Throw Away escrita por Amis


Capítulo 24
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, amores.
Sei que disse que o Scorpius iria aparecer, mas ficou comprido demais e não quis aumentar.
Deixem reviews.



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-Lilian Luna Potter, quantas vezes eu vou ter que pedir para me ajudar com a decoração de natal? Se eu tiver que subir aí mais uma vez moçinha... – Tia Gina disse irritada, sua voz ecoando pelo jardim.

Eu e o Alvo sorrimos e olhamos para Lily, que bufava irritada.

Todos os natais eram assim. Tia Gina e a Lily decoravam o pinheiro do jardim, meu pai, tio Harry e tio Rony enfeitiçavam a neve para não nos machucarmos, minha mãe, Rose e tia Mione ajudavam minha avó na cozinha, junto com a Vick, e James, Albus e Fred tinham que podar o jardim. Meus outros primos tinham tarefas mais básicas, meu irmão sempre acabava fugindo das suas e o Hugo acabava sendo o degustador da cozinha.

E na maioria das vezes eu escapava das tarefas. Geralmente meu tio Jorge me puxava para um canto e ficava comigo escondido entre as plantas mais altas, tentando fugir também. Eu acho que ele se sentia sozinho demais depois da morte do meu tio Fred e aparentemente, ele apreciava minha companhia.

Ou simplesmente sentia dó de mim por eu não ser útil em quase nada.

-Lilian Luna...

-Estou descendo, mãe! – Lily berrou e desceu batendo os pés.

Quase que no mesmo momento, minha avó entrou no quarto ajudando Rose a andar, e a sentou na antiga cama da tia Gina, sussurrando alguma coisa para a ruiva.

-Não precisa nos ajudar este ano, pequena. Eu sei que os enjoos são devastadores, apenas fique descansando aqui durante um tempo. – vovó Molly disse docemente e depois olhou para mim com um sorriso meigo. – Você pode me ajudar na cozinha, querida?

Olhei para Rose, que estava verde de enjoos e depois para minha avó, que estava me dando uma tarefa.

Eu iria ter que cobrir a Rose em suas tarefas? Perai, ela implantou chifres na minha cabeça, roubou meu namorado, ferrou com minha vida social, e além disso, agora tenho que encobrir ela?

-Querida, é só descascar as batatas... – minha avó disse novamente, percebendo minha hesitação.

Olhei novamente para Rose, e incapaz de dizer não para minha avó, assenti.

Vovó Molly sorriu e depois olhou para Alvo com seriedade.

-E não desdeu para ajudar seu pai por que, Alvo?

Meu primo bufou e passou por nós com uma carranca, descendo as escadas mais rápido que minha avó.

Por educação, eu acompanhei a vovó até a cozinha, sem me demonstrar impaciente com o passo devagar dela. Ela era uma idosa, eu tinha que ter paciência com ela.

Quando passei pelo batente da cozinha, Vick olhou para mim , e sorrindo, fez um floreio com a varinha em direção ao forno.

-Que bom que você veio, Domi. Tem como você cuidar da Margot para mim? Ela ficou muito tempo sentada e daqui a pouco vai começar a chorar... – minha irmã pediu, apontando para minha sobrinha impaciente na cadeirinha.

Olhei para a pequena, que apertava uma batata com força, focando seus olhinhos extremamente azuis no objeto, enquanto seu cabelo quase castanho caia sobre os olhos, e sorri.

-Claro que sim, antes isso que descascar as batatas. – afirmei, pegando minha bebê de quase dois anos no colo e a levando para a sala.

Com cuidado, a sentei no meu colo e peguei um dos livros de sua mochila cor de rosa, me preparando para ler uma historia para ela.

Pelo menos eu tinha pegado uma tarefa que eu sabia fazer bem.

*_*

-... Et ils vecurent heureux! ( E eles viveram felizes para sempre!) – li docemente, sorrindo para a Margot logo depois.

A pequena sorriu de volta e se aconchegou melhor no meu colo. Faltava alguns minutos para a meia noite e depois da troca dos presentes, nós iriamos jantar. Estava tudo pronto, mas eu e a Margot estávamos ocupadas demais lendo Cinderela para observar o que os outros estavam fazendo.

- De nouveau. (De novo) – Margot pediu para mim com expectativa.

