Sentia o brilho do sol queimar meu rosto. Era manhã e a janela do quarto estava aberta. Não sabia se ele fazia aquilo todas as manhãs para me irritar ou porque somente gostava de me acordar “gentilmente”.

Nunca estava do meu lado quando eu levantava e sempre se mantinha distante de mim sempre que dormíamos juntos. Era doloroso, pois eu o amava e o desejava perto de mim.

–Bom dia. –Me fitava com uma expressão indescritível. Eu odiava aquilo. E ele sabia.

–Bom... dia. Porque essa luz? –Perguntei, colocando a mão em meu rosto.

–Desculpa se te acordei com essa luz.

–Tudo bem. –Sorri gentilmente, fingindo acreditar que ele não teria feito aquilo de propósito.

Era sempre a mesma coisa, as mesmas palavras, os mesmos gestos, a mesma demonstração de frieza todas as manhãs. Mas aquilo só me fazia o querer mais e mais, como se gostasse da dor que me fazia sentir e da maneira como me fazia de idiota.

Levantei, fui até a cozinha onde o mesmo se encontrava olhando pra xicara de café a sua frente, aparentemente perdido em seus próprios pensamentos.

–Está tudo bem com você? –perguntei como uma criança curiosa.

–Claro. Sempre esteve. –Sorriu abertamente pra mim, me fazendo sorrir em retribuição, com o sorriso mais bobo do mundo. - Como consegue ser tão adorável? –perguntou.

–Quem? Eu?

–Não, Manabu, não. –O seu olhar estava raivoso. Senti meu rosto queimar.

Vi ele se aproximar de mim, me abraçando por trás, me fazendo arrepiar.

–Eu te amo. –Sussurrou em meu ouvido, me fazendo derreter, literalmente.

Eu sabia que tudo o que fazíamos era errado, sabia que esconder aquilo de nossos amigos e família era mais errado ainda. Eu sabia que Byou matinha uma relação muito forte com Jin, queria acreditar que nossa relação pudesse ser como a deles, não me sentia apto a dizer a todos que mantinha uma relação com ele... De maneira alguma. Não era orgulho ou vergonha, mas sim medo... medo do que as pessoas de minhas família iriam pensar. Minha mãe, particularmente, o amava, o tratava com um filho, e eu tinha medo de que isso mudasse quando ela descobrisse que namorávamos. Era uma decisão difícil, mas eu sabia que tinha que escolher.

–Eu... também te amo.

–Não gosto quando faz isso.

–I-isso o que?

–Fica ai, paralisado, pensando na morte da bezerra sempre que digo que te amo. Se não gosta de ouvir minhas declarações de amor, é só ser sincero. –Me fitava com um olhar nervoso mas ao mesmo tempo como uma criança birrenta.

–Gomen ne... Eu somente fico um pouco sem jeito com isso.

–E isso te faz mais adorável ainda. –Deu um beijo na minha nuca, me fazendo abrir um sorriso de orelha a orelha.

Não era sempre que isso acontecia, por isso eu queria que durasse a eternidade.

Ele poderia me usar o quanto quisesse, por quanto tempo quisesse.

Além disso, meu corpo, meu coração pertenciam a ele.