Algo sombrio passou ao me lado.

Seu rosto escuro me encarou.

Eu nunca estive tão assustado.

E isto logo se escancarou.

Um sorriso maléfico em seu rosto foi aberto.

Ele fedia a sangue e esgoto.

Meu futuro ali era incerto.

– Olá, meu pobre garoto.

Sua voz ecoou em minha mente.

O que queria, afinal?

Com leve toque, me deixou dormente

Percebi apenas um punhal

Eu retornei.

A dormência passou.

Do chão me levantei.

– Não precisa recuar.

Ouvi-o dizer, ao pé do meu ouvido

E logo em seqüência, um leve gemido.

Seu corpo falhou, caindo

Bem a minha esquerda.

Eu apenas fiquei sentindo

Aquela inestimável perda.

Quem seria tal criatura?

Parte de mim, talvez?

Em minha mente surgiu uma figura

Dizendo, – Vejo sua alma com nitidez

E ela é limpa, você é uma boa pessoa

Não se deixe afundar a canoa.

O demônio explodiu

Senti algo deixando meu peito

Transformei-me em uma pessoa boa

Uma pessoa com muito respeito.

A situação me deixou pirado.

Vi então, parado ao meu lado

Um homem de barbicha.

Comendo uma salsicha.

– Está na hora, Jack.

Exclamou inesperadamente.

Sua mão branca e fria

Tocou rapidamente

Uma leve sintonia, com um piano

Soberano.

Eu estava pronto.

Coloquei os pés sobre a escada balançante.

Sempre pensei ser apenas um conto

E minha voz suplicante

indagou

– Vai doer?

– Não, irei te proteger. Basta adormecer.

Lá embaixo, o dia irradia

E a voz grave diz:

– Vá para a sua nova moradia.