Resolvi visitar os jardins que Perséfone havia criado para mim, perto do castelo de Apolo.

O castelo estava impecavelmente brilhante, como sempre. Pensei em entrar e matar a saudade, mas resolvi que seria melhor não.

Comecei a caminhar pelos jardins e logo vi uma figura, que notei ser o Semideus que estava no conselho.

- Olá. – Cumprimentei-o.

- Olá, senhora. – Disse ele sorrindo.

- Você se parece com meu marido. – Comentei enquanto sentava-me ao seu lado. Vi sua cara confusa e logo completei. – Apolo.

- Apolo? Normal, sou filho dele. A senhora não irá sujar seu vestido? – Disse-me.

- Não tem problema se sujá-lo, quero conversar com você. – Disse suavemente, mas a magoa quase me corroendo totalmente.

Então quer dizer que Apolo havia me traído novamente?

Eu mal acabei este pensamento e ele aparece perto de nós e falou olhando para o próprio filho:

- Vá até o santuário de Ártemis, Aline está te esperando lá.

O garoto assentiu e iria embora, mas eu o chamei.

- Semideus... – Disse atraindo a atenção dele e de Apolo para mim. – Qual o seu nome?

- Will... Will Solace. – E saiu andando.

- Allexia, sobre isso... – Apolo ia dizendo, mas eu o interrompi.

- Novamente, não é Apolo? – Disse já com lagrimas em meu rosto.

- Allexia, entenda... Foram 30 anos sem você. Eu pensei que você não me amasse mais, e não tinha certeza se você voltaria para mim algum dia. Eu estava confuso. – Disse-me ele.

- Eu te amo. – E dizendo isso corri novamente para a sala dos tronos.

- Por favor, papai, pode me deixar na fronteira do acampamento meio-sangue? – pedi.

- Claro. Minha querida, venha. – Respondeu ele.

E assim que me tocou, eu abri meus olhos e estávamos lá... ou melhor, eu estava.

Eu caminhei colina a cima e logo avistei os campos de morango e alguns campistas cuidando e colhendo-os.

Eu agora chegava à Casa Grande no Acampamento Meio-Sangue. Devo admitir que realmente odiei saber que Apolo teve um filho fora do casamento. Como ele ousou? Eu nunca o trai, isso sem nem mesmo lembrar-me dele.

Quando cheguei lá, Quíron encontrava-se sentado em sua cadeira de rodas jogando algo com Dionísio...

- Senhores? – Chamei educadamente.

Quíron olhou em minha direção despreocupadamente, mas seus olhos arregalaram-se momentaneamente assim que me viu.

- Minha querida... – Disse ele levantando-se (e mostrando seu traseiro eqüino) da cadeira de rodas e vindo em minha direção.

Dionísio por sua vez sequer me olhou antes de resmungar:

- Mais uma pirralha irritante.

- EI! Em toda a minha existência, você nunca havia me chamado de pirralha. – Respondi fingindo mágoa.

Acho que só nessa hora que ele se dispôs a me olhar. E quando me viu, rapidamente sorrio.

- Allexia. Há quanto tempo que... – mas eu o calei com um super abraço.

- QUE SAUDADES! – Eu gritei em seu ouvido.

- Soube do que você fez. Que irresponsabilidade. E agora esta agindo como uma criança. – Disse ele com um moralismo super fajuto.

- Ah, não briga comigo, Dionísio! Eu estou deprimida. – Falei sentando-me ao seu lado.

- Com o que, dessa vez?                    

- Soube que Apolo teve um filho com uma mortal. – Eu disse irritada.
Dionísio até tentou disfarçar, mas a pena em seu olhar o desmascarava. Ele estava escondendo algo de mim.

- Me conta. – Exigi.

- Não é nada muito importante, Lex. – Respondeu ele contrariado e logo mudou de assunto. – Então resolveu vir me visitar?

- Na verdade, gostaria de passar algum tempo aqui. Posso? – Perguntei enquanto via o terror passando em seus olhos.

- Claro. Mas antes você precisa conhecer algumas pessoas. – Disse-me ele, temeroso.

Antes que eu pudesse respondê-lo ou ele falasse algo a mais, uma garota loira e um garoto moreno apareceram e começaram a conversar com Quíron.

- Ah, Anabelly e Paulo, podem, por favor, mostrar o acampamento para a Allexia? – Ele me olhou e seu olhar dizia claramente que quem deveria contar sobre ser uma divindade era eu.

- Ah, claro, senhor D. – Respondeu a menina.

Eu levantei e dei um sorriso para Dionisio e Quíron.

Comecei a caminhar ao lado do menino moreno. E este logo falou.

- Prazer, sou Percy Jackson e esta é Annabeth Chase, minha namorada. Sou filho de Poseidon e ela de Atena.

Eu estranhei que o nome do garoto não fosse Paulo, mas primeiramente me apresentei. E mais estranho ainda é um filho do tio Poseidon com uma filha de Athena.

- Sou Allexia, muito prazer.  - Respondi.

- Ei, o senhor D. acertou seu nome. – Disse ele parecendo surpreso.

- O que há de errado nisso? E por que Dionísio falou o nome de vocês errado? – Eu realmente estava curiosa.

- Ah, ele nos odeia, e não faz a mínima questão de acertar os nomes dos campistas. – Disse a garota sorrindo.

- você é indeterminada? – Perguntou o tal Percy.

- Er... – E agora? O que eu iria dizer? – Segundo Quíron, eu devo ficar no chalé de Apolo.

Eu dei uma resposta evasiva...

- Ah, claro. É por aqui. – Disse Annabeth.

Fomos andando enquanto eles me mostravam todo o acampamento. Chegamos a uma área que possuía diversos chalés em formato de um delta gigantesco. Eu rapidamente reconheci o de Apolo.

Caminhei ao lado do casal até o chalé dele.

- Este é o chalé 7, o chalé de Apolo.

Era realmente lindo, parecia feito de ouro puro, brilhava lindamente e haviam muitas notas musicais entalhadas ao redor do chalé.

- Venha, pode entrar.  – Chamou Percy enquanto eu e Annabeth entravamos no chalé.

Assim que passei da porta, me deparei com umas 12 crianças (que pareciam ter minha idade mortal).

Olhei para Annabeth e ela me respondeu a minha pergunta silenciosa:

- Esses são os filhos de Apolo.

E então meu mundo caiu. Como assim? Apolo havia me traído mais de 10 vezes?  Eu fiquei fora pelo quê? 30 anos? No máximo isso.