Iuaag escrita por Hei Li


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

quem é vivo sempre aparece (me referindo a mim mesma)



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Luna acordou com fracos raios solares esquentando seus pés e iluminando fracamente o ambiente. Não conseguiu abrir os olhos devido a claridade, seus olhos ficam muito sensíveis quando dorme muito. Ouviu pássaros cantando. O som estava muito próximo. Imaginou que deveriam estar em sua varanda, que fora transformada em um pequeno jardim. Uma sensação nostálgica dominou-a e se lembrou de quando morava com seus pais em um sitio. Sentia-se perfeitamente bem. Não, não se sentia perfeitamente bem. Algo indeterminado a incomodava. Sentia-se quase perfeitamente bem. Lembrou o que a perturbava. O sonho. Se não fosse ele, imaginou, iria se sentir perfeitamente bem. Começou a tentar abrir os olhos, não queria ficar pensando no sonho. Depois de algumas tentativas conseguiu.

Esfregou os olhos e sentou-se. O pé esfriou. Tentou xingar, mas saiu um resmungo, devido ao sono. Observou o quarto. Já havia olhado, mas não reparado. Não é seu quarto. Fica confusa e começa a se perguntar onde está. Confere se está vestida. Sim, está com um pijama de seda branca. Ela não se lembra de ter nenhum pijama de seda. Começa a ficar agitada. Levanta bruscamente, e acaba pisando no tapete de camurça rosa pink, que derrapa no chão de madeira preta. Tentou manter o equilíbrio, coisa que só conseguiu apoiando na parede lilás claríssimo. Acabou batendo muito forte na parede e fez um barulho alto. Alguém quase que imediatamente bateu na porta de madeira escura.

- Está tudo bem ai dentro? Escutei um barulho... – Disse uma voz feminina e agradável.

- Sim, escorreguei no tapete e me apoiei de mau jeito na parede para não cair. – Surpreendeu-se ao ver que a voz tinha perdido a rouquidão.

- Ah, mas não se machucou? – Insistiu a voz.

- Não, obrigada.

- Precisa de mais alguma coisa?

- Bem, eu gostaria de saber onde estou, e coisinhas do gênero...

- Não quer passar uma água no corpo, trocar de roupa e vir tomar café antes de esclarecermos alguns pontos?

Luna estava muito ansiosa para saber como era a moça com a voz tão agradável e foi até a porta. Abriu-a e convidou a moça para entrar. Tinha cabelo castanho escuro e ondulado, que ia até o inicio de sua bunda, olhos castanhos e pele bronzeada. Era bonita, mas nada extraordinário. Estava com uma prancheta em uma das mãos, e uma caneta na outra. Vestia uma calça jeans azul escura colada, uma regata azul marinho, uma sapatilha preta e um jaleco branco. Todas as peças eram lisas e simples. O único acessório que estava usando era um delicado relógio de ouro no pulso direito.

- Com licença, senhorita O’Conell. – Disse a moça, entrando no quarto meio sem jeito.

- Se há alguém que deve pedir licença aqui, sou eu, pois ao que parece estou hospedada e você parece trabalhar aqui. Então fique a vontade, e eu gostaria de saber seu nome.

- Sim, eu trabalho aqui, mas você, mesmo na posição de hóspede, está em uma posição superior a minha. Me desculpe, O’Conell, mas as ordens que tenho é deixar toda a confabulação para o momento do café.

Luna reagiu à utilização da palavra confabulação com uma mudança de expressão, mas nada além disso.

- Eu queria saber seu nome, já que você sabe o meu, mas tudo bem. Queria saber onde estão a toalha, as roupas e os outros objetos necessários para meu banho.

- Nicole Turm. E as coisas estão no armário do banheiro e nesse guarda roupa. Agora, se me der licença, irei me retirar. Até logo.

