavam projetos.
Bob apresentou um projeto elaborado pelos irmãos Starkey, sobre formulários, modelos novos que economizavam papel e tempo.
Enquanto ele fazia a demonstração no slide, Amanda o auxiliava nas folhas que deviam ser exibidas.
Ao fim da demonstração, Bob foi aplaudido.
Amanda não entendia muito bem o que era aquilo, mas sabia que Bob fez algo extraordinário e que todos gostaram, e ficou orgulhosa dele.
_ Você vai ganhar dinheiro com isso? - ela perguntou enquanto voltavam para o hotel.
_ Não é sempre que um projeto sai da mesa dos diretores da associação, mas a chances de adotarem nossas ideias são grandes. Ai, sim, ganharíamos dinheiro.
_ Eu adotaria sua ideia. Foi muito boa!
Ele sorriu. Sabia que ela não entendia o projeto, mas queria elogiá-lo.
_ Acha que fomos bem, na apresentação?
_ Você foi o máximo!
Aquilo tirou Bob do ar, e quase ele passou pelo hotel sem perceber. Havia muito tempo, ele não recebia um elogio de incentivo como aquele.
Já prontos para ir embora, depois do lanche, Bob olhou o relógio.
_ São quatro horas da tarde. Chegaremos lá em uma hora. Então temos uma hora para gastar. Aonde quer ir?
Na mente de Amanda passava muitos lugares, mas ela queria dizer que Bob podia leva-la para o infinito.
_ Se der para passarmos na praia...
_ Na praia? Para nadar?
Bob usava o tom de um pai agradando sua filha.
_ Eu nunca vi o mar. Não preciso entrar na água, só olhar.
_ Desejo concedido!
Bob também queria levar Amanda para todo o sempre, mas tinha que manter o juízo em sua consciência.
Em meia hora, os dois estavam em frente o mar.
Eles saíram do carro e se aproximaram da areia.
Amanda estava chorando, ficou emocionada ao se lembrar de sua mãe verdadeira que contou a ela como era o mar, quando ela tinha três anos.
_ É lindo!
Ela disse enquanto Bob se emocionava com ela. Sentia que era sua juventude que dava a ele aquela sensação de ser outra pessoa, de estar amando de novo, de rir e vê-la rir. Bob estava vivendo de novo. Lá não havia cobranças e nem arbitrariedades. E Amanda gostava de tudo que ele fazia, ela o admirava, o elogiava, falava sua língua...
_ Venha, vamos molhar nossos pés. ele disse num estalo.
Eles tiraram os sapatos e foram para a beira. Bob segurava a mão de Amanda, pois ela estava de vestido e seu tecido voava com o vento.
Ainda maravilhada com tudo, Amanda olhou para Bob e disse.
_ Obrigada! Foi a melhor coisa que alguém me fez!
Sem mais resistência, ele a abraçou e a beijou.
Amanda sentiu o calor dos lábios de Bob, estavam trêmulos e perdidos em sua boca, e o coração dele batia muito.
_ Bob! ao sentir a água em seus pés, ela teve a sensação de que ia cair, então o abraçou com força - Não me solte! Segure-me!
Com seus braços fortes, Bob a suspendeu para seu colo, enquanto ela se afirmava com as pernas enroladas na cintura dele. Ele a levou para o fundo, onde a água batia em seu peito.
_ Bob, Não me solte! Socorro!
Amanda agora ria sem parar, e eles rodopiavam enquanto saiam da água devagar.
Por sorte tinha uma toalha no carro, e Bob deu a ela.
Estavam tão cansados que mal conseguiam falar.
_ Vai chegar lá assim? ela perguntou, preocupada.
_ Não, eu tomo banho no escritório. Tem roupa minha lá.
_ Eu quase morri de medo!
Ela riu e ambos se lembraram do beijo.
_ Eu também.
Bob se referia ao sentimento que tinha por ela, sabia que estava errado, mas era mais forte que ele.
A viagem de volta foi silenciosa.
Quando chegaram, Bob havia se esquecido de que deveria deixar Amanda em sua casa. Estava tão empolgado que entrou com ela no escritório, e se deparou com Nancy.
_ Sua maldita! Eu vou te pegar! Nancy gritou.
Amanda se assustou e correu para outro lado.
Bob se afastou para fora e a porta se fechou. Nancy queria prender Amanda na sala para agredi-la, trancou a porta e tirou a chave.
O lugar onde estavam tinha uma mesa redonda com aparelhos de impressão exatamente no meio da sala.
Então, para fugir de Nancy, que estava possessa, Amanda começou a correr em volta da mesa.
_ Pare aí, sua coisinha, eu quero te pegar!
_ Não sou louca!
As duas continuaram rodando em volta da mesa enquanto discutiam, uma de cada lado.
_ Eu disse para não se meter com ele!
_ Estava com ele a trabalho!
_ Mentirosa!
_ Eu não quero seu marido!
