Just A New Beginning escrita por Luh Secret


Capítulo 1
I hate and I love you


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente espero que você goste, amiga. Me esforcei.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/191220/chapter/1

O banheiro masculino.

Iria fugir de Murta Que Geme, nem que fosse por dois segundos. Estava ficando insuportável, ele concluíra. E Murta não podia fazer nada a respeito.

Passou a água gelada da torneira em todo o seu rosto, no pescoço. Precisava se refrescar, ficar mais relaxado. Ele precisava se sentir mais leve consigo mesmo. Toda aquela responsabilidade em seus ombros, ele se sentia tão ruim com aquilo. Ele teria que matar, senão seria morto, ele teria de corromper sua alma, era uma vida pela outra. E ele ainda tinha dúvidas, se deveria ser nobre ou deveria ser impiedoso. Ele só sabia que deveria ser firme em todas as circunstâncias. Era demais, era horrível, e ele não sabia se conseguiria aguentar. Coisas demais, estavam transbordando no ombro de Draco Malfoy... E por um simples momento quis apagar tudo que fez, nem que para isso tivesse que não ser um bruxo, não ser rico, não ser da família que era... Nem que para isso tivesse que apenas mudar o curso da história, sendo amigo de Harry Potter.

E mesmo que não quisesse, as lágrimas saíram, elas queriam sair, elas ordenaram poder sair. E mesmo que Draco quisesse, ele não podia fazer nada a respeito. Mesmo assim, molhou mais o rosto, e embora os soluços o condenassem, não havia ninguém por perto. Draco não sabia porque estava sendo tão idiota, tão imbecil, tão medroso, temeroso; eram outros motivos que o faziam chorar ainda mais. E logo, não estava mais molhado de água, ele parecia ter encharcado parte da roupa com lágrimas, estava se apoiando na pia do banheiro, a expressão contraída, e o coração mais dolorido do que qualquer ser vivo poderia imaginar. Ele sempre colaborou para esse fim, devia estar feliz. Mas ele tomou todas as decisões erradas, todas que não devia tomar.

Secou o rosto com a roupa, molhando uma outra parte que estava seca. Dessa vez ele iria se recuperar. E mesmo que estivesse vermelho, seu rosto ficou normal bem rapidamente, mesmo em meio de batidas cardíacas muito rápidas, dor de cabeça descomunal, respiração descompassada, e todos os outros fatores. Tinha que ficar calmo, por mais que parecesse impossível, tinha que ficar calmo, e já sabia que chorar não iria melhorar a situação; talvez quando fosse bebê ou estivesse com a mãe, mas nesses casos, não. E nem seus pais podiam fazer nada.

Tinha que analisar sua expressão. Levantou seu rosto para o espelho e viu, a aberração: pálido, cabelos desgrenhados, aparência cansada, um pouco de olheiras... Daria pena a qualquer um. E já sabia que não deveria estar ali, se lamentando, mas ele tinha tomado decisões erradas demais, não seria apenas uma certa que consertaria sua vida. Engoliu um seco, seu coração bateu ainda mais forte ao perceber algo incomum também refletido no espelho. Cabelos pretos e bagunçados, dessa vez sem o óculos, a cicatriz, um rosto sério, e até bonito, mesmo que Draco não entendesse por que pensava daquela forma. Draco sabia que Potter não estava no banheiro masculino, o observando, por um acaso. Estava tramando alguma.

– O que está fazendo aqui? – ele disse, a voz chorosa. Não conseguia evitar.

– Suponho que você estivesse chorando, não? – ele respondeu, a voz incrivelmente fria e provocativa.

– E você veio me seguir porque escutou um barulho incomum?

– Talvez sim, talvez não.

– O que estava fazendo, Potter?

– Eu estava aqui, atrás de você – ele disse, normalmente, mas sua voz começou a baixar o tom... – O tempo todo.

A voz ficou baixa sussurrada, terrível, parecia má. Estava mais misteriosa, baixa, rouca, o que deixaria qualquer garota paralisada por muito tempo, tentando pensar o que era tudo que acontecia ali, bem em sua frente. E Draco, por sua vez, se sentia encurralado, por algum motivo, e embora estivesse gostando de uma sensação de desafio – o que era muito estranho, porque ele já tinha muitas coisas para suportar até então –, ele não era uma garota. Era bom parar.

– Não entendo suas palavras.

– Já que não entende...

– Explique-se.

Ele olhou para Draco, raivoso. As palavras saíram de sua boca, e ele não estava as pronunciando, estava as cuspindo.