Arregalei os olhos e sorri.

-Porquoi? Je peux lire l’historie de une belle femme ... (Por que? Eu posso ler a historia de uma bela menina...)

-Non, Dominique, de nouveau. (Não, Dominique, de novo.) – ela me pediu começando a ficar emburrada e cedendo, assenti.

-La derniere fois. ( A ultima vez) – avisei e abri o livro novamente.

Margot sorriu, fazendo mechas rosas aparecerem no seu cabelo (dom herdado pelo pai), e se sentou ereta no meu colo, pronta para prestar atenção novamente na história. Eu já estava no momento em que a princesa perdia o sapatinho de cristal, quando Vick se ajoelhou ao nosso lado e suspirou.

-Ok, mon chouchou, mais je besoin de manger et vous aussi, Margot. Aprés je veux lire cette historie pour vous. (Ok, meu amor, mas eu preciso comer e você também, Margot. Depois eu vou ler esta historia para você.) – ela disse calma e a pequena assentindo, esticou os bracinhos para que Vick a pegasse no colo.

-Et mon jeux? (E meu brinquedo?) – ela perguntou baixinho.

Ted, que estava alguns passos de distancia de nós, revirou os olhos e se aproximou mais.

-Vamos entregar os presentes agora, Margot, tenha paciência. – ele pediu em inglês e franzindo o cenho, Margot assentiu.

Com um salto eu me levantei e fui para perto da minha mãe e meu pai, que discutiam algo sobre Louis em voz baixa.

-Já vamos distribuir os presentes? – perguntei sorrindo.

Minha mãe assentiu e beijou o topo da minha cabeça, dizendo em francês que eu iria adorar o meu.

Meu pai, que entendia apenas algumas coisas em francês, assentiu provavelmente entendendo o que minha mãe dissera, e repetiu o gesto dela, nos abraçando logo depois.

-Apenas espere Rose descer com o namorado dela e vamos distribuí-los. – ele disse calmo, olhando para a escada pelo canto do olho.

Rapidamente meu sangue gelou. Eu tinha esquecido que o Erik estaria aqui, devia estar tão entretida com minha sobrinha que havia esquecido deste detalhe.

O ERIK ESTAVA AQUI!

Eu não tinha me preparado psicologicamente para isso.

Senti meu estomago se embrulhar e meu bile ameaçou subir, mas respirei fundo e segurei a barra. Eram apenas algumas horas em que eu fingiria estar bem, depois eu poderia surtar. De preferencia em casa, trancada no meu quarto, com o rádio ligado no máximo.

Bem que eu queria que essas horas passassem rápido.

*_*

-Ah querida, eu fiz vários casaquinhos para o seu bebê. – minha avó disse meigamente, entregando uma caixa cheia de casaquinhos de tricô para Rose. Esta, por sua vez, sorriu e agradeceu a vovó, enquanto guardava as roupinhas novamente na caixa.

-São lindos, vovó. – Rose disse baixo.

Minha mãe, que estava do lado dela, sorriu e entregou um pacote pequeno e azul.

-Eu não sei tricotar, querida, mas na minha família sempre temos a tradição de dar um alfinete de ouro para o bebê. – minha mãe disse com aquele sorriso maravilhoso, que só ela e a minha irmã sabiam dar.

Olhei incrédula para aquela cena e me afundei mais na poltrona. Eu havia ganhado presentes de todo mundo. Um casaco novo do Tio Harry e da Tia Gina, um livro de moda da Tia Mione, um suéter azul turquesa da minha avó, um brinco de prata do meu irmão... E tinha dado presentes para todos também, mas eu não podia acreditar que estavam tratando a gravidez de uma menina de 15 anos com essa naturalidade.

Não foram capazes de tratar a minha entrada na Lufa-Lufa com naturalidade, mas conseguiam fingir que era normal uma menina - que deveria estar começando a namorar - estar grávida?

Perai, e se fosse comigo, eles me tratariam assim?

Olhei para minha Tia Gina, que estava babando nos presentes de bebê que a Rose tinha recebido e depois lancei um olhar de raiva para o Erik, que tinha sido aceito pela família com a maior tranquilidade do mundo.

Ele engravidou uma menina de 15 anos e colocou um lindo par de chifres na minha cabeça! Onde isso é normal?

