Acordei ás 9:45. Não era tão cedo quanto eu achei que acordaria.

Minha visão estava um tanto embaçada, mas vi uma massa negra em cima da poltrona , perto da minha cama.

– Nossa, você esta realmente horrível !

Aquela voz. Eu a conhecia muito bem. Esfreguei os olhos com força e então a vi. Lilitih Conklin estava sentada ao medo lado, na poltrona. A cabeça apoiada sobre um braço e a outra mão mexia em seu cabelo.

Sempre soube que este momento aconteceria, mas achei que ela estaria horrível, ou sei lá, com um lençol na cabeça com dois furos no lugar dos olhos.

Mas não. Ela estava linda. Sempre foi. Continuava usando aquelas roupas estranhas, e agora seu cabelo me parecia um pouco mais longo apesar de não fazer tanto tempo assim que eu tinha a visto.

Não senti medo, na verdade me senti meia estranha. E conseguia sentir o ar frio levemente me rodear.

– Obrigada. - respondi sem nenhum humor. - O que você esta fazendo aqui ?

– Não posso visitar minha amiga ? - ela abriu um sorriso malicioso.

– Sou sua amiga ? - perguntei enquanto tentava absorver tudo aquilo.

– Claro, pelo menos é o que eu acho.

– Só lhe fiz um favor...

– Um grande favor. - corrigiu ela.

– E você me retribuiu me assustando em minha própria casa. - falei enquanto me colocava de pé.

– Não me culpe. Foi ideia do Enzo.

– Maldito ! - fui caminhando para o banheiro. - Se estou neste estado a culpa é do seu namoradinho. - me olhei no espelho, eu realmente estava péssima.

– Porque ? - ela se levantou e parou na porta do banheiro.

– Não consegui dormir bem desde aquele dia. E o pior é você só dizer um maldito "olá", e mais nada.

– Mas esta era a ideia. - ela riu.

– Idiota. - fechei a porta do banheiro e tomei um banho.

Quando sai, Lilitih estava sentada em minha cama.

Se tivesse alguma câmera naquele apartamento, com certeza estariam pensando que eu era louca, ri enquanto pensava em tal ideia.

– Por que estou te vendo ? - perguntei, abrindo a porta do meu guarda-roupa a procura de alguma coisa para vestir.

– Como assim ? - ela mexia em algum objeto.

– Sei lá, sempre achei que para ver espíritos as pessoas tivessem que ter... uma certa "sensibilidade".

– As pessoas vêem aquilo que acreditam. Elas vêem o que querem ver.

– É, pode ser ...

Me troquei e fui para a cozinha. Lilitih veio atrás de mim, aquilo me incomodava um pouco. Não é todo mundo que gosta de ser seguido por uma garota morta.