– Não foi nada disso – ele respondeu, a voz normal. – Sabe o que é Mapa do Maroto?

Draco não se intimidou. Respirou fundo e fechou os punhos, apertando o nada. Seria bom que tivesse uma varinha para apertar, mas ele não iria usar magia contra ele, não queria machucá-lo, e não sabia nem o porquê. Por isso se sentia fraco, fraqueou e virou para a pia, deixando as lágrimas caírem de novo. E antes que Harry percebesse, ele ordenou:

– Vá embora daqui e não volte!

– Não sigo ordens. Não as suas.

Vá embora!

Foi um berro. Bem alto. E tinha girado nos calcanhares para Potter poder ver como ele estava, para ele entender que precisava ficar sozinho, que precisava pensar no quão ruim ele era e no quão bom ele deveria ser; tão bom quanto Harry Potter. Ele pareceu assustado com o rosto vermelho de Draco, mas sorriu parcialmente. E isso o fez pensar. Que ele estava fazendo?

– Por que está sorrindo? – perguntou, em pausas, a voz falha, gaguejando. E ele não sabia se era o choro ou... qualquer outro motivo medíocre.

Potter não respondeu, por sua vez. Ficou quieto, pôde ficar sério outra vez. Draco iria pegar a varinha então, mas não sabia bem o que faria com ela, e as dúvidas anteriores voltaram. Harry percebeu o que ele faria, e começou a dar passos, passos pequenos e bem lentos. As dúvidas anteriores se esvaíram, e começaram a se formar novas, o quíntuplo de todas que ele já teve.

– Por que está chegando perto?

Ele não conseguia evitar o impulso de perguntar. Antes, Harry Potter estava em uma grande distância de Draco Malfoy, uma distância bem considerável, mas então, ele estava na metade do caminho para chegar a menos de cinco centímetros do sangue-puro.

– Que é que você está fazendo?

Harry riu, um sorriso brilhante, que não durou mais que cinco segundos, um sorriso que o deixava feliz também, que fazia Draco querer sorrir junto e ter a mesma felicidade, mas ele não sabia por que, e nem o faria porque seu medo era maior que qualquer outra coisa naquele momento. Harry o percebeu, mas não riu novamente. Ele ficou sério, até era bom contemplar o rosto do outro, e chegar tão perto estava o deixando diferente, assim como Draco. Fez um breve carinho na bochecha do louro, e disse, com a mesma voz rouca de antes:

– Você devia calar a boca, às vezes. – E Draco teve a mesma reação que ele achava que uma menina teria, e não apenas isso.

Ele deixou, fraquejou. Sucumbiu àqueles desejos que ele não fazia ideia quais eram. E não era nada do que ele imaginara ser, era doce. Fraco. Por um tempo. Até que se acostumasse e entendesse, Harry foi mais longe. E Draco não entendia, e ainda tinha perguntas, e mesmo que tivesse falhado, teria respostas.

– Você... não pode...

– Cale a boca, só por um instante... – ele pediu.

E Harry voltou a beijá-lo. Draco começou a ruminar a ideia de que valia ou não à pena continuar ali, vivendo ali, do lado do garoto de cabelos bagunçados, sem os óculos, a cicatriz, e o rosto sério e bonito. Mas sua pergunta não foi respondida com palavras, nem mesmo fora perguntada; o beijo não era mais só um toque, não era mais só um roçar de lábios, e nem apenas lábio com lábio, eles estavam se conhecendo e se explorando. E o ritmo se modificou. Harry o deixava urgente, Draco o deixava calmo; era a teimosia que reinava, no fim das contas. E Draco gostava disso, gostava muito. Dali em diante, eles não sabiam mais o que era ódio, nem sabiam mais por que afinal se odiavam, eles se entregaram completamente ao desconhecido, às dúvidas, às sensações que eles não sabiam quais eram; mas seguiram os instintos, e acabou por parecer bom demais para ser verdade. Eles não sabiam o que sentiam.

Até então...

Harry terminou o beijo, calmamente. Nem ele imaginava que iria tão longe algum dia, confraternizando com o inimigo... Quase riu da piada interna, mas não o fez para Draco não desconfiar de nada. Distanciou-se do rosto do garoto, mas não conseguiu aguentar ficar tão longe, e logo seus lábios estavam perto de novo. Draco não sabia se continuava a ficar com medo e se simplesmente continuava com o que parecia ser o paraíso. E sua decisão não foi nenhuma das duas.

– Que foi que você fez?

– Você sabe bem – ele respondeu, malicioso. – Nunca pensei que o faria, mas o fiz.

