Louis Weasley encarou o espelho a sua frente, enquanto reprimia um suspiro. A imagem de um belo e forte rapaz loiro lhe enviou um sorriso encantador pelo reflexo, o fazendo explodir em ira. Ele queria socar aquele maldito espelho e o quebrar em milhões de pedaços pequenos e disformes. Talvez assim conseguisse tornar sua aparência disforme e se desfigurar.

Respirou fundo, tentando evitar aqueles pensamentos, no entanto, isso foi em vão. Fitou o espelho por mais alguns segundos, enquanto uma intensa agonia aumentava em seu ser. Ele era lindo, muito mais do que isso, era magnífico, simplesmente deslumbrante. Alto, forte, bronzeado, dono de cabelos loiros que pareciam ter o brilho do próprio sol e olhos tão azuis quanto profundos. Cada traço parecia ter sido cuidadosamente feito por um artista, esculpido suavemente enquanto ganhava cor e vida com delicadas e cuidadosas pinceladas. Ele era hipnotizante, dono de um esplendor que se atribui aos anjos. Louis, contudo, não era um anjo.

O sangue veela que corria por suas veias era o que o tornava tão irresistível. Como se cada parte de seu ser fosse estrategicamente feita para seduzir e encantar. E nenhuma mulher poderia resistir aos encantos do rapaz. Quem resistiria a toda aquela beleza e charme? Quem conseguiria não se perder em meio aqueles olhos tão azuis, ou sucumbir totalmente ao poder que deles emanava? Quem seria capaz de não se sentir hipnotizada por aquela voz tão grave quanto sexy? Não havia como evitar, não havia como resistir.

Louis fora condenado à perfeição, recebera a dádiva e maldição que era a beleza e, por muito tempo, aquilo parecia algo bom. Todos se rendiam aos seus encantos, todos o amavam. Ele, no entanto, não amava ninguém.

Às vezes ele se perguntava como era aquele sentimento que todos diziam ser tão forte e belo. Se perguntava como era sentir o coração acelerar pela simples menção do nome da pessoa amada, se perguntava qual era a sensação de amar.

Ele nunca experimentara aquela sensação, mas a queria. Talvez fosse apenas por curiosidade, talvez apenas mais de seus inúmeros caprichos, afinal ele era o caçula e único filho homem e de Gui e Fleur Weasley e, como tal, sempre fora mimado em demasia pela mãe e irmãs. Louis era, de fato, mimado e possuía a estranha necessidade de possuir o que estava fora de seu alcance. Ou talvez fosse seu orgulho gritando, seu ego se ferira com a ideia de existir algo que não pudesse possuir. Ainda assim, ouso dizer, que o que o motivava nessa busca tão intensa por esse sentimento tão confuso e maravilhoso era o doloroso vazio que havia em seu peito. Porque faltava algo e ele simplesmente já estava cansado de se sentir totalmente entorpecido.

Todos o amavam, apesar de sua arrogância, pretensão e egocentrismo. Todos o amavam, porque era impossível não amar alguém tão belo, era impossível não se sentir totalmente encantado. Como não adorar um anjo?

O silêncio reinava e Louis continuou a se olhar no espelho e pela primeira vez em sua vida se odiou. Se odiou por não conseguir sentir, se odiou por ser diferente. Ele, que sempre tivera tudo o que quis, encontrara algo que não poderia ter. Porque embora sua beleza fizesse com que todos o amassem, não era capaz de fazê-lo amar.

Nesse momento, ele se perguntou o que havia de errado consigo mesmo. Se questionou, buscando as razões que o faziam tão gélido e entorpecido. Ele ansiava por calor, suplicava pela dor que provasse que ele era capaz de sentir algo. De toda forma, o frio continuou, assim como aquele buraco em seu peito, aquele vazio dilacerante.

Suspirou, enquanto dava as costas ao seu reflexo que ainda sorria presunçoso, afinal aquele era o único sorriso que era capaz de esboçar. E mais uma vez o garoto desejou ser capaz de amar, desejou amar alguém que não fosse ele mesmo. Louis, contudo, era um homem de lata, que fora feito de um metal frio e brilhante, mas sem coração...