Let Me Be The One escrita por Handyb


Capítulo 2
Capítulo 2




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“...Myungsoo?” Os lábios de Sungjong se afastaram lentamente enquanto ele sentia o olhar frio do mais velho percorrer todo seu corpo com uma expressão de pouco caso que, definitivamente, havia atingindo ele.

Obviamente, o mais velho não emitiu um único som ou esboçou qualquer reação, virando-se de costas ao começar a caminhar enquanto deixava o atônito oriental parado no meio do corredor. Alguns poucos alunos também transitavam por lá, mas Sungjong não via ninguém além daquele que só precisou de algumas horas para – surpreendentemente – ganhar toda sua atenção e não usou uma única palavra na hora de machuca-lo. Havia algo na essência de Myungsoo que o tornava completamente inabalável, fazendo-o não precisar de grande esforço para atingir quem quisesse.

A silhueta do estagiário sumiu pelo corredor ao mesmo tempo em que o mais novo voltou para o banheiro, sentindo as lágrimas subirem até seus olhos e insistirem em escapar por eles. Com os dedos trêmulos, digitou uma mensagem para o amigo antes de apoiar ambas as mãos sobre a pia, inclinando o tronco enquanto deixava que as lágrimas silenciosas atingissem o mármore frio.

Logo Hyunchul chegou, trazendo Junghwan arrastado pelo pulso. Esse, havia começado a protestar que sequer teve tempo de terminar o sanduíche, mas interrompeu as palavras quando notou como o amigo estava. Nunca teve a mesma sensibilidade de Hyunchul para lidar com sentimentos e consolar as pessoas, mas tinha um coração puro, bom. Envolveu então o corpo do amigo em um desajeitado abraço lateral, questionando-lhe sobre o que havia acontecido.

Sungjong não usou muitas palavras, mas deixou clara a situação ali, desesperando-se ainda mais conforme pensava que sua paixão – nem tão platônica assim – o detestava e, com certeza, estava lá fora, pedindo Chansik em casamento.
“Sungjong! Nem faria sentido isso estar acontecendo. Ele não te odeia, tenho certeza... Ele é calado mesmo.” Tentou Junghwan, vendo que era como se o amigo não tivesse escutado nada. “Ele foi conversar duas vezes com aquele nerd lá!” Praticamente gritou, histérico. “E eu? Quando ele veio falar comigo, eu o tratei mal e estraguei tudo. Eu me odeio!”
“Jonggie, é muito cedo para qualquer afirmação assim.” Ponderou Hyunchul. “Você o conheceu hoje, vamos com calma.”
“Você nunca amou ninguém sem precisar saber nada dessa pessoa? Seu coração nunca... Nunca mostrou que palavras não importam quando você gosta de alguém?” Talvez Sungjong estivesse sendo dramático demais, quem sabe expondo seus sentimentos de forma aumentada ou, quem sabe, aquilo tudo fosse sincero.
“Não é iss...”
“Eu preciso afastar o Chansik dele, só por precaução.”
“Como assim?”
“Não sei. Ele atraiu a atenção do Myungsoo e eu não gosto disso.” Secou delicadamente o rosto com a manga do casaco, fungando em seguida.

Junghwan, distraído com a cor do novo sabonete líquido do lugar sequer prestou atenção nas últimas frases, voltando a ouvir somente quando Hyunchul disse que não concordava totalmente com aquilo, mas que ajudaria Sungjong no que fosse preciso.

No dia seguinte, o oriental de fios falsamente mais claros passou por Myungsoo no pátio, encolhendo os ombros quando seu olhar cruzou com os dele.

Na quarta-feira, não o viu. Isso lhe causou um enorme vazio, uma sensação ruim que percorria todo seu corpo enquanto seus olhos permaneciam baixos e suavemente inchados pelas noites mal dormidas. Hyunchul dizia que aquilo era um pouco de loucura, mas Sungjong nunca teve tanta certeza de que estava completamente apaixonado.

Durante a aula de inglês, um dia após, Sungjong sorriu sem notar quando o mais velho adentrou a sala, trazendo um DVD na mão. Kevin explicou que eles iriam assistir a um filme e fariam um resumo em casa – obviamente em inglês -, devendo trazê-lo na próxima aula. Alguns alunos preferiram debruçar sobre as mesas e repor suas noites mal dormidas, outros mexiam nos celulares. Enquanto uma parte mínima deles prestava atenção no vídeo, Sungjong apoiara os cotovelos na mesa, repousando o queixo sobre ambas as mãos, observando aquele estagiário do qual sentira tanta falta no dia anterior.




