Quando cheguei ao pé da escada, todos já estavam reunidos lá. Os gritos de Allynne ecoavam pela casa, vindos da cozinha. Era Adam, eu tinha certeza disso. Meus pensamentos estavam a mil, minha cabeça rodava e eu não conseguia focar nada. Minha visão ficou turva e o cômodo onde estávamos se distanciava a cada minuto. Acho que a força do habito ergueu minha varinha, assim que decidimos entrar na cozinha, e disse:

- Estupefaça! – não foi apenas minha voz que materializou o feitiço, todos disseram em um uníssono perfeito.

Adam escapou. Ele era muito veloz. Desaparatou em segundos e nos deixou com cara de tacho no meio de uma cozinha destruída. Todos correram até Allynne, tentando ajudá-la. Fred ficou cuidando da namorada. Revirei os olhos com a cena “amor eterno” dos dois. Um fato sobre mim é que nunca, jamais mesmo, irei ficar de melação boba e desnecessária com um garoto. Isso é idiota e contra a minha natureza. Acha que eu nunca fui ao baile da escola por quê? Ta bem, eu fui quando estava no primeiro ano, mas só fui porque eu tive que cantar.

Contei sobre a visão que tive, enquanto era avaliada pelos olhares de todos naquela cozinha. Tentei fuzilar todos, mas não pude. m

- Eu... Acho... Que... Devemos... Começar... Agora... A Busca.

- Não mesmo, você não está bem. - Gina disse em protesto, ela era uma irmã protetora demais.

- É verdade, Ally. Você precisa descansar. - concordei com Gina, Allynne precisava mesmo descansar.

Eu fui até a sala, peguei minha mochila e voltei à cozinha. Sentei-me na frente de Ally e lhe fiz beber uma poção.

- Vai melhorar um pouco mais rápido com isso. - guardei o frasco na mochila e segurei a mão dela. - Precisa ter paciência, sei que não é fácil para vocês, mas o melhor que pode fazer é esperar um pouco, só um pouco, eu prometo. - eu tentei sorrir o mais verdadeiramente possível, eu queria acalmar Ally e Gina, elas estavam muito tensas, mas não consegui.

- Eu não quero esperar, é a minha mãe, não a sua, você não tem esses problemas, seus pais estão mortos mesmo. - todos encararam Ally com espanto, Allynne nunca era assim, ela era uma ótima pessoa, brava às vezes, mas muito boa. Mas eu apenas a olhei e virei às costas.

- Ótimo, não preciso disso mesmo, não vai trazer meus pais de volta, não vai fazer eu me sentir melhor, não vai curar minhas feridas. Vá atrás do seu irmão, se mate pela sua mãe. Faça o que quiser, não sou eu que vou te impedir.

Peguei a mochila e coloquei nas costas e saí porta a fora. Sentei-me na escada, escutando as palavras de Anna lá dentro. "Não foi o que ela quis dizer, você conhece a Annie."

Eu tentei ajudar, tentei de verdade, mas eu não preciso ouvir esse tipo de coisa, não mesmo.