POV Tom

Ela continuava a observar a sala. A garota era realmente bonita: loira, cabelos levemente ondulados e muito bem cuidados, olhos verdes e um corpo muito bonito. Não pense que só estou interessado nisso, não. Eu a admirei desde o primeiro momento, admito que primeiro foi por sua beleza, mas depois foi pelo seu temperamento. Ela era tão... alegre. Isso me assustava no começo, mas eu vi que ela era assim por natureza, e resolvi que iria entender o porque disso.
- Abraxas é um idiota. – Ela disse.
- Eu sei, sabe, ele é assim mesmo, vive em pró da família. Vejo que você é diferente. – Respondi.
- Porque você é assim, Tom Riddle? Sempre tão frio e fechado, mas em determinado momento tão sincero. Aquele abraço foi tão aconchegante.
- Eu sou frio, como todos com quem convivo, talvez um pouco mais. Mas não sei por que lhe abracei, apenas desejei fazer. – Respondi confuso.
- Eu gostei. – Disse simplesmente.
- Eu gostei de você desde o momento em que te vi. Não me entenda mal, você é linda e tudo mais. Mas não gostei de ti como uma namorada. Te vejo mais como alguém que deva estar comigo a todo momento, em quem posso confiar. Uma amiga. – Respondi, sendo sincero.
- Você confia em mim, Tom? – Perguntou ela, com os olhos brilhando.
- Eu devo confiar? – Respondi com outra pergunta.
- Essa é uma escolha sua. – Disse ela.
- Não gosto muito de escolhas. – Respondi contrariado.
- A vida é feita delas, Tom. Sem elas, o mundo não existiria como o conhecemos. – Respondeu ela sonhadora.
- Você é estranha e sim, eu confio em você.
- Duvido. – Respondeu ela rapidamente.
- Pergunte o que quiser. – Contra disse.
- Quem é a pessoa que você mais ama? – Perguntou ela, essa seria fácil.
- Eu respondo suas perguntas se você responder as minhas. Concorda? – Ela acenou positivamente e então eu continuei. – Nunca amei ninguém.
- Como isso é possível? Nem seus pais? – Perguntou ela, parecendo chocada.
- Não os conheci. Minha mãe era bruxa e morreu no meu parto e me deixou em um orfanato trouxa. Tudo que disse era que meu nome deveria ser Tom Marvolo Riddle.  E meu pai foi assassinado a alguns anos, antes de eu conseguir conhecê-lo direito.
- Desculpe ter sido tão indiscreta. Você pergunta. – Ela disse, envergonhada.
- Não faz mal. Não me importo com eles. Você confia em mim? – Perguntei.
- Sim. Você matou seu pai? – Rebateu ela e eu fiquei boquiaberto. – Você me deve a verdade.
- Sim. – Tinha certeza que estava ferrado, que ela me odiaria, me acharia um monstro e me denunciaria.
- Tudo bem. Você deve ter tido seus motivos. – Respondeu ela. – Sua vez.
- Você já mexeu com artes das trevas?
- Sim. Você mexe com artes das trevas? – Perguntou.
- Sim. Quer me conhecer? – Perguntei realmente interessado nesta resposta.
- Mais do que qualquer outra coisa. Você é meu amigo? – Perguntou ela, hesitante.
- Me tornarei o melhor amigo que você poderia desejar. Nada lhe fará mal enquanto eu estiver por perto. Quer ir ao baile de natal comigo? – Perguntei rapidamente.
Ela erguei uma sobrancelha, deu um sorriso de lado e disse:
- Sem duvida nenhuma, Tom. Mas sem agarramentos. – Disse séria e riu logo em seguida.
Ri com ela e logo desejei que tivesse um relógio na sala. Me assustei quando vi que já passava da meia noite.
- Temos que ir, Sophi. – Disse já pegando sua mão.
- Tudo bem, mas não corra. Minha coordenação motora é péssima. E a propósito, quando será o baile? – Perguntou já cansada pela correria.
- Sábado. – Disse normalmente.
- Obrigada por me avisar para eu comprar meu vestido. Sorte sua que trouxe alguns. – Respondeu irritada.
- Você ficaria linda em qualquer um, e terá muitos homens babando encima de você. – Disse a ela.
- E garotas encima de você. – Respondeu parecendo enciumada.
- Esta com ciúmes? – Perguntei rindo.
- Sim, você agora é meu melhor amigo, se começar a namorar alguma delas, se esquecerá de mim. – E fez cara feia.
- Escute, quer que eu faça um voto perpétuo com você, jurando nunca te deixar? – Perguntei sério. Eu faria, se ela quisesse. Eu a adorava, mesmo em poucas horas. Não sei explicar, parece que é algo maior que eu.
- Não quero. Se um dia você desejar isso, não poderá fazer. – Respondeu sorrindo.
- Mas... – Tentei rebater.
- Sem mas. Vamos logo, quero conhecer meu novo dormitório.

POV Sophie

Assim que entramos no salão comunal da Sonserina eu me surpreendi, tudo ali era elegante e sofisticado, imaginei como deveriam ser os quartos.
- Boa noite, Tom. Nos vemos amanhã? – Perguntei meio bocejando.
- Claro que sim. Bem, amanhã você ainda falará comigo, mesmo depois de tudo que descobriu sobre mim? – Perguntou ele, frio.
- Você está sendo frio novamente, Riddle. E sim, continuarei falando contigo. Como já disse, você deve ter tido seus motivos para fazer o que fez. – Respondi e sorri em sua direção.
Mas o momento bom logo terminou. Abraxas apareceu na escada e ficou nos encarando.
- O que fazia com ele, Sophie? – Perguntou seco.
- Creio que isso nã... – E fui interrompida por Tom.
- Onde está seu respeito, Malfoy? O que eu e sua prima fazemos não diz respeito a ninguém, muito menos a você; e é bom que comece a respeitá-la Malfoy, porque se depender de mim, ela fará parte, e como superiora a todos. – Tom disse tudo isso de uma forma que eu nunca vi ninguém falando. Ele era gélido, perigoso e ameaçador ao mesmo tempo; e lançava a Abraxas um olhar que faria qualquer um se encolher... E com Abraxas não foi diferente.
- Pe-perdão Mi... Tom. – Abraxas estava mais branco do que ele já era, virou-se e subiu em seguida.
- Fazer parte do que, Tom? – Perguntei assim que o loiro já havia sumido das escadarias.
- Outro dia eu lhe conto. – Disse e completou. – Boa noite, Sophi.
Virou-me as costas e foi em direção ao seu dormitório.