Lifeless escrita por Katsumi Liqueur


Capítulo 1
Lifeless


Notas iniciais do capítulo

Márcio salvando minha vida com nomes. Sempre.

Não tente achar sentido nesse conto. Afinal, foi escrito em meia hora.

Isso não muda o fato que gosto de críticas.



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- She’s dead. – Ele olhou para mim, de maneira tão vazia, como se estivesse negligenciado o fato de haver uma pessoa morta ao seu lado. E ele estava, embora ele soubesse toda a história. – And, as far I can see, you will die very soon.  

 

            Morta, morta. Ela não podia, não devia, estar morta. Não era nem para estar na rua, era para estar segura em um lugar muito longe daqui. Ela morta, eu morta. Perda de tempo, perda de uma vida. Por nada. Fracasso. E nenhuma possibilidade de vingança. Um longo suspiro, enquanto me ajoelhava para observar o corpo. Ela morta, eu morta.

 

            O pescoço quebrado, não havia sequer sinais de briga. O pescoço quebrado, o corpo largado. Meu corpo morto, a alma dela morta. Tirei o cabelo loiro que cobria sua, minha, face. Olhos verdes. Vidrados. Mortos. Vazios. Fechei as pálpebras e toquei nos lábios. Sangue. Não o seu sangue, ou o meu sangue, mas o do assassino. Ela morta, eu morta. Ela sem alma, eu, sem corpo.

 

            - You lost. And your beautiful body is in the street, like garbage. It’s your fault, you choose this weak woman and she let your body die. You will die and your soul will be mine, like I told you before.

 

            - Cale a boca. – Voz baixa, controlada. Ainda não estava nervosa. Ainda. – Se vai falar comigo, use minha língua. E tenha o bom senso de se mostrar feliz na minha frente, pelo menos. Faça bem ao meu ego, finja que minha alma era importante e você a queria. Faça parecer que alguma coisa saiu disso tudo, não só erros, falhas.

 

            O sangue no meu dedo, o sangue na minha língua. Dele. Um matara meu corpo, outro, queria minha alma. Um tapa no cadáver. Em mim. Ela nos deixara morrer, seu corpo era forte, porque sua alma também não era? Meu corpo jogado na rua. Lixo, usado e jogado fora.     

 

            - Não quero morrer.

 

            - Você já está morta. – Vazio. Frieza. Indiferença. Nada em seu olhar. Nada em seu tom de voz. – Olhe a si mesmo. Inteira, porém, quebrada. E vazia. Antes estivesse destruída, faria melhor a você. Mas foi sua escolha, e essa mesma escolha te deixou inteira e morta. E eu não fico feliz pela sua alma. A questão é que, no final, eu estava certo e ela é minha.

 

            Olhei as mãos dela, ou minhas. Não, não era um corpo frágil. Fiquei de pé.

 

            - Não importa quão forte esse corpo seja, você já tem sua sentença.

 

            Avancei alguns passos, o suficiente para extinguir o espaço entre nós. Nada em seus olhos, que adiantava fitá-los? Mesmo assim, olhos nos olhos. Aqueles olhos que não eram meus. E aqueles olhos vazios. Olhos nos olhos.

 

            - Meu assassino...

           

            - Não. – Impaciência. Não, não. Apenas uma grade horária, não havia tempo para perder em algo que já estava resolvido. – Não importa. Seu corpo morto, sua alma é minha. Já é hora, não adianta adiar. Esse corpo não é o seu, é possível vê-lo definhar a cada vez que respira, a cada grão de poeira que o toca e a cada batimento cardíaco seu que escuto. Essa é sua hora e não lamento por isso. Você deveria ter aprendido que há coisas que não se pode evitar. Você não podia fugir e tentou. Estava escrito em seu destino, você sabia. Não foi sábia a decisão de ignorar e fugir. Esse corpo definha e você sente. Essa alma, que não é mais sua, se desprende dele e você sabe. Perdeu seu corpo e perdeu sua alma. Essa é a hora e não há nada que você possa fazer...

 

            E a escuridão e aquele som, como se uma máquina medisse meus batimentos cardíacos e eles tivessem parado. A escuridão, aquele som. Incessante, inquietante e mais nada. A morte não tinha um cheiro, um sabor ou uma textura. Ela tinha aquele som contínuo de máquina, de ausência de batimentos cardíacos. Meu corpo morto jogado no chão. Minha alma perdida. E meu coração ausente. Ausente ou estático? A escuridão e aquele som e nada mais.  

 


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