Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 7
Lista negra


Notas iniciais do capítulo

Surpresa! Era suposto postar só semana que vem, mas estou empolgada então aqui está. Boa leitura :)



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Emily Sanders

Surpreendente! Era a primeira semana de aulas e nós já fizemos uma inimiga das piores e mais insuportáveis que há na face da terra. Como isso aconteceu? Bem, eu vou contar meu dia trágico desde o principio.

Já era de tarde, faltavam poucos minutos para o relógio indicar três horas. Eu estava correndo como uma louca pelos corredores, porque precisava ir até a biblioteca encontrar um livro para fazer o meu trabalho de anatomia humana mais tarde e voltar antes do toque para a penúltima aula.

Corri tanto que cheguei meio descabelada, a bibliotecária me deu sua atenção no mesmo instante em que passei pela porta, o que era surpreendente já que o costume era esperar séculos para que ela nos atendesse.

Quando sai com o livro constatei que toda a correria foi desnecessária, ainda faltava muito tempo para o sinal de entrada tocar. Para compensar trilhei meu caminho de retorno quase me arrastando, distraída com o livro que folheava enquanto investigava a presença de alguma informação boa o suficiente para o trabalho.

– Desculpa – Deveria ser a terceira vez que murmurava a mesma palavra nos últimos cinco minutos.

– Devia olhar por onde anda garota. – A voz fez com que eu tirasse os olhos do livro pela primeira vez em todo o percurso. Eu não precisaria olhar para saber a quem ela pertencia, mas nesse caso eu fiz questão de fazê-lo. Ricardo tinha aquele meio sorriso de sempre no rosto e naquele momento eu tive certeza de que sua beleza me deixava nervosa ou então eu estava com algum problema de arritmia cardíaca. Nos já tínhamos discutido de manhã e eu não estava a fim de me irritar de novo, então resolvi facilitar.

– É Emily! – Corrigi, e com uma indiferença surpreendente até para mim voltei a encarar o livro, desviei dele e segui o meu caminho, me venerando por ser tão boa atriz.

Encontrei as meninas no corredor e enfrentamos juntas mais uma aula. Como combinado, assim que ela terminou seguimos para o campo para encontrar a líder de torcida. Paramos em frente a um grupinho de garotas sentadas na arquibancada, elas vestiam a roupa da claque.

– Oi meninas. – Fui a primeira a me pronunciar atraindo a atenção delas. – Qual de vocês é a Diana?

Uma delas se levantou e deu um passo a frente, seus cabelos eram ruivos e seus olhos castanho escuro, era bonita, mas eu juro que ouvi minha mente reclamar. Sabe aquela garota que você olha – só olha – e já te dá vontade de acertar um soco bem no meio do nariz e afundar ele para dentro? Era aquela ali. Ela já estava com cara de nojo antes mesmo de uma de nós perguntarmos alguma coisa.

– Disseram que era com você que deveríamos falar para entrar na claque. – Melanie proferiu parecendo não se importar com a cara da garota.

– Não há vagas. – Ela disse nos dando as costas, eu ia responder, mas Julia foi mais rápida.

– Como assim não há vagas?

– Ouve bem, eu já disse que não há vagas, então não há. – Ela cuspiu as palavras e me deu vontade de fazê-la cuspir dentes também, mas eu me controlei. Minha risada totalmente sarcástica tomou conta do ambiente.

– Já entendi, – Ela olhou para mim esperando que eu perseguisse – você é daquele tipo de pessoa que só quer gente que você pensa ser inferior a você por perto. – As outras garotas a olharam indignadas por ela não ter negado. – Oh, mas não se preocupe, – Continuei – nos te compreendemos! Não é garotas? – Sorri para as duas ao meu lado.

– Vamos embora, – Melanie colocou um sorriso de sarcasmo semelhante ao meu em seu rosto perfeito, – vamos brilhar em outro lugar. – Ela caiu na gargalhada assim que disse a frase, eu e Julia acompanhamos a risada. Aquilo soou tão fútil.

Giramos sobre nossos pés para sair dali e foi nesse momento que pela primeira vez vi Ricardo fazer algo que preste. Ele estava atravessando o campo com mais alguns garotos e se afastou um pouco do grupo à medida que se aproximava de nós e consequentemente das grades separava o campo da plataforma da arquibanca onde estavamos.

– Julia, avisa a mamãe que eu vou chegar mais tarde hoje, tenho que ir à casa do Jean depois do treino e devo demorar por lá. – Ele disse alto o suficiente para que a cobra também ouvisse, eu vi com um sorriso de satisfação quando ela arregalou os olhos.

