O Guardião escrita por tsubasataty
Numa madrugada de sábado meu mundo desabou. Eram quase duas da manhã quando eu ouvi os gritos, os barulhos vindos da rua. Com o prédio praticamente vazio, o som não podia estar vindo dali, e sim de algum lugar próximo, muito próximo ao apartamento.
Eu não conseguiria ficar de braços cruzados, sem fazer nada. Diante daquele grito feminino, uma única pessoa ocupava minha mente. E se era ela quem realmente corria perigo, eu sabia que não pensaria duas vezes antes de agir.
Com uma lanterna e uma chave inglesa em mãos, saí apressado pela rua. Não houve mais gritos; tudo voltara ao silêncio de antes. Só que alguma coisa estava fora do lugar. No chão, no ar... algo tomou conta de tudo aquilo.
Manchas escuras no chão foram o primeiro sinal de que nada daquilo era uma ilusão. E a própria neblina, incomum nesta época do ano, me fez engolir em seco.
Escutei um arfar próximo de mim. Congelei por um segundo. Se eu voltasse atrás, eu perdia. E perder nunca é a melhor opção.
Vi uma sombra escondida atrás de poste de luz. Aproximei-me em silêncio, a chave inglesa fixa ente os dedos. A visão que vi me seguiu pelo resto de meus dias, me atormentando e me corroendo como se tirasse tudo de mim, não deixando sobrar nada mais além de uma inútil casca vazia.
Encostada no poste de luz estava a figura encolhida de Melissa. Seus braços estavam roxos e machucados; seu pescoço coberto por uma ferida que doía só de olhar. Ela não levantou os olhos quando me viu aproximando-se, apenas enterrou o rosto no chão, escondendo-o de mim.
-Melissa – minha voz estava seca, e falhava a cada palavra que eu pronunciava. - Quem fez isso com você...?
Ela não conseguiu me olhar, como se estivesse com medo de mim.
Me senti a pior pessoa do mundo, incapaz de ajudar a única pessoa que realmente importava para mim.
-Eles finalmente me acharam... – ela começou, num sussurro tão baixo que quase não consegui ouvir. – E estão mais perto do que eu imaginava. Alex, eu não tenho mais muito tempo.
Pela primeira vez, ela levantou os olhos. Foi então que vi todo o medo, o horror, que aquele seu rosto queria esconder de mim, como se tentasse me proteger do que estava por vir.
-Eu não vou te abandonar agora. – cerrei os punhos com tanta força, que os nós dos meus dedos doeram. Por mais que eu não soubesse o que aconteceria em seguida, jamais deixaria que algo assim acontecesse mais uma vez. - Me diga o que preciso fazer.
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