Love Come Down escrita por Lustin


Capítulo 7
Vienna's street


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo pra vocês, minhas pequenas. Queria agradecer pelo reviews... Eu adorei! Espero que só aumente cada vez mais né.. Hehe. Notas finais, sempre são importantes. Vejo vocês lá embaixo!



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Capítulo anterior...


''Então era isso. Eu estava nos bastidores do show do pequeno grande Justin Bieber: meu sonho. Com Pattie ao meu lado, cantando todas as músicas animadamente e dirigindo um sorriso simpático de vez em quando para mim.

Subitamente, me senti a garota mais feliz e realizada de todo o planeta.''

Segunda-feira.

O despertador gritava descontroladamente seis horas da manhã... Eu não possuía forças nem para emitir um som.

Abri os olhos com extrema dificuldade. Havia chego em casa as quatro horas da manhã.

Kenny havia me deixado em casa. Justin estava absorto em seu sono, por isso não pode me acompanhar. Mas não reclamo. Poder assisti-lo dormir por um tempo foi... Demasiadamente confortante.

Caí, sem relutância, na doce lembrança.

Lembro-me de seu rosto tão sereno, seus lábios aconchegados. Seus lábios tão perfeitamente desenhados, me propiciei a decorar cada curva... Cada leve saliência. Decorei cada mínimo detalhe de seu rosto. Seus lábios mantinham uma cor avermelhada escura e tinham uma aparência quente. Suas pálpebras estavam levemente fechadas, sua respiração estava calma. Seus cabelos estavam completamente bagunçados. Eu poderia ficar observando-o quando tempo me permitissem. Olhando para ele daquele jeito, tão pequeno, tão vulnerável... Tão... Tão amável, meu coração palpitava levemente. Eu estava em casa.

Kenny pigarreou atrás de mim. Pra falar a verdade, perdi noção do tempo. Não fazia ideia de quanto tempo estava ali... Ao lado de Justin. Apenas observando seu leve sono. Levei um leve susto com Kenny, acabei acordando de meu transe. Olhei para trás, um pouco envergonhada. Estava sentada no chão, ao lado do sofá onde Justin pousava.

''Bom... Já está tarde, acho que é meu dever te levar para casa... Já que o garotão aqui não deu conta.'' Disse ele num tom brincalhão, maneando a cabeça na direção de Justin, que permanecia imóvel.

''Ah...'' soltei um riso abafado ''Você tem razão... Mas olhe, não precisa se incomodar, minha casa fica à pouco minutos daqui, eu pego um táxi.'' Finalizei sentindo minhas bochechas queimarem.

''Você esta ficando doida! Já é tarde. Não vai ser nenhum tipo de incomodo, Marine.'' Riu, fazendo uns gestos no ar. Num ato de ''o que é isso!''

''Entendo... Tudo bem! É... Hum... Então você sabe meu nome?'' Falei um tanto quanto surpresa, me levantando do chão. Justin se remexeu e resmungou algo indecifrável. Gelei no mesmo lugar. Ainda sentia a droga da minha bochecha queimar.

''Claro que sei! Que pergunta...'' Parecia que Kenny adorava tirar o sarro da minha cara. Ele sempre ria após algum comentário meu. Mas não me importava com nada (menos a parte das bochechas ficarem queimando de vergonha). Sua risada era alta e gostosa de ouvir, então entrava na dança também. ''Justin me conta praticamente tudo.'' Terminou.

''Acho que já deveria imaginar...'' Sorri nervosa.

''Vamos, antes que o moleque acorde.'' Completou Kenny, olhando para ele, que resmungava em seu sono.

Estava doendo. Realmente. Eu sabia que aquela poderia ser a última vez que o via. Na verdade, aquela era a última vez que veria Justin daquele jeito. Tão pequeno e suave. Eu sabia. Ele havia comentado brevemente de que iriam para Porto Alegre.

Olhei para Justin rapidamente. Tão sereno. Um nó formou-se no meio de minha garganta, vacilei por alguns minutos. Eu estava me despedindo de meu sonho... E não pude abraçá-lo. Nem nada. Mas estava completamente grata por ter tido alguns momentos e por saber agora, qual era o cheiro do meu tão esperado presente. Kenny fechou a porta do camarim rapidamente e fomos caminhando até um grande estacionamento, que se encontrava atrás do estádio. Fiquei calada todo o trajeto. Mantinha a cabeça baixa.