Ricardo já tinha desaparecido junto com os outros, porém a feição espantada de Diana permanecia lá. Vários murmúrios se espalharam entre as outras garotas da claque. Entre elas coisas como: “Ela é irmã dele” ou “Eu não acredito”. Melanie me encarou com um sorriso vitorioso e nos pusemos a andar em direção ao pavilhão onde teríamos nossa ultima aula do dia.

– Espera! – A garota gritou atrás de nós com sua voz esganiçada e perturbadora – Tu és irmã do Ricardo?

– Sim – Julia respondeu sem ao menos se virar para ela.

– Posso arranjar um jeito de entrares na claque.

– Como é que é? – Melanie gritou de repente, me assustando. Eu me virei segundos após ela para encarar a ruiva – Tentando atingir um garoto bajulando a irmã dele?

– Eu não preciso conquistar ninguém, eu fico com o Ricardo quando eu quiser – Nos três ficamos sem expressão encarando a garota. Eu não tinha certeza do que era mais ridículo: Aquilo ser uma grande mentira ou ela estar usando esse argumento para se defender.

– Engraçado, ele nunca falou de você. – Julia pronunciou aquelas palavras de uma forma tão doce que tornou a patada ainda mais emocionante. Eu fui a primeira a começar a rir, Melanie me acompanhou instantaneamente e no final Julia acabou rindo também mesmo se esforçando para permanecer séria.

– De qualquer forma, se aproveitar da amizade não é o que tu estás a fazer Melanie? – A ruiva cruzou os braços, mas a posição não durou muito tempo. Como ela sabia o nome da Mel? Eu me perguntei, mas não tive muito tempo para pensar nisso, os acontecimentos que se seguiram foram drásticos; Primeiro: Melanie voou em cima da cabeça de fósforo. Segundo: Eu tive que segurá-la para que ela não batesse na garota. Terceiro: Eu tive que lutar contra a minha vontade de deixá-la bater. Quarto e ultimo, mas não menos importante: Eu tive que lutar contra a minha vontade de voar na garota junto com a Melanie.

– Você nem me conhece para ficar falando isso! Sua cobra! Nojenta! – Melanie gritou se debatendo nos meus braços.

– Obvio que eu te conheço. – Ela riu com desdém – A garotinha que pegou meus restos.

– O que? – Melanie parou de se debater.

– Juan Chad. Diz-te alguma coisa? – A garota abriu um sorriso assim que a expressão de Mel se alterou ao ouvir o nome.

– Vamos embora, – Julia puxou Melanie na mesma hora – essa garota é maluca.

– Vocês são ridículas. – Com essas ultimas palavras ela voltou para junto do bando. Mel ainda estava com muita raiva, dava para ver na cara dela.

(…)

Eu não aguentava mais ouvir a professora falar, a voz dela ecoava na minha cabeça e eu quase podia sentir as ondas sonoras batendo nas paredes do meu crânio como uma polinha de Ping Pong bate sobre a mesa. Um sorriso travesso brotou nos meus lábios quando um papel caiu sobre a minha mesa.

Porque você não me deixou bater nela? Ela acabou com meu sonho de ser normal.

Melanie, a gata.

Ela fez uns riscos para fingir de assinatura, eu acabei rindo disso, peguei em uma das minhas canetas e escrevi:

Pelo menos a Julia ainda pode entrar na claque, ter um irmão gato tem suas vantagens… rs

Emily, a linda.

Eu assinei também, dobrei o papel e logo em seguida o arremessei para a mesa das duas garotas a minha frente.

Vou entrar só se for para espancar ela. Ps: Eu acho que não li direito… Você chamou o Ricardo de gato mesmo?
Julia, a sonhadora

Eu segurei o riso, que coisa mais cómica.

Ah Ju, por mais que não o suporte eu infelizmente não posso negar, não é? É tentadora a hipótese de agarrar ele.

Emily, adorando o acompanhamento dos nomes.

Estiquei-me para colocar o papel na mesa delas de novo, Gabriela, a garota que sentava comigo, empurrou a nossa mesa alguns centímetros para a frente para facilitar a nossa comunicação. Eu sorri para ela e agradeci baixinho.

Tentadora? Eu luto todos os dias contra essa vontade insanamente consumidora de coração.

Melanie, the Queen of drama.

Só falta dez minutos, vamos nos concentrar no que a velha esta dizendo.

Eu nem assinei mais, aquilo era ridículo de qualquer forma. Julia olhou para trás e sorriu, depois guardou o papel no estojo. Os dez minutos passaram surpreendentemente rápido, num piscar de olhos estávamos voltando para casa com um nome novo na nossa lista negra. Ruiva maldita.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capitulo: Querido leitor, como você tenta se distrair quando esta triste?