_ Gente morta não quer nada mesmo! Pare aí!
Bob batia na porta pra que ela abrisse.
_ É mesmo? Gente morta dá socos? Vai saber se puser as mãos em mim! Vem!
_ Pare! Deixe-me te pegar!
A situação para Amanda estava mais hilária do que perigosa.
Até que Roger e John conseguiram arrombar a porta e Bob segurou sua esposa irada.
Do outro lado da mesa, Amanda não se continha e ria.
_ Saia daqui Amanda! gritou Bob, mas ele quase riu com ela.
E ela foi para fora.
Sem esperar, Roger a levou para casa.
_ Teve sorte que ela não a pegou.
_ Eu também tenho força! Não ia deixar que ela me tocasse sem levar o troco.
Roger viu pela primeira vez a vítima de Nancy rindo e contente.
_ Como foi na reunião?
_ Bob foi muito aplaudido!
_ Aprovaram o projeto dele?
_ Eu não sei, mas gostaram.
_ É por isso que você está essa pilha de adrenalina!
_ Não, é que eu corri muito!
_ Sei. Achou divertido...
_ Tinha que ver a cara dela!
Amanda estava muito feliz, mas era por ter descoberto o amor. E a situação em que Nancy a colocou foi engraçada para ela.
Na casa de Bob, uma tempestade tentava arruinar seu dia.
Nancy gritava e o insultava, e ele escutava calado como sempre, mas ainda sentia as pernas de Amanda apertando sua cintura, e eram os gritos de socorro dela que ele ainda escutava, bem como o assovio do mar.
_ O que quer que eu faça? Bob, eu estou falando!
_ O quê! ele despertou de suas lembranças.
_ Ou você demite aquela abusada, ou eu vou acabar com ela.
_ Está bem. ele disse com calma. Não ouviu nenhuma palavra do que ela estava dizendo.
Mas Nancy estava notando a diferença na atitude de seu marido, que durante as discussões, sempre tentou se justificar. Daquela vez ele parecia nem estar lá.
_ Você ficou com ela, Bob?
_ Com... ela?
_ Sim! insistiu, magoada Ficou com ela?
Ele respondeu sorrindo pra ela.
_ Nancy, ela é só auxiliar. Não é nada para mim.
Nancy o abraçou. Pela primeira vez percebeu que Bob não estava preocupado com suas suspeitas.
Como toda mulher com instintos, ela entendia que Amanda não era mais uma de suas paranoias, como Bob chamava.
Na casa de John, ele queria saber de Roger se ele levou sua secretária para casa.
_ Ela está entregue, Bob. Estava tão eufórica que eu não conseguia coloca-la para dentro. Depois, ela ria tanto que eu chorei!
Eles riram, e Bob suspirou. Seus irmãos também notaram a mudança dele. E John queria saber.
_ Bob, como foi na reunião?
_ Perfeito! Gostaram do nosso projeto.
_ Falo com respeito a sua secretária executiva.
_ Ela foi perfeita!
Eles se lembraram de que Nancy brigou muito com ele quando chegaram, e era estranho que ele estivesse feliz depois de ouvir os insultos de sua mulher. Então só havia uma explicação.
_ Bob, você e Amanda se envolveram?
John estava mesmo preocupado por ainda não saber que segredo Amanda guardava e por Bob não saber que ela era casada.
Mas John não queria tirar a alegria de seu irmão.
Quantas vezes ele o viu chorar, se lamentar, e lastimar o amor que sentia por Nancy. Era bom vê-lo feliz agora, e ele não se atreveria a tirar-lhe aquele prazer.
Bob contou a eles que levou Amanda à praia, e que se admirou por alguém ainda não conhecer o mar. Também falou sobre como a fez rir, e que ela demonstrou orgulho por estarem juntos na reunião.
John e Roger não tinham dúvidas de que ele estava apaixonado.
_ Ela... Ela me fez sentir uma coisa diferente. Há muito tempo não sou tão feliz. Mas sei que isso pode ser um erro. Amanda é tão jovem e não posso iludi-la.
John sabia que se o que Amanda escondia fosse muito grave, talvez Bob sofresse ainda mais. Ele era um homem carente de amor, e estava vendo em Amanda um meio de se suprir. Era ele quem estava sendo iludido. Achou melhor contar sobre ela.
_ Bob, por que não vai a casa dela? Amanda tem uma coisa para contar a você, um segredo, e eu acho que esse é o momento.
_ Como assim? Um segredo?
_ Eu não sei o que é. Ela me disse que no momento certo contaria a você, mas acho que você já devia saber.
Bob saiu logo e foi para a casa de Amanda.
_ Que segredo é esse? Roger estava surpreso Por que ela disse a você e não para mim?
_ Foi no dia em que você me pediu para vê-la.
John contou a ele tudo que sabia.
Decepcionado, Roger temia agora que Bob sofresse.
_ Espero que não seja algo tão grave.

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