E Que A Sorte... escrita por Juh11


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi gente,desculpe a demora do capítulo 3,demorei um tempinho revisando. Espero que gostem!



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Capítulo 3 – Por Juliet

 Atentamente observava Louise remexer naquela bola de cristal. Apesar de ser da Capital, Louise não era uma aberração como os apresentadores dos outros distritos. Ela era realmente bonita tinha a pele morena e cabelos lisos castanhos-escuro, seu rosto parecia ter sido esticado (o que provavelmente acontecera, esse tipo de coisa não é incomum na Capital) porem isso lhe dava uma aparência de boneca, ela usava uma maquiagem esfumaçada em volta dos olhos e como sempre um batom vermelho nos lábios (algumas pessoas dizem que se você reparar bem, aquilo não é batom, seria uma tatuagem).

Enquanto ela abria o papel, pude sentir a tensão a minha volta e quando ela o abriu, a garota que estava na minha frente começou a tremer, “essa provavelmente assinou muitas vezes as tésseras” pensei.

 -E o tributo feminino do Distrito 3 esse ano é... Juliet Wisebit! – anunciou nossa apresentadora para toda a Panem, fazendo com que a garota a minha frente relaxasse. A sorte estava com ela, e pelo visto não comigo.

 De qualquer modo, não me espantei ao ouvir meu nome na colheita, eu sabia que isso iria acontecer comigo ou com Caius, não estava com um bom pressentimento sobre a colheita desse ano. Pude ouvir Louise perguntando se alguém iria se voluntariar, todos sabiam da resposta e os Pacificadores já estavam me conduzindo até o palco.

 Me dirigi ao palco tentando parecer confiante, apesar da minha pouca idade e do fato de eu não ter nascido num distrito carreirista, eu possuía algumas habilidades que talvez me ajudassem a vencer esses jogos. E eu também irei precisar de patrocinadores e uma menina de 13 anos chorona não é exatamente o tipo de coisa que faz os patrocinadores cair aos seus pés.

 Subi ao palco, cumprimentei Louise e o prefeito, em seguida me dirigi para o lado e meu pai (e agora meu mentor) na espera do tributo masculino. Meu pai não parecia gostar muito daquela situação, ele havia cerrado um pouco a mandíbula, contudo ele conhecia minhas habilidades, se ele não pensasse que eu poderia sobreviver a aquela arena, com certeza estaria quase quebrando o queixo. Não pude deixar de notar ele enviando um olhar reprovador para Caius por alguma coisa.

 Cerca de alguns minutos depois de eu me acomodar no palco, Louise começou a remexer na segunda bola de cristal. Quem seria meu concorrente? Seria algum jovem de 18 anos que passara a vida inteira assinando pelas tésseras? Ou seria um azarado como eu que estava na sua primeira ou segunda colheita e nunca assinou nada? Talvez pudesse ser alguém de minha turma, mas todas as dúvidas acabaram quando Louise revelou o nome do tributo.

 -E o nosso tributo masculino será... Caius Wisebit.

 Ao ouvir o nome de meu irmão sair logo em seguida, gelei, um de nós dois morreríamos pelos jogos da Capital, talvez até mesmo os dois. Esse pensamento enchera meus olhos de lágrimas, mas eu as segurei, as guardaria para uma hora onde não existisse nenhuma câmera me observando.

 Agora meu pai aparentava seu nervosismo com a mandíbula tão cerrada que por um momento achei que ele fosse quebrá-la, a única vez que eu vi ele naquele estado foi quando minha mãe estava à beira da morte, ele não podia evitar mais, agora um de nós dois morreríamos, se para qualquer família é difícil enviar um filho para os Jogos, imagine os dois únicos?

 Depois disso, tudo aconteceu muito rápido. Caius subiu ao palco, nós nos cumprimentamos, Louise continuou falando sua parte, o prefeito fez o discurso de sempre, todavia este ano não recebeu nenhum aplauso.

 Em seguida fui levada até a sala para as despedidas, fiquei imaginando quem me visitaria já que minha família iria toda para Capital comigo e me impressionei em receber visitas de muitas pessoas se lamentando de eu ter sido sorteada e dos amigos de Caius, Feron e Isis.

 Dos dois, Feron foi o primeiro a me visitar. Ele e Caius eram amigos há anos e ele passava tanto tempo lá em casa que para mim ele também era um irmão. Ele me deu um beijo na bochecha e me abraçou.

 -Seja forte – foi a única coisa que ele me disse, Feron nunca fora de falar muito em momentos complicados, mas lembro de todo o apoio que ele nos dava enquanto minha mãe estava a beira da morte, ele sempre foi extremamente otimista e odiava ver situações irreversíveis.

  Depois de ele ser levado pelos Pacificadores, veio Isis. Ela já estava chorando quando entrou na sala, me pedindo desculpas por não ter tomado o meu lugar, mas eu sabia dos problemas que ela tinha, se voluntariar a colheita significaria morte a ela e sem ela seus irmãos mais novos teriam que se candidatar as tesseras para ajudar a mãe do mesmo jeito que ela havia feito antes de conseguir o emprego. Ela me abraçou chorando e tirou um pedaço de pano do bolso.