Nicole foi dizendo isso e saindo do quarto abruptamente, deixando Luna sem reação. Após a saída de Nicole, Luna foi para o banheiro e começou a despir-se para tomar um banho, um relaxante banho.



Luna ficou alguns minutos no banho, apenas deixando a agua cair sobre seu corpo exausto, depois lavou seu corpo, sem molhar o cabelo e saiu. Pegou a toalha para se secar. A toalha era bem macia. Escovou os dentes, penteou o cabelo e passou desodorante. Foi para o quarto enrolada na toalha. É uma suíte. Abre as portas do guarda roupa e depara-se com lindas roupas e de ótima qualidade. Inconscientemente Luna já havia imaginado que encontraria roupas assim. Abre a gaveta com a etiqueta escrita Lingeries. Parecia ter sido escrito as pressas, mas nem pensa muito na observação. As roupas intimas na gaveta são muito ousadas para seu gosto. Têm muita renda e são pequenas. Vasculha e encontra uma maiorzinha, mas vermelha e com sainha de renda. Arranca a renda que está pendendo das peças e veste. Joga a toalha na cama, que continua desarrumada. Procura uma calça jeans, mas só encontra saias e vestidos. Escolheu uma saia longa de cintura alta no tom azul claro, uma regata branca e um casaco preto de malha que vai até metade de sua coxa e uma sapatilha preta. Visualizou a roupa e vestiu. Não fazia muito o estilo dela, mas até que gostou. Achou que ficou diferente.

Destrancou a porta e saiu. A porta dava para um corredor com várias outras portas. As portas deviam ter um magnetismo, pois Luna se sentia como se as portas estivessem puxando-a. Luna conseguiu resistir à vontade de entrar em alguma das outras portas e seguiu o corredor na direção oposta a estreita parede com um quadro. O corredor era longo e Luna precisou andar um tanto razoável. Ao fim do corredor se deparou com uma espécie de sala de espera, com bancos, poltronas, plantas, revistas e jornais, um bebedouro, uma TV e uma mesinha de centro. A mesinha é de vidro e tem 3 grandes janelas, para não fazer a exceção. A salinha está vazia. Luna podia escolher entre ficar na salinha, voltar para o corredor ou descer as escadas. Nicole falara algo sobre realizar o desjejum, então, como provavelmente há uma cozinha no andar de baixo, Luna decidiu descer as escadas.

Para diferenciar do corredor, a escada era curta, com pouco mais de 15 degraus. A escada terminava ao lado de um (?) balcão. O lugar onde se encontrava agora parecia uma sala de recepção, e isso a fez se sentir em um hospital, ou em uma clinica. Como tinha medo de médicos, não gostou. Foi ao (?) balcão, onde haviam duas moças uniformizadas, dois notebooks e alguns telefones. Apresentou-se e perguntou pra onde deveria ir. A moça que a atendeu foi para um dos armários que estavam atrás dela e começou a procurar algum papel; Luna aproveitou a oportunidade para olhar em volta. Diferentemente da (?) sala de espera no andar de cima, havia pessoas nesse cômodo. Não demorou muito observando os detalhes das pessoas e do ambiente e logo se voltou para o balcão. A moça já estava de frente pra ela, quase que na mesma posição que antes, mas agora com papéis na mão, e olhando para eles.

- Luna O’Conell. Certo? – A moça perguntou. A voz se parecia com a de Nicole.

- Exatamente. – Luna respondeu, conferindo se a roupa da atendente não era a mesma que de Nicole.

- Você deve se dirigir para a Copa nº3, – apontou para a esquerda, lado em que ficava a escada pela qual Luna descera – que fica seguindo para este lado, logo você a avistará. Nicole irá recebê-la, acompanhada de mais dois Turms. – A moça falava sistematicamente, parecia um robô.

- Obrigada. – Luna agradeceu meio insegura, o modo como a mulher falara sem emoção e entonação incomodara-a.