Lily, que estava brincando com Margot, me lançou um olhar preocupado.

-Calma. – ela sussurrou e discretamente, voltou a sua atenção para minha sobrinha.

E depois eram os sonserinos que tinham sangue frio e maldade no coração. Merlin, quando você inventar a justiça me avise, serei a primeira a reivindicá-la.

Alvo, que estava sentado do meu lado, sugeriu uma partida de quadribol com meus primos e quase todos aceitaram, rumando para fora da sala quase que instantaneamente.

As mulheres, que nem tinham percebido a saída dos mais jovens, continuaram a conversar sobre bebês e roupinhas animadamente, dando dicas para Rose, como fizeram com  Vick dois anos atrás.

A diferença era que minha irmã estava casada, já tinha terminado os estudos e não tinha traído a prima pelas costas quando engravidou. E ah, ela já era maior de idade.

No outro canto da sala, Tio Harry, Tio Rony, Tio Jorge, meu pai e Tio Carlinhos jogavam pôquer com Erik, enquanto Ted tentava passar informações escondidas e valiosas para seu padrinho, na intenção de fazê-lo ganhar, enquanto na verdade eles deveriam estar tentando esganar o menino que destruiu a minha reputação e a vida escolar de Rose.

Era só eu que estava percebendo alguma coisa errada?

Não era ciúmes, nunca havia sentido isso de ninguém e não iria começar a sentir agora. Mas Rose tinha feito uma coisa errada, tinha tentado abortar uma criança, e eu não tinha visto ninguém critica-la ou conversar com ela. Eles estavam agindo naturalmente, como se aquilo fosse normal, sem se preocupar se eu estava me sentindo bem com aquela situação.

Até meu pai e minha mãe, que sabiam da historia inteira, não se deram o trabalho de olhar uma vez para ver se eu ainda estava aqui. Na verdade, até Voldemort sabia da história inteira, não tinha como minha família fingir que estava tudo bem.

Eles poderiam dar a atenção que queriam para a futura mamãe. Mas e para a garota traída e chifruda?

Estava começando a me sentir como antes, quando era nova, bem mais gorda, lufana sem orgulho e desestimulada. Estava começando a me sentir invisível novamente.

Na verdade, no final, em sempre acabava assim.

-Foge. – escutei a voz da minha irmã soar do meu lado e surpresa com sua aparição repentina, arfei.

-O que? – perguntei confusa.

Vick sorriu e olhou de esguelha para a Rose e para orla de mulheres que havia se juntado ao lado dela e revirou os olhos.

-Eu sei o que você estava pensando, Domi. É injusto elas estarem paparicando ela, enquanto seu ex está vivendo um natal feliz com a atual e nem se preocupam se você está bem ou não. Afinal, você foi a injustiçada aqui... – ela disse fria, olhando com raiva para o Erik. – E se eu fosse você, daria um jeito de me vingar do Erik de uma forma bem malvada. Mas você é boa demais para isso, então não vai fazer nada, só ficar se corroendo por dentro e segurando para não chorar. Aqui não, pelo menos.

Sorri fraco e assenti, não podendo negar que ela estava mentindo. Victorie me conhecia bem demais para errar algo sobre mim.

-Então fuja. Vá para a casa de alguma amiga sua ou para a casa da Tia Gabrielle... Qualquer lugar melhor que esse. Eu te dou cobertura, digo que recebeu um convite de uma amiga e eu te levei para lá. Use a rede pó de flú, se quiser eu aparato com você. Só não fique com essa carinha triste, é natal, Dominique. – ela disse séria, me abraçando pelos ombros.

Sorri em resposta, adorando sua ideia, e assenti me levantando.

-Posso passar essa semana de recesso com você? – perguntei.

Ela abriu um sorriso maravilhoso e assentiu.

-Seu quarto sempre está preparado para você, querida. Agora vai logo, pegue uma muda de roupa e um pijama e só volte amanhã a noite. Eu te cubro e qualquer coisa te mando um patrono. – disse dando um beijo na minha testa e se afastando.

Pode passar o natal comigo se quiser” Me lembrei de Scorpius falando isso e antes que eu perdesse o pouco de coragem que havia arranjado, corri para o andar de cima.