 -Isso - ela falou me mostrando – é uma faixa de cabelo assim como a que você está usando. Ela é antiga e pertence a minha família há séculos. Quero que você use-a na arena. – ela me falou me entregando. A faixa era preta e nas pontas possuía dois riscos dourados finos e um número 3 representando o distrito.

-Você tem certeza de que quer me dar isso? – perguntei meio receosa olhando a faixa, deveria ter muito valor sentimental para ela.

-Absoluta, mas quero vê-la usando na arena. – Isis falou dando um sorriso tímido - Ah, eu quase esqueci! Entregue isso ao Caius para mim, eu me esqueci de fazer isso quando fui falar com ele – ela retirou do próprio pulso uma espécie de pulseira muito parecida com minha faixa – Diga para ele também usar na arena, sim?

 Depois disso não falamos mais nada, ela apenas me abraçou, me pediu também para ser forte e esperamos ali os Pacificadores chegarem.

 Após a visita de Isis, recebi mais algumas e por fim fui escoltada pelos Pacificadores até a entrada do Edifício onde se encontravam meu pai e meu irmão. Eu não havia chorado em nenhuma das visitas, isso era bom, pois eu não demonstraria fraqueza diante das câmeras da Capital, porem a minha vontade era imensa depois da despedida de Isis. “Respire fundo Juliet, agüente até o trem, você consegue, só respire”

 Fomos até a estação, onde havia mais algumas câmeras da Capital para nos filmarem esperando o “expresso da morte”. Depois de cerca de 10 minutos ele chegou.

 Entrei no luxuoso trem e eu fui até a cabine que me apontaram dizendo que seria meu quarto durante a viagem. Eu mal havia entrado e sentado na cama quando ouvi três batidas ritmadas na porta. Era Caius, nós havíamos combinado essa batida quando éramos crianças.

 -Entre- falei agora com minha voz tremula, meus olhos já estavam começando a ficar umedecidos

 Ele entrou e se sentou ao meu lado na cama

 -Assustada? – ele perguntou sentando-se ao meu lado

-Bastante- respondi

-Todos estamos... – Caius falou com um tom de voz um tanto relutante

-Por que isso tinha que acontecer logo conosco? – falei agora soltando as lágrimas que estavam presas há horas – A Capital já não nos castigou o bastante? Apesar de o papai tentar se manter controlado,eu vejo que ele não está bem,ele me parece pior do que quando a mamãe morreu. Por que fizeram isso com a gente, Caius?

 Ele me abraçou e começou a chorar comigo. A situação esta ruim, Caius chorando? Em todos os meus 13 anos de vida a única vez que ele fez isso, foi no dia que mamãe morreu. Agora me sentia fraca e com 10 anos de idade de novo, e então coloquei minha cabeça no colo de meu irmão enquanto ele afagava meus cabelos exatamente como no dia daquele pesadelo há três anos.

 -Eu estou assustada – falei entre lágrimas, agora eu tinha liberdade de expressar tudo o que sentia – extremamente assustada. Você sabe o quanto foi doloroso me despedir de todas aquelas pessoas? Apesar de elas dizerem que sentem muito, ninguém tentou se voluntariar para tomar um de nossos lugares,todos eles querem ver o bom show que a Capital vai transmitir esse ano.

-Não as culpe, provavelmente se alguém tentasse os Pacificadores iriam arrumar um jeito de não permitir, eles deviam ter ordens diretas da Capital para impedir qualquer um. – ele já havia parado de chorar e tentava me acalmar também. Respirei fundo e tentei engolir o choro também.

-Também recebi visitas os seus amigos, Feron e Isis. Isis pediu para te entregar isso – entreguei a pulseira a ele. Caius ficou observando a pulseira por alguns minutos com o olhar perdido – ela pediu para você usar isso na arena, falou que se esqueceu de te entregar. Você quer que eu ponha? – mas ele não me respondeu, ficou apenas olhando a pulseira – Caius?

-Ela também me visitou – ele me falou com um olhar perdido- ela disse que se não tivesse que ajudar a família, ela iria no seu lugar. E sim, ponha, por favor. – ele me falou esticando o braço

-Sim, ela me contou isso – eu coloquei a pulseira, mas ele continuava com aquele olhar perdido - O que houve durante a visita dela?

-Nada – ele disse corando, peraí, Caius estava corando? A colheita definitivamente não fizera bem a ele. –Preciso ir – ele falou se levantando, me dando um beijo na testa e saindo do quarto

-Nos vemos mais tarde- falei enquanto ele saia do quarto. O que será que aconteceu entre ele e Isis naquela despedida?

 Bom, isso eu descobriria depois. Abri a gaveta peguei um vestido verde-claro e me dirigi ao banheiro. Entrei debaixo da água quente do chuveiro e chorei mais um pouco, a idéia de que eu e Caius poderíamos morrer naquela arena me apavorava, só pode haver um único vencedor dos Jogos e para isso um de nós teria que morrer. Deixei um pouco mais de água quente cair em meu rosto, eu precisava melhorar minha aparência, precisava ser forte para ajudar meu pai a suportar tudo isso.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer principalmente a NandaSouza que deixou um review nos outros, Nanda,obrigada,vc nao sabe quanto um review me ajuda a escrever o resto! E tambem agradeço a todos por perderem seu tempo lendo ^^ Esperam que tenham gostado desse capítulo e peço um review com a opiniao sincera de vocês. Beijos