“Cadê o Hwannie?” Questionou o moreno antes de morder outro pedaço do chocolate com nozes, levando-o até os lábios do melhor amigo em seguida. “Ele estava aqui até agora pouco.”
“Você sabe, ele nasceu perdido.” Riram. “Deve ter encontrado alguém e... Ali, ó, tá voltando.” Os dois acenaram para o oriental que caminhava distraído o suficiente para sequer nota-los, acomodando-se descaradamente entre os dois amigos que permaneciam sentados em um dos bancos perfeitamente envernizados do pátio.
“Você não imaginam o que eu descobri.”
“O que?”
“Sabem os estagiários? Então, eles frequentam o mesmo barzinho que o irmão mais velho do Dongho sempre o leva escondido.” Riu sozinho, alto e rápido. “Pensa no Dongho, todo criança... Bebendo álcool.”
“Dongho tem certeza que são eles?!” Agarrou o braço do mais velho, vendo concordar com a cabeça enquanto ouvia a pergunta de Hyunchul.
“Quem é Dongho?”
“Ele é da outra turma. Shin Dongho.”
“Digo, fisicamente.”
“Ahn, cabelo preto, olhos escuros...”
“Onde é esse barzinho?” Sungjong interrompeu.
“...Tem uma franjinha assim ó, retinha, com cabelinho de pinico, e...” Junghwan continuou a responder a primeira pergunta, já que ainda não havia processado a segunda, mas Sungjong não estava exatamente com toda paciência do mundo.


O garoto de cabelos artificialmente claros levantou-se correndo e seguiu rumo à turma comentada pelo amigo, na qual Dongho estudava, repetindo silenciosamente o nome daquele para não correr o risco de esquecer. De cabeça levemente baixa enquanto atravessava o corredor, Sungjong não pode perceber que caminhava na direção de um dos alunos. O oriental apenas se deu conta quando esbarrou num corpo desconhecido, de costas para si, pedindo desculpas imediatamente. Uma voz branda e bem sincera acalmou o jovem garoto que, levantando o rosto, pode reconhecer a “vítima” daquele choque.

“Você!” Os olhos castanhos do garoto se estreitaram ao depararem-se com Chansik, que respondeu um pouco confuso com o tom e a maneira com que era observado.
“Eu?”
“Eu já entendi o seu joguinho, ok?”
“Joguinho?”
“Vou ficar de olho...”

Sungjong foi se afastando lentamente do moreno, que confuso – e um pouco intimidado – virou-se e continuou a arrumar seus materiais dentro do armário. Chegando à porta da turma que caçava, parou o primeiro garoto com a descrição dada por Junghwan, segurando-o pelos ombros.
“Preciso falar com você!”



O oriental naturalmente afeminado arrumou-se como nunca. Perfumado e com os fios perfeitamente organizados, mantinha-se estático à frente do bar no endereço dado por Dongho. Seus dois inseparáveis amigos se mantinham ao lado, observando aquele estabelecimento com certo receio.

“Bom, vamos então?” Sungjong fora o primeiro a se pronunciar, afinal era o maior interessado dos três.
“Jonggie, você tem certeza disso?” Hyunchul virou o rosto na direção do amigo, deixando claro nas palavras sua esperança de o mais novo convidá-los para ir embora.
“Tenho! Cheguei até aqui e não vou embora!”
“Ih, a lá o Dongho!” Junghwan finalmente se pronunciou, e com um sorriso bobo acenou para o coreano conhecido, parado próximo à entrada.

Shin Dongho cumprira o prometido, havia esperado por eles, e colocando-os para dentro do bar, sorriu extremamente animado, explicando onde podiam ou não ir. Os olhos castanhos de Sungjong apenas procuravam pelo estagiário, inquieto e um tanto nervoso, não conteve a pergunta que quase saltou de seus lábios grossos.

“Onde eles estão? “ Os outros três cessaram a conversa para direcionarem sua atenção ao oriental agitado.
“Eles quem?” Dongho demorou um pouco para entender, mas não precisou de tanto tempo assim. “Ah, eles devem estar no andar superior, depois eu levo vocês até lá. Não querem beber alguma coisa? Dançar?”
“Não,obrigado. Acho mesmo que deveríamos ficar perto dos garotos mais velhos. Aqui é muito perigoso para nós... Digo, estando sozinhos.”
“Ah, né não! Minha mãe me deu um spray de pimenta legalzão!” Junghwan puxou um pequeno cilindro de dentro do bolso traseiro da calça, aquele tendo um rótulo avermelhado, mostrando aos amigos. “Legalzão né? Só não sei como usar.”
“Mas como você...” Hyunchul desistiu de questionar a incapacidade do amigo em usar algo tão simples, tomando da mão alheia aquele objeto que – se não o tivesse feito – viraria uma arma letal nas mãos de Junghwan. “Me dá isso aqui! Quando formos embora, te devolvo.”

Enquanto dois dos amigos tentavam manter aquele spray longe das mãos do mais desastrado dos quatro, Sungjong murmurou algo como um aviso de que buscaria algo para beber, afastando-se deles. Obviamente seu alvo não era o bar iluminado por luzes negras e rodeado por funcionários muito bem arrumados, tinha outro interesse naquele momento. Acabou por chegar à pista de dança, caçando qualquer indício de uma escada, ou algo do gênero, que o salvasse daquela agitação e levasse ao segundo andar. Usava as pontas dos dedos para - delicadamente - ajeitar os fios finos de sua franja, que por sua vez corria à frente dos olhos o tempo inteiro. Distraído naquela procura, Sungjong mal pode entender o que tinha acontecido, ou quem o havia puxado com toda aquela força. A cintura do garoto fora envolta por braços não muito fortes, e seus lábios presos num beijo bem íntimo, e mesmo tendo sido pego de surpresa não havia negado o contato, afinal, sabia bem quem era o dono daquele perfume.



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Notas finais do capítulo

Eeee, mais um capítulo. Enjoy it!