Coloquei um vestido branco com rosas vermelhas bordadas nele, uma saia preta, uma blusa rosa, um pijama azul na bolsa, minha nécessaire de maquiagem e higiene pessoal e um sobretudo preto dentro da minha bolsa e fechei o zíper com rapidez, sentindo a adrenalina de fugir de casa me corroendo gostosamente.

Com um sorriso abri a porta do antigo quarto do meu pai e já estava quase cantarolando de alegria, quando me deparei com James no batente, me olhando questionador.

Merlin me odiava.

-Oi, James. – disse calma, tentando passar por ele.

Com um passo largo, ele bloqueou a saída.

-Para onde você está indo? – perguntou-me sério.

Revirei os olhos.

-Para a casa da Dafne. – disse calma, tentando lhe convencer da mentira.

James franziu o cenho.

-Mentira, Dafne foi viajar com Nate para Moscou. – ele me disse rapidamente.

Droga!

-James, deixe-me passar. – tentei o empurrar, mas ele não se moveu um milímetro. Era covardia, ele era muito mais forte que eu.

-Dominique, você vai fugir? – ele me perguntou.

Assenti.

-Sim, por que? – disse um pouco mais agressiva. – Vai contar para meus pais? – deduzi.

James suspirou.

-Claro que não, não faço essas coisas...

Eu bufei.

-Claro que não, você manda bilhetinhos me ameaçando á contar. – disse com raiva, desistindo de passar. Já que ele estava lá, me impedindo de sair, poderíamos ter uma conversa séria.

James piscou algumas vezes, confuso, e depois me olhou novamente.

-Bilhetinhos? Que bilhetinhos? – ele me perguntou.

E ele ainda finge não saber dos bilhetinhos. Maldito seja!

-Os milhares de bilhetinhos que você me manda, desde o começo do ano letivo. – afirmei irritada.

James arqueou uma sobrancelha.

-Bilhetinhos? Dominique, eu não sei de bilhetinho algum. Nunca te mandei um bilhetinho...

Olhei mais atentamente para ele, desconfiada.

-Prove. – disse firme. Estava cansada desses joguinhos, de receber bilhetinhos e de não saber quem era. Eu iria tirar minhas dúvidas agora!

James revirou os olhos.

-Pode ler minha mente se quiser, juro pela morte dos meus irmãos que não sei de bilhetinho algum. Apenas te entreguei um, mas nem li.

Assenti mais calma. Ele tinha jurado pelos irmãos, coisa que ele nunca fazia se era mentira. Não fora ele, tinha apenas me entregado...

-Quem pediu para você me entregar o bilhete? – perguntei, sentindo uma luz se ascender na minha mente.

Ele deu de ombros.

-Uma coruja chegou até mim, com uma carta pedindo para eu entregar o bilhete á você. Achei que fosse de algum admirador secreto, então eu entreguei...

Ótimo, uma coruja estava fazendo da minha vida um inferno.

-Alguém está te chantageando, Dominique? – ele me perguntou desconfiado.

Neguei com a cabeça. Não estava mentindo, aquilo não eram chantagens.

-Dominique... – ele disse em um tom mais sério, mas eu o ignorei.

-Se eu precisar de ajuda, eu juro que vou lhe pedir. Mas eu realmente preciso ir, James. Deixe-me passar. – pedi.

Ele bufou.

-Você vai para a casa do Malfoy, não é? – me perguntou.

-Vou e a Vick me deixou dar uma escapadinha, então sem nenhum problema. – afirmei.

Relutante, ele me deixou passar e antes que me fizesse outra pergunta, corri para a sala onde a lareira ficava. Decidida, disse bem claro “mansão Malfoy” e fechei os olhos, deixando as chamas verdes me consumirem.

Quando me senti no chão novamente, um cheiro de menta me invadiu e abri os olhos lentamente, me deparando com o quarto mais lindo que eu já tinha visto.

Jurei para mim mesma que esqueceria a querida pessoa que me mandava os bilhetinhos por hora. Não era nem o James, nem o Erik, mas eu poderia deixar essa missão para depois.

Pela primeira vez na minha vida eu tinha a oportunidade de passar o natal longe da família e eu não iria desperdiça-la.



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Notas finais do capítulo

RSRS ficou bom o capítulo? Bem, quem nao queria uma sobrinha dessas? RSRSR
E ahh, recomendem e mandem reviews, por favor.
XOXO