Margarida (PDV)

Deitaram-me na cama de novo para me ligarem aquilo que tirei, o médico tirava umas notas e a enfermeira ralhava comigo. Estremeci assim que o vi na porta, esperando que eles saíssem, para me matar só podia, um sorriso carinhoso mostrou-se naquela face, por momentos julguei estar a sonhar, quando os médicos saíssem ele iria matar-me, Azazel ia matar-me e eu não tinha forças nenhumas para lutar. Desesperei por dentro, ele foi aproximando de mim, ele ia passar a mão na face, mas como um animal assustado afastei-me, ele retirou a mão. Ficamos observar-nos os dois em silêncio até o médico e a enfermeira saírem do quarto.

- Se me vais matar por ter tentado salvar-te podes faze-lo agora, não te esqueças que me prometeste que não farias mal aos meus amigos. – Ele olhava confuso para mim, tentei perceber o porque daquela feição.

- Nem a ti nem aos teus amigos… nunca… - Cortei as palavras dele, voltei a sentar-me na cama, lembrava-me de cada palavra antes de ter desmaiado, aquele momento foi estrondoso.

- Azazel… prometeste… Eu … - Baixei a cara.

- Margarida?- Ele tocou me e senti um choque imenso pelo meu corpo, olhei para ele.

-Eu não gosto que me chames Azazel…Desculpa se não fui o mesmo contigo estes tempos.

- Não entendo…

- O quê?

- Tu…

- Eu? O quê?

- Eu salvei-te? – Perguntei com uma ponta de esperança.

- Sim – disse-me sorridente.

- Eu consegui?

- Sim

- Ah – Sorri-lhe – És tu…

- Sou, margarida? Desculpa se te fiz sofrer… - A sua voz soou como um sussurro.

- Não faz mal, eu ansiava por este dia, por te ver bem novamente. – Medi as palavras. - Foi uma parte de ti, não tu completo.

- E mesmo essa parte de mim que te infernizou a vida, ama-te e por mais que…

Interrompi-o.

- Podemos não falar disso? – A minha mente ficava uma confusão nesse minuto, falar da nossa vida, não queria, o meu coração estava exausto. - Eu quero ir para casa, cura-me para eu sair daqui por favor!

Ele baixou o olhar, ele estava triste.

- Vou falar com um médico! – Afastou-se.

Não demorou muito para ele convencer o médico a eu ir para casa. Tive alta logo depois, eles vieram comigo, o Diogo ajeitou o sofá para eu estar a vontade e foi ajudar a Clara a preparar alguma coisa para comer, o Tiago ficou comigo.

- O que se passou Margarida? Vieste o caminho todo em silêncio, estás com um olhar triste!

- Este tudo bem Tiago! – Dei lhe um meio sorriso. – Podes convencer a Clara a dormirem cá hoje? Não quero ficar sozinha!

- Tens o Diogo! – Ele olhou-me – Passou se alguma coisa margarida?

- Eu não quero abusar dele!

- Ele não se importa, ele só te quer ver bem, ele gosta realmente muito de ti!

- Eu sei, também gosto muito dele!

- Então não vejo a razão de ter-mos que ficar. Além disso sabes que amanhã de manhã, já ca estamos de novo.

- Sim, pois é! – Mostrei lhe desta vez um sorriso forçado.

A verdade é que tinha medo de estar com ele, tinha medo de tudo voltar acontecer, não me tinha esquecido de tudo o que acontecera antes de ir para o hospital, principalmente dele me querer matar, chegava a conclusão que amava uma pessoa que não conhecia.

Fechei os olhos, adormeci ali mesmo no sofá, enroscada num cobertor que o Diogo me tinha tapado.