MESES DEPOIS DA ESTRANHA MENSAGEM NA MÁQUINA DE ESCREVER.

Acordei exatamente as três da manhã. Que bela hora para se acordar.

Ultimamente não tenho dormido muito bem. Depois da mensagem em minha máquina de escrever ( estranhamente já a chamo de minha ) , meus sonhos são atormentados por rostos e coisas estranhas.

As vezes chego a pensar que por trás daquele rosto meigo de Lilitih Conklin havia uma menina horrível. Será que antes de morrer, ela teria feito isto de propósito ?

Será que depois da vida desgraçada que teve quis tornar a minha uma merda também ? Pois é assim que a minha esta. Uma merda. Completa.

Não sei dizer o que venho sentindo. Culpa ? Medo ? Realmente não sei dizer, mas este sentimento é ruím, eu sei disso.

As vezes me pego sonhando acordada com a hora do "assassinato". Eu sabia que a culpa não havia sido minha, ela quis isso. Não quis ?

Será que nos seus últimos segundos ela não quis voltar atrás ? Não teve medo ?

Concerteza não estava tão desesperada quanto eu. As vezes cruzo os dedos, torcendo para que em alguma hora eu acorde, e perceba que até agora tudo não passou de um sonho.

Mas não foi. Eu sei disso. Nós, seres humanos temos essa mania. Queremos concertar as coisas. Não aprendemos nunca que, certas coisas ou até mesmo pessoas, não tem concerto. Não podemos modificá-las.

Parei de escrever. Minha inspiração ultimamente não está tão aguçada como antes. A história de Lilitih esta em minha biblioteca, acho que vai acabar mofando.

Apesar de tanta coisa ruím ter acontecido em tão pouco tempo, o que mais vem me atormentado é aquela maldita mensagem na máquina de escrever.

Depois de ter lido, eu arranquei a folha e a joguei no lixo da cozinha. Fiquei com medo por pelo menos uma semana. Olhando para os lados feito uma louca, procurando alguma coisa que nem eu mesma sabia o que era. Talvez Lilitih ?

Mas, por que ela havia feito aquilo ? Para me assustar ? Para me trazer calma ? Para me mostrar que ela já estava do "outro lado" ?

Qualquer que tenha sido a sua intenção com aquela mensagem, a única coisa que ela conseguiu trazer foi medo. Muito medo.

Sempre escrevi histórias de terror, e sempre dizia aos meus clientes que ela deviam ser reais, que eu não aceitava mentiras em nenhuma delas. Eu amava tudo aquilo, gostava de sentir aquele pequeno medo.

Mas agora tudo mudou. É sempre assim, tudo não faz diferença até acontecer conosco.

Esses dias tenho pensado que TODOS temos um instinto , seja para matar ou não. Apenas existem aqueles que o libertam sem a ajuda do chamado "instinto de sobrevivência".

Seja qual for o motivo , as pessoas matam e morrem todos os dias.

Foi o que aconteceu com Lilitih, ela matou. Ela morreu.

Todos vamos ter um game-over. Só não sabemos quando, e nem como.