No estacionamento, Kenny foi até um Gol dourado, que estava parado bem no centro. Dentro do carro tinha uma pessoa, mas não consegui distinguir quem poderia ser de imediato. Ele abriu a porta de passageiro para mim, assenti com um leve sorriso no rosto.

Mas... Um Gol? Estranhei.

No banco do carona encontrava-se Scooter, que se virou na hora em que entrei.

''Oi. Você deve ser Marine.'' Disse sorrindo, mas num tom sério ao mesmo tempo.

Sempre tive essa impressão de Scooter: uma pessoa séria.

''É... Sou eu sim. Muito prazer.'' Disse estendendo minhas mãos, estranhando.

Kenny adentrou no carro, fazendo o mesmo pender para seu lado.

''Excesso de saúde... Sabem como é.'' Brincou quando percebeu.

Eu e Scooter rimos em coro com a situação, quebrando totalmente o gelo. Informei onde morava e eles consultaram um GPS. As ruas de São Paulo estavam incrivelmente vazias. Chuviscava levemente, estava frio.

''Você deve ter estranhado esse carro simples... E tão antigo...'' observou Scooter, enquanto fitava minha reação pelo retrovisor. Nada humilde ele.

''Para ser sincera... Estranhei sim.'' O que não deixava de ser verdade.

''É apenas para despistarmos as pessoas... Ninguém jamais imaginaria que andaríamos em um carro simples, como esse. E sem escolta.'' Finalizou Kenny.

''É... Faz sentido.'' Pensei em voz alta.

O restante do caminho foi totalmente tranquilo. Scooter e Kenny iam puxando assunto comigo constantemente. Perguntavam sobre minha vida, minha família e todas essas outras coisas.

''E a sua mãe? Você ainda não citou nada sobre ela.'' Observou Scooter, fazendo uma voz despreocupada.

''Eu... Bem, não quero falar sobre isso. Não agora. Talvez um dia... Quem sabe... Eu conte pra vocês.'' Falei num tom frio, olhando pela janela.

''Chegamos! É essa a casa?'' Kenny cortou o assunto rapidamente, aumentando o volume da voz.

''Sim, muito obrigado!'' falei numa fração de segundos, saindo do carro rapidamente.

Eles me acompanharam.

''Está entregue.'' Disse Scooter com um sorriso vitorioso brotando em seus lábios.

''Justin falou de você esses últimos dois dias... E estava certo em tudo o que pronunciou.'' Comentou Kenny, entreolhando Scooter de um jeito indecifrável.

Eles pareciam garotos. Não homens. Eram cúmplices... Como num grande família. Todos por Justin, inclusive, eu.

''O-o que foi que ele disse?'' Falei com dificuldade, com a voz tremula.

''Talvez um dia... Quem sabe... Eu te conte.'' Kenny ria e continuava entreolhando Scooter.

''Que maldade!'' pronunciei desapontada ''enfim, não vou mais tomar tempo. Foi bom falar com vocês...E muito obrigado, novamente.'' Finalizei assentindo com a cabeça. Conseguia sorrir por entre o nó que se formava em minha garganta. Estava na soleira da porta, procurando as chaves que estavam em meu bolso descontroladamente. Minha visão estava começando a ficar embaçada.

''Ei!'' chamou Scooter, Kenny já estava dentro do carro ''jamais desista dos seus sonhos. Por mais impossíveis que possam parecer.'' Assenti com a cabeça, ainda sorrindo, Scooter entrou rapidamente no carro. Depois de segundos, eles estavam fora do meu alcance de visão.

Finalmente consegui abrir a porta e entrei sem rodeios. Joguei minhas costas fortemente contra a parede e não consegui conter as malditas lágrimas.

Fitava-me no espelho enquanto relembrava tudo. Minha vida mudou incrivelmente de dois dias para cá... Ainda não conseguia acreditar em nada. Eu havia entrado no mundo de Justin... De um modo que poucas pessoas conhecem, creio eu.

Mantinha um meio sorriso. Não me permitia mais chorar a esse ponto.

Infelizmente, todo sonho um dia, termina. Acaba. E o meu acabou de morrer. Uma parte, não inteiramente. Uma parte jamais iria morrer... Mas a realidade sempre chama mais alto, sempre pede mais. Sonhar não é muito permitido nos dias de hoje. A minha realidade estava me chamando.

