Ino caminhou até um corredor e perguntou à Sakura por cima do ombro:

- Ainda tem chá gelado de pêssego?

- Já vou ai te ajudar e então vocês não vão querer nada?- ela se dirigiu aos morenos já sentados no sofá.

- Eu estou dirigindo então vou ter que recusar o álcool, então se tiver um refrigerante pra mim está ótimo.

- O mesmo pra mim. - Sasuke respondeu pensativo, tentava entender toda a linha de pensamento que traçara até agora.

Minutos depois as garotas estavam de volta à sala e a rosada servia os garotos em copos coloridos, o moreno mais novo segurou o braço de Sakura, eles se encararam por alguns segundos.

- A estante caiu de novo? – o Uchiha arqueou a sobrancelha e ela se soltou da mão dele

-Subindo a escada, o terceiro quarto é o meu, pode subir. Agora!- o olhar dela era frio e a voz faria qualquer um tremer nas bases inclusive os ali presentes.

Sasuke subiu as escadas, mas parou de súbito ao ver um quadro no qual pode notar uma Sakura pequena e sorridente ao lado de uma mulher de longos cabelos róseos, que ele julgou ser a mãe da mesma, mas quando ele pararia para reparar nos pequenos detalhes uma voz se elevou um pouco sombria por detrás do mesmo.

- Se isso daqui fosse uma exposição de arte eu teria cobrado as entradas, vem logo, precisamos conversar.

Ambos seguiram ao quarto antes mencionado, era pintado de um verde bem claro, havia uma penteadeira branca em um canto, havia uma porta na parede esquerda ao lado de um enorme guarda-roupa também branco, tinha uma poltrona ao lado da cama de casal e sobre ela havia a última coisa que o moreno poderia imaginar, um coelhinho de pelúcia.

- Senta aí – ela apontou para a poltrona enquanto a mesma se sentava na beirada da cama- é o seguinte, eu nunca te pedi nada e espero não precisar pedir de novo. Eu discuti com meu pai e o filho dele, então tive de fugir pra evitar alguns problemas, por isso quero saber se posso ficar na sua casa até eu ter dinheiro pra alugar algum apartamento ou poder sair da cidade de novo.

- Espera aí, você um irmão?!

- Aquele monstro não tem uma gota do sangue Haruno, o pai dele e meu pai eram melhores amigos. Minha mãe ainda estava viva- parecia que a garota iria chorar a qualquer instante.

“Era um final de inverno, eu deveria ter uns nove anos de idade, mamãe e eu estávamos na cozinha preparando o jantar e meu pai devia estar tomando uma cerveja na sala quando a campainha tocou. O pai daquele infeliz entrou lá em casa com o moleque desfalecido nos braços e pediu aos prantos que meu pai –em nome da amizade deles- cuidasse do garoto, pois ele teria de viajar a trabalho por tempo indeterminado. Faz dois anos que recebemos a notícia de que o homem está morto. O idiota se acomodou na nossa casa e foi tratado pelo meu pai como a jóia mais preciosa do mundo.”

- Sakura, se você não se importa eu quero saber o nome do teu irmão.

- Sasori, Akasuna no Sasori. E então, aceita o meu pedido?

- Certo, então seu pedido é que eu permita que você more lá em casa?- ela confirmou com a cabeça- você sabe que vai ter que me ajudar com as contas e tals...-novamente recebeu confirmação - Por mim não tem problema.

- Obrigada, me ajuda a fazer as malas? – ela perguntou abrindo a porta ao lado do armário.

A porta que numa primeira olhada não valia muita coisa dava acesso ao closet da rosada, pode-se dizer que era do tamanho do quarto da mesma, as roupas pareciam ser divididas pelo tipo de ocasião em que se usa, mas apesar disso as peças em geral não eram muitas (Ino tinha bem mais), havia um móvel enorme no fim dessa “sala” nele eram guardados os inúmeros colares, pulseiras, anéis e coisas que no momento não importavam muito.

- Só me diz que você não tem uma arma escondida por ai. – o moreno brincou

- Você se surpreenderia se eu não tivesse. – a garota tinha um sorriso um tanto desafiador nos lábios.

Depois disso o Uchiha menor não ousou falar nada e apenas ajudou a garota. Hinata já tinha comentado que nos últimos tempos ele andara menos frio, talvez um pouco mais feliz de um jeito que não era possível ver desde que tudo aconteceu. Talvez, apenas talvez eu repito, esse “degelo” se deva ao fato de querer ajudar alguém, pois afinal de contas Sakura e Sasuke são iguais. Exceto pelo doce segredo que os separa.

Os dois desceram a escada carregando as malas, a rosada afirmou que não era seguro levar todas as coisas, Ino e Itachi estavam na sala conversando, mas se levantaram assim que viram o outro casal.

- Gente pode ir pro carro eu tenho que pegar uma coisa e trancar a casa.

- Ok, amiga não esquece seus documentos e os livros da escola...

- Eu sei Ino, não vou esquecer.

Cerca de uma hora e meia depois a Haruno já estava instalada no apartamento de Sasuke.

- Olha, sinta-se em casa qualquer coisa me chama e é isso aí, se eu lembrar de alguma coisa importante eu te aviso.- ele já estava saindo do quarto que agora pertencia a rosada

- Sasuke! – ele olhou pra trás – Obrigada...

- Ah, não foi nada, fica de boa.

O garoto se dirigiu ao seu próprio quarto, tirou a camisa, o jeans, os tênis, vestiu uma calça de moletom e se deitou olhando para o teto. Agora ele sabia para onde a garota fugia, conheceu o quarto dela e de certo modo conheceu também a mãe da garota.

É o mundo dá voltas.