Foi para o lado que a (?) secretária indicara, observando os cômodos pelos quais passava. Todos eram decorados naquele mesmo estilo, simples, mas com uma aparência limpa, rica. Observou que na maioria havia pessoas, mas poucas, cerca de uma dúzia, todas bem vestidas, provavelmente todos da alta sociedade. Luna ficava cada vez mais confusa sobre o porquê de estar naquele lugar.

Uma das salas possuía um enorme aquário, com peixes variados. O aquário chamou a atenção de Luna, que ficou olhando-o e andando. Como não olhava para frente acabou trombando em uma menina que vinha na mesma direção, concentrada com uma bonequinha que trazia nas mãos. A menina, por ser bem menor, caiu, e Luna perdeu o equilíbrio. Teria conseguido se recuperar, se não fosse a saia, que não permitia muitos movimentos com as pernas e caiu ao lado da menina.

- O que está acontecendo aqui? – Perguntou um jovem, que saiu da sala do aquário. O rapaz não falava com surpresa nem preocupação, mas com um toque de repreensão.

- Desculpa Milorde, estava andando concentrada nesta boneca que não vi a senhorita, e acabei trombando em suas pernas, fazendo com que ela perdesse o equilíbrio e caísse, mas não houve nenhum dano maior e não atraímos muita atenção. A situação será facilmente reparada. – A menina disse, se levantando. De pé, me ajudou a fazer o mesmo, o a boneca, jogou a boneca numa lixeira na sala do aquário, beijou a mão do tal Milorde e continuou indo para (?) a recepção.

O silêncio permaneceu. Fiquei seguindo a menina com o olhar até que ela saiu de vista. Virei e pretendia retomar meu caminho.

- Desculpe Alunanda, se é que permite que eu lhe chame assim, as crias de hoje estão perdendo a qualidade, logo se tornaram inúteis como no outro canto do mundo, aquele que seguiu adiante. Mas garanto que acidentes como esse não tornarão a acontecer. – Disse docemente.

- Acidentes não devem ser evitados, pois eles não são meros acasos, servem a algo, mas já que se desculpa, o pedido está aceito. Não me importo que me chame por um nome mais intimo, mas não gosto do meu primeiro nome, preferiria que me chamasse de Luna. Gostaria de saber seu nome.

- Stephen King. Mas me chame apenas de Stephen. O que acha de se juntar a mim e meus amigos na sala com o aquário que tanto te encantou?

- Eu adoraria, mas já estava indo me encontrar com outras pessoas.

- Com quem?

- Olha, acho que isso não é algo que te diz respeito...

- Você estava indo se encontrar com a Nicole e com os outros Turms, não é?

- Sim, é com eles. Mas como sabe?

- Eu tenho sua ficha.

- Por quê?

- Porque você é do meu interesse, aliás, tudo é do meu interesse. Mas isso logo você entenderá. Venha comigo. Remarcaremos seu encontro com Nicole.

- Não acho que isso seja muito legal com eles.

- Não tem que ser legal. Vem.

- Não, eu estava indo me encontrar com ela, e é para onde eu vou.

- Você não devia faz...

Luna saiu andando, e deixou Stephen falando sozinho, achou-o um sujeito desagradável. Depois de caminhar mais um pouco, chegou a tal de Copa nº3. Não soube pelo nome pregado acima da porta, mas sim por avistar Nicole sentada á mesa, escrevendo naquela prancheta.

- Você não devia ter desobedecido King. Ele não gostou. – Nicole falou assim que Luna se sentou à mesa.

- Eu não obedeço às ordens quando não é de meu interesse.

- Na realidade, é do seu interesse obedecê-lo, é do interesse de todos.

- Mas um ponto para discutirmos. Estou prevendo que o meu desjejum será longo. Se estou certa, você já comeu. Como sabe que não fiz o que King sugeriu?

Luna disse, começando a servir suco de laranja em seu copo, muito à vontade. A discussão com o sujeito do quarto com o aquário aquecera-a.



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