Depois de todos os pensamentos, terminei de me arrumar e fui para o colégio.

Deixei um recado escrito ''amo você'' para meu pai colado na geladeira.

No colégio não encontrei Pandora e muito menos Arthur. Fiquei procurando-os por algum tempo.

– Onde é que você se enfiou esse final de semana? - Pandora surgia atrás de mim, com uma feição séria.

– Não mereço nem um bom dia? Um abraço? - ironizei - mas respondendo sua pergunta... Fiquei em casa, ué - ela jamais poderia saber. Sequer imaginar.

– Mentira. Eu liguei para sua casa e para seu celular, você não me atendeu nenhuma vez - retrucou.

– Perdi o carregador... Desculpa.

– Ok - pensou por alguns segundos - o show foi incrível! - explodiu em alegria.

– Realmente... Foi totalmente inacreditável - sorri nervosa, tentando fazer uma voz debochada. Ela sequer percebeu.

– Você... você conseguiu entrar no final das contas, não foi? - disse cautelosa, olhando para baixo.

Pandora jamais se desculparia. Orgulho deveria ser seu sobrenome. Em sua mente ela estava sempre certa. Em absolutamente tudo. E isso era totalmente irritante em alguns momentos.

– Sempre dou meu jeito - fui seca.

– Fico feliz - retrucou num tom triste.

– Olha só, Panda... Não precisa dizer mais nada sobre isso, tá bom? Já era. Vamos esquecer - suspirei.

– Se você acha melhor... - deu de ombros.

Mantinha o olhar distraído no portão do colégio, quando avistei Arthur adentrando, bagunçando os cabelos.

– Seu ridículo! - voei para cima dele, que tomou um susto.

– Epa! - falou num tom debochado, levantando as mãos como ''não sou culpado!''

– Você é um idiota! - não sei se escolhia ficar do lado da raiva que estava sentindo dele por ter sumido. Ou do lado da alegria de poder vê-lo inteiro.

– Eu sei - riu.

– Estou falando sério - fui seca, olhando profundamente para ele.

Pandora estava atrás de mim, olhando as unhas. Ou seja, ela não estava nem aí para o que estava acontecendo.

– Olha só, não se preocupa. Estou bem, estou ótimo e aqui só para você - disse maroto, me abraçando pela cintura.

– Não me preocupar... Bom piadista você - bufei, revirando os olhos e retribuindo o abraço.

Depois de algumas brincadeiras e conversas paralelas, entramos na aula. Para falar a verdade, não consegui prestar atenção um minuto sequer. Em absolutamente nada.

Os dias que se passaram ainda estavam presos nitidamente em minhas memórias. Giravam, giravam e giravam e sempre voltavam no mesmo lugar: a confortante imagem de Justin adormecido. Essa fora a imagem que ficara mais forte em minha mente, de todos os outros momentos. Aquilo tudo ainda parecia tão irreal... E já tivera um fim. Não tive tempo nem de me acostumar.

Virei-me distraidamente e vi Arthur, copiando a matéria. Ele tinha o olhar focado e possuía uma grande marca no pescoço. Aquilo era... Aquilo era uma mordida? Fiquei fitando seu pescoço intensamente, minhas sobrancelhas se juntaram. Seria esse o motivo do ''desaparecimento'' repentino, então? Arthur percebeu meu olhar e levou a mão imediatamente até o pescoço.

Continuei pensando, até que... Um plano infalível veio a minha mente. O que quer que fosse esse segredo de Arthur, não passaria de hoje.

* * *

– ... e o plano é esse - finalizei, encarando Pandora que possuía um misto de confusão e pânico no olhar.

– Você está falando sério? - perguntou por fim.

– Sim, estou. É o único jeito, ele jamais vai nos contar e eu... Eu preciso saber - falei firme.

– Você não acha que está exagerando? E se ele descobrir... Vai ficar muito bravo com você - indagou, tentando fazer com que desistisse.

– Ele não conta a verdade... A culpa é inteiramente dele.

– Então você acha mesmo que seguindo o Arthur vamos descobrir algo? - pressionou.

– Sim Pandora, eu acho.

– Se é o que você quer... E se não der certo?

– Se não der certo que se dane! Não vou desistir. Arthur é meu melhor amigo, se tem algo acontecendo com ele, eu devo saber.

