P.O.V Justin

Precisava urgentemente de um banho e um café ou iria dormir ali mesmo. Não estou dizendo que ensaiar com ela estivesse sendo ruim, pelo contrário, até que estava sendo “divertido”, é entre aspas mesmo porque ela não é uma pessoa que tem o melhor humor do mundo. Só que eu trabalhei o dia todo e precisava de um descanso e, pelo visto, com ela não havia sido diferente, dava pra ver em seu rosto que ela estava cansada, e ainda, bem desagradável com aquela situação.

Fui para o banho enquanto a deixei na sala, seria rápido o suficiente para ela não ficar mais desconfortável do que já estava. Entrei no banheiro, tirei minhas roupas, as joguei em qualquer canto e entrei no box.

Depois de longos quinze minutos relaxantes, sai do banho. Entrei no closet e peguei uma calça de moletom e uma regata qualquer, não ficaria sem camiseta na frente dela ou ela sairia correndo na mesma hora em que me visse. Dei uma mexida no cabelo só para não ficar fora do lugar e sai em direção à cozinha para preparar um café bem forte.

– Pronto! Estou atrasado? – ri enquanto perguntava ainda batendo minha mão nos meus cabelos. Ninguém respondeu.

Desviei meu olhar, que estava no chão, para olhá-la e me deparei com algo que não esperava: ela estava deitada de bruços no sofá e, provavelmente, estava no décimo quinto sono, coitada. Resolvi que a deixaria dar uma descansada enquanto eu tomava um café e depois eu a acordaria para ir embora. Não vou negar, ela ficava uma fofa dormindo e quem não a conhecesse acordada poderia jurar que ela era um amor de pessoa.

Ri com meus pensamentos e fui até a cozinha preparar esse bendito café. Não demorou mais de dez minutos para que o mesmo ficasse pronto, então aproveitei para pegar umas torradas que estavam no armário e fazer uma “refeição” completa. Fiquei sentado no sofá comendo enquanto pensava no que faria com Nina, digo, se deveria ou não acordá-la já que ela estava dormindo tão profundamente que chegava a dar dó só de pensar em atrapalhar seu sono.

Fui até a cozinha novamente parar deixar as coisas que havia sujado e então decidi que não ia acordá-la, talvez amanhã de manhã ela acordasse um pouco irritada ou, até mesmo, me mate, mas senti que devia fazer isso e é isso o que vou fazer. Ela iria dormir na cama, não pensem besteira, e eu dormiria no sofá. Não deixaria qualquer menina que fosse dormir em um sofá, é totalmente desconfortável. Caminhando de vagar para não fazer barulho, cheguei onde ela estava e para a minha sorte ela não estava mais de bruços. Passei um braço por debaixo de suas pernas e o outro por debaixo de suas costas e a peguei no colo, ela era muito leve por sinal. Caminhei até o quarto e a ajeitei na cama, terei suas sandálias e coloquei o edredom por cima. Peguei um jogo de lençóis com um travesseiro do armário e sai do quarto.

Fui até o sofá, até que não seria tão ruim dormir ali porque era um sofá extremamente confortável. Ajeitei-me no mesmo e apaguei.

P.O.V Nina

Dessa vez estávamos em um jardim, muito lindo por sinal. Ele estava deitado na grama e eu deitada em seu peito, sentindo seu cheiro extremamente viciante. Pude senti-lo se mover e então aproximar seu rosto do meu, mas eu ainda não conseguia enxergá-lo completamente a não ser os seus lábios, esses pareciam tão macios a meu ver, tão vermelhos...

Virei-me tateando a cama a procura do meu celular, nada. Virei-me mais uma vez, senti um cheiro diferente, não tinha o cheiro da minha cama. Abri os olhos desesperadamente, estava tudo escuro e só era possível ver as horas de um relógio que ficava em cima de um criado mudo, eram 11h45min da manha. Levantei rapidamente e sai em busca de uma janela, encontrei a mesma e abri. Olhei em volta, não era minha cama, não tinha minhas roupas pelo chão... Aquele não era meu quarto! Meu Deus, será que eu fui raptada!?

– Ahhhhhhhhh! – gritei instantaneamente.

– O que aconteceu? – abriram a porta.

– Você... O que... Ai meu Deus, eu dormi na sua casa! Não acredito! – ele me olhava ainda assustado.

– Que susto, garota! Achei que você estivesse morrendo! – disse pondo a mão no coração.

– Por que não me acordou? Eu não acredito que dormi aqui! – perguntei e me olhei para conferir se ainda estava com a mesma roupa de ontem.

Acho que ele percebeu o meu ato e então disse:

– Pode ficar tranqüila, eu te disse que não sou nenhum maníaco! Só te trouxe do sofá pra cá e tirei suas sandálias.

– Desculpe, não foi isso que eu quis dizer! Eu sei que você não é um maníaco, eu só... – disse um pouco mais calma.

– Tudo bem, ontem você pegou no sono e eu não quis te acorda porque parecia que estava em um sono tão profundo... Só isso, nada demais! – me disse ainda na defensiva.

– Eu já entendi! Me desculpa! Eu nem devia ter ficado, agora tenho que ir pra casa...

– Não! Quer dizer, já que você está aqui por que não aproveita e almoça e depois vamos para o estúdio. Você tá sem carro mesmo.

– Tinha até me esquecido desse detalhe! Iam devolvê-lo agora de manhã, mas acho que não dá mais tempo.

– Então... – me incentivou.

– Eu não sei, já incomodei demais e, além disso, você não é uma das pessoas com quem eu sairia para almoçar.

  – Não seja por isso, pedimos a comida se esse por o problema. – disse sorridente.

– Tudo bem, mas só porque estou sem carro e precisamos estar no estúdio em pouco tempo. – sorri em retribuição.

– Ok, eu vou lá pedir então... Pode ser um japonês?

– Por mim pode... Ah, será que você tem uma escova de dente ai? – perguntei sem graça.

– Na primeira gaveta da pia do banheiro...

– Obrigada. – ele não respondeu, só sorriu e sai me deixando sozinha.

Não acredito que dormi aqui! Não! Não! Não! Ele estava tentando ser legal, eu sei disso, mas não sei se confio muito... Sei lá... Ele me odeia tanto quanto eu o odeio, e agora está sendo gentil... É estranho.

Qual é, Nina! Para de desconfiar das pessoas, talvez ele esteja mesmo tentando ser mais gentil.