– Como assim?

Confraternizar com o inimigo – e então pôde rir. – Estou brincando. Eu pensei que estava ficando louco... mas eu gostei. Eu nem sei o que a gente fez brigando esse tempo todo.

– Nem eu.

– Eu sou um idiota.

– É, Potter, você é um idiota mesmo. Que bom que temos algo em comum. – ele sorriu.

– Por que não fizemos isso antes?

– Porque você é um imbecil e eu sou um idiota.

– Eu pensei que fosse o contrário...

– Não são sinônimos?

– Para falar a verdade, acho que são sim.

Os dois riram.

– Então somos dois idiotas. – concluiu.

– Não, somos dois imbecis. – ele disse, mas não deu tempo para nenhum dos dois rir, e era a reação que Draco teria. – Quer saber? Eu nunca pensei que isso ia acontecer entre nós, aconteceu mesmo como um acaso. E me pareceu certo, e eu segui. Parecia que era o que eu mais queria.

Potter olhou bem nos olhos de Draco, que teve certeza que viajou naquele mundo verde-esmeralda que eram seus olhos, e se sentiu protegido apenas pelo fato de estar do lado daquele garoto, que há pouco parecia o mais odioso e desprezível da Terra. Potter levantou as sobrancelhas, como se esperasse uma resposta.

– Ah, eu...

– Era assim para você também? Como se você estivesse louco, mas soubesse que era o que você devia fazer?

– Ainda é. Eu não sei por que estou aqui com você.

– Nem eu – Harry se afastou e virou para o lado da porta, e Draco não conseguiu entender por que. Ele não conseguiria ficar sem falar nada por muito tempo.

– Há quanto tempo você se sente assim?

– Eu não sei. Nunca parei para pensar. – ele disse, sem olhar para o sangue-puro.

– Nem eu pensei nisso. Ei, olha para cá.

Ele olhou.

– Por que você veio?

– Eu queria saber o que você veio fazendo esse tempo todo.

– Eu? Ah, me lamentando. E foi incrível como eu esqueci tudo num piscar de olhos.

– Eu também esqueci. E sabe o que mais eu acho? Que eu não só esqueci coisas, eu tive novas lembranças. E lembranças boas.

– E por que não me contou antes?

– Eu descobri agora. – ele respondeu simplesmente, chegando perto novamente e fitando-o com tanto interesse que logo o tsunami de dúvidas voltou. – E mesmo que se eu soubesse, se eu contasse, você não iria aceitar. Seria melhor te pegar desprevinido.

E por incrível que parecesse, Potter tinha acertado; Draco gostava de surpresas, gostava de teimosia. Ele gostava de tudo que envolvia o repentino, as dúvidas, mesmo que algumas vezes elas pareçam ruins. Era instigante querer saber o fim, e ele tinha muitas suposições para o fim dos dois.

– Eu acho que não aceitaria mesmo... Até agora me considero um idiota por aceitar suas propostas... Mas você me parece irresistível.

Harry gostara de ouvir o elogio, e foi visível ao outro. Ele aproveitou.

– Sabe o que eu acho? – ele disse, em meio a beijos. – Acho que... você devia... continuar... dessa maneira!

– Devia?

– Sim. Eu... gostei demais... para parar!

E entre a beijos, continuaram se explorando. O mundo novo que tinham acabado de descobrir, a vida nova que iriam começar, as novas esperanças e novos sentimentos... Seria tudo novo, e era empolgante.

– Eu sou louco! – Draco concluiu, sorrindo.

– Eu também sou. E tenho certeza que somos os loucos mais felizes e que tomam as decisões mais certas deste planeta.

Estavam juntos agora, e sabiam que ainda tinham mais para conhecer. Além de explorarem-se por meio do beijo, conversavam. E sorriam, e se sentiam nas nuvens, no topo do planeta, se sentiam privilegiados. Eles definitivamente deviam tentar novamente, deveriam ter um ao outro bem antes e ter certeza de que o que tinham sentido até então eram mentiras. Descobri-lo apenas agora era libertador, e ao mesmo tempo tarde demais. Mas com o tempo, consertariam o erro. E já não importava se Draco estava tramando alguma, ou se Harry Potter estava saindo com Gina Weasley; não, nada mais importava. Apenas os dois, e a sensação desconhecida, que então nem era mais tão desconhecida assim. Era a melhor sensação que tinham sentido.

E sentiam o cheiro de um novo começo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Cara, eu tô muito ansiosa! Tomara que você comente logo. Te amo muito, best!