– Certo... Vamos com o carro do seu pai? - dizia nervosa, levando as unhas para a boca.

– Sim... Quando ele entrar no banho, nós saímos.

– Tem certeza? - Panda estava tensa.

– Sim! - explodi.

Estávamos sentadas no sofá de casa, sussurrando para que meu pai não ouvisse. Meu celular apitou em meu bolso, fazendo com que eu e Pandora nos assustássemos. Peguei rapidamente.

– Ué... Mas você não tinha perdido o carregador? - Pandora perguntou desconfiada.

– Encontrei hoje de manhã - respondi rápido, abrindo a mensagem.

''Estou indo para Porto Alegre... :/ Me perdoa por ter pego no sono ontem... E... Eu só... Ah, esquece. Me liga quando puder, ok? Preciso falar com você. Justin.''

Meus olhos marejaram... Disfarcei fungando, como se tivesse algo em minhas narinas. Meu Deus... Não entendo porque ele faz isso... Meu coração iria sair pela boa a qualquer minuto.

– Quem mandou mensagem? - Pandora se esticava para ver o visor do celular.

– Ninguém - guardei rapidamente no bolso.

– Filha! Filha, você está aí? - meu pai gritou de cima das escadas.

– Aqui, pai! - gritei de volta, ficando tensa.

– Eu vou tomar uma chuveirada rápida... Se você e Panda quiserem comer algo, fiz compras hoje - disse cuidadoso.

– Pode deixar!

Eu e Pandora permanecemos paradas, sem mover um músculo. Assim que ouvimos a água do chuveiro cair, saímos em disparada até a garagem.

Panda sabia dirigir desde quatorze anos de idade... O pai dela fazia questão. Dizia ele: ''vai que acontece algum imprevisto.''

Abri a garagem em um minuto, Pandora saiu rapidamente com o carro. Quando ia entrar, o carro engasgou brutalmente para trás, nos fazendo assustar.

– Seja mais cuidadosa! - sussurrei, entrando finalmente dentro do carro.

– Me desculpa! - explodiu ela, já dirigindo, deixando para trás minha casa.

– Fica quieta, vou ligar pro Arthur - a tensão entre nós era visível.

Depois de três chamadas, ele atendeu.

– Arthur, oi, sou eu. Então, posso ir aí daqui a pouco?

– Hã... Hum... Sabe o que é Mari... Eu estou de saída - falou enrolando.

– Ah, sério? E pra onde você vai? - fiz uma voz chorosa. Estava fazendo uns gestos loucos para Pandora, que tentava ouvir a conversa.

– Vou ver umas paradas aí... - respondeu.

– Tudo bem. Até amanhã então, tchau! - não esperei ele responder e desliguei.

– Vamos esperar ele sair... - Pandora estava concentrada.

Levou apenas alguns segundos, Arthur desceu as escadarias do prédio e entrou em um táxi. Logo o táxi se moveu, entrando na avenida.

– Olha lá! Vai Panda! - gritei.

Pandora estava aparentemente nervosa, pisou fundo no acelerador.

Desviamos de alguns carros, até ter o táxi totalmente em foco.

– Desvia um pouco... Ele vai nos ver! - falava para ela.

Depois de algumas ultrapassagens perigosas, continuávamos atrás do táxi de Arthur... Mas agora, estávamos em uns becos estranhos e escuros. Escondidos. Passávamos por umas lojas esquisitas, com os letreiros em neon.

– Estou com medo... - falou Panda, olhando por cima do teto.

– Calma... Se Arthur está aqui é porque é seguro - assegurei.

– Não acho que seja...

– Você sabe onde estamos?

– Não... Vou ver se acho uma sinalização.

O táxi parou em frente a uma casa de tijolos antiga. Tinha um letreiro em neon, só conseguia distinguir a palavra ''stripper''.

– Encontrou algo? - perguntei, preocupada.

– Sim... - falou fraca.

– E onde estamos? - perguntei ficando irritada.

– Rua Vienna - falou séria.

– E isso quer dizer alguma coisa? - debochei.

– Sim, Marine. Como você não sabe, aqui é ponto de encontro dos gays, homossexuais e tudo mais. Entendeu agora? - dizia com o olhar fraco.

Então... Arthur era... Gay?



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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? Espero que tenham gostado. Até o próximo pequenas. Deixem suas opiniões.